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A competência profissional e o professor de Educação Física

 

Centro Universitário Fieo – UNIFIEO

Curso de Educação Física Osasco - SP

(Brasil)

Érika Magalhães

erika16sm@ig.com.br

Profa. Dra. Ana Cristina Arantes

anacrisarantes@ig.com.br

 

 

 

Resumo

          A competência profissional envolve a capacidade que o professor tem para articular o conhecimento teórico à sua prática profissional. Partindo desse pressuposto, este estudo tem por objetivo discutir se os futuros profissionais possuem as competências indicadas pela literatura consultada. A metodologia empregada foi a descritiva, na qual a amostra constitui – se por dez futuros professores de Educação Física do UNIFIEO aleatoriamente escolhidos. O instrumento de pesquisa foi composto por um questionário com quatro perguntas abertas; a coleta de dados foi realizada no UNIFIEO, onde os futuros professores concluirão a graduação. Verificou – se que, dentre outros resultados, 31% define competência profissional por meio do preparo profissional e 54% relataram que a Disciplina Prática de Ensino na graduação ofereceu situações de desenvolvimento da competência profissional. Desta forma, vimos que, desde a formação, o professor tinha predisposição à competência e as relações interpessoais. A partir desta análise, considero que não basta levar em conta o saber teórico e desenvolver as habilidades “práticas”. É preciso também querer aprender, dispôs – se a “correr riscos” e desejar estabelecer diálogos afetivos. É necessário ter percepção e crítica pertinente; o “saber que sabe” de forma reflexiva. O bom docente conhece a dimensão e o alcance do seu saber, conhece as suas implicações e o rumo que o mesmo pode tomar. Conhecendo – se, pode estabelecer contato com os demais e, com alguma certeza, ensinar e aprender de maneira dialética.

          Unitermos: Educação Física. Competência profissional. Docência.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 128 - Enero de 2009

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Introdução

    Este estudo tem por objetivo discutir quais são as competências inerentes a docência desejável de modo a favorecer um ensino significativo àqueles sob responsabilidade de um bom professor em Educação Física. Somado a este item buscou – se especular quais seriam as estratégias que possibilitariam ao futuro docente adquirir conhecimentos e técnicas diversificadas para ministrar aulas com sucesso.

    Para Arantes (1997), a competência profissional envolve a capacidade de que o professor tem para articular o conhecimento teórico à sua prática profissional. Para tanto, parece ser prudente considerar as experiências pessoais que o mesmo “carrega” desde a tenra idade, as vivências acadêmicas pelas quais passou, as situações que o sensibilizaram e que se iniciam no primeiro ano da licenciatura. Estas experiências serão, por certo, ampliadas com sua inserção no mercado de trabalho e no importante exercício da formação continuada.

    A competência profissional envolve a capacidade do educador em articular os conhecimentos teóricos à sua prática profissional, levando em conta as suas experiências profissionais e pessoais. Essa capacidade tem origem na formação inicial, sendo, posteriormente, ampliada com a formação continuada (MALACO, 2007).

Problema de pesquisa

    Os cursos de graduação “Licenciatura” têm favorecido o desenvolvimento das competências profissionais à docência?

Justificativa

    O que se espera de um licenciado no término da graduação em Educação Física, é que o mesmo esteja apto e suficientemente cônscio da responsabilidade profissional que a docência exigirá. Em se tratando das aulas de Educação Física, o professor, mesmo em início de carreira, deve planejar e disseminar conhecimentos teóricos e práticos, inerentes à área qual seja; a construção de um saber ligado à motricidade humana. No entanto, cabe ressaltar , que mesmo sendo um especialista em movimento, ao elaborar seu plano do curso de Educação Física na escola, é imprescindível que se observe outras dimensões humanas dentre outras os aspectos cognitivo e psicológico. Então, para que as aulas tenham, a adequação e o sucesso esperado, parece ser interessante que se estude além do aspecto motor, itens tais como a relação interpessoal, a liderança e a comunicação por exemplo (ARANTES, 1997).

    Desde a formação, espera – se que o futuro professor tenha predisposição à competência das relações interpessoais, quero dizer, que não basta levar em conta apenas o saber teórico e desenvolver as habilidades “práticas”. É preciso também querer, dispor – se a “correr riscos” e desejar estabelecer diálogos afetivos. Somado a estes, é necessário ter percepção e crítica pertinente; o “saber que sabe” de forma reflexiva (MASSA, 2002).

    O bom docente deve conhecer a dimensão e o alcance do seu saber, conhece as suas implicações e o rumo que o mesmo pode tomar. Conhecendo – se, pode estabelecer contato com os demais e, com alguma certeza, ensinar e aprender de maneira dialética (GALVÃO, 2002).

Objetivo do estudo

    O objetivo desta pesquisa é o de discutir se os futuros profissionais possuem a competência indicada pela literatura consultada para o exercício da docência.

Revisão de literatura

    Educação Física : definição

    “Consiste em formar hábitos e atitudes que promovam o desenvolvimento harmonioso do corpo humano, mediante instrução sobre higiene corporal e mental, sob vários e sistemáticos exercícios, esportes e jogos” (MICHAELIS, 2001, p. 251).

    Definir Educação Física vai além da mera prática regular e periódica de se fazer exercícios (ou esportes). A cada dia surgem conceitos ou visões mais amplas desta disciplina / componente curricular assumindo outros termos tais como educação postural, equilíbrio das massas musculares, manutenção das funções fisiológicas a favor do estado saudável do corpo, controle do peso corporal e da relação de força e resistência muscular com percentuais de gordura, dentre outros... expandindo – se ou articulando – se, por exemplo, aos estudos sócio – culturais, originando as abordagens crítico superadoras; da cultura corporal, a construtivista, sócio construtivista.

    O código de ética da categoria profissional, elaborado e difundido pelo CONFEF / CREF citado por Feliciano e Lima (2006) explica:

    “A filosofia da Educação Física também reforça a dimensão ética, discute seus valores, significados, leva a busca de um desempenho profissional competente, indicando a necessidade de um saber ou um saber fazer, que venha a efetivar – se como o saber ou um saber fazer, que torne o ideal sublime dessa profissão prestar sempre o melhor serviço a um número cada vez maior de pessoas, destacando não só a dimensão técnica mas, também a dimensão política, como é desejável” (2006, p. 11).

    Tendo por base esse parágrafo, infere - se e reforça – se a idéia da “completude”, entendendo que um profissional / docente precisa reunir competências que não se restrinjam às habilidades no caso motoras. Ao contrário faz – se necessário assimilar e praticar outras tantas competências.

O que é competência docente?

    O conceito de competência é multidimensional, dependendo do professor, dos alunos, da situação educacional e dos valores sociais que servem como base ao ajuizamento desta competência. Nessa visão a competência é vista como algo abrangente e dependente de vários fatores. Não se pode, pois, dogmatizar um conceito de competência, porém é possível definir elementos componentes que fazem parte deste conceito.

    É importante, perceber que a competência é resultante de vários elementos da prática pedagógica, que envolvem os sujeitos nela presentes, história de vida, formação, por exemplo, como afirma Arantes (1997). Ainda segundo o importante autor francês Philippe Perrenoud (2000), cujo trabalho tem oferecido novos questionamentos acerca da competência docente, o processo ensino aprendizagem possui dez novas competências, a saber:

  1. Conhecer e dirigir situações de aprendizagem; conhecer a disciplina e seus conteúdos.

  2. Administrar a progressão das atividades; conceber e administrar situações problemas.

  3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; administrar a heterogeneidade da turma e fornecer apoio aos alunos com dificuldade.

  4. Envolver os alunos em sua aprendizagem e trabalho; suscitar o desejo de aprender, desenvolver a capacidade de auto – avaliação.

  5. Trabalhar em equipe; elaborar projetos em equipe e formar e renovar a equipe pedagógica favorecendo situações para o estabelecimento das relações úteis pessoais mais estreitas.

  6. Participar da administração da escola; elaborar e negociar um projeto da instituição; administrar recursos da escola; envolver os alunos (participação).

  7. Informar e envolver os pais; dirigir reuniões informações de debate; fazer entrevistas; envolver os pais na construção do saber.

  8. Utilizar recursos tecnológicos; utilizar editores de textos e utilizar – se da multimídia.

  9. Enfrentar os deveres e dilemas éticos; prevenir a violência na escola e fora dela e lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, gênero, étnicas e sociais.

  10. Administrar sua própria formação contínua; saber explicitar as próprias práticas; projeto de formação comum com os colegas.

A formação do professor de Educação Física

    O papel do professor de Educação Física tradicionalmente é visto como o papel de treinador. Ele seleciona e organiza os conteúdos, a metodologia e a avaliação, ele é disciplinador, ou seja, ele é “um treinador que vigia, dirige, aconselha, corrige“ Château (apud GALVÃO, 2002). Além disso, ele mantém relações impessoais com os alunos, com o objetivo de garantir a sua autoridade.

    Mesmo apresentando atitudes de treinador, quando possui formação renovada em termos de pesquisa e de conhecimento, o mesmo tenta suprir as falhas detectadas quando a formação é tradicional, os resultados da prática não se apresentaram muito definidos, “ os conhecimentos derivados das ciências – mães não chegaram a influenciar definitivamente a prática”, ou seja, os conhecimentos adquiridos, por exemplo, em disciplinas como fisiologia do exercício, aprendizagem motora ou sociologia não são utilizados pelos professores em suas aulas, ficando a sua prática pedagógica atrelada ainda aos esportes tradicionais, ao gesto técnico ou à postura acrítica Lawson (apud GALVÃO, 2002).

    Não há garantia de que o conhecimento produzido nas sub – áreas de pesquisa, supracitadas, possa ser transportado para os diversos locais onde ocorre a prática profissional, pois suas características podem ser variadas e complexas, ou seja, não é possível generalizar esse conhecimento para a prática pedagógica do professor, pois o contexto da prática não pode ser “controlado”. Esta forma de “exibir” conhecimento inicia – se na graduação ou ainda quando o futuro professor está em fase de finalização de curso.

A responsabilidade do professor

    O que se espera de um formando ao final curso de Licenciatura em Educação Física é que esteja apto e ciente de suas responsabilidades como docente, para disseminar e implementar conhecimentos teóricos e práticos sobre a motricidade humana por exemplo, que permitam ao ser humano: 

  1. otimizar suas possibilidades e potencialidades para mover – se de forma específica ou genérica, harmoniosa e eficaz e 

  2. capacitar – se para, em relação à sociedade, adaptar – se, interagir e transformá – la, sempre na busca de uma melhor qualidade de vida.

    A graduação deve ser a responsável pela a formação da responsabilidade e da competência deste profissional. A Universidade deve estar atenta às mudanças e tendências do mercado de trabalho para que os recursos humanos por ela formados tenham capacidade de nele atuar. A atuação do licenciado deve voltar – se exclusivamente para a educação escolarizada, considerando – se a relação professor – aluno.

As características do professor bem sucedido em sua intervenção profissional

    O professor é responsável por muitas descobertas e experiências que podem ser boas (ou não). Como facilitador, deve ter conhecimento suficiente para trabalhar tanto os aspectos físicos e motores, como também os componentes sociais, culturais, cognitivos e psicológicos (GALVÃO, 2002).

    É também papel do professor transmitir, de forma consciente (ou não), valores, normas, maneiras de pensar e padrões de comportamento para se viver em sociedade. Fica claro que não se pode transmitir esses aspectos descartando o aspecto afetivo, a interação professor – aluno.

    Quanto ao comportamento ou características técnicas, posso afirmar, que o bom professor conhece seus alunos e adapta o ensino as suas necessidades, incorporando a experiência do aluno ao conteúdo e incentivando sua participação; reflete e pensa sobre sua prática; domina conteúdo e metodologia para ensiná – lo; aproveita o tempo útil, tem poucas faltas e interrupções; aceita responsabilidade e as exigências dos alunos e do seu trabalho; usa eficientemente o material didático, dedicando mais tempo às práticas que enriquecem o conteúdo; fornece feedback constante e apropriado; fundamenta o conteúdo na unidade teórico – prática; comunica aos alunos o que espera deles e o por que (tem objetivos claros); sugere estratégias meta - cognitivas para os alunos e as exercita; estabelece objetivo cognitivo tanto de alto quanto de baixo nível; integra seu ensino com outras áreas;

Características afetivas

    O docente demonstra interesse, entusiasmo, vibração, motivação e ou satisfação com o ensino. É seu trabalho valorizar seu papel; o ensino é sua profissão de fé (professa a fé que acredita); desenvolve laço afetivo forte com seus alunos; mantém clima agradável, respeitoso e amistoso com os discentes; é afetivamente maduro.

Características sócio – políticas

    Conhece a experiência social concreta dos alunos; possui visão crítica da escola e de seus determinantes sociais; possui visão crítica dos conteúdos escolares.

    Somado a estes tópicos é possível, ainda refletir a respeito do professor considerado bem – sucedido a sua prática pedagógica sob a perspectiva da dimensão dos conteúdos, apresentada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998 apud GALVÃO, 2002). No referido documento os conteúdos escolares são abordados em três dimensões.

    A dimensão conceitual; refere – se a abordagem das regras técnicas, dados históricos das modalidades e ainda reflexões a respeito da ética, estética, desempenho, satisfação, eficiência.

    A dimensão procedimental; esfera “do fazer” tem por base respeito ao conteúdo ensinado pelo professor, que não deve girar apenas em torno das habilidades motoras e do esporte, mas também da organização, sistematização de informações e aperfeiçoamento.

    A dimensão atitudinal; Inclui – se neste aspecto as normas, valores e atitudes. Esta dimensão está intimamente ligada não somente o aspecto teórico, mas também o aspecto prático; vivência os conceitos.

    Estas competências, ao que tudo indica, fazem parte do “mundo virtual”, são fundamentos que “antecedem” a prática docente. Para que a mesma se efetue os conceitos citados deverão ser organizados em dimensões: conceitual, procedimental e atitudinal.

Metodologia do estudo

    Esta coleta teórica de informações possibilitou a construção de um instrumento de pesquisa no qual a amostra foi constituída com dez futuros professores de Educação Física do Centro Universitário Fieo – UNIFIEO. Como instrumento de pesquisa foi aplicado um questionário com perguntas abertas pré – estabelecidas. A coleta de dados foi realizada no UNIFIEO, onde que o futuro professor irá concluir a graduação. Após a coleta os dados obtidos, foram confrontados, comparados àqueles levantados na revisão de literatura.

Apresentação e discussão dos dados

    Os respondentes e suas características gerais

    Participaram desta pesquisa dez futuros professores de Educação Física do Centro Universitário FIEO.

    Os respondentes têm em média 27 anos de idade com desvio padrão de 6,4 anos sendo que todos já trabalham na área de Educação Física na condição de estagiários.

    Os dados referentes à competência profissional foram obtidos por intermédio dos questionários constando características pessoais (idade, sexo, estado civil e endereço), tendo assinando o termo de consentimento informado.

Resultados e discussão

    A definição dos respondentes sobre à competência profissional, foi identificada no quadro 1.

    A metade dos futuros professores atuantes na área da Educação Física, destaca o item “preparo profissional” como sendo muito importante, isto é, o docente no entender do grupo, deve ter o conhecimento suficiente referente à profissão. Logo após os respondentes, apontam a “seleção de conteúdos” como outro aspecto significativo.

    Para Sobrinho (2007), o conceito sobre a competência profissional é multidimensional, pois pode depender de vários fatores relacionados com o professor, os alunos, a escola, os valores, a sociedade, buscar a desburocratização do ensino, procurando um fazer pedagógico contextualizado reflexivo e comprometido com as mudanças do dia – a dia, fazendo com que a competência seja um caminho percorrido ao longo do processo educacional. Enfim, nós seres humanos somos diferentes e nos colocamos diferentemente em situações diferentes. Talvez, para mim competência seja sinônimo de estar presente nas aulas atuando como uma boa professora, mas, para outro, pode significar que competência seja também ensinar conceitos.

Quadro 1. Definição de competência profissional, no ponto de vista dos avaliados.

Legenda

  1. A forma que o professor se coloca frente ao aluno

  2. Seleção dos conteúdos

  3. Preparo profissional

  4. Conhecimentos teóricos e práticos

  5. Boa didática

  6. Amor à profissão

  7. Fazer adaptações

  8. Boa comunicação

  9. Manter atualizado sobre a área

  10. Cumprir os horários

  11. Sanar dúvidas

  12. Ter a ação do feedback para os alunos

  13. Ter ética

  14. Garantir diversos conhecimentos

  15. Respeitar o conhecimento prévio do aluno

  16. Promover atividades que envolve os aspectos físicos/motor, afetivo - social e cognitivo

    De acordo com Arantes (1997), a competência profissional é resultante de vários elementos da prática pedagógica, que envolvem os sujeitos nela presentes, história de vida, formação dentre outros, porém nessa visão a competência é vista como algo abrangente e dependente fatores intrínsecos.

    O preparo profissional foi à característica mais destacada pelos avaliados na definição sobre a competência profissional. Para Perrenoud (2000), esta característica baseia – se em conhecer e dirigir situações de aprendizagem, isto é, conhecer a disciplina e seus conteúdos, planejar situações didáticas, levando em conta os conhecimentos prévios dos alunos, envolve - los em projetos de pesquisa e conhecimento, mas, o grupo de avaliados considera esses fatores, porém em quantidade menor, sem a relevância atribuída a outro item ou como seria idealmente pretendida.

    Partindo da definição sobre competência apontada no quadro 1, observa – se algumas outras características complementares no quadro 2.

Quadro 2. Características que qualificam o bom professor.

Legenda

  1. Ser coerente

  2. Ter ética

  3. Gostar do que faz

  4. Ser responsável

  5. Ter “atitude”

  6. Competência

  7. Ter caráter

  8. “sede” de conhecimentos

  9. Ser organizado

  10. Ser disciplinado

  11. Ser culto

  12. Conhecimento sobre a área

  13. Boa comunicação

  14. Ser pontual

  15. Ter boa didática

  16. Respeitar limitações dos alunos

  17. Favorecer a construção do conhecimento

  18. Boa relação interpessoal

  19. Incluir temas transversais

    Os aspectos “ser responsável”, ter “conhecimento sobre a área” e “respeitar limitações dos alunos”, representam a resposta para a metade do grupo de entrevistados.

    Galvão (2002), sugere como características docente o conhecimento sobre os alunos; a adequação do ensino às suas necessidades incorporando a experiência do mesmo ao conteúdo, incentivando sua participação e aceitando as responsabilidades e as exigências discentes e do seu trabalho.

    Quando o futuro docente conclui a graduação espera – se que o mesmo esteja apto a exercer a função de professor, sendo responsável em suas atitudes e palavras, implementando conhecimentos teóricos e práticos e que conheçam seus os alunos bem como possuam informações sobre o ambiente a que pertencem.

    O professor deve ser uma pessoa que atua com responsabilidade. Quando assume uma classe, deve atuar totalmente voltado para educação escolarizada, considerando sempre a relação professor – aluno.

    O docente deve atuar de forma a atender todos os discentes adequando a aula ao nível de maturidade apresentada por eles; de forma subjacente, questiona – se as oportunidades, experiências, vivências que favoreceram o conceito daquilo que possa representar o ideal de “bom professor”.

    Na amostra pesquisada, a característica “bom docente” representa um fator de suma importância quanto às oportunidades, vivências, experiências ou disciplinas na faculdade, pelas quais passaram que tenham desenvolvido a competência profissional adequada. Estes dados estão no quadro 3.

Quadro 3. Disciplinas, atividades ou experiências que ofereceram situações para o 

desenvolvimento da competência profissional adequada, na visão dos respondentes.

Legenda

  1. Disciplina de Didática

  2. Disciplina de prática de ensino

  3. Disciplinas da área de bacharelado

  4. Todas as disciplinas do curso

  5. Cursos de capacitação

  6. Aulas práticas na faculdade

  7. Estágios de observação

  8. Ministrando aulas (estágio remunerado)

  9. Disciplina de estrutura e funcionamento de ensino fundamental e médio

  10. Trabalhos em grupo

  11. Experiências contadas por professores nas aulas

    A grande maioria apontou a Disciplina “Prática de Ensino” como uma situação específica na qual desenvolveu – se efetivamente a prática da competência profissional.

    Para Arantes (1997), é na aula de Prática de Ensino que o futuro professor dará os primeiros passos no sentido de alcançar, perceber – se com segurança, se possui (ou não) capacidade de síntese, discernimento, liderança e aumentará a técnica de ampliar o repertório e o acervo motor do aluno, sob a sua responsabilidade. É interessante que os futuros docentes no período de formação, tenham acesso as informações sobre estas características.

    É por meio da graduação que os futuros docentes têm oportunidade de aprender e usufruir a competência profissional. Para tanto, é necessário saber se os mesmos estão aptos a exercer essa competência profissional após a sua formação. Este assunto está evidenciado no quadro 4.

Quadro 4. Estar apto ou não ao exercício profissional, na visão dos futuros docentes da área de Educação Física.

Legenda

  1. Sim

  2. É necessário uma especialização ou cursos

  3. Adquiriu uma base teórica

  4. Falta a experiência do dia – a – dia

  5. Em algumas áreas

  6. Totalmente não

  7. Tem muito que aprender

  8. Necessário tempo para adquirir experiência

  9. Na área escolar

    No quadro acima, a totalidade da amostra se julga apta para exercer a competência profissional logo após a graduação.

    Entretanto, há os que ressaltam que é bom fazer especialização, pois falta a experiência do dia – a – dia. Outros estão aptos para a área escolar, mas ainda têm muito que aprender.

    Se pensarmos quanto à capacitação profissional, o graduando no decorrer dos quatro anos do curso, convive com o exercício profissional desde o primeiro dia de aula, pois é o momento em que se conhece os mestres que irão realizar o conteúdo da disciplina contida na grade curricular da Universidade.

    Pode ser que essas pessoas que responderam sim as questões, ainda não estejam totalmente aptos, mas o mínimo de conhecimento sobre o assunto eles tem, entretanto precisam refletir um pouco mais.

    Arantes (1997), ressalva que na formação profissional em Educação Física, o aluno deverá compreender a importância e o significado do movimento, entender o processo de crescimento e desenvolvimento aplicado a atividade física como meio de “expressão” pessoal e de integração com seus semelhantes.

    É de suma responsabilidade da Instituição de ensino providenciar currículo e programas que abordassem estes tópicos acima, possibilitando a análise crítica, a vivência e a experiência, combinando – as com os aspectos individuais de personalidade necessidade, maturação e motivação, além de respeitar a herança cultural e as peculiaridades regionais (ARANTES, 1997).

    A questão de estar apto (ou não) para exercer a competência profissional advém de vários fatores como: pessoais, profissionais, cultural, personalidade..., dentre outros. Cada pessoa transmite o que sente e o que é capaz de fazer. Se a pessoa se julga apta e na prática isso não é revelado, seria aconselhável que se buscasse mais conhecimento e / ou experiências para que pudesse exercer a profissão de forma adequada.

Conclusão

    Pode – se concluir que o conceito de competência é multidimensional e, nesta pesquisa, os futuros docentes apontaram inúmeros pontos importantes para exerce – la durante a carreira profissional. A partir desta análise, considero que não basta levar em conta o saber teórico e desenvolver as habilidades “práticas”. É preciso também querer aprender, dispôs – se a “correr riscos” e desejar estabelecer diálogos afetivos. É necessário ter percepção e crítica pertinente; o “saber que sabe” de forma reflexiva. Penso que se a maioria dos futuros docentes adquire ambos os conhecimentos que os autores destacam sobre a competência, estarão no caminho correto para implementar os conteúdos e aprimorar a sua competência, ao mesmo tempo se aprofundar neste conceito em forma de prática. No entanto, a Disciplina de Prática de Ensino na graduação auxilia o futuro professor a ter bons conhecimentos e algumas experiências quanto a prática docente pretendida.

    O professor de Educação Física deve estar ciente de suas responsabilidades como docente perante seus alunos, a direção da escola, aos conteúdos a serem trabalhados e, principalmente no ambiente em que está inserido, isto é, o bom docente conhece a dimensão e o alcance do seu saber, conhece as suas implicações e o rumo que o mesmo pode tomar. Conhecendo – se, pode estabelecer contato com os demais e, com alguma certeza, ensinar e aprender de maneira dialética. Para uma melhor perspectiva profissional, o futuro docente deve gostar do que faz e se envolver por inteiro, transmitindo seus conhecimentos e, ao mesmo tempo, deve estar apto para aprender junto com os alunos, sempre buscando renovar seu aprendizado e, sem dúvida, o professor deve apresentar traços de liderança, sendo uma característica fundamental para ministrar aulas de Educação Física Escolar.

Referências

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  • MASSA. M. Caracterização acadêmica e profissional da Educação Física. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. 2002. p. 29 – 38.

  • MICHAELIS Moderno Dicionário da Língua Portuguesa – Melhoramentos, 2001. p. 251.

  • PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar, Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.

  • SAMULSKI, D. M. Psicologia do esporte, 1º edição, Manole, 2002 p. 221 - 226.

  • São Paulo (ESTADO). Resolução SE 1, de 6-1-2004 – Diário Oficial do Estado de São Paulo, vol. 114 n.º 3, 7/01/2004.

  • SOBRINHO, G. B. Seminário teológico batista equatorial – palavra do professor. pesquisado em: http://www.stbe.org.br, acessado no dia 10/04/2007. p. 1 – 4.

  • WEINBERG, R. S. , GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2º edição. 2001. p. 212 - 234.

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