Tipos de aquecimento para o treinamento de força Types of heat for training of force |
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*Instituto de Educação Desportiva da Universidade Bandeirantes de São Paulo **Bolsista do projeto de iniciação científica da Universidade Bandeirante de São Paulo (Brasil) |
Alexandre Machado* Márcia Rita Serafim** Rosemary Amaral de Souza** |
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Resumo Com o aquecimento, a temperatura corporal tanto central, quanto periférica são elevadas, há um aumento na espessura das cartilagens, há uma elevação do fluxo sanguíneo, assim como auxilia na profilaxia de lesões músculo-articular. No treinamento de força, os tipos de aquecimento comumente empregados são o aquecimento geral, aquecimento específico e o alongamento (estático e dinâmico) com isso o presente estudo tem como objetivo através de uma revisão da literatura, demonstrar os diversos tipos de aquecimento e quais tem maior eficiência para o treinamento de força. Com o estudo conclui-se não haver diferenças significativas entre os aquecimento geral, aquecimento específico e alongamento estático e dinâmico, ambos não alteram a carga empregada, os resultados apresentados se mantiveram muito próximos, com uma ressalva em que um dos estudos detectou o mínimo de melhora na performance, onde 60% dos indivíduos tiveram um aumento da carga máxima com a aplicação do aquecimento específico. Cientificamente não é comprovado o melhor tipo de aquecimento antecedendo a atividade física, assim fica a critério dos profissionais envolvidos na escolha do aquecimento para uma maior eficiência no rendimento no treinamento de força. Mediante aos resultados apresentados sugere-se novos estudos onde as cargas, o tempo de execução sejam diferenciados dos estudos anteriores e assim comprovar o melhor aquecimento a ser empregado para a melhoria da performance no treinamento de força. Unitermos: Treinamento. Força. Aquecimento.
Abstract With the body heating, both and peripheral temperature central body are high, there is an increase in the thickness of the cartilage, there is an elevation of blood flow, as it helps in the prophylaxis of muscle-articulate. In the training of force, the types of heating commonly used are the general, heating and specific starching (static and dynamic) that in this study aims, through a review of the literature, in case to demonstrate the different types of heating and which has higher efficiency for the training of force. In the study it was concluded that there are significant differences between the general warming, heating and stretching, specific static and dynamic, both do not change the intensity used, the results presented remained very close, with one exception where one of the studies found the minimum improvement in performance, where 60% of individuals had an increase of the maximum load to the increase of specific heating. Scientifically it not proved that the best type of heating prior to physical activity, so is the criteria of professionals involved in the choice of heating for greater efficiency in the training of force. Through the findings suggested that further studies where the loads, the time of application must be distinguished from previous studies and thus establish the best heating to be used applied to improve in the training of force performance. Keywords: Training. Power. Heat. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 127 - Diciembre de 2008 |
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Introdução
Há muito tempo incorporamos o aquecimento ao iniciarmos exercícios físicos em geral, desde atividades que irão solicitar fontes de energia aeróbias quanto anaeróbias.
Os profissionais envolvidos com a atividade física assim como técnicos, treinadores e atletas asseguram-se de empregar o aquecimento antecedendo o exercício subseqüente, por proporcionar melhora ao executante psicologicamente, fisiologicamente, assim como na redução de lesão articular (MCARDLE, et al. 2003).
O aquecimento tem por finalidade preparar os músculos e articulações para o exercício principal proposto, preparando os segmentos para o desenvolvimento da flexibilidade, evitando lesionar o sistema músculo-articular por antecipar imprevistos no movimento (ACHOUR JÚNIOR, 2002). Com o objetivo de melhorar a performance e a reduzir riscos de lesão o aquecimento prepara o corpo fisicamente para a atividade esportiva (ALTER,1999).
Os aquecimentos mais empregados nos exercícios físicos, em especial para o treinamento de força são: aquecimento geral, aquecimento específico e alongamento (estático e dinâmico).
Segundo Machado, et al. (2007), Dantas (2003) os benefícios desprendidos com a prática do aquecimento, resultam na capacidade qualificada do desempenho motor, entre eles podemos citar: crescimento na fluência sanguínea para a região periférica, aumento nas taxas metabólicas, aumento da elasticidade de tendões e ligamentos, aumento da espessura das cartilagens, maximização na produção do líquido sinovial, melhora dos padrões motores, aumento da temperatura neuromotora, e amplitude do débito cardíaco.
Embora outros estudos científicos Simão, et al. (2003), Campos, et al. (2006), Maior e Ferreira (2006) não observaram nenhum tipo de melhora significativa na performance no treinamento de força, com a utilização do aquecimento.
Com isso o presente estudo tem por objetivo demonstrar os diferentes tipos de aquecimento utilizados para o treinamento de força e quais tem maior eficiência para a performance.
Aspectos fisiológicos do aqueciemto
O aquecimento é a primeira parte da atividade física, objetivando preparar o indivíduo fisiologicamente para a prática da mesma.
Com a execução do aquecimento há um aumento na temperatura muscular, e na permanência de um minuto do exercício o consumo de oxigênio é aumentado, há uma redução dos níveis de lactato, com isso, os benefícios apresentados mostram indícios que o aquecimento otimiza o fluxo sanguíneo local e no início do exercício o sistema aeróbio coopera com o metabolismo muscular. (MCARDLE, et al, 2003).
Segundo Dantas (2003), ao preconizarmos sistemicamente a tarefa cardiopulmonar e neuromuscular, demonstrará mudanças referente a eficiência matabólica, pois as reações metabólicas elevam em 13% para cada grau de aumento da temperatura, com a antecipação do movimento utilizado na performance máxima, os mecanismos receptores serão atuantes, provocando vasodilatação no músculo em trabalho e vasoconstrição nos músculos em repouso, a condução nervosa torna-se mais rápida otimizando a sensibilidade dos proprioceptores , aumentando a coordenação motora.
Com o aquecimento a temperatura muscular aumenta, com essa elevação a hemoglobina libera mais rapidamente o oxigênio suprindo o fornecimento e utilização por parte dos músculos e facilita a transmissão sensorial e o metabolismo muscular (MCARDLE, KATCH E KATCH, 2003).
Segundo Weineck (2000), a musculatura assim como os tendões e ligamentos, se tornam elásticas e a capacidade de alongamento aumenta, com isso diminui o risco de rompimento dessas estruturas em movimentos amplo que requerem uma exigência máxima do aparelho locomotor.
Este fato corrobora com Dantas (2003), as resistências plasmáticas, a viscosidade, a densidade da cartilagem, a produção do líquido sinovial e a elasticidade do músculo, com isso, o aparelho locomotor entra em estado de proteção à probabilidade de lesão.
Segundo McArdle, et al. (2003) devido as altas temperaturas, os processos corporais são acelerados, com o aumento das ações coordenadas um aquecimento específico pode facilitar o recrutamento das unidades motoras que serão utilizadas nas performances máximas.
Aquecimento geral
De todos os tipos, o aquecimento geral é o mais utilizado de uma forma globalizada pelos indivíduos. Segundo Alter (2001) os movimentos empregados no aquecimento geral não são diretamente interligados aos que serão envolvidos no exercício propriamente dito, com isso torna-se amplo por abranger diversos movimentos como rotações articulares, calistênia, pular corda, jogging, marcha, ou seja, movimentos dinâmicos ou cíclicos, aumentando assim a temperatura central do corpo.
Segundo Dantas (2003) o aquecimento geral é dividido em dois grupos, são eles o aquecimento orgânico e o aquecimento neuromuscular. No aquecimento orgânico o enfoque de trabalho e o sistema cardiopulmonar enquanto no aquecimento neuromuscular evidência a preparação da musculatura, articulações e do sistema nervoso de uma maneira generalizada.
Weineck (2001) distingue diversos benefícios atribuídos ao aquecimento geral, com a elevação da temperatura corporal interna e muscular, a preparação do sistema cardiopulmonar às ações posteriores serão minimizadas, pois as estruturas estarão preparadas para as cargas subseqüentes, agindo profilaticamente as lesões, pois em uma corrida por exemplo, a produção do líquido sinovial é maximizada melhorando a absorção da força recebida.
No estudo de Simão, et al. (2004), foi utilizado o aquecimento geral como parâmetro de estudo e comparado aos outros protocolos aquecimento específico e o alongamento não tiveram consideráveis diferenças na performance do teste de 1 RM no exercício supino horizontal concluiu que não há diferenças significativas nos métodos de aquecimento trabalhados, a carga máxima conservou-se a mesma.
Nicolli, et al. (2007), testaram o desempenho dos aquecimentos aeróbio no step, aquecimento específico e flexibilidade passiva nos exercícios resistidos de supino reto e agachamento no Smith, 15 indivíduos do sexo masculino compuseram a amostra, estes experientes em exercícios resistidos. Os resultados demonstraram não haver diferenças na performance dos exercícios propostos, o número de repetições e o volume se mantiveram próximos no decorrer da série.
Aquecimento específico
O aquecimento específico funda-se em preparar o corpo para a atividade posterior, utilizando movimentos parecidos com a modalidade pretendida, mas com uma redução na intensidade do trabalho (SIMÃO, 2003).
O aquecimento específico consiste em um trabalho muscular localizado afetando de uma forma benéfica os mecanismos neurotransmissores, fazendo com que estes sofram um ensaio antecipando os movimentos a serem executados posteriormente, possibilitando uma intimidade prévia com estes movimentos (DANTAS, 2003).
Segundo Maior e Ferreira (2006), as características do aquecimento específico são de otimizar a capacidade de coordenação motora, ampliar a redistribuição do fluxo sanguíneo e irrigação muscular, assim ocorre um aumento de oxigênio nesta estrutura capacitando uma melhora do metabolismo muscular, ocasionando a oportunidade de familiarização com o movimento a ser trabalhado.
No estudo de Simão, et al. (2003) foi comparado a influência do aquecimento específico e da facilitação neuromuscular proprioceptiva, no teste de 1 RM no exercício de supino horizontal, entre os protocolos apresentados não demonstrou diferenças significantes no resultado, a carga permaneceu a mesma.
Já nos estudos de Maior e Ferreira (2006) testaram uma outra forma de aquecimento, além do específico, utilizaram um protocolo não muito aplicado pelos profissionais de Educação Física a eletroestimulação. É um método abordado na reabilitação motora por fisioterapeutas, onde a contração muscular acontece por intermédio de estímulos elétricos não invasivos. Neste estudo demonstrou que em ambos os métodos houve aumento de força no exercício de leg-press e o supino reto no teste de 10 RM.
No estudo de Faria, et al. (2006), concluíram não haver diferenças significativas entre os protocolos estudados, pois não ocasionaram redução no teste de 1 RM no exercício de leg-press, mas em 60% dos indivíduos estudados, os mesmos obtiveram êxito com o aquecimento específico, melhorando a performance na carga máxima.
Alongamento (estático e dinâmico) utilizado como forma de aquecimento
O alongamento é um meio para melhorar a capacidade física de flexibilidade, otimizando a amplitude do movimento (ARCHOUR JUNIOR, 2002). O alongamento afeta o tecido muscular, tendões e ligamentos e outras estruturas que provocam a limitação do movimento articular. Podemos citar dois métodos de alongamento que são o estático e o dinâmico comumente utilizados como aquecimento nos exercícios preliminares.
Segundo Alter (2001) o alongamento estático compreende em um posicionamento músculo-articular sustentado por um período de tempo, regulado com um controle amplo do corpo com um pouco ou nenhum movimento.
O alongamento estático consiste na obtenção da amplitude máxima dos tecidos músculo-articular em uma intensidade lenta, permanecendo em uma postura provocando rigidez muscular (ACHOUR JÚNIOR, 2002).
Segundo Alsen, et al. (2001) o alongamento dinâmico fundamenta-se por um alongamento um pouco mais veloz do músculo podendo excitar o reflexo do alongamento contraindo o tecido muscular, esta reação pode ocasionar risco de lesão. Para Achour Júnior (2002) com o alongamento dinâmico o objetivo é em atingir a movimentação voluntária da estrutura muscular, utilizando a contração dos agonistas e o relaxamento dos antagonistas.
Os exercícios de alongamento são apresentados com eficiência por utilizarem de baixa intensidade, demonstram eficácia na fase de aquecimento por diminuir o risco de lesão, aumentando a irrigação sanguínea na musculatura empregada (CAMPOS, et al, 2006).
Nos diversos estudos Arruda et al. (2006); Campos, et al.(2006); Simão,et al. (2003), os resultados indicam que não existe significantes melhoras de uma maneira geral, quando utilizado o alongamento para o exercício como aquecimento na performance do treinamento de força.
No estudo de Arruda, et al. (2006), concluíram que os exercícios de alongamento estático, precedendo a realização de 10 RM na máquina de supino reto, ocasionaram uma redução do rendimento no número de repetições. Já nos estudos de Campos, et al. (2006), foram realizados os testes com diversos métodos de aquecimento entre eles o alongamento e, os resultados não apresentaram diferenças consideráveis estatisticamente no desempenho do teste de 1 RM no exercício de supino horizontal, mantiveram as mesmas cargas máximas.
Com Base nas pesquisas de Simão, et al. (2003), os resultaram se aproximaram da pesquisa anterior, onde concluíram que tanto no aquecimento específico quanto no alongamento através do protocolo de facilitação neuromuscular propioceptiva, não há diferenças estatísticas na performance do teste de 1 RM no exercício de supino horizontal.
Os resultados apresentados podem ser decorrentes de um tempo insuficiente na adaptação do organismo, demonstrando fisiologicamente a necessidade de um tempo maior de trabalho para que haja as reações benéficas para as estruturas envolvidas no contexto.
Conclusão
Com base nos estudos apresentados, os diversos métodos utilizados como tipo de aquecimento para o treinamento de força não contribuíram significantemente para melhoria da performance, com uma ressalva, que o aquecimento específico, talvez por desenvolver a qualidade coordenativa e a especificidade do exercício posterior, tenha demonstrado uma mínima diferença em relação aos outros tipos de aquecimento. Apesar dos resultados não mostrarem expressivamente qual o tipo de aquecimento mais eficaz para a performance no treinamento de força, não podemos descartar estes protocolos de nossas atividades antecedendo as mesmas, haja visto, todos os benefícios já relatados ficando a critérios dos profissionais envolvidos a escolha pelo tipo de aquecimento no treinamento de força. Recomendamos que outros estudos sejam produzidos, alterando o tempo de execução do aquecimento, as cargas empregadas, metodologias empregadas, e assim afirmarmos ou não se o aquecimento causa uma interferência na performance dos praticantes do treinamento de força.
Referências
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