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Qualidade de vida em indivíduos aparentemente saudáveis entre 

50 e 80 anos, praticantes de exercício físico do tipo caminhada

 

*Educador Físico, graduado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU);

Especialista em Fisiologia do Esporte – Treinamento e Performance

pelo ICPG-Passo1 – Uberlândia –MG

Mestrando em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília (UCB).

**Mestre em Educação (PUC – SP). Doutora em Educação (PUC – SP)

Professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

João Maurício de Oliveira Coelho*

joaomaumau_educa@yahoo.com.br

Geni de Araujo Costa**

genicosta@click21.com.br
(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Objetivo: Avaliar a qualidade de vida em diferentes domínios, bem como seus hábitos para a prática desta atividade, de indivíduos aparentemente saudáveis entre 50 e 80 anos, que praticam caminhada ao ar livre em dois pontos principais da cidade de Uberlândia, Parque do Sabiá e Praça Sérgio Pacheco. Metodologia: A população foi constituída por 84 indivíduos aparentemente saudáveis entre 50 e 80 anos, praticantes do exercício físico do tipo caminhada. Para a coleta dos dados, utilizou-se um questionário de saúde geral SF – 36 sobre a avaliação da qualidade de vida e uma ficha de avaliação da atividade física. Foram aferidas a pressão arterial (PA) e a freqüência cardíaca (FC) antes e após o exercício. Após o exercício foi analisado também o grau de percepção subjetiva de esforço por meio da escala de Borg de 15 pontos. Os dados foram analisados estatisticamente pelo programa estatístico Biostatistcs 4.0. Conclusão: Homens e Mulheres de 50 a 79 anos praticamente se beneficiam igualmente da caminhada no que diz respeito à Qualidade de Vida, independente do nível de aptidão física.

          Unitermos: Qualidade de vida. Exercício físico. Processo de envelhecimento.

 

Abstract

          Objective: To evaluate the quality of life in different dominion, as well as its habits for the practical one of this activity in individuals healthful enters 50 and 80 years practitioner walked to free air in two principal’s point in the city Uberlândia. Methodology: The population was constituted by 84 individuals healthful enters 50 and 80 years. For the collection of the data a questionnaire of general health was used SF-36 on the evaluation of the quality of life and one fiche of evaluation of the physical activity. They had been surveyed blood pressure (PA) and Heart Rate (FC) before and after the exercise. After the exercise was analyzed also the degree of subjective perception of effort by means of the scale Borg of 15 points. The data had been analyzed statistical for program Biostatistics 4.0. Conclusion: Men and Women of 50 a 79 years they are practically benefited equally of the walked one in what it says respect to the Quality of Life, independent of the level of physical aptitude.

          Keywords: Quality life. Physic exercise. Elderly process.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 127 - Diciembre de 2008

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Introdução

    A palavra envelhecimento traz em si a conotação de perdas, declínios, doença, castigo e proximidade do fim da vida. Isto age na imaginação das pessoas e produz mitos, que podem ser gerados por crendices e lendas na busca da imortalidade, como colocam (MAZO, LOPES e BENEDETTI, 2001).

    O envelhecimento é ainda motivo de controvérsias quanto à natureza e a dinâmica de seu processo, apesar de ser um fenômeno comum a todos os seres vivos. Ao envelhecimento humano aplicam-se as mesmas dificuldades de caracterização e definição do fenômeno. Com efeito, permanecem ainda dúvidas a respeito dos mecanismos que acarretam modificações tão profundas das funções orgânicas das pessoas idosas, particularmente daquelas que atingem idades mais avançadas da vida, o que torna adultos saudáveis em velhos frágeis, com redução das reservas funcionais. (LITOVIC e BRITO 2004).

    Explorando a variabilidade no desenvolvimento humano, Rowe e Kahn (1998) apud Cupertino et al., (2007) propõem três trajetórias do envelhecimento humano: normal, patológica e saudável. A definição de envelhecimento saudável proposta por estes autores prioriza baixo risco de doenças e de incapacidades funcionais relacionadas às doenças; funcionamento mental e físico excelentes; e envolvimento ativo com a vida.

    É bem estabelecido na literatura mundial que a atividade física é um dos elementos que promovem a melhora na saúde global de um indivíduo e sua prática pode determinar melhoras em aspectos que objetivamente podem ser mensurados.

    A prática da atividade física adequada e regular favorece a qualidade de saúde, contribuindo para a realização das funções orgânicas proporcionando com que o idoso sinta-se mais disposto e confiante (BARBOSA, 2002).

    As atividades mais preconizadas para o treinamento da capacidade cardiorrespiratória dos idosos são a caminhada, em solo plano e adequado, a natação, o ciclismo e a bicicleta estacionária. Sendo que, a caminhada e a bicicleta estacionária são as mais indicadas. O esforço, nestas atividades, é facilmente controlado, evitando-se riscos e desconfortos físicos indesejáveis resultantes das reações metabólicas ocasionadas pelo excesso de intensidade na atividade.

    Como sabemos, “atividade física” é qualquer movimento que seja resultado de contração muscular voluntária que leve a um gasto energético acima daquele do repouso. Assim o andar é uma forma importante de atividade física. Quando se caminha em uma velocidade tal em que se pode manter uma conversação, dizemos que essa atividade física tem intensidade moderada. Quando essa caminhada é realizada de forma mais organizada, incluindo duração, intensidade, freqüência e ritmo, ela adquire “status” de exercício. (MATSUDO, 2006).

    Em termos fisiológicos, atividade física moderada seria aquela em que a freqüência cardíaca (FC) permanecesse entre 50% a 74% do VO2 máx (consumo máximo de oxigênio) ou entre 60-79% da FC máxima. Em termos psicoergométricos alcançaria valores entre 12-13 na escala de Borg original (6-20). (ACSM, 1998).

    Nieman (1999) ressaltou aspectos da aptidão física relacionados à saúde que mostram que o exercício físico influencia positivamente a resistência cardiorrespiratória, a composição corporal e a aptidão músculo-esquelética que pode ser subdividida em força muscular, resistência muscular e flexibilidade.

    Entre os diferentes programas que começam a ser oferecido aos idosos, encorajando a busca de auto-expressão e a exploração das identidades de uma forma que era exclusiva da juventude, estão os programas de atividades físicas, que sobremaneira valorizam e garantem o aumento da qualidade de vida e a inserção social.

    Enfim, a prática do exercício físico valoriza e garante o bem-estar e o aumento da qualidade de vida e inserção social de idosos.

    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), Qualidade de Vida (QV) pode ser definida como a “percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto de cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. ”“.

    A expressão “qualidade de vida” tem várias vertentes, que compreendem desde um conceito popular, amplamente utilizado na atualidade – em relação a sentimentos e emoções, relações pessoais, eventos profissionais, propagandas da mídia, política, sistemas de saúde, atividades de apoio social, dentre outros –, até a perspectiva científica, com vários significados na literatura médica. (GILL & FEISNTEIN, 1994 apud PEREIRA et al., 2006).

    Segundo Okuma (1998), a expectativa de vida ativa termina quando a saúde de uma pessoa se compromete a ponto de dificultar a realização de Atividades de Vida Diárias (AVDs), tornando-a dependente de outras pessoas ou de algum tipo de assistência médica, psicológica ou social. Afirma ainda a autora que grande porcentagem de pessoas com mais de 60 anos têm algum tipo de dificuldade ou dependência para a realização das tarefas cotidianas.

    Segundo Brown & Gordon (1999), nos Estados Unidos, os estudos sobre a QV se iniciaram em meados dos anos 70 com a exploração do bem-estar do individuo dentro de uma população em geral com o uso de “indicadores sociais” mais objetivos, focalizados na comunidade.

    Mais recentemente, os estudos se desenvolveram com o interesse de avaliar a QV relacionada à saúde, principalmente no ramo de pesquisa relacionado à promoção da saúde. Por ser uma conceituação subjetiva, que varia de indivíduo para indivíduo, tem sido ampla a discussão sobre qual o instrumento e o método para a avaliação da QV.

    Kumpusalo et al. (1992) relataram que o desenvolvimento dos questionários de QV impulsionou a pesquisa em saúde a partir do momento em que estes começaram a incluir aspectos tais como social, físico e psicológico, assim como comportamento relacionado à saúde e indicadores de saúde ambiental.

    Assim o objetivo desta pesquisa foi de Avaliar a qualidade de vida em diferentes domínios, bem como seus hábitos para a prática desta atividade, de indivíduos aparentemente saudáveis entre 50 e 80 anos, que praticam caminhada ao ar livre em dois pontos principais da cidade de Uberlândia, Parque do Sabiá e Praça Sérgio Pacheco.

Metodologia

    A população foi constituída por 84 indivíduos aparentemente saudáveis entre 50 e 80 anos, praticantes deste exercício. Os critérios adotados para maior validação da pesquisa foram: ser de ambos os sexos, querer participar da pesquisa, ter condições de realizarem caminhadas nos espaços pré-determinados.

    Para a coleta dos dados, utilizou-se um questionário de saúde geral SF – 36 validado no Brasil (CICONELLI, 1999) sobre a avaliação da qualidade de vida e uma ficha de avaliação da atividade física. Foram aferidas a pressão arterial (PA) e a freqüência cardíaca (FC) antes (medida 1) e após o exercício (medida 2) tomando-se o cuidado de solicitar ao indivíduo que respondesse primeiramente os questionários para então ser tomada a medida 1, garantindo assim que estes encontravam-se em seus níveis fisiológicos basais. Faz-se necessário lembrar que estes indivíduos foram avaliados a todo o momento na posição sentada para padronização das medidas. Após o exercício foi analisado também o grau de percepção subjetiva de esforço (BORG & NOBLE, 1974) que analisa subjetivamente qual o esforço que o exercício físico do tipo caminhada promove aos praticantes do mesmo.

    Vale ressaltar que o questionário de saúde geral SF – 36 é formado por 36 itens que são divididos em domínios: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais, saúde mental, que são avaliados através de um escore que vai de 0 a 100, no qual 0 é pior e 100 o melhor estado de saúde.

    Todos os indivíduos foram informados através do termo de consentimento livre e esclarecido e preencheram uma carta aceite para a participação. O sigilo das identidades dos participantes foi respeitado incondicionalmente.

    Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Universidade Federal de Uberlândia.

    Os dados foram analisados estatisticamente pelo programa estatístico Biostatistcs 4.0. Tanto variância (ANOVA) como comparação de dados simples (T de Student) foram feitos por meio do programa.

Resultados

    O grupo estudado constou de 84 indivíduos aparentemente saudáveis que praticavam a caminhada como forma de atividade física em dois pontos principais da cidade de Uberlândia – MG, sendo 58 mulheres e 26 homens. Subdividimos as mulheres em três grupos: um de faixa etária entre 50 e 59 anos (n=28) outro de faixa etária entre 60 e 69 anos (n=16) e outro de faixa etária entre 70 e 79 anos (n=14). Da mesma forma o fizemos com os homens, cujos subgrupos ficaram da seguinte forma: homens com idade entre 50 e 59 anos (n=6), homens com idade entre 60 e 69 anos (n=11) e homens com idade entre 70 e 79 anos (n=9).

    Todos os indivíduos responderam ambos os questionários logo no início da caminhada precedendo uma aferição da PA e da FC antes de iniciar o exercício. Após realizar sua atividade física, a qual sugerimos que fosse realizada da mesma maneira que vinha realizando a mesma, imediatamente eram aferidos os valores de PA e FC novamente e coletada a percepção subjetiva de esforço para avaliação destas medidas.

    Os indivíduos levaram em média 15 minutos para responder a ficha de avaliação da caminhada e o questionário SF – 36. Alguns indivíduos relataram que algumas questões do SF – 36 se confundiam e causavam algumas dúvidas.

    Caracterização da Amostra:

Figura 1. Divisão dos indivíduos quanto ao gênero

Figura 2.  Distribuição dos voluntários por faixa etária

    A igual proporção entre os gêneros não foi possível, pois os indivíduos eram avaliados de acordo com que se ofereciam para a avaliação.

Figura 3. Média de Idade dos Grupos

 

Tabela 1. Diferença das médias de Freqüência Cardíaca, Pressão Arterial Sistólica (PAS)

e Diastólica (PAD) entre os indivíduos estudados antes e após a caminhada.

Indivíduos

FC (pré)

FC (pós)

PAS (pré)

PAS (pós)

PAD (pré)

PAD (pós)

M50-59

79,7±2,4

93,9±5,3*

134,5±9,2

151,1±8,5*

82,9±7,6

97,7±6,6*

M60-69

79,6±2,6

97,5±3,3*

132,8±10,5

149,7±8,7*

83,4±7,2

98,4±6,0*

M70-79

81,1±3,0

97,2±4,3*

136,4±10,5

152,9±7,5*

82,5±8,5

96,4±6,3*

H50-59

82,3±5,2

92,3±1,8*

135±13,4

147,5±5,2*

80±7,1

100,8±7,4*

H60-69

78,5±5,4

93,7±3,7*

128,6±10,5

151,8±9,0*

79,5±8,5

99,5±7,6*

H70-79

81,8±2,3

94,1±4,6*

136,7±10,0

151,7±10,6*

82,8±10,6

100±7,9*

* significa diferença estatística para p > 0,05 comparando cada variável (FC, PAS e PAD) com seus momentos pré e pós a caminhada.

Obs.: M50-59 = Mulheres de 50 a 59 anos; M60-69 = Mulheres de 60 a 69 anos; M70-79 = Mulheres de 70 a 79 anos; H50-59 = Homens de 50 a 59 anos; H60-69 = Homens de 60 a 69 anos; H70-79 = Homens de 70 a 79 anos.

 

Tabela 2. Média dos valores de Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) após a caminhada.

Indivíduos

PSE

H 50-59

10±1,3

H 60-69

9,6±1,1

H 70-79

9,9±1,2

M 50-59

9,3±0,9

M 60-69

9,4±0,9

M 70-79

9,3±0,9

 

Tabela 3. Resultados obtidos pelos grupos no SF-36

Obs.:     CF = Capacidade Funcional

LAS = Limitação por Aspectos Sociais

DOR = Dor

EGS = Estado Geral de Saúde

VIT = Vitalidade

AS = Aspectos Sociais

LAE = Limitação por Aspectos Emocionais

SM = Saúde Mental

MD = Média

DP = Desvio Padrão

Tabela 4. Comparação da QV entre Homens de 50 a 79anos e Mulheres de 50 a 79 anos segundo o domínio do questionário SF-36.

Grupos

CF

LAS

DOR

EGS

VIT

AS

LAE

SM

H 50-59 / 60-69

0,598

0,671

0,814

0,852

0,014*

0,105

0,678

0,001*

H 50-59 / 70-79

0,321

0,459

0,781

0,792

0,008*

0,097

0,524

0,001*

H 60-69 / 70-79

0,987

0,987

0,923

0,926

0,978

0,879

0,878

0,952

M 50-59 / 60-69

0,472

0,468

0,653

0,148

0,735

0,564

0,557

0,538

M 50-59 / 70-79

0,489

0,374

0,421

0,284

0,521

0,417

0,361

0,219

M 60-69 / 70-79

0,878

0,972

0,823

0,748

0,956

0,849

0,973

0,843

* significa diferença estatística para p > 0,05 comparando as faixas etárias de homens e mulheres segundo o domínio do questionário SF-36.

 

Tabela 5. Comparação da QV entre Homens e Mulheres de 50 a 59 anos segundo o domínio do questionário SF-36.

Grupos

CF

LAS

DOR

EGS

VIT

AS

LAE

SM

H 50-59 / M 50-59

0,865

0,781

0,161

0,819

0,017*

0,384

0,676

0,074

H 60-69 / M 60-69

0,149

0,348

0,384

0,179

0,389

0,804

0,578

0,125

H 70-79 / M 70-79

0,126

0,321

0,168

0,236

0,101

0,356

0,214

0,028*

* significa diferença estatística para p > 0,05 comparando as faixas etárias de homens e mulheres segundo o domínio do questionário SF-36.

Discussão

    Inicialmente discutiremos acerca das variações da FC dos indivíduos estudados.

    Todos os grupos caminhavam em uma intensidade que produziam diferenças estatisticamente significantes na FC.

    MCARDLE (1996) relatou que a FC não se altera conforme a idade. Contudo, a FC máxima durante o exercício declina conforme a idade e uma aproximação grosseira da FC máxima é enunciada pela seguinte relação:

FC máx (bpm . min-1) = 220 – idade (anos)

    Powers (2000) demonstrou que a intensidade do treinamento para gerar efeitos cardiovasculares pode ser determinada por meio de métodos diretos (teste ergoespirométrico) nos quais se detecta o VO2 ou indiretos sabendo-se, que a relação entre o VO2 e a FC é linear. Considerando os métodos indiretos, o autor citou Karvonen (1988) para determinar a faixa de FC alvo que teoricamente pode obter benefícios do treinamento. Esse método é descrito a seguir:

  1. Subtrair a FC em repouso da FC máxima para obter a FC de reserva.

  2. Calcular 60% a 80% da FC de reserva.

  3. Adicionar cada valor da FC de reserva à FC de repouso para obter a faixa de FC alvo.

    Portanto, para o grupo estudado teríamos os seguintes resultados:

Grupo

FC em repouso

FC máxima

FC de reserva

60% da FC de reserva

FC alvo estimada

FC logo após o exercício

M 50-59

79,7±2,4

166

86,3

51,78

131,48

93,9±5,3

M 60-69

79,6±2,6

154

74,4

44,64

124,14

97,5±3,3

M 70-79

81,1±3,0

147

65,9

39,54

120,64

97,2±4,3

H 50-59

82,3±5,2

165

82,7

49,62

131,92

92,3±1,8

H 60-69

78,5±5,4

157

78,5

47,10

125,60

93,7±3,7

H 70-79

81,8±2,3

146

64,2

38,52

120,32

94,1±4,6

    Com isso, poderíamos concluir que nenhum dos grupos conseguiu atingir a FC alvo para que obtivessem efeitos cardiovasculares benéficos para o seu condicionamento físico.

    Podemos notar também neste estudo que a média dos valores de PSE se concentrou em valores menores do que 11, mostrando que o exercício físico do tipo caminhada está associado, segundo a escala, com uma intensidade relativamente fraca.

    Quanto à PA dos indivíduos estudados faz-se necessário levantar algumas considerações importantes.

    O “Joint National Committe on Prevention, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure” (1997) indicou seis categorias de pressão arterial:

Categoria de PA

PA Sistólica (mmHg)

PA Diastólica (mmHg)

Ótima

< 120

< 80

Normal

< 130

< 85

Normal Alta

130-139

85-89

Hipertensão Estágio 1

140-159

90-99

Hipertensão Estágio 2

160-179

100-109

Hipertensão Estágio 3

> 180

> 110

    Os valores acima se referem à PA medida sentada após cinco minutos de descanso. Conforme enunciado anteriormente, todos os indivíduos estudados permaneciam mais de 5 minutos sentados para que a primeira medida de PA fosse realizada, portanto, todos esses indivíduos estavam com as condições basais estáveis. Podemos notar que as medias dos grupos, considerando seus desvios padrões, encontravam-se, em sua maioria, dentro dos padrões de normalidades, concentrando-se principalmente nas categorias normal e normal alta. Contudo, alguns indivíduos puderam ser classificados como hipertensos estágio 1. Se não considerarmos os desvios padrão poderíamos classificar todos os grupos como portadores de PA normal alta.

    Por tudo isso, torna-se indispensável a prática de exercício físico regular visto que prática regular de exercícios físicos tem sido amplamente empregada no tratamento não-farmacológico da hipertensão arterial.

    Kroeker et al (1955), Wilcox et al (1982) e Bennett et al (1984) observaram que, após a realização de uma única sessão de exercícios físicos, ocorria uma queda da PA pós-exercícios, permanecendo abaixo dos valores observados no período de repouso pré-exercício. Esse fenômeno descrito tem sido denominado hipotensão pós-exercício (HPE) (FORJAZ et al, 2000).

    O questionário SF-36 pode ser usado com facilidade pelo grupo estudado devido as boa compreensão do mesmo por parte dos indivíduos. Autores como Adington-Hall & Kalra (2001), Vanswearingen & Branch (2001) citam que uma das maiores dificuldades da administração que um questionário de auto-avaliação é a compreensão das questões devido a dificuldades cognitivas, déficits de comunicação ou estresse elevado.

    Conforme observado a QV está intimamente ligada com auto-imagem de um indivíduo bem como aspectos emocionais, mentais e sociais, o que é comprovado pelos resultados obtidos pelos grupos estudados mostrando altos valores de escores na grande maioria dos domínios.

    Em nosso estudo, podemos evidenciar que o grupo de homens de 50 a 59 anos parece ter maiores benefícios no que diz respeito à vitalidade e saúde mental do que homens na faixa de 60 a 79 anos, este primeiro grupo também parece obter maiores benefícios pela caminhada do que o grupo de mulheres de 50 a 59 anos no domínio vitalidade. O grupo de homens de 70 a 79 anos parece beneficiar melhor da atividade física proposta no que diz respeito à saúde mental se comparados com mulheres de sua mesma faixa etária. Não obstante, todos os grupos parecem absorver igualmente os benefícios causados pela pratica da atividade física em relação à qualidade de vida dos mesmos.

    Laforge et al. (1999) evidenciaram através do SF-36, que a QV está associada com o grau de condicionamento físico de um indivíduo, principalmente nos aspectos de limitação funcional, estado geral de saúde e vitalidade.

    O ACSM (1998) relatou que o envolvimento em exercícios regulares pode proporcionar benefícios psicológicos relacionados à preservação da função cognitiva, alívio dos sintomas de depressão e comportamento e melhor conceito pessoal de autocontrole e eficácia. Este relato pode sustentar o achado de mais altos valores da QV em indivíduos praticantes de alguma atividade física.

    Em nosso grupo, podemos notar que embora os indivíduos não realizassem atividades em nível de treinamento para condicionamento físico, todos apresentavam índices parecidos nos vários aspectos da QV e a maioria dos valores permanecia alto, considerando a escala de pior para melhor (0-100) do questionário SF-36.

    Finalizando, este estudo traz o achado que, mesmo não atingindo níveis de treinamento ideais homens e mulheres de 50 a 80 anos podem se beneficiar igualmente da prática da caminhada como fator de melhora na qualidade de vida.

Conclusão

Referências

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