Características motivacionais entre alunos de escolas de futebol particular e projetos sociais de futebol |
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*Mestre em Turismo e Meio Ambiente - UNA Professora de Turismo CTU - UFJF e Senac - Juiz de Fora **Especialista em Psicopedagogia - UCB Professor de Educação Física do Grupo Educacional Equipe – Juiz de Fora ***Doutor em Educação Física - UFG (Brasil) e Psicologia do Esporte – ULPGC (Espanha) Professor do Departamento de Educação Física UFJF/FAEFID ****Doutor em Educação Física - UGF Professor do Departamento de Educação Física UFJF/FAEFID (Brasil) |
Geísa Martins Soares* Hebert Soares Bernardino** Maurício Bara Filho*** Renato Miranda**** |
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Resumo O estudo tem como finalidade comparar os níveis motivacionais e amotivacionais de alunos de Escolas de Futebol Particular e de Projetos Sociais de Futebol em um contexto esportivo. Uma amostra de 269 alunos (133 de Escolas de Futebol Particular e 136 de Projetos Sociais de Futebol), região da Zona da Mata de Minas Gerais, com idade entre 13 e 16 anos, responderam a uma adaptação do questionário de Goudas, Biddle e Fox (1994), validado por Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2005) que visa medir e detectar os estímulos motivacionais e amotivacionais. A pesquisa nos dá embasamento para a utilização dos resultados, na compreensão do modo como os alunos regulam intrinsecamente ou extrinsecamente o seu comportamento, relacionado ao esporte e prática do futebol. A motivação intrínseca, extrínseca, e seus benefícios têm sido uma das principais áreas de investigação da Psicologia do esporte. Unitermos: Escolas de futebol particular. Projetos sociais de futebol. Motivação intrínseca e extrínseca. Psicologia do esporte.
Abstract Keywords: Particular soccer school. Social soccer proyect. Intrinsic motivation. Extrinsical motivation. Sport psychology. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 127 - Diciembre de 2008 |
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Introdução
O principal objetivo deste estudo é comparar os níveis motivacionais intrínsecos e extrínsecos, e amotivacionais de alunos de Escolas de Futebol Particular e Projetos Sociais de Futebol. Para admitir as motivações que levam alunos à prática do futebol, são necessárias aplicações de pesquisas em campo na busca por conhecer e compreender tais motivações. No estudo proposto buscar-se-á a compreensão das motivações e amotivação de alunos de futebol em praticarem este esporte.
Serão analisadas informações através de aplicação de questionários do modelo de Goudas, Biddle e Fox (1994) que relaciona questões ao que motiva e o que desmotiva o aluno na aula de futebol. A partir dos dados obtidos no estudo, pretende-se também, correlacionar às motivações de alunos de classes sociais distintas e os motivos que os levam a praticar o futebol orientado.
O reconhecimento da importância da motivação intrínseca, extrínseca e amotivação na Psicologia do Esporte, originou um interesse nos fatores que podem aumentar ou diminuir a motivação e correspondentes níveis de envolvimento esportivo dos indivíduos. Consequentemente, os motivos que determinam à prática desportiva têm constituído um dos temas principais de investigação nesta área, desde o início da década de 1980 (Harwood & Biddle, 2002).
“O estudo da motivação tem sido um dos temas dominantes ao longo da história da investigação em Psicologia do esporte” (Vasconcelos Raposo, 1996). Entretanto, em parte, este entusiasmo derivou do trabalho dos psicólogos da área da educação que propuseram entender a motivação em termos de percepções e pensamentos, em vez de uma qualidade inata (Harwood & Biddle, 2002).
De acordo com as fases do processo de investigação, verificou-se que alguns alunos estavam preocupados com um momento de lazer, divertimento e descontração, deste modo, o estudo da motivação assume-se como um dos aspectos importantes para a compreensão das diferenças individuais na prática desportiva, dado que alguns indivíduos exibem padrões motivacionais adaptacionais à medida que aplicam esforço para o sucesso, enquanto outros, às primeiras ocasiões de insucesso, abandonam a prática desportiva em questão (Steinberg & Maurer, 1999).
O interesse em analisar as motivações e amotivações de alunos de escolas de futebol, surgiu após uma incessante busca sobre o assunto no contexto esportivo, sendo que as informações em nível comparativo a cerca do assunto no contexto pesquisado não correspondia com os inúmeros trabalhos em se tratando de alto nível.
Conceitos de motivação
Um comportamento motivado, segundo Braghrolli, Bisi e Rizzon (2001) se caracteriza pela energia relativamente forte nele despendida e por estar dirigindo para um objetivo ou meta. Segundo Alves et al (1996: 38), a A motivação pode ser compreendida pelo conjunto de variáveis que determinam a “razão pela qual, os sujeitos escolheram aquele desporto como prática desportiva, porque se mantém nesta atividade ao longo do tempo e porque desenvolvem um determinado nível de empenhamento”.
A motivação aparece assim ligada ao comportamento do sujeito, sendo considerada como uma causa determinante e condicionante do seu grau de eficácia. Os estudos realizados nesta área (Carron, 1980 e Cratty, 1984, citados por Serpa, 1991), realçam o fato de a motivação ser determinada por fatores pessoais e situacionais, quer a nível consciente, ou inconsciente, estando dependentes das necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais de cada sujeito, bem como das suas experiências passadas ou recentes, considerando duas dimensões: a direção - relacionada com a escolha da atividade através da qual o sujeito visa atingir determinados objetivos; a intensidade - diz respeito ao maior ou menor esforço empregue nessa atividade por parte do sujeito, com vista à realização dos objetivos estipulados. Prevêem ainda outra dimensão neste processo: a persistência - relacionada com a continuidade ou não na atividade escolhida.
Podemos definir a motivação como um processo que leva o sujeito a iniciar uma atividade, onde a parte intrínseca é pré-requisito para qualquer ação, no entanto a parte extrínseca é fundamental no sentido de auxiliar a manter o comportamento motivado em função de objetivos pessoais (Miranda e Bara Filho, 2008).
Motivação intrínseca
A motivação intrínseca é chamada também de pessoal ou inconsciente visto que essa representa o desejo interior para atingir algum objetivo ou satisfazer determinada necessidade. É a força psíquica que todos nós possuímos que nos leva a empenhar, em uma atividade por vontade própria sem termos exata consciência daquilo que acontecerá na prática. Isso explica o motivo de escolhermos praticar o futebol, por exemplo, sem sabermos exatamente o porquê dessa escolha, mas não resistimos à atração e vamos em busca de algo que nem imaginamos direito o que é.
As motivações intrínsecas, mais duradouras e persistentes (Bruner, 1966 e Thomas e Tennant, 1980, citados por Carreiro da Costa et al, 1998), estão relacionadas com a própria prática e com os sentimentos que ela provoca nos sujeitos. São os motivos internos ao sujeito (o prazer, a alegria da realização, satisfação da aprendizagem, entre outros), que promovem o desenvolvimento de outros tipos de necessidades, tais como a competência e a autonomia humana (Alves et al, 1996).
A motivação intrínseca refere-se ao prazer que um aluno tem em realizar uma tarefa, como este se sente após jogar uma partida de futebol, a busca por sentir as sensações corporais após um dia de aula de futebol. Essa motivação diz respeito à energia que o aluno encontra para realizar a atividade, a fim de conseguir uma sensação que se origina dele mesmo.
Motivação extrínseca
A motivação extrínseca, por outro lado, é caracterizada por fatores externos, e é reconhecida também como motivação ambiental ou consciente. A motivação extrínseca refere-se a uma valorização que vem do meio externo: pode ser uma palavra do técnico, um aplauso da torcida, troféus, elogios, bolsas de estudo, equipamentos adequados, um bom programa de treinamento, o carinho de alguém querido, entre outros. É uma força originada pela vontade de conquistar um reconhecimento externo. Para todos esses fatores terem seus efeitos motivacionais pretendidos é necessário considerar a avaliação subjetiva daquele que está envolvido na atividade. Dentre as motivações extrínsecas avaliadas, temos três tipos:
Motivação extrínseca regulação identificada: verifica-se quando um comportamento é estimulado pela apreciação dos resultados e benefícios da participação em uma atividade, seja para prevenção de doenças, ou melhoria do condicionamento físico (Biddle, Chatzisarantis, et al., 2001). É realizado mesmo que o indivíduo não agrade ou fique satisfeito. A importância está no benefício da atividade para o corpo, ou em promoção do aspecto social, são, por exemplo, os atletas que praticam um determinado esporte com a percepção de que ao envolverem-se com a atividade em questão há crescimento pessoal.
Motivação extrínseca regulação-introjeção: Neste caso os estilos regulatórios não são tão explícitos e a regulação é mais afetiva do que cognitiva, envolvendo a resolução de impulsos conflituosos, fazer ou não fazer (Deci e Ryan, 1985). É a forma mais básica da motivação extrínseca, considerando este estilo regulatório na imposição de contingências externas por parte de outra pessoa, é controlada por recompensas e ameaças. São os desportistas que praticam determinada atividade, com vista ao reconhecimento por parte do treinador ou para obterem recompensas monetárias.
Motivação extrínseca regulação integrada: é a forma mais auto-determinada ou autônoma da regulação externa de um comportamento. É de grande importância para objetivos pessoais de um indivíduo, a ênfase não se limita à própria atividade, são os alunos que decidem participar das aulas de futebol. E apesar deste tipo de motivação extrínseca representar uma forma integrada e auto-determinada, considera-se ser um comportamento motivado extrínseco, na medida em que é realizado com vista “à concretização de objetivos pessoais e não pelo próprio prazer advindo do envolvimento nessa atividade” (Deci e Ryan, 1985).
Ao avaliarmos a tipologia das motivações descritas acima, é notório que a interação dos fatores pessoais (motivação intrínseca) e fatores ambientais (motivação extrínseca) é que compõem um bom nível de comportamento motivado. Como “matéria-prima” ou base da motivação, a parte intrínseca é pré-requisito para qualquer ação; no entanto a parte extrínseca é fundamental no sentido de auxiliar a manter o comportamento motivado.
Comportamentos amotivados ou amotivação: são considerados nem intrinsecamente e nem extrinsecamente motivados, tendo em conta a ausência de intenção e pensamento pro-ativo (Deci e Ryan, 1985). É a relativa ausência de motivação, dado percepcionado em uma inexistência de contingência entre as ações e os resultados, não existindo motivos para a continuação da prática da atividade em questão (Biddle, Chatzisarantis, et al., 2001), é caracterizada pelo aluno que não tem a intenção de realizar a aula, portanto, é provável que a atividade seja desorganizada e acompanhada por sentimentos de frustração, medo ou depressão.
Metodologia
A intenção do estudo foi comparar o nível motivacional intrínseco, extrínseco e amotivacional, entre alunos de Escolas de Futebol Particular e Projetos Sociais de Futebol em um contexto esportivo, a faixa etária dos pesquisados compreendia entre 13 e 16 anos, com uma média de idade de 14,07.
Como instrumento a ser utilizado o questionário de Goudas, Biddle e Fox (1994), após uma adaptação à língua portuguesa validado por Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2005), com quatro itens para cada uma das cinco diferentes sub-escalas (ver anexo), e suas respostas numeradas de 1 a 7 de acordo com a escala tipo Likert. A aplicação e preenchimento dos questionários foram realizadas no primeiro semestre de 2008, respondido sempre ao início das atividades, sem estipular tempo necessário para preenchimento, o que ocorria entre cinco a dez minutos, por livre e espontânea vontade dos alunos, sempre com a autorização do professor responsável.
Questionário
Instruções para preenchimento:
Considere cada frase expressa e indique com um círculo em redor do número que melhor refletir o que sentes acerca dela. Utilize para o efeito uma escala de 1 a 7. Cada número corresponde a:
que discorda plenamente;1
2 que discorda bastante;
3 que discorda no geral;
4 que nem discorda, nem concorda;
5 que concordas, no geral;
6 que concorda bastante;
7 que concorda plenamente.
Eu realizo a aula de Educação Física:
mi1- porque é divertida (1)...(7)
mi2- porque eu gosto de aprender novas habilidades (1)...(7)
mi3- porque é emocionante (1)...(7)
mi4- devido ao prazer que sinto quando aprendo novas habilidades/técnicas (1)...(7)
merid1- porque quero aprender novas habilidades(1)...(7)
merid2- porque é importante para mim realizar corretamente as atividades (1)...(7)
merid3- porque quero melhorar o meu nível desportivo (1)...(7)
merid4- porque posso aprender habilidades ou técnicas que poderei utilizar noutras áreas da minha vida (1)...(7)
merin1- porque quero que o professor ache que eu sou um bom aluno (1)...(7)
merin2- porque iria sentir-me mal, caso não a realizasse (1)...(7)
merin3- porque quero que os outros alunos pensem que eu sou competente em todas as atividades
(1)...(7)
merin4- porque fico preocupado se não a realizar (1)...(7)
mere1- porque arranjo problemas se não a realizar (1)...(7)
mere2- porque é suposto eu realizar (1)...(7)
mere3- para que o professor não se zangue comigo (1)...(7)
mere4- porque é obrigatório (1)...(7)
amot1- mas realmente não sei porquê (1)...(7)
amot2- mas não compreendo porque existem este tipo de aulas (1)...(7)
amot3- mas sinto que estou a desperdiçar o meu tempo (1)...(7)
amot4- mas não obtenho resultados deste tipo de aulas (1)...(7)
Nota: Manteve-se a versão original do estudo de modo a garantir a correspondência entre o instrumento e dados obtidos. Os autores encorajam a adaptação e replicação do instrumento no contexto brasileiro.
Amostra
A amostra do estudo foi constituída por 269 alunos (133 de Escolas de Futebol Particular e 136 de Projetos Sociais de Futebol), com idades compreendidas entre os 13 e 16 anos de idade. A média de idade de 14,07 anos (13,98 anos de Escolas de Futebol Particulares e 14,16 anos de Projetos Sociais de Futebol), de 12 escolas de Futebol da região da Zona da Mata de Minas Gerais, sendo 5 de Escolas de Futebol Particular, pretendendo caracterizar extensivamente os participantes, de acordo com as variáveis diferenciadoras em estudo (Figura 1).
Figura 1. Níveis de auto-regulação amotivacionais e motivacionais, Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2005)
Instrumento de pesquisa
O questionário utilizado, foi o mesmo do estudo de Goudas, Biddle e Fox (1994), após uma adaptação para a língua portuguesa (ver anexo). Este compreende quatro itens para cada uma das cinco diferentes sub-escalas (MI: motivação intrínseca; MERID: motivação extrínseca regulação identificada; MERIN: motivação extrínseca regulação-introjeção; MERE: motivação extrínseca regulação externa; AMOT: amotivação). As respostas foram dadas de acordo com uma escala tipo Likert de 7 pontos, que variava de 1 (discordo plenamente) a 7 (concordo plenamente).
Resultados
Quando se diz respeito à motivação intrínseca, chamada também de pessoal ou inconsciente, visto que essa representa o desejo interior para atingir algum objetivo ou satisfazer determinada necessidade. O prazer que um aluno tem em realizar uma tarefa, como este se sente, após jogar uma partida de futebol, a busca por sentir as sensações corporais após um dia de aula de futebol. Representada (gráfico 1) como pressuposto de prática da atividade entre alunos de Escolas de Futebol Particular (EFP)r e Projetos Sociais de Futebol (PSF) (ver anexo).
Gráfico 1. Comparação da Motivação Intrínseca entre Escolas de Futebol Particular (EFP) e Projetos Sociais de Futebol (PSF).
Já a motivação extrínseca, como é apresentada generalizada (gráfico 2), refere-se a uma valorização que vem do meio externo, uma força originada pela vontade de conquistar um reconhecimento, se o treinamento e premiações sugeridos pelo professor irá agradar o aluno ou não (ver anexo).
Gráfico 2. Média de Comparação das Motivações Extrínsecas entre Escolas de Futebol Particular (EFP) e Projetos Sociais de Futebol (PSF).
Foram analisados três tipos de motivações extrínsecas (gráfico 3) para este tipo de comparação. Entre os tipos de motivação extrínseca questionadas estavam: MERID: motivação extrínseca regulação identificada, quando o comportamento é estimulado pela apreciação dos resultados e benefícios da participação em uma atividade; MERIN: motivação extrínseca regulação-introjeção, a forma mais básica da motivação extrínseca, considerando este estilo regulatório na imposição de contingências externas por parte de outra pessoa; MERE: motivação extrínseca regulação externa é a forma mais auto-determinada ou autônoma da regulação externa de um comportamento. É de grande importância para objetivos pessoais de um indivíduo, a ênfase não se limita à própria atividade, são os alunos que decidem participar das aulas de futebol (ver anexo).
Gráfico 3. Comparação das Motivações Extrínsecas: regulação identificada (MERID), regulação-introjeção (MERIN)
e regulação externa (MERE) entre Escolas de Futebol Particular (EFP) e Projetos Sociais de Futebol (PSF).
Quanto à média geral da motivação intrínseca (MI), motivação extrínseca (ME) e amotivação (AM) (gráfico 4,) dos alunos em praticar o futebol, sendo a amotivação caracterizada pelo aluno que não tem a intenção de realizar a aula, portanto, é provável que a atividade seja desorganizada e acompanhada por sentimentos de frustração, medo ou depressão apesar de não estarmos avaliando tal fato (ver anexo).
Gráfico 4. Comparação das Motivações Intrínseca (MI), Extrínseca (ME) e Amotivação (AM)
entre Escolas de Futebol Particular (EFP) e Projetos Sociais de Futebol (PSF).
Discussão
Nos resultados apresentados verificou-se pouca diferença tanto na motivação intrínseca, quanto na motivação extrínseca entre alunos de Escolas de Futebol Particular e Projetos Sociais de Futebol em praticar aulas de futebol, os métodos de aulas seguiram um padrão quando haviam materiais disponíveis, quando não os tinham, os professores de Projetos Sociais de Futebol em alguns momentos inovavam, quando estes não inovavam a monotonia acerca das atividades era visível e o questionário mostrou isso nos resultados obtidos na amotivação dos alunos, onde a diferença ficou muito evidente entre os alunos de futebol pesquisados. O prazer em praticar o futebol livremente, conta com uma “barreira”, o professor ditando regras e estilos de jogo, talvez tenha sido um alarmante para que alunos de Projetos Sociais de Futebol tenham ficado amotivados na pratica do esporte.
Amorose e Horn (2001) salientam que os professores que fornecem maior freqüência de feedback positivos, revelando um estilo de liderança democrático, ensinam alunos com maiores níveis de percepção de competência e consequentemente, níveis mais elevados de motivação intrínseca.
Professores ao lidarem com serenidade diante da motivação que está inteiramente ligada com o prazer, com que o aluno tem em realizar determinada atividade, este prazer, quando não é estimulado por situações que o convença, a motivação não é atingida. Consequentemente receberão respaldo negativo de seus alunos. O estilo motivacional do professor é considerado, portanto, uma característica vinculada à personalidade, mas é vulnerável a fatores sócio-contextuais como, por exemplo, o número de alunos na aula de futebol, o tempo de experiência do professor na prática do esporte, o gênero, a idade dos alunos, as concepções ideológicas, entre outros (MOREIRA 2005).
Em todas as Escolas de Futebol Particular e Projetos Sociais de Futebol que foram visitados, nenhum deles estavam em período de competição externa, sendo assim, não haveriam motivos para estes estarem mais motivados que outros. O mesmo se aplica ao nível de instrução dos alunos questionados, não houve problemas para responderem o questionário, já que, uma breve explicação foi feita e um suporte instrucional passivo, era dado no momento da realização do mesmo.
O presente estudo evidencia como inédito, ao comparar a motivação de alunos praticantes de futebol entre Escolas de Futebol Particular e Projetos Sociais de Futebol. A sua aplicação no contexto educativo e desportivo, tem sido feita de forma bem sucedida, demonstrando a importância das diferentes formas motivacionais na indução de diversos benefícios cognitivos, comportamentais e afetivos (Ntoumanis, 2001) e tem sido bastante útil, na medida em que se centra na importância das Escolas de Futebol Particular ou Projetos Sociais de Futebol e autonomia do comportamento humano.
Conclusões
Neste estudo é possível obter como respostas às questões que serão implementadas na pesquisa. Uma das hipóteses que pode ser encontrada é de que os alunos investigados podem ter as mesmas motivações, quanto, motivações diferentes que os levam a praticar o futebol nas escolas citadas.
Os resultados desta pesquisa poderão servir de subsídio para profissionais de educação física, em especial, em relação às práticas a serem trabalhadas nas aulas de futebol, fazendo com que os resultados motivacionais dos alunos cresçam e os amotivacionais diminuam, principalmente em Projetos Sociais de Futebol. Permitirá também, que o conhecimento mais profundo das motivações dos alunos possa ser utilizado para adequação das aulas preparadas, tanto para alunos de faixas etárias, quanto níveis sócio econômicos diferentes. Fazendo com que a compreensão das diferentes motivações dos alunos possa ser subsidio na elaboração das referidas aulas, justificando assim a escolha do tema proposto.
Os estudos realizados na área da motivação, tem como objetivo, o sentido de compreender e explicar os motivos e as características das pessoas que participam do desporto, bem como identificar os fatores psicológicos que lhes estão subjacentes.
Os profissionais de educação física, em geral, devem buscar formas adequadas de aplicar a ciência da saúde relacionada à prática de esportes, almejando assim que os praticantes das atividades desportivas se sintam motivados nas aulas aplicadas.
Recomendação para futuras pesquisas
Sugerindo o modo como os professores devem auxiliar os alunos, proporcionando-os a percepção de processos de tomada de decisão e liderança, aumentando o seu envolvimento com as tarefas propostas, permitindo a percepção de controle sobre os seus comportamentos e evidenciando um locus de causalidade interna (Biddle et. al., 1999). Assim, quanto mais oportunidades tiverem de escolher as atividades que querem desenvolver ou as modalidades desportivas que querem praticar, mais intrínseca será sua motivação, revelando assim um maior controle sobre a tarefa propriamente dita. Trabalhos relacionados com a psicologia esportiva, são subsídios para trabalharmos o aspecto motivacional dos atletas, desta maneira, todos os trabalhos relacionados ao tema são incentivados pelos estudiosos do assunto.
Referências
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digital · Año 13 · N° 127 | Buenos Aires,
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