efdeportes.com

Percepção da imagem corporal, auto-estima e 

qualidade de vida em alunos da UNATI/UCG

 

*Fisioterapeuta, graduada pela Univ. Católica de Goiás (UCG)

**Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da Saúde e Doutoranda em Ciências da Saúde

pela Univ. Federal de Goiás (UFG), Professora no curso de Fisioterapia da

Univ. Católica de Goiás (UCG). Professora na Univ. Aberta à Terceira Idade (UNATI/UCG)

***Educador Físico, Fisioterapeuta Especialista, Mestre em Fisioterapia pelo

Centro Universitário do Triângulo (UNITRI), Professor no curso de Fisioterapia da

Univ. Católica de Goiás (UCG), Diretor do Instituto de Pesquisa em Ciências da Saúde (IPCS)

(Brasil)

Luciana Maria Pereira do Nascimento*

lucianampn@hotmail.com

Renata Moraes Amaral*

renatamamaral@yahoo.com.br

Ruth Losada de Menezes**

ruthlosada@uol.com.br

Renato Alves Sandoval***

rasterapia@ig.com.br

 

 

 

Resumo

          A imagem corporal é a representação de como a pessoa se imagina. A imagem positiva está relacionada à auto percepção do corpo e a satisfação que o mesmo tem de si. Auto-estima é o que a pessoa sente a respeito de si mesma. Para o ser humano, a imagem corporal desempenha um papel importante na consciência de si, se a percepção do corpo é positiva a auto-imagem será positiva, e se há satisfação com a imagem do seu corpo, a auto-estima será melhor. Com o processo de envelhecimento há uma diminuição da auto-imagem corporal e da auto-estima, interferindo diretamente na qualidade de vida desta faixa etária. O objetivo desta pesquisa foi analisar a percepção da imagem corporal, o estado nutricional através do IMC, a auto-estima e a qualidade de vida de alunos participantes da Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI/UCG). Trata-se de um estudo descritivo, realizado na Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI), programa de extensão da Universidade Católica de Goiás (UCG), no período de agosto a novembro de 2007. Participaram da pesquisa 52 idosos de ambos os sexos. Os dados obtidos relacionados à idade revelam que 40,4% dos participantes encontram-se na faixa etária entre 60 e 69 anos. A avaliação do IMC evidenciou que 52,0% dos participantes possuem um valor normal (entre 18,5 à 24,9); seguido de 28,8% de idosos pré-obesos (entre 25,0 à 29,9). Observou-se que 65,4% dos idosos estão insatisfeitos com a imagem corporal, tanto por magreza quanto por excesso de peso. Os dados revelam que 69,2 % dos participantes possuem uma elevada auto-estima. 40,4% dos participantes apresentaram média de 85,33 pontos na Escala de Qualidade de Vida de Flanagan (EQVF), sugerindo um bom nível de qualidade de vida. As medidas antropométricas, a imagem corporal, a auto-estima e qualidade de vida dos idosos demonstraram estar correlacionados de forma positiva. A maioria possuiu insatisfação com a imagem corporal, porém este fato pareceu não influenciar na auto-estima e qualidade de vida dos mesmos.

          Unitermos: Imagem corporal. Auto-estima. Qualidade de vida. Idoso.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 127 - Diciembre de 2008

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Introdução

    A população brasileira está envelhecendo rapidamente de acordo com o aumento da expectativa de vida. O envelhecimento populacional se amplia em decorrência dos avanços nos conhecimentos da engenharia genética e da saúde, alterando em um futuro próximo não apenas indicadores demográficos como a expectativa de vida, mas principalmente o próprio limite do tempo de vida. O desafio que se apresenta é a elaboração de cenários em que os avanços da ciência e da tecnologia permitam ao ser humano alcançar esses limites de forma independente, não fragilizado, livre de diversas doenças e com uma expectativa de vida que se aproxime do limite biológico (VERAS, 2003).

    O envelhecimento populacional é uma realidade mundial, e o desafio da área da saúde é cuidar desta população e dar a ela melhores condições de vida. A qualidade de vida na velhice, em sua maioria, está prejudicada devido às questões de dependências observadas nos idosos em decorrência tanto de alterações biológicas (deficiências ou incapacidades) como nas exigências sociais (OLIVEIRA; GORETTI; PEREIRA, 2006).

    Fleck et al. (2006) descreve os principais fatores para se ter uma vida ativa na velhice: capacidade física, estado emocional, interação social, atividade intelectual, situação econômica, estado nutricional e auto proteção de saúde. A qualidade de vida boa ou excelente é aquela que oferece condições para que os indivíduos possam desenvolver o máximo de suas potencialidades.

    A qualidade de vida está relacionada à auto-estima e ao bem-estar pessoal e abrange uma série de aspectos como a capacidade funcional, o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o auto-cuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos, o estilo de vida, a satisfação com atividades diárias e o ambiente em que se vive (VECCHIA; RUIZ; BOCCHI, 2005).

    Quando os idosos têm o conhecimento do que acontece em seu corpo, partindo do pressuposto que o conhecimento permite a categorização, controle da atenção, e aquisição de informações visuais; eles conseguem de maneira harmônica buscar alternativas que possam mudar sua realidade. Assim, buscando uma vida saudável e de qualidade em todos os aspectos, tais como: nutricional, físico e mental (COSTA et al., 2002).

    A população idosa é crescente e com ela associam-se os problemas nutricionais. O estado nutricional expressa o grau no qual as necessidades fisiológicas por nutrientes estão sendo alcançadas para manter a composição e funções adequadas do organismo, resultando do equilíbrio entre ingestão e necessidade de nutrientes. As alterações do estado nutricional, desnutrição, sobrepeso e obesidade mórbida (mais freqüente em idosos), contribuem para aumento da morbi-mortalidade (AÇUÑA; CRUZ, 2004).

    Os aspectos nutricionais são relevantes na vida do idoso indicando sua condição de saúde e interferindo de maneira direta em sua qualidade de vida. O envelhecimento causa mudanças gradativas na fisiologia humana provocando diminuição do metabolismo, alteração do funcionamento digestivo, alterações hormonais, aumento da porcentagem de gordura no corpo e consequentemente alteram sua imagem corporal (CABRERA, 2001).

    As alterações nutricionais, em sua maioria o sobrepeso e a obesidade, modificam a imagem corporal dos idosos provocando o sofrimento do indivíduo e estados emocionais negativos. A diferença entre o índice de massa corporal (IMC) e o peso ideal provoca insatisfação no idoso, consequentemente, desencadeia sofrimento psicológico devido à pressão social por um corpo esguio e medo de se sentirem excluídos dos padrões vigentes na sociedade (CAMPOS et al.,2006).

    Uma das causas de sobrepeso e obesidade em idosos está relacionada ao aumento significativo na ingestão indiscriminada de gordura e açúcar e com a diminuição do consumo de fibras e carboidratos complexos nestas últimas décadas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no seu relatório de 2002, apontou a obesidade como uma epidemia, encontrando-se no topo de uma lista dos 10 riscos para a saúde humana (CRUZ et al., 2004).

    A obesidade pode causar sofrimento psicológico devido à pressão social para um corpo esguio, e também é provável que uma auto percepção inadequada do peso, com ou sem obesidade traga prejuízos funcionais. As discrepâncias entre o índice de massa corporal e o peso corporal "ideal" podem levar a estados emocionais negativos, tais como desapontamento e insatisfação, colocando os indivíduos em risco de terem transtornos e, muitas vezes, sentirem-se isolados ou discriminados (LEÓN et al., 2005).

    A auto- imagem corporal é formada através da mente de acordo com a imagem mental que o idoso tem do seu corpo. Para o ser humano, a imagem corporal desempenha um papel importante na consciência de si, pois é tanto imagem mental quanto percepção; se a percepção do corpo é positiva a auto-imagem será positiva, e se há satisfação com a imagem do seu corpo, a auto-estima será melhor (BENEDETTI; PETROSKI; GONÇALVES, 2003).

    Tavares (2003) descreve que a imagem corporal é a forma de como o indivíduo se percebe e se sente em relação ao seu próprio corpo. Essa imagem remete de algum modo, ao sentido das imagens corporais que se constroem a partir de diversos relacionamentos estabelecidos em sua comunidade. Isto significa que em qualquer grupo sempre existe uma imagem social ideal de corpo. Portanto, um símbolo que provoca sentimentos de identificação ou rejeição dos sujeitos em relação a determinadas imagens.

    Muitos fatores socioculturais, incluindo a pressão dos colegas, mídia, e outros elementos do ambiente social, podem afetar o padrão das pessoas com relação a sua imagem. A auto percepção do peso corporal é um aspecto importante da imagem corporal, se o idoso tem uma visão distorcida de sua imagem, isto poderá de maneira direta afetar sua qualidade de vida, uma vez que o idoso sendo obeso não consegue realizar de forma eficaz suas atividades diárias, comprometendo assim sua saúde, tendo uma probabilidade maior de se tornar uma pessoa dependente, depressiva e com baixa auto-estima (CONTE, 2005).

    A auto-estima é uma avaliação que o indivíduo efetua e mantém em relação a si mesmo, expressando uma atitude de aprovação ou desaprovação. O conceito de auto-estima diz respeito, à forma como o individuo elege suas metas; aceita a si mesmo e a sua imagem; valoriza o outro e projeta suas expectativas. O conteúdo das percepções de auto-estima e auto imagem é tudo aquilo que o indivíduo reconhece como fazendo parte de si. É adaptável, reconhecido de forma individual, pelas características da interação social. A auto-estima é uma parte do auto-conceito, expressa sentimentos ou atitudes de aprovação ou de repulsa de si mesmo, e até que ponto a pessoa se considera capaz, significativo, bem sucedido e valioso (PESQUERO, 2005).

    O exercício físico na terceira idade pode trazer benefícios tanto físicos, como sociais e psicológicos contribuindo para um estilo de vida mais saudável dos indivíduos que a praticam. Assim, promovendo a melhoria da qualidade de vida de acordo com a independência que as atividades físicas proporcionam (trabalho de fortalecimento muscular, equilíbrio, propriocepção) (FALSARELLA; SALVE, 2007).

    Na terceira idade os exercícios que atuam revertendo perdas como a da massa muscular e massa óssea, são os mais eficazes, já que contribuem para uma maior autonomia funcional. O exercício físico regular melhora a qualidade e expectativa de vida do idoso, beneficiando-o em vários aspectos principalmente na prevenção de doenças que podem levar as incapacidades (BALESTRA, 2002).

    Diante da temática abordada, observamos a real necessidade em verificar qual é a percepção da imagem corporal, auto-estima e o nível de qualidade de vida dos alunos da UNATI/UCG; e investigar a relação existente entre estes aspectos. Uma vez que detectada a alteração da imagem corporal, da auto-estima e a influência destas na qualidade de vida destes indivíduos, medidas de intervenção poderão ser planejadas.

    Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a imagem corporal, a auto-estima e a qualidade de vida dos alunos participantes da Universidade Aberta à Terceira Idade.

Casuística e métodos

    Trata-se de um estudo descritivo, realizado na Universidade Católica de Goiás (UCG) com um grupo amostral de 52 participantes freqüentadores da Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI/UCG), na cidade de Goiânia no período de agosto a outubro de 2007.

    O estudo foi avaliado e aprovado pelo o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Goiás (UCG) sob protocolo nº. 653 e pela coordenação da UNATI. Após a aprovação do projeto iniciamos a pesquisa de campo fazendo a coleta de dados utilizando três questionários e as medidas antropométricas necessárias. Foram convidados a participar todos os alunos inscritos no programa de extensão.

    Foram critérios de inclusão: estar inscrito de forma regular no programa; ter 50 anos ou mais; alunos que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

    Foram excluídos: alunos que não assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido; alunos que não responderam os três instrumentos de avaliação propostos; alunos que apresentaram alterações cognitivas que os impossibilitaram de responder aos questionários propostos.

    Os participantes tiveram acesso a todas as informações necessárias do projeto e esclarecimentos sobre a pesquisa.

    Os participantes da pesquisa responderam questionários relacionados à auto-imagem corporal, auto-estima e qualidade de vida. A coleta de dados foi realizada com agendamento de horário para cada participante em local reservado. O aluno, após concordar e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, respondeu aos três questionários: Silhueta (STUNKARD; SORENSEN; SCHLUSINGER, 1983) , Auto-Estima (ROSENBERG; MILLER, 1992) e Qualidade de Vida de Flanagan EQVF (SANTOS et al., 2002).

    O questionário de Silhueta representa o reconhecimento da auto-imagem corporal em uma escala variando desde a magreza (silhueta 01) até a obesidade severa (silhueta 09) no qual a idoso escolheu o número da silhueta que considera mais semelhante a sua aparência corporal real, e também o número da silhueta que acredita ser mais semelhante à aparência corporal ideal considerada para sua idade. É realizado uma subtração da pontuação da imagem corporal real e ideal, se o resultado for igual a zero o idoso está satisfeito com a sua imagem, se o resultado for uma pontuação positiva estará insatisfeito por excesso de peso e se for uma pontuação negativa indica insatisfação por magreza. Também foi realizada a mensuração do peso (balança previamente calibrada), altura (utilizando fita métrica em um mesmo local e realizado por um mesmo pesquisador) e o cálculo do índice de massa corpórea (IMC) (STUNKARD; SORENSEN; SCHLUSINGER, 1983).

    O questionário de Auto-estima verifica a relação familiar e social do participante contendo nove perguntas objetivas que possuem as opções sim, às vezes e não (cada uma com uma pontuação variando de 1 à 3) para responder questões a respeito de como o mesmo se sente envolvido na sociedade. Faz-se a soma das pontuações de cada questão, posteriormente calcula-se a média aritmética e quanto menor o valor desta média melhor será a auto-estima (ROSENBERG; MILLER, 1992).

    A Escala de Qualidade de Vida de Flanagan EQVF verifica a satisfação de qualidade de vida do idoso dividido em dimensões: Dimensão 1 (D1) - bem-estar físico e material (conforto material e saúde); Dimensão 2 (D2) - relações com outras pessoas (pais, irmãos e outros parentes, ter e criar filhos, relacionamento íntimo e amigos próximos); Dimensão 3 (D3) - atividades sociais, comunitárias e cívicas (ajudas voluntárias e participação em associações); Dimensão 4 (D4) - desenvolvimento pessoal e realização (aprendizagem, auto-conhecimento, trabalho e comunicação criativa); Dimensão 5 (D5) - recreação (socialização, participação em recreação passiva e ativa) (SANTOS et al., 2002).

    No questionário de Flanagan, através de uma escala variando de muito insatisfeito até muito satisfeito (varia de 01 muito insatisfeito, 02 insatisfeito, 03 pouco insatisfeito, 04 indiferente, 05 pouco satisfeito, 06 satisfeito e 07 muito satisfeito), o idoso escolheu as opções do questionário que considera mais adequado à sua realidade vivida. A EQVF prevê um escore único de Qualidade de Vida (QV), como somatória simples dos escores resultantes nas 5 dimensões, e que varia de 1 a 7, de acordo com o nível de satisfação do avaliado. A pontuação máxima alcançada na avaliação da qualidade de vida proposta por Flanagan é de 105 pontos e a mínima de 15 pontos, que refletem baixa qualidade de vida.

    Foi garantido aos participantes anonimato e liberdade de retirar o consentimento a qualquer tempo, sem penalidade alguma.

Resultados

    A amostra avaliada nesta pesquisa é de 52 participantes, de ambos os sexos, participantes da Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Católica de Goiás. Foram analisadas nesta pesquisa a idade, o Índice de Massa Corporal (IMC), a auto-imagem, a auto-estima, a qualidade de vida e as correlações feitas com estes dados. Os resultados obtidos estão representados através de tabelas e gráficos. Realizamos a análise quantitativa dos questionários (questões objetivas) utilizando testes estatísticos que possibilitam verificar sua significância.

    Foi realizada a avaliação da faixa etária dos idosos (< 59anos) sendo demonstrada na tabela 01:

Tabela 01. Faixa etária dos idosos avaliados, UNATI/UCG, Goiânia (GO), 2007.

Faixa Etária

n

%

< 59

18

34,6

60 a 69

21

40,4

70 a 79

13

25,0

Total

52

100,0

    A análise do IMC foi realizada utilizando o resultado do peso dividido pela altura ao quadrado. A variação do IMC são valores representados pela seguinte escala: resultado menor de 18,5 é baixo; de 18,5 à 24,9 normal; 25,0 à 29,9 pré-obeso; 30,0 à 34,9 obeso I; 35,0 à 39,9 obeso II e 40,0 ou valor maior será obeso III. Nesta amostragem tivemos a variação de 19 à 37, com média de 25,83 (s 4,75). Na tabela 02 está representado o IMC dos participantes da pesquisa.

Tabela 02. Índice de Massa Corporal dos idosos avaliados, UNATI/UCG, Goiânia (GO), 2007.

IMC

n

%

Baixo (< 18,5)

0

0

Normal

27

52,0

Pré-obeso

15

28,8

Obeso I

6

11,5

Obeso II

4

7,7

Total

52

100,0

    Na tabela 03 encontram-se os dados relacionados de acordo com a idade, a massa corporal, a estatura e o índice de massa corporal dos idosos participantes.

Tabela 03. Idade dos idosos relacionada às medidas antropométricas e IMC, UNATI/UCG, Goiânia (GO), 2007.

N

Mínimo

Máximo

Média

D. Padrão

Idade

52

50

79

63,65

7,80

Massa corporal

51*

41

94

62,95

12,07

Estatura

52

1,43

1,67

1,56

0,05

IMC

51*

19,00

37,18

25,83

4,75

* Não foram avaliados a massa corporal e o índice de massa corporal de um participante.

    A Escala de Silhuetas possibilitou a análise de satisfação da imagem corporal, verificando a satisfação ou insatisfação por excesso de peso ou por magreza (tabela 04).

Tabela 04. Satisfação da Silhueta dos idosos da UNATI/UCG, Goiânia (GO), 2007.

Satisfação da Silhueta

n

%

Satisfeita

18

34,6

Insatisfeita por Magreza

6

11,5

Insatisfeita por Excesso

28

53,9

Total

52

100,0

    Na tabela 05 é demonstrado, de forma geral, a satisfação dos participantes com a imagem-corporal de acordo com o resultado da silhueta real e a ideal escolhida no questionário.

Tabela 05. Satisfação geral da Silhueta dos idosos da UNATI/UCG, Goiânia (GO), 2007.

Satisfação geral

n

%

Satisfeita

18

34,6

Insatisfeita

34

65,4

Total

52

100,0

    A figura 01 possibilitou a correlação entre a satisfação da imagem corporal e a relação existente entre o IMC. Verificou-se que a maioria dos participantes estão insatisfeitos com sua imagem corporal devido ao excesso de peso ou mesmo, consequentemente, elevado índice de massa corporal.

Figura 01. Média da satisfação da Silhueta dos idosos relacionada com o IMC, Goiânia (GO), 2007.

    Quanto à avaliação da auto-estima, cada questionamento apresenta três possibilidades de resposta “sim, não e às vezes”, sendo que cada resposta recebe pontuação de 1 a 3 apresentando respostas positivas, negativas e moderadas. Quanto menor a média obtida maior a auto-estima representado na tabela 06.

Tabela 06. Auto-Estima dos idosos da UNATI/UCG, Goiânia (GO), 2007.

Questionamento da Auto-estima

n

%

Respostas negativas (3)

44

9,5

Respostas positivas (1)

321

69,2

Respostas moderadas (2)

99

21,3

Total

464

100,0

    A qualidade de vida, representada na figura 02, foi analisada através de um questionário que nos possibilitou dividí-lo em dimensões de acordo com suas respostas objetivas podendo atingir pontuação máxima ou mínima, conseqüentemente, quanto maior a pontuação de cada dimensão melhor será a qualidade de vida do idoso. A dimensão 1 representa o bem-estar físico e material (conforto material e saúde); Dimensão 2 (D2) - relações com outras pessoas (pais, irmãos e outros parentes, ter e criar filhos, relacionamento íntimo e amigos próximos); Dimensão 3 (D3) - atividades sociais, comunitárias e cívicas (ajuda voluntária e participação em associações); Dimensão 4 (D4) - desenvolvimento pessoal e realização (aprendizagem, auto-conhecimento, trabalho e comunicação criativa); Dimensão 5 (D5) - recreação (socialização, participação em recreação passiva e ativa). Diante dos resultados obtidos concluímos que, de forma crescente, a dimensão 2 foi a que resultou em menor qualidade, seguidas das D4 , D5 , D3 e D1 representou a maior qualidade avaliada.

Figura 02. Qualidade de Vida dos idosos da UNATI/UCG, Goiânia (GO), 2007.

    Na tabela 07 foi realizada a correlação entre faixa etária e o IMC dos participantes sendo analisado através de ANOVA.

Tabela 07. Relação entre a faixa etária e o IMC dos idosos da UNATI/UCG, Goiânia (GO), 2007.

Faixa_Etária

N*

IMC

F*

p*

Média

Desvio Padrão

< 59

18

24,97

4,36

 

 

60 a 69

20

26,94

5,84

0,925

0,404

70 a 79

13

25,29

3,13

  

  

*ANOVA

    Representamos através da tabela 08 a correlação entre a satisfação com a imagem corporal e o IMC dos participantes da pesquisa.

Tabela 08. Satisfação da auto-imagem relacionada ao IMC dos idosos da UNATI/UCG, Goiânia (GO), 2007.

Satisfação (deduzida)

N*

IMC

F**

p**

Média

Desvio Padrão

Satisfeito

18

24,23

3,13

 

 

Insatisfação por Magreza

6

21,17

1,56

8,460

0,001

Insatisfação por Excesso

27

27,92

5,02

  

  

*ANOVA

    Os resultados obtidos da correlação entre a imagem-corporal e o índice de massa corporal, de acordo com testes estatísticos, possuem relevância.

    Na tabela 09 foi correlacionado à faixa etária com a qualidade de vida dos idosos participantes da UNATI/UCG.

Tabela 09. Faixa etária dos idosos da UNATI/UCG relacionada à Qualidade de Vida, Goiânia (GO), 2007.

Faixa Etária

N

EQVF Total

F*

p*

Média

Desvio Padrão

< 59

18

87,611

20,126

   

  

60 a 69

21

85,333

10,947

0,949

0,394

70 a 79

13

80,231

11,352

 

 

Total

52

84,846

14,851

  

  

*ANOVA

Discussão

    Nas últimas décadas observou-se um nítido processo de envelhecimento demográfico. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera o período de 1975 a 2025 a Era do Envelhecimento (SIQUEIRA; BOTELHO; COELHO, 2002). O envelhecimento populacional nos mostra a importância em pesquisar problemas relacionados à nova realidade mundial e brasileira, que apresenta um crescente número de idosos. Nesta pesquisa, analisamos a idade, os dados antropométricos, a percepção da imagem corporal, a auto-estima e a qualidade de vida dos idosos freqüentadores da Universidade Aberta a Terceira Idade.

    Os dados obtidos relacionados à idade demonstram que 40,4% dos participantes, a maioria, encontram-se na faixa etária entre 60 e 69 anos. De acordo com Campos et al. (2006), quanto maior a faixa etária da amostra estudada maior serão os riscos à saúde do idoso prevalecendo um aumento do Índice de Massa Corporal. Nos dados analisados, confirmamos este estudo, sendo que, quanto maior a idade maior o índice de massa corporal e conseqüentemente haverá um risco maior à saúde humana. Porém nossos valores não tiveram significância estatística (p= 0,404).

    A avaliação do IMC demonstrou que 52,0% dos participantes possuem um valor normal (entre 18,5 à 24,9); seguido de 28,8% de idosos pré-obesos (entre 25,0 à 29,9). Porém, a média do IMC do grupo pesquisado é de 25,83, ou seja, um valor considerado de um grupo pré-obeso que pode ter sido evidenciado devido ao elevado desvio padrão (s 4,75) comprovando ser uma amostra heterogênea.

    A imagem corporal representa a satisfação ou insatisfação relacionadas às medidas antropométricas. Observamos que 65,4% dos idosos estão insatisfeitos com a imagem corporal, tanto por magreza quanto por excesso de peso. No entanto, no grupo estudado, a média do IMC (25,83 pré-obeso) retrata que o maior índice de insatisfação é por excesso de peso representado por 53,9% dos participantes. Foi encontrado uma significância na relação entre IMC e imagem corporal dos idosos, justificando a imagem corporal real escolhida pelo participante (p<0,001). Deve ser observado que na tabela 04 11,5% dos participantes estão insatisfeitos com a imagem corporal pela magreza, porém, a figura 01 demonstra que esses idosos não possuem um IMC de baixo peso.

    A imagem corporal real da maioria dos participantes não condiz com uma imagem pré-estabelecida por padrões culturais de um corpo esguio e esbelto. Veggi et al. (2004) e colaboradores, relataram que a insatisfação (principalmente por excesso de peso) da imagem corporal está relacionada ao preconceito social, discriminação no trabalho incluindo pressão dos amigos e mídia. Consequentemente, as relações interpessoais e seus aspectos ambientais podem afetar a auto-estima do pesquisado.

    No entanto, a insatisfação com a imagem corporal dos idosos não interferiu em sua auto-estima sendo que a maioria 69,2 % possui uma elevada auto-estima. O fato pode ser explicado pela aceitação dos idosos do seu corpo, melhor auto-estima e qualidade de vida devido à participação dos mesmos na UNATI/UCG, onde todos possuem acompanhamento básico psicológico e de saúde (aulas teóricas que os orientam para uma boa saúde física e mental).

    A auto-estima possui uma relevância às ciências sociais que afirmam que os indicadores ambientais e sociais de um ser estão relacionados ao convívio interpessoal, centram-se na compreensão e perspectiva que o homem desempenha na sua comunidade e consequentemente melhora a auto-estima e qualidade de vida (GOBITTA; GUZZO, 2002).

    Existem aspectos característicos que definem a qualidade de vida na faixa etária dos idosos. Analisamos, portanto nesse estudo através de instrumentos específicos quais são os fatores relevantes que interferem na vida saudável na terceira idade. A Escala de Qualidade de Vida de Flanagan–EQVF foi aplicada ao grupo de idosos que avaliaram a sua satisfação em relação a 15 itens agrupados em 05 dimensões. A média dos escores obtidos, nessa amostra, foi de 11,12 na dimensão 1; 22,08 na dimensão 2 ; 10,71 na dimensão 3; 22,81 na dimensão 4 ; 17,56 na dimensão 5 , sendo que a dimensão 2 foi a que resultou em menor qualidade seguidas das D4 , D5 , D3 e D1.

    Segundo Vecchia; Ruiz; Bocchi (2005), pesquisas qualitativas sobre o conceito de qualidade de vida encontraram como resultados a valorização pelos idosos do bom relacionamento com a família, com amigos e da participação em organizações sociais; da saúde; de hábitos saudáveis; de se possuir bem-estar, alegria e amor; de uma condição financeira estável; do trabalho; da espiritualidade; de se praticar trabalhos voluntários e de se poder aprender mais. Estudos (SANTOS; SILVA, 2002; XAVIER et al., 2003) confirmam o presente estudo, onde 40,4% dos participantes apresentaram uma média de 85,33 no EQVF Total o que reflete em uma boa qualidade de vida. Cruz et al. (2005) pesquisaram com a mesma população, em questão, que a qualidade de vida também está relacionada ao índice de atividade física realizada.

    De acordo com os dados avaliados, as medidas antropométricas, a imagem corporal, a auto-estima e qualidade de vida dos idosos demonstraram estar correlacionados de forma positiva sendo que, a maioria, possui uma insatisfação com a imagem corporal, no entanto a amostra não possui problemas de auto-estima e possui uma boa qualidade de vida.

    Os resultados podem ser entendidos pela participação no programa Universidade Aberta à Terceira Idade. A UNATI é um Curso/Programa vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Apoio Estudantil, da Universidade Católica de Goiás tendo caráter interdisciplinar e interdepartamental que desenvolve ações fundamentadas em pressupostos gerontológicos de natureza sociopolítico-educativa, abordando conhecimentos biópsico-sociais e espirituais.

    Lacerda et al. (2005) verificaram resultados positivos para os idosos freqüentadores da UNATI/UCG, justificando que os participantes do programa participam de atividades envolvendo aulas teóricas, oficinas temáticas, seminários, atividades lúdicas, de socialização, culturais e de lazer, dentre estas, destacamos a fisioterapia preventiva. O programa é aberto a toda comunidade idosa tendo o direito de participar de todas as atividades propostas. Os idosos participantes da UNATI/UCG estabelecem uma nova geração de envelhecimento bem sucedido e demonstram ter uma qualidade de vida satisfatória.

Conclusão

    Os dados obtidos na presente pesquisa juntamente com os encontrados na literatura nos permite fazer algumas considerações. Há determinados padrões de imagem corporal, independente da idade, que são difundidos e assim como um interesse crescente do culto ao corpo esbelto existe uma excessiva preocupação com o que é belo. O envelhecimento trás consigo inúmeras transformações indesejáveis como as modificações nutricionais e metabólicas, psíquicas, emocionais e principalmente fisiológicas em que o corpo torna-se menos resistente.

    O estudo realizado na UNATI/UCG nos mostra que a maioria dos idosos apresentou insatisfação por excesso de peso e se vêem, através da Escala de Silhuetas, com uma imagem indesejada. No entanto, a maior parte dos participantes encontra-se com elevada auto-estima e satisfatória qualidade de vida, permitindo-nos dizer que a atividade de sociabilização, recreação ou atividade física podem fazer com que os idosos reconheçam-se capazes, ativos e estimulados a realizarem quaisquer atividades.

    O projeto evidencia que a população idosa é numerosa e que necessita de atenção especial para um melhor envelhecimento de ordem político-social e das entidades filantrópicas como a Universidade Católica de Goiás. Demonstra-se a real necessidade de cuidados e especialização por parte dos profissionais da saúde e as diferentes formas de atuação de cada profissional no que diz respeito às deficiências existentes aos cuidados dessa faixa etária crescente.

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