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Nível de atividade física em adolescentes de 12-16 anos

 

FMU

Educação Física

(Brasil)

Eduardo Andrade Moraes | Jonas Faustino Santos

Leandro da Silva Sassarrão | Roberto Akira Tanaka

Denise Regis Lima Chierighini | Rebeca Pugliesi Martinez

derlima@terra.com.br

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetiva observar o nível de atividade física em adolescentes de 12 a 16 anos de idade de uma rede particular de ensino em Cotia, São Paulo. Realizou-se uma pesquisa individual, baseada no questionário IPAQ (International Physical Activity Questionarie), proposto pela Organização Mundial de Saúde (Word Health Organization). A amostra constituiu-se de 89 adolescentes com idade variada entre 12 e 16 anos de idade. Os resultados apontam que a grande maioria destes adolescentes é ativa ou muito ativa, de acordo com as classificações indicadas pelo próprio IPAQ.

          Unitermos: Nível de atividade física. Sedentarismo. Atividade física. Índice de massa corpórea e sedentarismo.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 127 - Diciembre de 2008

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Introdução

    Devido (entre outros fatores) ao grande avanço tecnológico que vem acompanhando a história da humanidade, e que vem se intensificando nas últimas décadas, a vida diária do ser humano está cada vez mais prática. Até certo ponto esta praticidade é bem vinda e nos ajuda a “ganhar tempo” em uma rotina cujos horários são bastante apertados.

    No entanto, olhando toda esta praticidade pelo prisma do profissional da Educação Física nos deparamos com um problema crescente e, de certa forma, grave: as pessoas estão praticando cada vez menos as atividades físicas mínimas recomendadas para a manutenção de uma vida saudável, de forma que a qualidade de vida e o bem estar das pessoas estão sendo postos à prova.

    Segundo BARBANTI (2002) atividade física é “todo movimento corporal, produzido por músculos esqueléticos, que provoca um gasto de energia”. Considerando esta definição para atividade física, fica clara a amplitude do problema: as pessoas estão parando de fazer atividades simples do dia-a-dia, como caminhar até a padaria mais próxima. Basta que liguemos para a mesma e, em instantes, o pedido será entregue por um serviço de entregas delivery.

    A pesquisa foi restringida a um grupo seleto de estudantes, com idade entre 12 e 16 anos, e propusemos uma análise das atividades praticadas por estes adolescentes, onde esperávamos encontrar uma maioria porcentual “insuficientemente inativa”, de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo IPAQ (International Physical Activity Questionarie,),proposto pela Organização Mundial de Saúde (World Health Organization). É importante ressaltar que, como citado por DISHMAN e STEINHARDT (2000), é um requerimento mínimo de um instrumento de coleta a fidedignidade e validade das medidas físicas e PARDINI e ARAÚJO (2001) comprovaram estas especificidades do questionário em estudos realizados no ano de 2001.

    Também acreditamos que poucos dos alunos seriam classificados como “sedentários”, já que as condições sociais e educacionais desses jovens fornecem acesso à clubes, academias, escolinhas de futebol e etc.

    A realização deste estudo concede ao leitor uma perspectiva bastante ampla sobre a condição de saúde e nível de atividade física que fazem parte da rotina dos adolescentes pesquisados, de forma que serve de base para posteriores estudos sobre a mesma questão.

    Portanto, este trabalho objetivou determinar o nível de atividade física em jovens com idade entre 12 a 16 anos de uma rede particular do ensino de Cotia.

Metodologia

    A amostra constituiu-se de um grupo 89 adolescentes, com a idade variada de 12 a 16 anos, de ambos os gêneros, cursando o oitavo ou nono ano do Ensino Fundamental ou primeiro e segundo ano do Ensino Médio. O estudo foi realizado num colégio particular de classe média alta situada na região de Cotia, São Paulo, neste ano de 2008.

    A coleta de dados foi realizada no próprio Colégio, no horário de intervalo. Cada adolescente pesquisado respondeu as perguntas do Questionário Internacional de Atividade Física, o IPAQ, além de preencher um protocolo (que foi anexado ao questionário) indicando seu peso e altura para posterior comparação ao Índice de Massa Corpórea (IMC). Separamos os alunos em grupos, de acordo com a classificação dada pelo próprio questionário e, dentro de cada grupo, indicamos o índice de massa corpórea dos mesmos, a fim de verificar se o IMC tem alguma relação com o nível de atividade física destes alunos.

    De acordo com o IPAQ as atividades são divididas em caminhadas (que somente são consideradas se pelo menos ocorrerem durante dez minutos contínuos), em moderadas (são as que precisam de algum esforço físico e que fazem as pessoas respirar um pouco mais forte que o normal) e vigorosas (são as atividades que precisam de grande esforço físico e que fazem respirar muito mais forte que o normal). Segundo essas classificações fornecidas pelo próprio questionário, foram criados 4 grupos de atividade física; São eles: Sedentário, Insuficientemente ativo (A e B), Ativo (A, B e C) e Muito Ativo (A e B).

    O próprio questionário trás informações sobre o seu devido preenchimento, tendo sido competente ao pesquisador distribuí-lo entre os alunos pesquisados e recolher o mesmo após o término do preenchimento. Não foram constatadas maiores dificuldades na realização desta tarefa, de modo que o processo de pesquisa foi bastante rápido e eficaz, sendo que a grande maioria dos alunos abordados respondeu às perguntas sem necessitar de grandes explicações.

    Adolescentes que não fossem aparentemente saudáveis e/ou possuíssem qualquer impedimento para realização de atividades físicas moderadas e atividades físicas vigorosas (tais como problemas cardíacos, deficiências respiratórias, deficiências físicas entre outros) foram isentos de participação nesta pesquisa.

    Os formulários foram lidos e classificados de acordo com a tabela 1.

Tabela 1 

Classificação

Tempo (min)

Freqüência (dias)

Atividade

Sedentário

< 10

< 2

caminhada

Insuficientemente ativo A

10

5 ou mais

caminhada

Insuficientemente ativo B

10

< 5

caminhada

Ativos A

mínimo 20

3 ou mais

Moderada + caminhada

Ativos B

mínimo 30

5 ou mais

Moderada + caminhada

Ativos C

30

5 ou mais

Vigorosa + caminhada

Muito Ativos A

Mínimo 30

5

Vigorosa + caminhada

Muito Ativos B

Mínimo 20

5 ou mais

Vigorosa + moderada

Resultados e discussão

    Analisando as respostas e os dados preenchidos pelos alunos, pode-se observar que de um total de 89 pesquisados apenas 4 eram, de fato, sedentários; 14 encaixavam-se no perfil de insuficientemente ativos (sendo 6 tipo grupo A e 8 do grupo B);41 classificavam-se como ativos (de modo que 14 pertencem ao grupo A, 16 ao grupo B e 11 ao grupo C); os 30 alunos restantes podem ser classificados como muito ativos (20 do grupo A e 10 do grupo B). Estes mesmos resultados estão disponíveis no gráfico 1 e na tabela 2.

Gráfico 1

Tabela 2

Classificação

Amostra

Sedentários

5%

Insuficientemente ativos A

7%

Insuficientemente ativos B

9%

Ativos A

16%

Ativos B

18%

Ativos C

13%

Muito Ativos A

21%

Muito Ativos B

11%

    Dentro de cada grupo de classificação, fizemos também a comparação entre o nível de atividade física do pesquisado e o seu Índice de Massa Corpórea.Os resultados seguem na tabela 3.

Tabela 3

 IMC

Sedentários

Ins. Ativos

Ativos

Muito Ativos

(%F)

Alunos

Pesquisados

<18,5

0

0

3

2

5,7

>18,5 e < 25

2

12

37

28

88,7

>25 e < 30

2

2

1

0

5,6

>30

0

0

0

0

0

    Os níveis de prática de atividade física vem se tornando a cada dia mais importantes para a população jovem do mundo todo. Num mundo cada vez mais fácil de se viver toda a comodidade faz com que os exercícios físicos e a preocupação com a saúde corporal venham sendo deixadas de lado, e dão lugar à outras concepções.

    De acordo com estudos realizados por Nunes, Figueiroa e Alves (2002), “O hábito de assistir a televisão por mais de três horas ao dia está associado com sobrepeso e obesidade. Recentemente, Hancox e Cols (2001) observaram que esse hábito também estava associado com baixa aptidão física, tabagismo e dislipidemia na vida adulta. Assistir a TV em excesso, além de ser um hábito que inibe a atividade física, expõe as crianças e os adolescentes a vários tipos de estímulos alimentares não saudáveis”. Uma das perguntas relacionadas no International Physical Activity Questionarie trata-se sobre o tempo que o indivíduo gasta sentado (assistindo televisão, jogando vídeo-game, computador e etc.) por dia e nos finais de semana. É interessante observarmos que os indivíduos que mais gastaram tempo sentados são exatamente aqueles que possuem níveis de atividade física mais baixos (maioria entre sedentários e insuficientemente ativos), tal como sugere a pesquisa de Hancox e Cols.

    Como observado também nas pesquisas de Guedes e Oliveira, apesar de outros estudos indicarem a tendência para decréscimo do nível de atividade física habitual durante a adolescência, o presente estudo verifica justamente o contrário: considerando a amostra pesquisada, os adolescentes possuem, em sua maioria, níveis aceitáveis e adequados para a prática de atividade física; acreditamos que isso se deve, em parte, ao fato da amostra constituir-se de alunos com médio ou alto poder aquisitivo, facilitando assim seus acessos à clubes e academias.

Conclusão

    O presente estudo procurou analisar níveis de atividade física em amostra representativa de escolares adolescentes, entre 12 e 16 anos de idade, do município de Cotia, São Paulo. Mediante resultados encontrados, pode-se inferir que aproximadamente 79,9% dos pesquisados tem nível de atividade física que varia entre regular e muito bom e os 20,1% restantes estão abaixo do nível recomendado pelo IPAQ. Tais resultados confrontam os resultados esperados pelos pesquisadores, que esperavam encontram uma maioria percentual insuficientemente ativa, e não ativa, como de fato ocorreu.

    Também observou-se que 88,7% dos adolescentes tem peso considerado normal (IMC >18,5 e < 25) , 5,6% tem sobrepeso (IMC >25 e < 30), 5,7% estão abaixo do peso ideal (IMC >18,5) e nenhum pesquisado foi considerado obeso.

    Mesmo se tratando de uma pesquisa limitada por se tratar de uma amostra pequena e bastante restrita, sobretudo no que diz respeito às condições sócio-econômicas do país, concluímos que os adolescentes desta escola recebem um bom estímulo quanto à pratica esportiva e tem condições de estenderem estas práticas para a vida adulta, de forma a resultar em um envelhecimento saudável do corpo. É importante levarmos em consideração que os estímulos dados á estes adolescentes são, em grande parte, por causa do complexo esportivo disponível no colégio que freqüentam.

Referências bibliográficas

  • Bouchard CA. Atividade física e obesidade. 1ª ed. São Paulo: Malone, 2003.

  • DISHMAN R. e SUNHARD M. “Reliability and concurrent validity for a 7- d re-call of physical activity in college students”. Medicine and Science in Sports and Exercise, 20 (1), 14-25.

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  • MASCARENHAS, Luís Paulo Gomes; SALGUEIROSA, Fabiano de Macedo; NUNES, Gabriel Ferreira; MARTINS, Paulo Ângelo ; NETO, Antonio Stabelini; CAMPOS, Wagner de. Relação entre diferentes índices de atividade física e preditores de adiposidade em adolescentes de ambos os sexos. Rev Bras Med Esporte v.11 n.4 Niterói jul./ago. 2005.

  • MENDONÇA, Cristina Pinheiro ; ANJOS, Luiz Antonio dos. Dietary and physical activity factors as determinants of the increase in overweight/obesity in Brazil. Cad. Saúde Pública v.20 n.3 Rio de Janeiro maio/jun. 2004.

  • TWISK JW. Physical activity guidelines for children and adolescents: a critical review. Sports Med 2001

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