efdeportes.com

Efeito de um programa de ‘step training’ na variação da

percentagem de massa gorda em jovens do sexo feminino.

Influência da utilização de pesos nos membros superiores

 

*Licenciado em Educação Física e Animação Social – ISLA Bragança

DEA em Ciências da Actividade Física e do Desporto - Universidade de León

**Licenciada em Enfermagem – ESS Jean Piaget/Nordeste

(Brasil)

Valdemar José da Cruz Salselas*

Susana Catarina Sarmento Banrezes**

salselas@gmail.com

 

 

 

Resumo

          A presente investigação consistiu em averiguar os efeitos de um programa de step training na variação da percentagem de massa gorda e a influência da utilização dos pesos de mão durante as aulas de step. Assim sendo, procedemos à avaliação antropométrica de dois grupos distintos constituídos por oito alunas cada: a um dos grupos foi atribuído pesos de mão a utilizar na parte principal da aula (grupo experimental); o outro grupo realizava o mesmo plano de treino, porém, sem a utilização de pesos (grupo de controlo). As medições efectuadas foram o peso, altura e as pregas subcutâneas (bicipital, tricipital, subescapular, supra-ilíaca e crural), utilizando o protocolo de Durnin e Womersley (1974) para calcular a densidade corporal e o cálculo da percentagem de massa gorda através da fórmula de Siri (1961). O programa de treino aplicado teve a duração de 8 semanas, com uma frequência de 3 aulas por semana a uma intensidade de 60% a 90% da frequência cardíaca máxima. Foi aplicado o t-test, para averiguar diferenças estatisticamente significativas, no pré teste e pós teste para ambos os grupos.

          Após a análise dos resultados, verificamos uma redução estatisticamente significativa na percentagem de massa gorda para ambos os grupos. O grupo experimental apresenta uma maior diminuição no que respeita à percentagem de massa gorda e relativamente as pregas subcutâneas.

          Unitermos: Step training. Avaliação antropométrica. Pregas subcutâneas.

 

Abstract

          This research investigate the effects of a program of step training in variation of percentage in fat mass and the influence to use the weights hands during the classes. In this case, we proceed the evaluation anthropometric in two distinct groups consisting of eight students each: one was assigned weights hands to use in the main part of the class (experimental group); the other group performed the same level of training, but without the weights hands (control group). We measured the weight, height and the skin-fold subcutaneous (biceps, triceps and subscapular, suprailiac and thigh), using the Durnin and Womersley’s protocol (1974) to calculate the body density and calculating the percentage of fat mass using Siri’s formula (1961). The training program had a period of 8 weeks, with a frequency of 3 classes per week to an intensity of 60% to 90% of maximum cardiac frequency. Was applied the t-test, to investigate statistically significant differences in pre test and post test for both groups.

          After the analysis of results, we found a statistically significant reduction in the percentage of fat mass for both groups. The experimental group announces a greater reduction of the percentage of fat mass and for skinfold measurements.

          Keywords: Step training. Antropometrical evaluation. Adiposity sub-cutaneous.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 127 - Diciembre de 2008

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Introdução

    Existe um número cada vez maior de estudos e documentos que comprovam e relatam os benefícios do exercício físico para a saúde (ACSM, 1998; Paffenbarger, 1994). Pesquisadores nas áreas de exercício físico, da Medicina do Exercício e do Desporto, pelos métodos de pesquisa epidemiológica, demonstraram que tanto a inactividade física como a baixa aptidão física são prejudiciais à saúde (Blair et al., 1995; Paffenbarger, 1994).

    O Step consiste numa modalidade desportiva, praticada no mundo das actividades de academia, consiste num exercício aeróbico, intenso de baixo impacto, com o intuito de subir e descer uma plataforma ajustável, onde também são utilizados movimentos dos membros superiores (M.S.) dentro de uma sequência coreografada com acompanhamento musical, que permite a participação em simultâneo de pessoas com níveis de aptidão diferentes (Jucá, 1993; Jucá, 2004; Maschkvich, 1996; Franco & Batista, 1998).

    De acordo com Nieman (1998), a subida de degraus tem uma forte potencialidade para desenvolver a capacidade aeróbica e melhorar a composição corporal, actuando também no desenvolvimento da resistência muscular. No entanto, num programa de prescrição para modificar a massa gorda, devem ser considerados factores relacionados com o dispêndio energético e a duração do esforço.

    A utilização dos pesos nos M.S. nas aulas de step é habitual, porém, segundo Francis et al., (1991), a prática do step com utilização de pesos não será aconselhável, exactamente por não existir nenhuma conclusão técnica a esse respeito, pelo que será melhor não arriscar o uso dos mesmos. No mesmo sentido a AFAA (1995), refere que o aumento do gasto energético com a utilização de pesos de mão durante a aula de step, é mínimo. Além disso, o aumento da hipertrofia muscular que se consegue carregando pesos leves para conseguir executar as rotinas, é desprezível. Porém, o risco de lesões nos ombros e pulsos aumenta significativamente quando o peso é deslocado em amplitude articular maior, especialmente se a alavanca é comprida (ex: na flexão e extensão de cotovelos). Partindo destes princípios, estes autores não recomendam a utilização de pesos de mão durante a parte aeróbica das aulas de step até estudos complementares o preconizarem. Por outro lado, segundo Brown (1998), a utilização dos pesos de mão aumenta a intensidade de um treino com step, fazendo com que, para além dos membros inferiores (M.I.), se utilize a parte superior do corpo.

    O presente estudo consistiu na aplicação de um programa de step a dois grupos distintos. Um grupo realizou um programa de aulas de step sem a utilização de pesos de mãos, foi designado de grupo controlo. O grupo experimental realizou o mesmo programa de treino, porém, com a utilização de pesos de mãos. O objectivo do nosso estudo consistiu em apurar os efeitos do step na variação da percentagem de massa gorda, bem como a influência da utilização de pesos nos M.S.. Nesse sentido, procedeu-se à medição das pregas subcutâneas dos dois grupos, em dois momentos diferentes do estudo (medição inicial e medição final intervaladas por 8 semanas), verificando posteriormente se houve perdas de massa gorda e consequente diminuição das pregas subcutâneas.

Material e métodos

Sujeitos

    A fase experimental deste trabalho de investigação teve como amostra 16 indivíduos do género feminino que frequentavam o Ginásio Club de Macedo de Cavaleiros. A tabela 1 apresenta as principais características da amostra. Os procedimentos utilizados para a consecução deste trabalho respeitaram as normas internacionais de experimentação com humanos (p.e., a Declaração de Helsínquia de 1975). No início do estudo efectuou-se o t-test para verificar diferenças estatisticamente significativas entre os 2 grupos, não se verificaram diferenças estatisticamente significativas no que concerne à percentagem de massa gorda.

   

Idade

(anos)

Peso

(Kg)

Estatura

(cm)

Peso de referência

Grupo Experimental

24,87

58,43

167,25

63,34

Grupo Controlo

26,37

56,37

161,87

59,47

Tabela 1. Características da amostra

Procedimentos metodológicos

    A execução deste estudo implicou uma série de tarefas, devidamente preparadas e planeadas, nomeadamente: 

  1. selecção da amostra de estudo, composta por alunos/clientes do Ginásio Club de Macedo de Cavaleiros, sem qualquer problema clínico e obtenção do seu consentimento verbal para a realização do estudo. Nenhum dos elementos da amostra praticou outro tipo de actividade física durante o período de estudo; 

  2. programação e execução de um programa de step trainning com a duração de 8 semanas, segundo os princípios básicos do treino desportivo; 

  3. avaliação antropométrica dos grupos em 2 momentos diferentes do estudo intervaladas por 8 semanas; 

  4. os praticantes em estudo encontravam-se distribuídos por duas turmas, divididos aleatoriamente em igual número, um grupo com pesos de mão de 1 Kg (grupo experimental) e o outro sem pesos (grupo controlo).

Protocolo de intervenção

    O programa de treino foi composto por três sessões semanais de step, com a duração de 60 minutos/sessão, por nós supervisionadas e orientadas. A aula estruturou-se da seguinte forma: 

  1. aquecimento geral com duração de 10’, 

  2. coreografia de step cerca de 3’ [entre 60-90% da frequência cardíaca máxima segundo a ACSM (1995)], nesta fase há a utilização de pesos de mão por parte do grupo experimental; 

  3. ginástica localizada – 15’; 

  4. relaxamento – 5’ (inclui exercícios de alongamentos acompanhados por música relaxante). 

    A intensidade do treino foi monitorizada através da frequência cardíaca e da escala de percepção de esforço [12 a 16 na escala de Borg (Borg & Noble, 1974)]. A frequência cardíaca alvo das sessões do treino foi determinada para cada participante pelo método de Karvonen (1957, citado em ACSM, 2005). A batida musical situou-se ente 122 bpm a 128 bpm (Rodrigues & André, 1998), com uma altura do step de 10 cm.

Instrumentos e técnicas utilizadas

Material utilizado no estudo

    Para que a realização deste estudo fosse possível, foram necessários vários instrumentos a serem utilizados durante a investigação, que passamos a descrever:

  • Plataformas (step) - marca Reebok ®;

  • Pesos de mãos (1 kg );

  • Medidor de pregas subcutâneas com precisão à décima de milímetro (Plicómetro mecânico da marca GIMA® com uma pressão de 10 g/mm2);

  • Fita métrica graduada em centímetros com precisão ao milímetro;

  • Balança não digital com arredondamento às décimas;

  • Relógios G. Pulse – Heart Rate Monitor da marca RUCANOR®.

Técnica para a medição das pregas subcutâneas e cálculo da percentagem de gordura corporal

    Os avaliadores foram exaustivamente treinados para realizar todas as medições propostas pelo estudo. Para medição das pregas subcutâneas utilizamos a técnica de Harrison et al. (1991), foram medidas cinco pregas subcutâneas: 

  1. a prega cutânea bicipital, 

  2. a prega cutânea tricipital; 

  3. a prega cutânea subescapular; 

  4. a prega cutânea supra-ilíaca 

  5. a prega cutânea crural. Para calcular a percentagem de massa gorda, foi necessário proceder ao cálculo da densidade corporal utilizando as fórmulas de Durnin e Womersley (1974) para as mulheres com idades compreendidas entre os 20 e os 29 anos (DC= 1,1599 - 0,0717 x log (soma das 4 pregas), para as pregas tricipital, bicipital, subescapular, supra-ilíaca. O cálculo da percentagem de massa gorda foi determinado através da fórmula de Siri (1961).

Procedimentos estatísticos

    Os procedimentos estatísticos foram realizados nos programas SPSS 13.0, e analisados os parâmetros de tendência central e de dispersão (média ± DP). Foi ainda realizado o t-test (para amostras relacionadas) para verificar a existência de diferenças significativas entre o pré teste e pós teste para os 2 grupos. O nível de significância foi mantido em 5%.

Apresentação dos resultados

Percentagem de massa gorda

% de Massa Gorda

Pré-teste

Pós-teste

  %

P

Média ± SD

Média ± SD

Grupo controlo

25,48%±1,39

24,21%±1,72

1,27

0,001

Grupo experimental

26,78%±2,18

23,87%±2,92

2,91

0,000

Tabela 2. Média, desvio padrão e respectiva significância de ambos os grupos para a Percentagem de Massa Gorda

    Ao analisar a tabela 1 observamos uma diminuição da percentagem de massa gorda para ambos os grupos. No grupo experimental, verificou-se uma acentuada diminuição no final do período de estudo, comparativamente aos valores iniciais, cerca de 2,91%. No grupo controlo, também se verificou uma diminuição (cerca de 1,27%) no entanto não foi tão significativa como no grupo experimental.

Pregas subcutâneas

Grupo experimental

Medidas das Pregas

Pré-teste

Pós-teste

%

P

Média ± SD

Média ± SD

Tricipital

17,4±3,24

14,9±3,02

2,57

0,001

Subescapular

13,5±2,01

10,5±2,19

2,98

0,000

Supra-ilíaca

12,3±2,54

9,6±2,51

2,62

0,000

Bicipital

7,2±1,82

6,4±1,96

0,85

0,000

Crural

28,9±5,70

25,1±6,23

3,80

0,000

Tabela 3. Valores médios, desvio padrão das Pregas Subcutâneas no pré-teste e no pós-teste, relativamente ao grupo experimental

    Ao analisar as pregas subcutâneas para o grupo experimental (tabela 3), observamos uma diminuição dos valores em todas as pregas. Relativamente à prega tricipital, verificou-se que esta, quando comparamos o antes e o depois, diminuiu em média 2,6 mm (17,4±3,24 e 14,9±3,02). Em relação à prega subescapular, esta apresentou uma diminuição nos seus índices em cerca de 3 mm (13,5±2,01 e 10,5±2,19). No que diz respeito à prega supra-ilíaca, observamos que houve uma perda em média de 2,6 mm para este grupo (12,3±2,54 e 9,6±2,51). No que concerne à prega bicipital, verificamos uma diminuição média de 0,8 mm (7,2±1,82 e 6,4±1,96). Relativamente prega crural, verificou-se uma perda aproximadamente de 3,8 mm no pós-teste (28,9±5,70 e 25,1±6,23). No que se reporta ao nível de significância, verificamos diferenças estatisticamente significativas para todas as pregas de adiposidade.

Grupo controlo

Medidas das Pregas

Pré-teste

Pós-teste

%

P

Média ± SD

Média ± SD

Tricipital

15,4±2,01

14,3±1,85

1,11

0,002

Subescapular

11,9±2,28

10,8±2,48

1,08

0,014

Supra-ilíaca

11,8±1,03

10,6±0,94

1,23

0,002

Bicipital

6,7±0,59

6,6±0,61

0,10

0,275

Crural

27,4±2,70

24,7±2,92

2,67

0,000

Tabela 4. Valores médios, desvio padrão e respectivo nível de significância das

Pregas Subcutâneas no pré-teste e no pós-teste, relativamente ao grupo controlo

    Relativamente à prega tricipital (tabela 4), verificou-se que esta, quando comparamos os resultados, diminuiu em média 1,1 mm no grupo controlo (15,4±2,01 e 14,3±1,85). Em relação à prega subescapular, esta apresentou uma diminuição média nos seus índices no grupo controlo, cerca de 1,1 mm (11,9±2,28 e 10,8±2,48).

    No que diz respeito à prega supra-ilíaca, observamos uma perda em cerca de 1,2 mm para este grupo (11,8±1,03 e 10,6±0,94). No que concerne à prega bicipital, verificamos uma redução de 0,10 mm comparando os valores no pré-teste e no pós-teste (6,7±0,59 e 6,55±0,61). Relativamente à prega crural, no grupo experimental verificou-se uma perda aproximadamente de 2,7 mm no pós-teste (27,4±2,70 e 24,7±2,92).

    Tal como para o grupo experimental, também para o grupo controlo foi estudado o valor de significância, pelo que podemos verificar que as pregas tricipital e supra-ilíaca apresentam um valor igual a 0,002 em relação à prega subescapular, que apresenta 0,014 para a significância. Em relação à prega bicipital, esta apresenta uma significância de 0,275 relativamente ao pré-teste e ao pós-teste, não havendo diferenças estatisticamente significativas. Por último e no que concerne à prega crural, no pós-teste esta apresenta uma significância igual a zero, denotando a existência de diferenças estatisticamente significativas.

Discussão dos resultados

Percentagem de massa gorda

    Relativamente à percentagem de massa gorda, foram encontradas algumas diferenças quando comparámos os valores iniciais com os valores finais nos dois grupos. No grupo controlo verificou-se uma diferença em cerca de 1,27% dos valores iniciais com os finais, no grupo experimental verificou-se uma diferença maior, cerca de 2,91%. Ou seja, em termos percentuais, houve uma perda maior a nível de massa gorda corporal para o grupo experimental. Em ambos os casos verificou-se um decréscimo na percentagem de massa gorda, estes resultados também foram verificados no estudo de Zuti e Golding (1976). Pavlou et al. (1985) efectuaram um estudo em 72 sujeitos masculinos com obesidade leve, foram introduzidos em programas de tratamento que incluíam o exercício e diversos tratamentos dietéticos. Os grupos que fizeram exercício físico perderam significativamente mais massa gorda (M.G.) e não perderam massa isenta de gordura (M.I.G.). Botelho (1995) numa pesquisa que teve como propósito comparar o efeito da ginástica aeróbica na composição corporal, obteve diferenças estatisticamente significativas no que concerne à composição corporal e o exercício aeróbico. O mesmo foi verificado por Gubiani e Neto (1999), estes efectuaram um estudo sobre efeitos de um programa de “step training” sobre variáveis antropométricas e composição corporal em universitárias. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em 5 perímetros corporais, em 3 pregas subcutâneas e na gordura regional e total, como também na percentagem de massa de gorda. Añez e Petroski (2002) concluíram que o exercício aeróbio é a melhor escolha em programas para a redução da gordura corporal. Este tipo de exercício é particularmente importante nos programas para a manutenção do peso corporal como é o caso de indivíduos que se submeteram a programas de emagrecimento e que se encontravam em processo de manutenção. Koening et al. (1995) efectuaram um estudo nos EUA, com uma amostra de 24 indivíduos de ambos os sexos, com idades entre os 24 e os 61 anos, onde realizaram um programa de step com a duração de 10 semanas, com uma intensidade de 65-85% FcMáx, como resultados mais significativos verificaram uma redução da percentagem de massa gorda em cerca de 1,4 %. Marra (2002) efectuou um estudo com o objectivo de verificar os efeitos de 14 semanas de exercício físico aeróbio de alta intensidade (AI) e moderada intensidade (MI), na composição corporal de indivíduos com excesso de peso. A amostra era composta por 16 homens, voluntários, com idades entre os 18 e os 33 anos, aparentemente saudáveis. Os resultados encontrados mostraram que a média da percentagem de gordura decresceu, sendo mais evidentes no grupo de A.I. O mesmo foi verificado por Engels et al. (2002) num estudo efectuado a 44 mulheres, verificando uma redução na percentagem de massa gorda em cerca de 2,6%, após a aplicação de um programa de step. Fernandez, et al. (2004) referem que “as pessoas que se exercitam regularmente conseguem alcançar melhores resultados na perda de massa corporal do que os que não realizam nenhum tipo de actividade”. No mesmo sentido, McCord et al. (1989) examinaram os efeitos de um programa de ginástica aeróbica de baixo impacto, desenvolvido durante 12 semanas de treino, sobre o VO2máx. e a composição corporal. Foram avaliadas 16 mulheres, cuja frequência de treino era de 3 vezes por semana, com aproximadamente 30-35 minutos de exercício aeróbio, a uma intensidade de 75-85% da frequência cardíaca de reserva. Os resultados obtidos revelaram um decréscimo na composição corporal (25 ± 6,87% para 21 ± 6,36%). Franco e Ferrari (n.d) também verificaram uma diminuição significativa na percentagem de gordura e peso corporal no grupo que praticava step em relação às mulheres sedentárias. Estes estudos vão de encontro aos resultados por nós obtidos, verificamos uma diminuição da percentagem de massa gorda, sendo mais evidente para o grupo que utilizava pesos de mãos.

    Estes resultados divergem dos estudos desenvolvidos por Dowdy et al. (1985), Vaccaro e Clinton (1981), Perry et al. (1988), Eickoff et al. (1983), não são unânimes em confirmar a efectividade do programa na diminuição da percentagem de massa gorda. O mesmo foi observado nos estudos de Fringer e Stull (1974), Eisenman e Golding (1975), Shire et al. (1977) e Wing (1999). Chien et al. (2000) efectuaram um estudo de step e caminhada, em Taiwan com uma amostra de 38 pessoas do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 48 e 65 anos, a uma intensidade de 70-85% do VO2máx. e uma duração de 24 semanas. Dos vários parâmetros observados, destaca-se a inexistência de diferenças na percentagem de massa gorda.

Estudo das pregas subcutâneas

    No que concerne ao estudo das pregas, após comparação das medições do pré-teste e do pós-teste para o grupo experimental, verificaram-se diferenças estatisticamente significativa em todas as pregas. Para o grupo controlo, relativamente às pregas tricipital, subescapular, supra-ilíaca e crural, a significância assume um valor inferior a 0,05 (0,002; 0,014; 0,002 e 0,000 respectivamente), no que respeita à prega bicipital para este mesmo grupo, a significância assume um valor superior a 0,05 (0,275). Ora, tal facto, leva-nos a concluir que para esta prega não se verificaram diferenças estatisticamente significativas. Na comparação dos dois grupos, podemos verificar que em ambos se verificaram diferenças estatisticamente significativas no pré-teste e no pós-teste, excepto para a prega bicipital no grupo de controlo. Estes resultados parecem indicar que a utilização dos pesos dos M.S. no grupo experimental fez diminuir a prega bicipital. Em termos globais, verificou-se uma diminuição das pregas subcutâneas. O mesmo foi averiguado por Gubiani e Neto (1999) onde foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em 3 pregas subcutâneas e na gordura regional e total. Kettaneh et al. (2005) estudaram a relação entre o exercício físico habitual e as alterações nos diversos indicadores de obesidade, numa amostra de 436 indivíduos entre os 8 e 18 anos, e concluíram que a soma das pregas subcutâneas tende a ser maior quanto menor é a actividade física e menor quando se aumenta a actividade física.

Conclusões

    Em termos de conclusão, observamos que a aplicação do programa de treino mostrou-se eficaz na redução da perda de percentagem de massa gorda para ambos os grupos. A partir do nosso estudo, podemos constatar que a utilização de pesos parece ter influência a nível das pregas subcutâneas de adiposidade, verificando-se uma redução estatisticamente significativa no pós-teste. Averiguamos ainda, na prega bicipital uma maior redução dos valores no grupo experimental em comparação com o grupo controlo, facto que consideramos dever-se à utilização dos pesos de mãos.

    Para finalizar, observamos uma maior diminuição da percentagem de massa gorda e das respectivas pregas subcutâneas no grupo experimental, tal facto leva-nos a pensar que a utilização de pesos nos membros superiores se mostrou eficaz para esta redução.

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revista digital · Año 13 · N° 127 | Buenos Aires, Diciembre de 2008  
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