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A compreensão dos acadêmicos da licenciatura do CEFD/UFSM

sobre as abordagens de ensino da Educação Física

 

*Especialista em Gestão Educacional e Educação Física Escolar na UFSM

Mestranda em Educação na UFSM

**Especializanda em Gestão Educacional e Educação Física Escolar na UFSM

Mestranda em Educação na UFSM.

***Doutor em Educação e Ciência do Movimento Humano

Professor Adjunto da UFSM; Coordenador do GEPEF/UFSM

(Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física)

(Brasil)

Franciele Roos da Silva Ilha*

franciele.ilha@yahoo.com.br

Vanderléia Maschio**

vandeef@hotmail.com

Hugo Norberto Krug***

hnkrug@bol.com.br

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetivou analisar como os acadêmicos da Licenciatura do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) compreendem as Abordagens de Ensino da Educação Física. Para tal, utilizamos um questionário com questões abertas, que foi respondido por vinte e seis acadêmicos do terceiro semestre do curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo de 2005), do CEFD/UFSM que estão cursando no segundo semestre letivo de 2008 a disciplina de Didática da Educação Física, onde o tema Abordagens de Ensino é um dos conteúdos programáticos. Através de seus depoimentos, esses acadêmicos com base nos saberes curriculares tratados no curso de formação inicial em Licenciatura, tem consciência ou sabem da importância que as Abordagens de Ensino da Educação Física representam, tanto no contexto acadêmico como no âmbito escolar. Contudo, sabemos que muitos profissionais da área desconhecem tais concepções, por diversos motivos, que não cabe aqui serem citados.

          Unitermos: Educação Física. Formação de professores. Formação inicial. Abordagens de ensino.1

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 127 - Diciembre de 2008

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Considerações iniciais

    Durante o processo de formação inicial de professores, os acadêmicos vivenciam e experenciam diferentes formas de ensino através da docência de seus mestres e também em suas práticas pedagógicas na graduação, nos estágios curriculares supervisionados, em projetos de extensão, de ensino e de pesquisa. Dada a ênfase na formação de professores em indicar instrumentos que propiciem subsídios, sobre os quais o educador possa construir e desenvolver uma prática pedagógica com alicerces firmes e flexíveis, partindo dos princípios que considera essenciais para a sua vida, para a sua prática docente e para a sociedade, levando em conta a realidade dos alunos e das escolas, salientamos a importância de que o contexto não seja avaliado de forma negativa, como um empecilho para a aprendizagem, e sim, que se desenvolvam estratégias de ensino a partir das condições e conhecimentos existentes nesse contexto singular. Portanto, é imprescindível que a formação inicial de professores aborde essas premissas, de maneira que, esses profissionais tenham clareza do papel que virão a desempenhar e os objetivos que pretende atingir na sua prática docente.

    Frente a este quadro, é que as Abordagens de Ensino representam uma possibilidade de embasar a prática docente, tendo em vista que cada uma delas enfoca alguns princípios indicando formas e estratégias de como desenvolvê-la. No caso da Educação Física, esta possui Abordagens de Ensino específicas, com o propósito de fornecer e fomentar novas maneiras e novos olhares de como trabalhar os conhecimentos da Educação Física na escola na perspectiva de uma prática social, e, rompendo com a forma tradicional de promover o ensino e a aprendizagem, sendo esta tão criticada e ultrapassada em todo o contexto educacional, mas que se encontra ainda presente em muitas escolas e universidades com disfarces sutis.

    Partindo do pressuposto de que todo professor necessita de uma orientação teórico-metodológica para direcionar a sua atuação docente coerente com suas concepções, posicionamentos e valores, é que esse estudo objetivou analisar como os acadêmicos da Licenciatura do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) compreendem as Abordagens de Ensino da Educação Física.

    Temos a compreensão de que a formação profissional deve trabalhar com os saberes próprios da cultura corporal de movimento, porém, não só a apreensão destes isoladamente, mas a sua articulação para a prática docente, de forma a ultrapassar modelos de formação idealizados de aplicação de conhecimentos e, reconhecer os seus atores como um sujeito não-fragmentado que age relacionando sua formação com sua trajetória docente, com sua prática cotidiana, com o conhecimento construído na experiência, e com as crenças que elabora durante sua existência (MOLINA NETO; MOLINA, 2002).

    Assim, esta proposta de investigação justifica-se pela importância em se entender os pressupostos que fundamentam a visão dos futuros professores de Educação Física sobre as novas Abordagens de Ensino da disciplina, enquanto componente curricular das escolas, esclarecimento este, tão essencial num momento em que a Educação em geral encontra-se em crise, tanto na questão das condições quantitativas/qualitativas em que se dá os encaminhamentos metodológicos-didáticos do professor como, no que se refere às políticas educacionais para a concretização dessas e outras metas quando se busca uma Educação de qualidade para todos. Nas palavras de Silva (2005, p. 35) “estudar as concepções, as teorias [...] que fazem parte da rotina de trabalho do professor vem constituindo uma forma riquíssima de investigação para levantar os fundamentos e as bases onde eles se alicerçam [...].”. Destacando que neste estudo, nos limitamos ao objetivo proposto e desta forma, optamos por não entrar no mérito de identificar e caracterizar cada abordagem, mesmo assim, poderemos identificar as primeiras noções, as quais encaminharão novos questionamentos e certamente novas pesquisas referentes à esta temática.

Metodologia

    Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa com enfoque fenomenológico. Conforme Triviños (1987, p. 125): “a pesquisa qualitativa de natureza fenomenológica surge como forte reação contrária ao enfoque positivista, privilegiando a consciência do sujeito e entendendo a realidade social como uma construção humana”.

    Como instrumento de pesquisa utilizamos um questionário com questões abertas, que foi respondido por vinte e seis acadêmicos do terceiro semestre do curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo de 2005), do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria, que estão cursando no segundo semestre letivo de 2008 a disciplina de Didática da Educação Física, onde o tema Abordagens de Ensino é um dos conteúdos programáticos.

    Cervo; Bervian (2002) relatam que o questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir com melhor exatidão o que se deseja, de modo que apresenta um conjunto de questões relacionadas com o problema central. Sendo ainda considerado um meio de obter respostas por uma fórmula que o próprio informante preenche.

    Para a análise das informações contidas nos questionários utilizou-se a análise de conteúdo. Para Bardin (1977) a utilização da análise de conteúdo prevê três etapas principais: 1ª) a pré-análise - que trata do esquema de trabalho, envolve os primeiros contatos com os documentos de análise, a formulação de objetivos, definição dos procedimentos a serem seguidos e a preparação formal do material; 2ª) a exploração do material – que corresponde ao cumprimento das decisões anteriormente tomadas, isto é, leitura de documentos, categorização, entre outros; e, 3ª) tratamento dos resultados – fase onde os dados são lapidados, tornando-os significativos, sendo que esta etapa de interpretação deve ir além dos conteúdos manifestos nos documentos, buscando descobrir o que está por trás do imediatamente apreendido.

Voltando o olhar para as abordagens de ensino da Educação Física

    A partir do final de 1970 e durante a década de 1980, vivenciamos um período de muita efervescência quanto à denúncias, revelações e descobertas sobre qual o papel que a Educação Física vinha desempenhando em favor de um poder hegemônico, dominante e opressor (MEDINA, 1990). Foi um período de intenso debate na perspectiva de avançar em direção de novos olhares das concepções pedagógicas, das metodologias de ensino e dos paradigmas científicos que sustentavam às práticas e produziam o conhecimento da área.

    Estes dados revelaram a forma como a Educação Física era desenvolvida na escola e a visão que a sociedade tinha da mesma; pautado na perspectiva biologicista e aptidão física. Esse momento possibilitou avanços, pois, através do debate, surgiu a possibilidade de se pensar a Educação Física de outras maneiras. Entretanto, ao mesmo tempo em que foi possível forçar as amarras, acabou por “operar um certo reducionismo, ao analisar de forma mecânica a relação entre escola e sociedade, entre Educação Física e as exigências do trabalho (...)”(CAPARROZ, 1997, p.9).

    Como podemos perceber ao mesmo tempo em que a Educação Física entrava em crise, e, muito se discutiu sobre sua identidade e sua especificidade, esse movimento acabou e continua por fragmentar a área na busca da especificidade e, que, por não haver diálogo real, sério e aberto entre os diversos posicionamentos de forma a ultrapassar a critica vazia e a denúncia presentes na época; o que não gerou um comprometimento coletivo por esta. Contudo, apesar de dois grupos terem se formado desse movimento (basta olhar a lista de periódicos e eventos para perceber essa divisão), Aptidão Física e Saúde e Educação Física Escolar, ambos concordam que seja necessário o desenvolvimento da pesquisa científica para o fortalecimento da área.

    Ao longo dessas discussões, na maioria das vezes unilaterais (CAPARROZ, 1997), entre avanços e retrocessos, foram se constituindo a partir de diferentes olhares políticos e pedagógicos as Abordagens de Ensino da Educação Física. Podemos considerar, assim como Saviani (2005) dispôs sobre as Abordagens da Educação, a existência de abordagens críticas e não-críticas para o ensino da Educação Física.

    Cada abordagem de ensino trás em si concepções, objetivos, visão de homem, de sociedade e de mundo próprias. Nessa perspectiva, os acadêmicos dissertaram a sua compreensão sobre as Abordagens de Ensino da Educação Física, ao perceberem estas [...] como um embasamento teórico que guia nossas ações como professores de tal área. É a partir da abordagem escolhida que se torna visível o aluno ou o cidadão que se quer formar e que tipo de valores queremos desenvolver nos mesmos, assim como, de que forma conduziremos nossas aulas, desde o seu início até sua avaliação” (Acad.1;3;4;5;8;9;12;13;15;19;22;23;24;25; 26;27 e 28). Darido e Neto (2005, p.1) reforçam essas falas ao pontuarem que “quando se conhecem os pressupostos pedagógicos que estão por trás da atividade do ensino, é possível melhorar a coerência entre o que se pensa estar fazendo e o que realmente realizamos.”.

    A escolha da abordagem deve contemplar os anseios do professor, enquanto formador de sujeitos, de forma a “[...] conduzir o processo de ensino-aprendizagem [...].” (Acad.2;11;17 e 21) adequadamente com o espaço social da prática docente. Nessa perspectiva, a necessidade de um embasamento teórico-metodológico que “[...] são essencialmente importantes para à prática pedagógica do professor”, pois, orientam os encaminhamentos que o professor dará na sua prática pedagógica quanto ao trato com o conhecimento da Educação Física Escolar. Sendo assim, “[...] a Educação Física enquanto componente curricular deve assumir a tarefa de introduzir o aluno na cultura corporal de movimento [...]” (Acad.14) produzida e acumulada pelo homem e, portanto, todos devem ter acesso a esses conhecimentos no âmbito de seu contexto, de seus significantes históricos, sociais e políticos. Quando pensamos numa Educação Física enquanto cultura corporal de movimento, estamos de certo modo, nos identificando com uma Abordagem de Ensino da Educação Física, ou seja, a que considera fundamental trabalhar com esse conceito, e, a partir dele, desenvolver um trabalho articulado entre cultura, corpo e movimento. Assim, nos embasamos no Coletivo de Autores (1992, p.38) que criaram tal concepção denominada Crítico-superadora que

    Busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas.

    Dessa forma “[...] o professor deve-se definir por qual abordagem trabalhar com seus alunos e saber onde quer chegar, quais são os objetivos pretendidos e que indivíduos pretende formar” (Acad.14), já que, como trazem Darido e Neto (2005) não existe apenas uma forma de implementar e pensar a Educação Física e os demais componentes curriculares na escola. Mesmo sabendo que todas as tendências influenciam a formação profissional e as práticas pedagógicas dos professores (DARIDO; NETO, 2005) acreditamos na importância desses profissionais se definirem por trabalharem fundamentados nos princípios de uma concepção. Tendo em vista que, tem pontos em que elas não convergem e se utilizarmos mais de uma corremos o risco de estarmos sendo incoerentes naquilo que acreditamos e objetivamos com a nossa atuação docente. Entretanto, encontramos algumas divergências quanto à visão de aplicabilidade das abordagens. Alguns acadêmicos consideram que é possível fazer uso na prática pedagógica de mais de uma abordagem, outros consideram “muito importante as Abordagens da Educação Física, cada uma tem os seus pontos positivos e negativos, por isso acho importante não se guiar só numa, cada momento requer uma atitude diferente” (Acad.7 e 21).

    Diante disso, temos vários conhecimentos construídos que se constituíram em diversas Abordagens de Ensino da Educação Física para guiar nossas ações pedagógicas em que pode-se optar em uma única ou não. Pensemos no lado positivo de termos tantas abordagens para nos guiarmos, seja numa única ou não, assim como, nos avanços e no leque de possibilidades de fundamentação teórico-prática que a área tem criado, através de estratégias e encaminhamentos metodológicos diversificados dentro da Educação Física.

    [...] diversificado, porém, não distantes frente aos objetivos traçados pelas mesmas, que seria o de oferecer uma ‘disciplina’ de Educação Física no sistema escolar com enfoque à formação integral dos sujeitos do processo, assim como, com um corpo de conhecimentos historicamente produzidos e útil a todos visando a autonomia frente a estes conhecimentos tratados. (OLIVEIRA, 1997, p. 23).

    O professor tem a responsabilidade de planejar, conduzir e intervir em qualquer questão ou situação que na aula surgir. Ao conhecer a realidade ele deve avaliar quais os conhecimentos, valores e atitudes que seus alunos têm e possuem, para então, traçar quais as estratégias necessárias para ensinar e promover a aprendizagem. Para isso, temos que romper com o papel de sermos meramente formadores e nos reconhecer enquanto agentes de nossa própria formação. Como podemos falar em ter papel ativo na formação de nossos alunos se não nos consideramos capazes de conduzir nosso processo permanente de formação? A aproximação dos saberes teóricos e saberes práticos, através de um processo reflexivo, nos possibilita a construção de competências para os professores atuarem e controlarem a sua própria formação. Daí a necessidade de conhecer e compreender “o que cada abordagem quer nos mostrar de importante e o que cada uma quer passar para os alunos, dessa maneira vamos ver que tipo de aluno queremos forma.” (Acad.10).

    As abordagens nascem de processos reflexivos de formação dos autores que procuram, segundo seu olhar, uma nova perspectiva para a Educação Física Escolar, onde se constituem em teorias que além de orientar o trato pedagógico do conhecimento em sua especificidade, colaboram na “[...] formação de profissionais reflexivos e conscientes de seu papel na aprendizagem e, a partir das abordagens podem planejar e organizar uma proposta pedagógica própria, não sendo um mero reprodutor, mas sim um professor capaz de pensar no porquê de sua prática.” (Acad.20). A esse respeito, Guarnieri (2005, p. 8) ressalta que a bibliografia americana e européia tem procurado olhar “o professor como um profissional que reflete sobre o seu trabalho e sobre o contexto em que este ocorre, que toma decisões, emite juízos, possui e desenvolve conhecimentos enquanto profissional do ensino” .

    A falta e a forma que os conhecimentos das Abordagens de Ensino da Educação Física chegaram às escolas e aos professores muitas vezes de forma equivocada e não clara acarretou uma grande riqueza em nível de produção cientifica que se traduz no discurso escolar, entretanto, verifica-se uma acentuada pobreza nas práticas pedagógicas, uma vez que acabam por ser “[...] pouco usadas pelos professores e se fossem mais usadas às aulas seriam melhores formuladas, preparadas e com um planejamento adequad.” (Acad. 16). Este fato é enfatizado por Oliveira (1997, p. 22) quando questiona se essas “[...] tendências educacionais com suas respectivas propostas metodológicas têm sido colocadas em prática?”. Em busca de uma resposta o autor pontua alguns aspectos que podem estar impedindo essa concretização, tais como: a falta de preparo dos professores para o enfrentamento de novas estratégias metodológicas; a falta de interesse em estimular novas abordagens metodológicas; a condição de refratário do conhecimento que os docentes assumem no ensino; a estabilidade empregatícia que os docentes têm dentro do sistema educacional e o medo da instabilidade frente a novos conteúdos e estratégias metodológicas, pois seria um risco desnecessário, já que não são cobrados para tal ação.

    Outro ponto relevante a destacar se refere à questão: como escolher a abordagem a ser trabalhada? A partir do que nós, enquanto professores, acreditamos que seja melhor e mais adequado pra nossos alunos ou “[...] A partir das teorias das diversas abordagens disponíveis, é possível que o professor faça um estudo a partir de seus alunos para após conhecê-los e investigá-los, determinar que tipo de abordagem se encaixa melhor para determinada turma e/ou alunos.” (Acad.27). Nessa visão, estaremos partindo da realidade do aluno, da escola e daquela comunidade escolar e após realizar uma análise de determinado contexto escolar podermos definir qual a concepção de ensino que promove de maneira mais significativa a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos.

Palavras finais

    Felizmente, com as modificações curriculares nos cursos de graduação em Educação Física e a conseqüente divisão dos cursos em Licenciatura e Bacharelado, as quais longe de significarem o fim dos problemas e falhas na formação de professores, possuem um caráter essencial quando se pensa na identidade e especificidade da Educação Física, e consequentemente, no perfil de profissional que pretende formar. Este fato já é evidenciado neste estudo no momento em que os acadêmicos entendem a relevância e o significado das Abordagens de Ensino da Educação Física para a prática pedagógica do professor.

    Além disso, como podemos perceber, através de seus depoimentos, os acadêmicos de Licenciatura em Educação Física, com base nos saberes curriculares tratados no curso de formação inicial em Licenciatura, tem consciência ou sabem da importância que as Abordagens de Ensino da Educação Física representam, tanto no contexto acadêmico como no âmbito escolar. Contudo, sabemos que muitos profissionais da área desconhecem tais concepções, por diversos motivos, que não cabe aqui serem citados. Apenas um deles merece atenção especial, a formação de caráter técnico (até 1989) ou generalista (a partir de 1990) em que eles formaram, a qual não conseguia abranger ou o fazia de forma muito restrita em seu currículo, os conhecimentos que permeavam a escola e os demais campos de atuação da Educação Física.

    A restrição e falta de condições tanto estruturais quanto pedagógicas enfrentadas pelas escolas e seus docentes tem dificultado a implementação das orientações das Abordagens de Ensino. No ambiente escolar se apresentam muitos problemas sociais, pois a escola é um reflexo dos enfrentamentos da sociedade, em que os docentes devem tratar e articular com os saberes específicos da área de conhecimento, o que por muitas vezes, os acontecimentos presentes na aula acabam por exigir posturas e estratégias que fogem das orientações da abordagem adotada. Os professores em sua atuação docente não devem se sentir presos aos parâmetros de uma abordagem e reproduzi-la em suas aulas cegamente, visto que, as teorias são construídas na relação teoria e prática, sistematizadas segundo o método científico, e em suas práticas docentes ao confrontarem essas teorias com o real contextualizado novos conhecimentos são produzidos de forma que as teorias em nível prático (não sistematizado) se modificam ao incorporarem saberes produzidos pela experiência.

    Diante dessas constatações, tentamos salientar, fundamentados em autores da área como também em acadêmicos “anônimos”, o papel que as Abordagens de Ensino da Educação Física possuem frente à atuação do professor na escola, assim como, aos acadêmicos/profissionais que se dedicam a estudar o contexto da formação de professores de Educação Física.

Nota

  1. Neste estudo os termos “Abordagens”, “Concepções”, “Tendências” foram consideradas como sinônimos.

Referências

  • BARDIN, L. Tradução de Luis Antero Neto e Augusto Pinheiro. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

  • CAPARROZ, F. E. Entre a Educação Física na escola e a Educação Física da escola. Vitória: Centro de Educação Física e Desportos/Universidade Federal do Espírito Santo, 1997.

  • CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Pretince Hall, 2002.

  • COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

  • DARIDO, S.C.; NETO, L.S. O contexto da Educação Física na escola. In: DARIDO, S.; RANGEL, I.C. (Orgs.). Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.1-24, 2005.

  • GUARNIERI, M.R. O início na carreira docente: pistas para o estudo do trabalho do professor. In: GUARNIERI, M.R. (Org.). Aprendendo a ensinar: o caminho nada suave da docência. 2 ed. Campinas: Autores Associados, p.5-24, 2005.

  • MEDINA, J.P.S. O brasileiro e seu corpo. Campinas: Papirus, 1990.

  • MOLINA NETO, V; MOLINA, R.K. Capacidade de escuta: questões para a formação docente em Educação Física. Movimento, Porto Alegre, v.8, n.1, p.57-66, janeiro/abril, 2002.

  • OLIVEIRA, A.A.B. de. Metodologias emergentes no ensino da Educação Física. Revista da Educação Física / UEM, Maringá, Brasil, v.1, n.8, p.21-27, 1997.

  • SILVA, R.C. O professor, seus saberes e suas crenças. In: GUARNIERI, M.R. (Org.). Aprendendo a ensinar: o caminho nada suave da docência. 2 ed. Campinas: Autores Associados, p.25-43, 2005.

  • SAVIANI, D. Escola e democracia. 37. ed. Campinas: Autores Associados, 2005. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo: v. 5).

  • TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

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