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Scout de finalização: um modelo de 

monitoramento de jogo em voleibol

 

*Docente das Faculdades Integradas Maria Thereza – Niterói/RJ

**Licenciando do Curso de Educação Física

das Faculdades Integradas Maria Thereza – Niterói/RJ

***Licenciada pela Escola de Educação Física e Desporto – UFRJ

****Docente da Escola de Educação Física e Desporto – UFRJ

(Brasil)

Prof. Ms. Marcelo de Castro Haiachi*

pesquisa@knowhowsports.com

Ludmilla Pizzo**

ludpizzo@yahoo.com.br

Dayana Pestana**

daday_lukety@hotmail.com

Prof. Maria Claudia Dourado***

mariaclaudia20@gmail.com

Prof. Dr. José Fernandes Filho****

jff@pq.cnpq.br

 

 

 

Resumo

          As informações obtidas em uma partida de voleibol podem ser uma ferramenta de extrema importância para comissão técnica e atletas. Para monitorar as ações de jogo utilizamos o scout, um instrumento que facilita o planejamento e aplicação do treinamento, a elaboração de estratégias contra equipes adversárias e a avaliação do sistema tático utilizado. O estudo tem por objetivo apresentar um modelo de monitoramento de jogo a partir da identificação das incidências de acertos e erros das equipes nas ações de finalização (que geram pontos). A utilização de um modelo de simples aplicação, preenchimento e tabulação dos resultados é recomendado para equipes amadoras ou iniciantes.

          Unitermos: Voleibol. Pontuação. Acertos. Erros.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 126 - Noviembre de 2008

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Apresentação

    O voleibol é um jogo dinâmico que apresenta uma característica de confronto entre duas equipes. Seu objetivo inicial é derrubar a bola na quadra da equipe adversária ou que a mesma cometa um erro ou falta. Com a modificação das regras e do sistema de pontuação o tempo de bola em jogo (rally) se reduz, provocando ações e disputas de posse de bola com intensidade e velocidade máximas visando superar a equipe adversária (HAIACHI e FERNANDES FILHO, 2006).

    A avaliação do desempenho dos jogadores e da equipe tornou-se uma necessidade a partir do momento que o voleibol conquista o mundo, transformando-se de ferramenta para recreação a esporte olímpico. A crescente evolução das equipes e seus diferentes sistemas de jogo geraram uma necessidade de se elaborar estratégias de análise (observação e avaliação) utilizando-se a avaliação subjetiva, a filmagem ou análise estatística da partida onde a escolha do método mais adequado ocorreria em função da quantidade e da qualidade dos observadores (HIPPOLYTE, TOTTERDELL et al., 1993).

Sistema de monitoramento

    O desenvolvimento e a aplicação destas estratégias tiveram sua origem na Alemanha onde foram classificados os 06 elementos fundamentais do jogo (saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa) registrando apenas as jogadas que ocasionavam pontos perdidos ou vantagens ganhas. Nos Jogos Olímpicos de 1976 este sistema sofreu uma evolução priorizando um detalhamento maior de cada jogada, sendo as mesmas classificadas utilizando-se um escore de 0 a 4 onde a jogada considerada perfeita recebia o escore 4 e a jogada considera errada recebia o escore 0. Através da utilização deste sistema pôde-se identificar o nível de eficiência de cada jogador em relação ao total de pontos obtidos e a máxima pontuação possível (BAACKE, MATSUDAIRA et al., 1979).

    O sistema foi se aperfeiçoando e a partir dos Jogos Olímpicos de 1984 com a utilização de elementos estatísticos e inovações tecnológicas, como o computador, inicia-se um novo processo de monitoramento tendo a informática como forte aliado. Surge na Itália em 1990, o primeiro programa estatístico onde todos os aspectos passam a ser analisados a partir da inserção de dados em tempo real (BIZZOCCHI, 2004).

    Acompanhando o desenvolvimento dos programas estatísticos a Federação Internacional de Voleibol desenvolveu um sistema de informações sobre o voleibol (VIS) modelo este utilizado durante as principais competições organizadas pela entidade. Este sistema informa de maneira clara e de fácil compreensão, aos veículos de mídia, ao público e aos treinadores, os resultados dos jogos e as estatísticas da equipe e de cada um dos jogadores (CORDEIRO FILHO, 1996).

    Pela necessidade de um refinamento e sofisticação maior em relação às informações obtidas durante a partida, treinadores e equipes nacionais utilizam-se de softwares mais aprimorados como o Volley Analyzer, Data Volley dentre outros. Já a seleção brasileira utiliza um modelo próprio priorizando ações técnicas e táticas específicas (BALIEIRO, 2004).

    O sistema de informação é um pré-requisito para o processo de tomada de decisão onde o scout, enquanto ferramenta de obtenção de informações, utilizando-se de uma estatística abrangente, precisa e válida, auxilia os técnicos em sua tomada de decisão (BINDER, 1994; COLEMAN, 2005). Independente do modelo a ser utilizado, ao cumprir seu papel de identificar as incidências de acertos e erros das equipes e revelar informações quantitativas e qualitativas referentes a uma equipe ou atleta, o scout traz benefícios diretos ao planejamento e aplicação do treinamento, a elaboração de estratégias contra equipes adversárias e na avaliação do sistema tático utilizado (BAACKE, MATSUDAIRA et al., 1979; PINTO, 1983; HIPPOLYTE, TOTTERDELL et al., 1993; VILLAMEA, 1998).

    Todo este sistema necessita de recursos que muitas vezes não podem ser aplicados devido à escassez de material humano para operá-lo ou de recursos financeiros para aquisição do sistema. Equipes amadoras ou iniciantes necessitam também desenvolver algum tipo de informação sobre o desenvolvimento do seu atleta.

    O estudo tem como objetivo apresentar um modelo de monitoramento de jogo a partir da identificação das incidências de acertos e erros das equipes em função das ações que geram pontos.

Modelo

    Em uma partida de voleibol uma equipe só conquista um ponto quando acerta uma jogada ou quando a equipe adversária erra. Por este motivo foi criada uma ferramenta de monitoramento que identifica as incidências de acertos e erros da equipe, assim como o aproveitamento individual dos atletas. Sua utilização em categorias de base facilita o entendimento do jogo, retratando a visão geral do desempenho da equipe e a atuação individual dos jogadores durante a partida. Estas informações podem ser utilizadas para orientação dos treinamentos em função das dificuldades encontradas durante a partida.

    A figura 1 apresenta o modelo de scout de finalização. Ele é composto por um cabeçalho com informações referentes à partida: data, categoria dos atletas, nome das equipes, nome dos atletas e seus respectivos números. Para facilitar seu preenchimento utiliza-se siglas para a identificação das incidências de acertos nas ações de saque (S), ataque (A), contra-ataque (CA) e bloqueio (B) e de erros nas ações de erro de saque (ES), erro de recepção (ER), erro do levantamento (EL), erro de ataque (EA), erro de contra-ataque (ECA), erro de defesa (ED), rede (RD), invasão (INV), cartão amarelo (AM), erro de rodízio (ROD).

Figura 1. Modelo de scout de finalização

    Para facilitar o entendimento das ações que originam o ponto define-se o ataque como sendo uma ação proveniente da recepção do saque e o contra-ataque como uma ação ocorrida em virtude da defesa. Estas informações permitem identificar se a equipe apresenta um bom aproveitamento na virada de bola (side out) ou na parte defensiva, possibilitando inferências sobre a pontuação durante uma partida.

Aplicação

    Com a utilização do scout de finalização poderemos obter as seguintes informações:

  • Rendimento da equipe (incidência de acertos e erros da equipe e do atleta);

  • Administração da partida (tomada de decisão técnicas e táticas durante o jogo);

  • Análise da equipe adversária (pontos fortes e fracos da equipe adversária)

  • Avaliação da partida (desempenho da equipe e de atletas após o jogo);

  • Organização das sessões de treinamento (estabelecer objetivos visando minimizar os erros ocorridos durante o jogo).

    As informações obtidas acima servem de reflexão para comissão técnica e atletas, já que facilitam o entendimento do jogo fazendo com que os atletas tenham condições de tomarem suas próprias decisões durante a partida, auxiliando na elaboração de estratégias, no acompanhamento da equipe e na melhor orientação durante as sessões de treinamento (VILLAMEA, 1998; COLEMAN, 2005).

    Esta ferramenta foi validada por um júri de experts composto por treinadores com mais de 10 anos de experiência na modalidade seguindo as orientações de fidedignidade do instrumento (THOMAS, NELSON et al., 2007).

    Por ser um instrumento de simples aplicação, preenchimento e tabulação dos resultados sua utilização em categorias de base é recomendada. Não podemos esquecer que a simples utilização desta ferramenta não garante a vitória ou a derrota da equipe, assim como a não interpretação correta dos dados não inviabiliza a ferramenta. Afinal de contas aspectos psicológicos, físicos e técnicos influenciam diretamente no resultado de uma partida (ROTHER, 2008).

Referências

  • BAACKE, H., MATSUDAIRA, et al. Manual do Treinador. Rio de Janeiro: Palestra Edições. 1979

  • BALIEIRO, S. Jogada de alta tecnologia. Revista Info. v.19, n.224, nov. 2004.

  • BINDER, F. V. Sistemas de apoio à decisão. São Paulo: Érica. 1994. 98 p.

  • BIZZOCCHI, C. O voleibol de alto nível: da iniciação à competição. Barueri, São Paulo: Manole. 2004. 269 p.

  • COLEMAN, J. Analisando os adversários e avaliando o desempenho da equipe. In: D. S. SHONDELL e C. REYNAUD (Ed.). A bíblia do treinador de voleibol. Porto Alegre: Artmed, 2005. Analisando os adversários e avaliando o desempenho da equipe, p.352

  • CORDEIRO FILHO, C. Curso de Treinadores nível 2. Confederação Brasileira de Voleibol. Rio de Janeiro. 1996

  • HAIACHI, M. C. e J. FERNANDES FILHO. Análise de saltos e rally no confronto entre Brasil e Itália nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004. Ação & Movimento: educação física e desportos, v.3, n.1, jan/fev, p.16-20. 2006.

  • HIPPOLYTE, R., B. TOTTERDELL, et al. Strategies of team managment through volleyball. United Kingdom: Epidote. 1993. 178 p.

  • PINTO, A. D. O. Scout - processo gráfico. Revista de Educação Física, n.114, 1983, p.26-27. 1983.

  • ROTHER, R. Registro das ações finais em uma partida de voleibol de base. EFDeportes.com, Revista Digital, v.13, n.121, jun, p.1. 2008.

  • THOMAS, J.R., NELSON, J.K., et al. Métodos de pesquisa em atividade física. 5ª Ed. Porto Alegre: Artmed. 2007. 400p.

  • VILLAMEA, O. L. El uso de la estadistica en el voleibol. EFDeportes.com, Revista Digital, v.3, n.9. 1998.

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