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Estudos preliminares da importância da Educação Física em instituições especializadas em Síndrome de Down na região metropolitana de Campinas-SP

Estudios preliminares de la importancia de la Educación Física en 

instituciones especializadas en Síndrome de Down en Campinas-SP, Brasil

Preliminary study about the importance of Physical Education in specialized 

institutions in Syndrome of Down handicapped people in Campinas-SP, Brazil

 

*Graduados em Educação Física e Esportes pelas

Faculdades Metropolitanas de Campinas (METROCAMP)

**Bacharel e Licenciado em Educação Física pela

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Mestre e Doutorando em Educação Física pela UNICAMP

Docente do ensino superior nas Faculdades METROCAMP

e Universidade Adventista de São Paulo (UNASP)

Ítalo Belan*

Leandro de Abreu Fernandes*

Rubens Venditti Junior**

rubensjrv@yahoo.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Com base em estudos, pesquisas e experiências vividas, podemos ver quanto a atividade física e o exercício ajudam na inclusão (no aspecto de desenvolvimento social, motor, cognitivo e comportamental) e em outras diversas formas de relacionamento e aprendizagem. Nossa preocupação neste trabalho foi verificar a importância das aulas de Educação Física (EF) em 03 instituições que ajudam no desenvolvimento de pessoas portadoras de Síndrome de Down (SD) na região de Campinas, estado de SP, Brasil. Utilizando um questionário para a quantificação dos dados, verificamos a situação atual da EF nestas instituições. Foi verificado se há aulas de EF nessas instituições; qual a freqüência destas aulas; a participação dos alunos para estas atividades; dentre outras.

          Unitermos: Educação Física Adaptada. Pessoas com Necessidades Especiais. Síndrome de Down.

 

Resumen

          De acuerdo con estudios, investigaciones y experiencias vividas, podemos ver cuanto ayudan la actividad física y el ejercicio en la inclusión (en el aspecto de los progresos sociales, a nivel motor, cognoscitivo y el comportamiento) y en otras formas de relaciones sociales y de aprendizaje. Nuestra preocupación en este trabajo fue verificar la importancia de las clases de la Educación Física (EF) en tres instituciones que ayudan en el desarrollo de personas con Síndrome de Down (SD) en la región de Campinas, estado del San Pablo, en Brasil. Utilizando un cuestionario para la cuantificación de los datos, verificamos la situación actual del EF en estas instituciones. Fue verificado si hay clases del EF en las mismas instituciones; cuál es la frecuencia de estas clases; la participación de los alumnos en estas actividades; entre otros.

          Palabras clave: Educación Física Adaptada. Personas con Necesidades Especiales. Síndrome de Down.

 

Abstract

          Based on studies, research and lived experiences, we can see how much the Physical Activity and the Exercise help the inclusion (in the aspect of social, motor, cognitive and mannering developments) and in other diverse forms of relationship and learning. Our concern in this work was to verify the importance of the classes of Physical Education (PE) in 03 institutions that help in the development of carrying people of Syndrome of Down (SD) in the region of Campinas, SP state, in Brazil (South America). Using a questionnaire for the quantification of the data, we verify the current situation of the PE in these institutions. It was verified if it has grade classes of PE in these institutions; which the frequency of these lessons; the participation of the pupils for these activities; amongst others.

          Keywords: Adapted Physical Education. Handicap people. Syndrome of Down.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 126 - Noviembre de 2008

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Diferente é aquele que...

Não têm coração...

(Belan e Fernandes, 2006)

Apresentação

    Com base em estudos, pesquisas e experiências vividas, podemos ver o quanto a Atividade Física e o Exercício ajudam na inclusão (no aspecto de desenvolvimento social, motor, cognitivo e comportamental) e em outras diversas formas de relacionamento e aprendizagem. Nossa preocupação neste trabalho foi verificar a importância das aulas de Educação Física (EF) em 03 instituições que ajudam no desenvolvimento de pessoas portadoras de Síndrome de Down (SD) na região de Campinas, estado de SP. Utilizando um questionário para a quantificação dos dados, verificamos a situação atual da EF nestas instituições. Foi verificado se há aulas de EF nessas instituições; qual a freqüência destas aulas; a participação dos alunos para estas atividades; dentre outras questões, que discorreremos neste texto.

Compreendendo as diferenças

    Crianças com habilidade abaixo da média são muito mal servidas por nosso sistema educacional. Aquele que é menos capaz academicamente continua a sofrer as conseqüências de quaisquer que sejam os problemas agudos ou crônicos que afetam o sistema educacional (Department of Education and Science – DES, 1991, p. 2).

    A criança cujo desenvolvimento está impedido por um defeito não é simplesmente uma criança menos desenvolvida que seus pares; mais precisamente ela tem se desenvolvido diferentemente... Uma criança em cada estágio de seu desenvolvimento, em cada uma dessas fases, representa uma singularidade qualitativa, isto é, uma estrutura orgânica e psicológica específica; exatamente no mesmo caminho uma criança deficiente representa qualitativamente uma diferença, um tipo único de desenvolvimento (Knox e Stevens, citados por BELAN e FERNANDES, 2006, p.13).

    A Educação Física (EF) é uma área maravilhosa, pois tem como desafio principal mostrar as possibilidades das práticas corporais para cada pessoa. Como vemos, a EF apresenta um desdobramento incrível, pois pode se adequar a qualquer interesse ou situação, como a adaptação da Educação Física para quem necessita dela: daí a idéia da EF adaptada para atender a população de indivíduos com necessidades especiais ou algum tipo de deficiência.

    A Educação Física Adaptada (EFA) surgiu oficialmente nos cursos de graduação através da Resolução 3/87 do Conselho Federal de Educação (CIDADE e FREITAS, 1997); e visa que sejam adequadas as metodologias de ensino para o entendimento às características de cada portador de deficiência, respeitando suas diferenças individuais.

    Para Pedrinelli e Verenguer (2005, p. 4):

    A Educação Física Adaptada é uma parte da Educação Física, cujos objetivos são os estudos e a intervenção profissional no universo das pessoas que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas. Seu foco é o desenvolvimento da cultura corporal de movimento. Atividades como ginástica, dança, jogos e esporte, conteúdos de qualquer programa de atividade física, devem ser consideradas tendo em vista o potencial de desenvolvimento pessoal (e não a deficiência em si).

    A EFA designa um programa individualizado de aptidão física e motora, habilidades e práticas corporais para suprir as necessidades especiais dos indivíduos. Ou seja, ela pode ser definida como uma área da EF que permite uma participação segura, pessoalmente satisfatória e bem-sucedida, suprindo as necessidades especiais dos alunos (Winnick, 2004).

    Constatamos então que, a grande diferença da EF para EFA, somente está na forma em que a EF é trabalhada ou dirigida, pois sabemos que para as pessoas que necessitam de maiores ajudas, há necessidades de ajustes pela sua limitação de execução de movimentos, não sendo cabível somente para a EF.

    Será mesmo que nossa área não está apta para o desenvolvimento de um trabalho coeso nas instituições que queremos fazer esta análise? Mostraremos com este estudo, a situação do profissional de EF nestas instituições: será que o mesmo está apto para exercer a função corretamente? São profissionais da área que estão desenvolvendo as atividades que relacionam a EF? Com relação às instituições: há interesse, acham importante ou não, o profissional de EF atuando com os alunos?1

A Educação Física Adaptada

    O termo Educação Especial designa a educação criada especificamente para suprir as necessidades especiais de uma criança portadora de deficiência – sem custo para seus pais ou responsáveis – incluindo a instrução realizada em sala de aula, em casa, em hospitais e instituições e outros ambientes; designa também instrução de Educação Física (IDEA-Individuals with Disabilities Education Act, feito em 1997, citado em WINNICK, 2004).

    A IDEA nos mostra regras e regulamentos. Destacamos, entre eles: direito à educação gratuita e adequada; Educação Física à disposição de crianças portadoras de deficiências; um programa individualizado, preparado para suprir as necessidades especiais de crianças portadoras de deficiência; e assistência dos serviços relacionados na educação especial.2

    Segundo Krug (2002), a Organização das Nações Unidas diz que todo mundo se beneficia da educação inclusiva. As vantagens são:

    Segundo Winnick (2004), as vantagens de um atendimento integrado são:

  1. pela convivência com os alunos de sua faixa etária considerados normais, em ambientes comuns, as crianças portadoras de deficiências tem mais condições de desenvolver suas capacidades, e de desfrutar um convívio social mais rico e abrangente, sem tantos rótulos e estigmas; e

  2. a integração na escola regular, ademais, não é benéfica apenas para as crianças portadoras de deficiências. Ela pode ser percebida como uma “via de mão dupla”, pois as crianças consideradas normais, ao conviver em condições de igualdade com aquelas que apresentam déficits em alguma área, também serão beneficiadas (WINNICK, 2004).

    E de acordo com o Direitos das Pessoas com Deficiência, na Revista Nova Escola (2006), várias leis e documentos internacionais estabelecem os direitos das pessoas com deficiência no nosso país. Vejamos o quadro a seguir, destacando os aspectos legais e estes documentos voltados à questão da pessoa com deficiência:

1988 - Constituição da República

Prevê o pleno desenvolvimento dos cidadãos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; garante o direito à escola para todos e coloca como princípio para a Educação o “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um”.

1989 – Lei Nº 7.853/89

Define como crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou privado. A pena para o infrator pode variar de um a quatro anos de prisão, mais multa.

1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Garante direito à igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, sendo o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito (também aos que não tiveram acesso na idade própria); o respeito dos educadores; e atendimento educacional especializado preferencialmente na rede regular.

1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)

A redação do parágrafo 2º do artigo 59 provocou confusão, dando a entender que, dependendo da deficiência, a criança só podia ser atendida em escola especial. Na verdade, o texto diz que o atendimento especializado pode ocorrer em classes ou em escolas especiais, quando não for possível oferecê-lo na escola comum.

2000 – Leis Nº 10.048 e Nº 10.098

A primeira garante atendimento prioritário de pessoas com deficiência nos locais públicos. A segunda estabelece normas sobre acessibilidade física e define como barreira de obstáculos nas vias e no interior dos edifícios, nos meios de transporte e tudo que dificulte a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios de comunicação, sejam ou não em massa.

2001 – Decreto Nº 3.956 (Convenção da Guatemala)

Põe fim às interpretações confusas da LDB, deixando clara a impossibilidade de tratamento desigual com base na deficiência. O acesso ao Ensino Fundamental é, portanto, um direito humano em privar pessoas em idade escolar dele, mantendo-as unicamente em escolas ou em classes especiais, fere a convenção e a Constituição..

Quadro 01. Etapas da legislação e dos direitos das pessoas com deficiência em nosso país. 

Adaptado de Belan e Fernandes (2006). Fonte: Revista Nova Escola (Outubro, 2006).

Deficiência: conceituando as diferenças

    A deficiência, segundo a World Health Organization -WHO (1993, [s.n.]) é conceituada como: “perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente”. Incluem-se nessas a ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais. Representa a exteriorização de um estado patológico, refletindo um distúrbio orgânico, uma perturbação no órgão.

    A tabela 01 (AMIRALIAN et al., 2000, [s.p.]) a seguir, mostra as diferenças entre a significação das palavras deficiências, incapacidades e desvantagens, simplificando para o melhor entendimento e distinções.3

Tabela 01. Distinção entre os tipos e conceitos de deficiência, incapacidade e desvantagem, 

para os diversos tipos de deficiência estudados atualmente. Fonte: Amirilian (2000, [s.p.])

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    Dados da World Health Organization, 1993 (OMS- 1993).

    As deficiências podem ser classificadas, segundo a Política Nacional de Educação Especial (BELAN e FERNANDES, 2006), em: Deficiência Auditiva; Deficiência Física; Deficiência Visual; Deficiência Mental; e Deficiência Múltipla.

Deficiência Mental

    De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais (1995, p. 39), traduzido do “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM-IV”, a deficiência mental é:

    (...) funcionamento intelectual significativamente inferior à média (Critério A), acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança (Critério B). O início deve ocorrer antes dos 18 anos (Critério C). O Retardo Mental possui etiologias diferentes e pode ser visto como uma via final comum de vários processos patológicos que afetam o funcionamento do sistema nervoso central.

    Segundo Anache (2002), atualmente, esboça-se a tendência em classificar a DM de acordo com o suporte de que a pessoa necessitará. Essa classificação exige conhecimento das características do sujeito e das demandas de seu ambiente. Schalock, citado em Anache (2002) apresentou a definição de quatro tipos de suportes, a saber:

Intermitente: são suportes de natureza episódica, de curto prazo ou transitório. Eles podem ser de baixa ou de alta intensidade.
b Limitado: são suportes consistentes ao longo do tempo, que podem ser limitados, mas não são intermitentes, podem requerer uma pequena equipe e custo menor que os níveis intensivos.
c Extensivo ou amplo: são suportes regulares (por exemplo, diários) e apenas restritos a alguns ambientes, mas não são de tempo limitado.
d Generalizado ou permanente: caracterizam-se por serem constantes, de alta intensidade, fornecidos em vários ambientes, duradouros, envolvem uma equipe grande de pessoas, e mais intervenções do que suportes extensivos ou por tempo limitado.

Tabela 02. Níveis de apoio. Adaptado de Anache (2002).

    Os portadores de necessidades especiais necessitam de atendimento pedagógico e psicológico, a fim de minimizar os problemas decorrentes da deficiência. A criança com deficiência mental tem as funções intelectuais situadas abaixo dos padrões considerados normais para sua idade, e em conseqüência, pode apresentar dificuldades no comportamento adaptativo. Por estas características, a Síndrome de Down se enquadra portanto dentro da categoria de DM.

A Síndrome de Down

    Para uma melhor compreensão sobre a Síndrome de Down (SD)4, é importante conhecer seu contexto histórico:

    O registro antropológico mais antigo da Síndrome de Down deriva das escavações de um crânio saxônico, datado do século VII, apresentando modificações estruturais, vista com freqüência em crianças com Síndrome de Down. Algumas pessoas acreditam que a Síndrome de Down tenha sido representada no passado em esculturas e pictografias. Os traços faciais e estatuetas esculpidas pela cultura Olmec à quase 3000 anos foram consideradas semelhantes aos de pessoas com Síndrome de Down (PUESCHEL, 1993, p.45).

    A SD é uma alteração genética, que ocorre durante a divisão celular do embrião (Fundação Síndrome de Down). O indivíduo com SD possui 47 cromossomos (e não 46), sendo o cromossomo extra ligado ao par 21. Intimamente ligada a um excesso de material cromossômico, tem nítida relação com a idade dos pais. Quanto mais idosos eles forem maior a probabilidade de gerarem um filho com essa síndrome, que vem necessariamente associada a um comprometimento intelectual e a uma hipotonia (redução do tônus muscular). Não está vinculada a consangüinidade, isto é, laços de parentesco entre os pais. Esta alteração genética pode ser apresentar de 3 formas:

    Para desenvolver todo seu potencial, a pessoa com SD necessita de um trabalho de estimulação desde seu nascimento. Ela faz parte do universo da diversidade humana e tem muito a contribuir com sua forma de ser e sentir para o desenvolvimento de uma sociedade inclusiva.

    Principais características do indivíduo com Síndrome de Down

Aspectos Clínicos

Frequência (%)

Comprometimento Intelectual

100

Hipotonia muscular generalizada

99

Fenda palpebral oblíqua

90

Aumento de vascularização retiniana

90

Ausência do Reflexo de Moro

85

Microcefalia

85

Occipital achatado

80

Hiperextensão articular

80

Mãos largas, dedos curtos

70

Baixa Estatura

60

Clinodactilia do 5º dedo

50

Defeitos Cardíacos

50

Orelhas de implantação baixa

50

Orelhas displásicas

50

Epicanto

40

Prega palmar transversa única

40

Instabilidade atlanto-axial

40

Instabilidade rótulo-femural

10

Fonte: Fundação Síndrome de Down5

Capacitação profissional

    De acordo com a revista Nova Escola (2006), a dificuldade em aceitar aquilo que aparentemente foge da normalidade é a origem do preconceito. As pessoas temem o que não conhecem.

    Segundo Marques (2001), os problemas vividos pelos alunos durante o processo educacional se agravam diante da constatação de que a quase totalidade dos professores em exercício desempenha suas atividades a partir da precária formação recebida nos cursos secundários ou mesmo nos cursos superiores por eles freqüentados, contribuindo para que suas concepções e seus conhecimentos se cristalizem cada vez mais, comprometendo sua capacidade de reflexão e a disposição para a mudança.

    Collares e Moysés (1995, p. 96) enfatizam a precariedade do sistema educacional brasileiro em relação à má-formação de seus professores, ressaltando que:

    A situação se agrava quando este professor entra no mercado de trabalho, principalmente na rede pública, e encontra uma instituição regida por uma política de desvalorização profissional do professor, que se concretiza através de baixos salários e da deterioração das condições de trabalho, com carga horária excessiva e múltiplos vínculos e jornadas. Tudo isso acrescido pela inexistência de uma política de capacitação docente.

    Sendo assim, podemos perceber diante desta situação que devemos nos empenhar para melhorarmos a qualidade de ensino para alunos com deficiência, seja ela de qualquer natureza, através de uma melhor prática pedagógica e especialização contínua.

    A principal finalidade da Educação, da infância à adolescência, é a de preparar os indivíduos para serem eficazes e bem sucedidos na vida adulta. Assim, a boa educação oferece uma combinação de habilidades básicas e especializadas. Para proporcionar esse tipo de educação para crianças com Síndrome de Down, os educadores devem conhecer os desafios e problemas que essas crianças enfrentam, e como respondem melhor a tais desafios (PUESCHEL,1993, p.183).

    O papel do educador é fundamental para concretizar o processo de aprendizagem num grupo heterogêneo. O professor não pode apavorar-se, nem ficar tocado emocionalmente, porque a última coisa que essas crianças precisam é de pena. Portanto, é de suma importância questionar: como os profissionais e as instituições estão se preparando para atender as exigências apresentadas?

    Hegarty (2001) afirma que as escolas inclusivas devem realizar ações em 3 áreas:

    Aviz (1998) ressalta que a atividade física e / ou esporte, pode significar para o portador de deficiência, o desenvolvimento de auto-estima, a melhoria de sua auto-imagem, o estímulo à independência, a integração com outras pessoas, uma experiência enriquecedora com seu próprio corpo, além de uma oportunidade de testar suas possibilidade, prevenir-se contra deficiências secundárias e integrar-se consigo mesmo e com a sociedade. E também, a melhoria na qualidade de vida, diversão, prazer, espírito competitivo, e diversas outras formas de interesse e satisfação pessoais.

    Krug (2002), dizem que o aluno portador de necessidade educativas especiais necessita de atividades físicas especializadas tanto quanto o aluno considerado normal. Salientam que um bom trabalho na área de EF ajuda o aluno portador de deficiência amenizando suas frustrações, entretanto o trabalho para ter bons resultados tem que ser bem planejado e executado. Destacam ainda que o profissional que opta por esse trabalho tem que ter a boa formação teórica, isto é, um bom conhecimento na área de Educação Especial e de Educação Física e, acima de tudo, ter muita força de vontade, garra e amor. Desta forma, a EF poderá tornar-se um processo facilitador da inclusão das pessoas portadoras de necessidades educativas especiais na escola (KRUG, 2002). A Revista Nova Escola (2006), ressalta alguns dados que devemos levar em consideração: 41% dos alunos (um total de 262.243 crianças e jovens) com deficiência estão em classes inclusivas;179% foi o crescimento do número de escolas inclusivas (subiu de 13.592 em 2000 para 38.019 em 2005); 82,3% dos municípios do Brasil (4.582) oferecem Educação Especial na sua rede de ensino; e 91% da matrículas de crianças com deficiência (66.900) em 2005 foram feitas em escolas regulares.

    Avançamos muito, mas falta um longo percurso para construir uma sociedade que respeite as diferenças...

Métodos, materiais e análise dos resultados

    De acordo com Thomas e Nelson (2002), este trabalho é caracterizado como uma pesquisa descritiva, no qual foi aplicada através de um questionário.

    O mesmo foi respondido pela coordenação ou responsável pela contratação do profissional que atua na EF dessas instituições pesquisadas, podendo participar das respostas, também, as diretorias ou presidências dessas instituições.

    O mesmo foi entregue aos responsáveis para seu preenchimento, sendo tiradas dúvidas durantes a obtenção dos dados. Foram coletados dados em três instituições da cidade de Campinas-SP (A,B e C), que desenvolvem trabalho específico com pessoas portadoras da SD e desenvolvem um trabalho coordenado por profissionais de diferentes áreas de educação e saúde, como: pedagogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, profissionais de EF, teatro, música e dança, professores da área pedagógica, informática e voluntários.

    O questionário apresenta 12 perguntas objetivas. Nas questões 1 e 2 é observada a EF na instituição, como sua existência na grade horária, freqüência por semana e por turma; Nas questões 3, 4 e 5, é analisado se há voluntários da instituição que atuam nas atividades de EF, sendo analisados como pertencentes ou não da área de EF, sua quantidade, graduações e especializações; Nas questões 6, 7, 8 e 9, verificamos se o profissional que atua e desenvolve as atividades da EF é especializado e/ou responsável pela atuação com portadores com SD, assim, checando como as modalidades e/ou atividades que são criadas pela instituição ou pelo profissional responsável, no qual, se há adaptações ou não em suas implantações; Nas questões 10, 11 e 12 verificamos a importância da EF para os pais dos alunos freqüentadores e a posição da instituição com relação ao profissional de EF em seus domínios, no qual analisamos a importância dele para ela e para seus alunos.

Tabulação dos dados do questionário “A importância e a colaboração da Educação Física em instituições especializadas em Síndrome de Down de Campinas” e análises

    As respostas foram relatadas pela classificação das instituições pesquisas, correspondendo: Instituição A, Instituição B e Instituição C, pelo comprometimento de sigilo.

Comentários e observações

Considerações finais

    Através das análises realizadas, notamos que a EF está muito presente nas instituições que pesquisamos, mostrando a grande importância dela para as pessoas que nelas trabalham e necessitam. A inclusão social é o grande foco para estas instituições, ajudando a sociedade a compreender melhor as diferenças e necessidades, tornando cada vez menor os preconceitos impostas à elas.

    A EF melhora as condições motoras, psicológicas e sociais das pessoas que nelas são trabalhadas. A EFA não é realizada de forma primordial ao serem realizadas as atividades, pois são verificadas as condições essenciais de saúde de cada indivíduo, sendo que muitos, segundos relatos, vivenciam de forma alegre e divertida pelo gosto as atividades. Mas sua aplicação é fundamental e necessária, pois no que foi exposto, o diagnóstico clínico dos indivíduos limita sua participação efetiva nas atividades.

    Aos futuros profissionais de EF, notamos que temos muito à oferecer a estas instituições. Temos importância, colaboração e espaço das mesmas para trabalhar cada vez melhor, notando que a especialização é necessária para o conhecimento de tudo que temos responsabilidades pelas vidas das pessoas envolvidas. A adaptação ou ajuste de acordo com Winnick (2004), deve ser realizada com consciência e sabedoria, sabendo que a SD não necessita muito dela. Então, formandos e profissionais de EF, se atualizem e se especializem, pois a responsabilidade pela vida de todas pessoas que trabalham conosco diretamente ou indiretamente, é totalmente nossa.

    O objetivo contundente do questionário utilizado, não foi analisar a visão do profissional de EF que atua nestas instituições, mas ver a opinião sobre eles, podendo assim, colaborar e obter uma grande importância no desenvolvimento entre as áreas da EF e das instituições, em beneficio principal aos portadores de SD. Temos consciência que este estudo deveria ser realizado e respondido por mais instituições, principalmente as não particulares, já que o questionário somente foi respondido por instituições particulares. Inicialmente poderá ser uma ajuda para futuras pesquisas, melhorias em estudos e colaborações adequadas para as áreas que se nele interessam.

    O que propomos é que o questionário seja melhorado e aplicado também para os profissionais da nossa área, pois obtivemos respostas muito simples, não podendo ser realizada uma verificação de análise mais aprofundada. Deixamos claro que a ajuda já começou com este, mas temos totais condições para podermos melhorar ainda mais de nossa área em outros enfoques de trabalho.

Notas de rodapé

  1. Queremos auxiliar, tanto o profissional de EF, como a instituição que atua com alunos com SD, na percepção da importância que elas apresentam para ambos e, assim, ajudar no fornecimento destas informações para futuras comparações ou necessidades especializadas ao atendimento deste público. Temos como principal meta mostrar, esclarecer, ajudar e desafiar os formandos ou profissionais da área de EF e instituições que trabalham e lutam pela melhoria da qualidade de vida dessas pessoas, de que a EF também é muito importante para alunos com SD, nestas instituições.

  2. Em 1975, nos Estados Unidos criou-se uma lei para garantir que todas as crianças portadoras de doenças incapacitantes tenham a sua disposição uma educação apropriada, pública e gratuita, com ênfase na educação especial (inclusive educação física) e nos serviços relacionados que supram suas necessidades especiais: o “Education for All Handicapped Children Act”, de 1975 (WINNICK, 2004). Os regulamentos ligados à IDEA definem educação física como: “[...] o desenvolvimento de (a) aptidão física e motora, (b) habilidades e padrões motores fundamentais e (c) habilidades de esportes aquáticos, danças e jogos e esportes individuais e coletivos ( incluindo esportes para a vida toda e competições escolares internas)” (WINNICK, 2004, p. 14). O termo abrange educação física especial, educação física adaptada, educação do movimento e desenvolvimento motor. A IDEA exige que a educação especial, inclusive a EF, esteja à disposição das crianças portadoras de deficiência, e que as inclua à educação física especialmente programada (se necessário) para suprir suas necessidades especiais (WINNICK, 2004).

  3. A partir de maio de 1976, a Organização Mundial da Saúde (OMS) diferencia deficiência de incapacidade e desvantagem (handicap). As deficiências são relativas a toda alteração do corpo ou da aparência física, de um órgão ou de uma função qualquer que seja a sua causa, e significam perturbações ao nível do órgão. Já as incapacidades refletem as conseqüências das deficiências em termos de desempenho e atividade funcional do indivíduo, e representam perturbações ao nível da própria pessoa. As desvantagens (handicaps) dizem respeito aos prejuízos que o indivíduo experimenta devido à sua deficiência e incapacidade, e refletem a adaptação do indivíduo e a interação dele com o seu meio (OMS, 1998, p. 21 apud Amiralian et al, 2000).

  4. A SD foi descrita em 1866 por John Langdon Down, um médico inglês que foi quem descreveu as características da síndrome, e que acabou sendo batizada com o seu nome. Ele descobriu que a causa da SD era genética, pois até então, a literatura relatava apenas as características físicas e aparentes que indicavam a síndrome. Foi identificada pela primeira vez pelo geneticista francês Jérôme Lejeune em 1958. O Dr. Lejeune dedicou a sua vida à pesquisa genética visando melhorar a qualidade de vida dos portadores da Trissomia do 21. Desde então, campanhas têm sido realizadas para a divulgação do nome Síndrome de Down ou Trissomia do 21.

  5. O número percentual refere-se à incidência na população com SD. A confirmação da síndrome é dada pelo exame do cariótipo (análise citogenética). Através destes dados, podemos então afirmar que em 100% dos casos de SD, os indivíduos precisam de cuidados especializados, pois como mostra a tabela acima, há diversos fatores que devemos observar na grande maioria dos casos, e o comprometimento intelectual, hipotonia muscular generalizada são aspectos que estão diretamente ligados a EF.

  6. Assim, entendemos que a necessidade do trabalho especializado é muito importante para as pessoas que necessitam, pois ficamos responsáveis pelas vidas destas pessoas, como que por todos em que temos contato profissional. Devemos levar a EF para o grau mais alto da responsabilidade humana, por ser uma área de atuação que deve ser flexível a ponto de entender a todos os indivíduos.

  7. Nas questões acima, são observadas a grande influência da EF nas instituições, relatando que o profissional da área possui total condição e apoio de trabalho. Notamos que voluntários da nossa área de atuação, especificamente, não são presentes nas instituições.

  8. Nas questões 6 a 9, analisamos que quem determina e desenvolve as atividades são os professores de EF. Logo, estas atividades somente são realizadas somente após aprovação das coordenações das instituições. É notado que a adaptação às atividades fica por conta do histórico clínico dos alunos, sendo que o professor analisa e se responsabiliza inteiramente pelos alunos. Então, fica evidente que o profissional de EF necessita de maiores respaldos para o trabalho com as pessoas com SD, pois vemos que suas formações são somente de graduação na área. Claro que com a vivência no trabalho diário, ou seja, aplicação prática com os portadores com SD, o profissional se adapta ao trabalho, mas não o suficiente para um trabalho mais completo.

  9. Nas questões 10 a 12 e comentários, vemos que a EF é muito importante para os pais e para as instituições, observando a ajuda em que ela representa para os alunos no desenvolvimento físico, psicológico e inclusão social. Além disto, integra outros profissionais que nestas instituições atuam, melhorando o convívio pelo principal foco, que é a integração social.

Referências bibliográficas

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