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As contribuições de um programa de exercicios físicos

aeróbios para pacientes com insuficiência renal crônica: 

um estudo de caso fenomenológico

Contributions of a program of aerobic physical exercises for patients 

bearing chronic renal insufficiency: a phenomenologycal research

 

*Licenciado em Educação Física (UNICRUZ)

Especializando em Ciência do Movimento Humano (UNICRUZ)

Especializando em Educação Física Escolar (UFSM)

**Licenciada em Educação Física (UFPEL)

Especialista e Mestre em Ciência do Movimento Humano (UFSM)

Professora da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ)

Rodrigo de Rosso Krug*

rodkrug@bol.com.br

Marília de Rosso Krug**

mrkrug@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Este estudo de abordagem qualitativa de cunho fenomenológico objetivou analisar as contribuições de um programa de exercícios físicos aeróbios para pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC), submetidos à Hemodiálise (HD) na Clínica Renal do Hospital Santa Lúcia de Cruz Alta - RS. As informações foram coletadas através da bibliografia existente e com entrevistas semi-estruturadas, gravadas e transcritas pelo próprio autor, tendo sua interpretação seguida pela análise fenomenológica. Participaram do mesmo 13 pacientes com IRC, que realizavam HD na referida clínica, destes 12 eram do gênero masculino e 2 do feminino, com médias de idade de 45,33 anos. Os participantes foram selecionados em função do horário e dias em que realizavam a HD. Foram realizadas 40 sessões, três vezes semanais, com duração inicial de 20 minutos evoluindo até uma hora, de exercícios físicos aeróbios (bicicleta ergométrica) sucedidos de 2 minutos de alongamentos. Este treinamento teve como contribuições: a melhora da locomoção, a diminuição da dor corporal, fazer o tempo de tratamento parecer passar mais rápido, a melhora do condicionamento físico, a melhora da circulação sangüínea, o relaxamento da musculatura corporal, o aumento da força dos músculos dos membros inferiores, o aumento da sensação de bem estar e o controle da pressão arterial. Conclui-se que este tipo de treinamento é muito importante para esta população, já que os pacientes com IRC identificaram muitas contribuições positivas, tanto fisiológicas como psicológicas, do mesmo para a sua saúde.

          Unitermos: Contribuições. Exercícios físicos aeróbicos. Insuficiência renal crônica. Hemodiálise.

 

Abstract

          The present qualitative approach study of phenomenological background had the purpose of analyzing the contributions of a program of aerobic physical exercises for patients bearing Chronic Renal Insufficiency (IRC) submitted to Hemodialysis (HD) in the Hospital Santa Lucia from Cruz Alta, RS. Information has been collected from the bibliography available and semi-structured interviews were recorded and transcribed by the author himself with his respective interpretation followed by phenomenological analysis. Took part in the study 13 patients bearing IRC and under hemodialysis treatment in the referred hospital. They were 11 male and 2 female aging 45,33 years in average. Participants were selected according to the time and days they were submitted to hemodialysis. Forty sessions of aerobic physical exercises (ergometric bicycle) ranging from 20 minutes to 1 hour and followed by a 2 minutes-stretching have been developed three times a week. This training provided the following contributions: improvement of locomotion, decrease of corporal pain, a feeling like time was passing faster, improvement of physical conditioning, improvement of blood circulation, relaxation of body musculature, enhancement of the lower members’ muscular strength, enhancement of the well-being sensation and the control of the blood pressure. It is concluded that this type of training is quite valid and important for that population once that patients bearing IRC recognized a lot of physiological and psychological positive contributions in it.

          Keywords: Contributions. Aerobic physical exercises. Chronic renal insufficiency. Hemodialysis.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 126 - Noviembre de 2008

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O ponto de partida da investigação

    Atualmente, segundo Bastos et al. (2004), as doenças crônicas não transmissíveis são umas das principais causas de mortalidade e incapacidade no mundo. Entre essas doenças encontramos a insuficiência renal crônica (IRC).

    Para Draibe e Ajzen (2002) a IRC é uma síndrome metabólica causada pela perda da função excretória do rim. Já para Romão Jr. (2004), é uma perda progressiva e irreversível da função glomerular, tubular e endócrina dos rins, sendo considerada, uma lesão renal.

    A expressão IRC é aplicada a toda condição patológica de instalação gradual capaz de deteriorar em graus variáveis a capacidade funcional renal (PAOLUCCI, 1977).

    De acordo com Draibe e Ajzen (2002) a IRC pode ser causada principalmente pela glomerulite, pela nefropatia crônica, pela necrose cortical renal, por doenças hereditárias renais, e principalmente, segundo Romão Jr. (2004) e Nissesson e Fine (2002) pela hipertensão arterial e pela diabete mellitus.

    Muitas são as conseqüências desta patologia para o organismo humano. Quando o rim está anormal, começam a surgir complicações neurológicas, gastrintestinais, cardiovasculares, pulmonares, hematológicas e metabólicas (DRAIBE; AJZEN, 2002).

    Moreira e Barros (1998) citam que pacientes com IRC sofrem diversas alterações no seu organismo decorrente da síndrome metabólica, tais como: anemia, cardiopatias, miocardiopatia, hipertensão arterial, neuropatia urêmica, fadiga, desnutrição, metabolismo energético anormal, depressão, dor e fraqueza nos membros inferiores, dificuldades na marcha, câimbras e uma diminuição da resistência aeróbia, o que prejudica a capacidade funcional desta população, e aumenta a limitação deste para a prática de exercícios físicos.

    Outro fator que prejudica a capacidade funcional dos pacientes com IRC é que quando uma pessoa apresenta o diagnóstico da doença, esta costuma ficar um longo período de inatividade física, levando ao descondicionamento, limitando assim a sua capacidade de realizar atividades físicas (MOREIRA; BARROS, 2000).

    Wilson, Buller e Lindsay (1992) relatam que além de todas essas alterações já citadas, somam-se a elas a diminuição da massa muscular, as contraturas, as atrofias musculares, a diminuição da amplitude de movimento nas articulações e a osteoporose.

    Muitas pessoas possuem IRC, e para sobreviver, todas elas necessitam de algum tipo de terapia renal substitutiva.

    Ao longo dos anos surgiram várias formas de tratamento para esta doença, seja ele em ambiente assistido (clínicas e hospitais) ou domiciliar (BAXTER, 2002).

    Hering e Srougi (1998) explicam que há dois tratamentos distintos para IRC: 

  1. O tratamento conservador - para os pacientes na fase pré-dialítica; e, 

  2. O tratamento por diálise - para os pacientes na fase terminal.

    Os pacientes que têm IRC em fase terminal possuem três métodos de tratamento para substituir as funções do rim: 

  1. A diálise peritoneal

  2. A hemodiálise (HD); e, 

  3. O transplante renal (MALNIC; MARCONDES, 1997).

    Neste estudo nos deteremos somente a explicar a HD, pois é o tratamento ao qual a população deste está submetida.

    Draibe e Ajzen (2002) explicam que a HD é um processo pelo qual os produtos tóxicos são removidos do organismo, através de um rim artificial, até que o mesmo entre em equilíbrio, atingindo níveis normais.

    A HD ocorre geralmente três vezes por semana em dias alternados por aproximadamente quatro horas, dependendo do estado de saúde do doente.

    Indivíduos com IRC têm sua sobrevida prolongada devido ao tratamento hemodialítico (MEDEIROS et al., 2002), mas Casaburi (2004) ressalta que mesmo realizando a HD este paciente freqüentemente apresenta um baixo nível de aptidão física, conseqüentemente de sua capacidade funcional, apresentando de acordo com Forrest et al. (2004) uma grande redução na resistência aeróbia, na força muscular e uma menor mobilidade.

    Devido a todos estes fatos buscou-se proporcionar a esta população um programa de reabilitação baseado em exercícios físicos aeróbios, pois, segundo Almeida (2001), a reabilitação busca melhorar a qualidade de vida de seus pacientes, promovendo sua independência, melhorando sua auto-estima, diminuindo o stress, melhorando seu condicionamento físico.

    Matsudo et al. (2001) afirmam que os principais benefícios à saúde advinda da prática de exercícios físicos referem-se aos aspectos antropométricos, neuromusculares, metabólicos e psicológicos. Os efeitos metabólicos apontados pelos autores são os aumentos do volume sistólico; da potência aeróbia; da ventilação pulmonar; a melhora do perfil lipídico; a diminuição da pressão arterial; a melhora da sensibilidade à insulina e a diminuição da freqüência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo. Com relação aos efeitos antropométricos e neuromusculares ocorre, segundo os autores, a diminuição da gordura corporal, o incremento da força e da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade.

    Segundo Daugirdas (1996) a atividade física melhora o perfil lipídico, hematócrino e a pressão arterial desses indivíduos, além de aumentar-lhes a auto-estima.

    A escolha do tipo de exercício físico que foi feito nesta investigação deveu-se ao fato de que o treinamento mais indicado para pacientes em HD, segundo Marieke et al. (2005), é o que envolve exercícios de resistência muscular e de atividades aeróbias.

    Desta forma então, surgiu o problema que estimulou esta investigação: - Qual é a contribuição de um programa de exercícios físicos aeróbios, na bicicleta ergométrica, para os pacientes com IRC, submetidos a HD na Clínica Renal do Hospital Santa Lúcia de Cruz Alta - RS, na opinião destes mesmos pacientes?

    Conseqüentemente, o objetivo geral da investigação foi analisar a contribuição de um programa de exercícios físicos aeróbios para pacientes com IRC, na bicicleta ergométrica, para os pacientes com IRC, submetidos a HD na Clínica Renal do Hospital Santa Lúcia de Cruz Alta - RS, na opinião destes mesmos pacientes.

    Para facilitar o cumprimento do objetivo geral, o mesmo foi desmembrado nos seguintes objetivos específicos: 

  1. Identificar as contribuições positivas de um programa de exercícios físicos aeróbios para pacientes com IRC submetidos a HD na referida clinica, na opinião destes mesmos pacientes; e, 

  2. Identificar as contribuições negativas de um programa de exercícios físicos aeróbios para pacientes com IRC submetidos a HD, na opinião destes mesmos pacientes.

    A importância desta investigação ter sido realizada está na contribuição que os exercicios fisicos aeróbios desenvolvidos durante a sessão de HD trouxeram para os pacientes com IRC da Clínica Renal do Hospital Santa Lúcia de Cruz alta - RS, na opinião destes mesmos pacientes, pois existem muitos estudos que mostram os beneficios deste tipo de treinamento para esta população a fins fisiológicos e psicológicos, medidos através de testes padronizados, e poucos estudos que relatem os beneficios deste treinamento na visão de quem o pratica, sendo que é de extrema importância saber o que a população estudada acha sobre o experimento aplicado.

A fenomenologia como caminho da investigação

    Esta investigação caracterizou-se por ser de abordagem qualitativa com enfoque fenomenológico. Conforme Triviños (1987, p.125): “a pesquisa qualitativa de natureza fenomenológica surge como forte reação contrária ao enfoque positivista, privilegiando a consciência do sujeito e entendendo a realidade social como uma construção humana”.

    O autor explica que, para a realização de uma pesquisa qualitativa do tipo fenomenológico não é necessário, por exemplo, a elaboração de hipóteses empiricamente testadas, de testes estatísticos, tampouco de esquemas rígidos de trabalho, determinados aprioristicamente. Antes, sim, é importante que o pesquisador desenvolva certa dose de flexibilidade, no sentido de re-elaborar, substituir, ou mesmo suprimir formulações, de acordo com as evidências e resultados que vai obtendo ao longo da pesquisa.

    Segundo Koogan e Larousse (1990, p.37) “a fenomenologia é o estudo descritivo de um conjunto de fenômenos”. A intenção da fenomenologia é de não separar o homem e o mundo, mas reuní-los na estrutura da experiência intencional. Rezende (1995) propõe encarar o fenômeno como uma estrutura, reunindo, dialeticamente, na intencionalidade, o homem e o mundo, o sujeito e o objeto, a existência e a significação.

    Esta investigação também assumiu a forma de estudo de caso, pois, segundo Goode e Hatt (1968, p.17): “o caso se destaca por se constituir numa unidade dentro de um sistema mais amplo”. O interesse incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo que posteriormente fiquem evidentes certas semelhanças com outros casos ou situações.

    Para esta investigação foi significativo usar, para a coleta de informações, a pesquisa bibliográfica e a entrevista semi-estruturada. A primeira foi à base do referencial teórico elaborado, a partir dos conceitos e posicionamentos emitidos pelos autores que abordam a temática proposta, servindo como fundamentação deste estudo. Foi importante este momento porque possibilitou ampliar conhecimentos e discussões sobre o assunto em foco.

    Carvalho (1987, p. 110) diz que: “a pesquisa bibliográfica é a atividade de localização e consulta de fontes diversas de informações escritas, para coletas dados gerais e específicos a respeito de determinado tema”.

    Um dos pontos ressaltados é o de que toda pesquisa realizada em documentos escritos pode ser denominada de pesquisa bibliográfica. Ela também é a base imprescindível para qualquer tipo de pesquisa, pois não pode existir investigação científica, sem antes haver um conhecimento das contribuições teóricas existentes em textos que já abordaram com maior ou menor incidência o assunto a ser estudado.

    Foi também utilizada, na coleta de informações, a entrevista semi-estruturada que segundo Triviños (1987, p. 146) é aquela que “parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo, à medida que se recebem as respostas do informante”.

    As questões norteadoras que comporão a entrevista semi-estruturada foram às seguintes: 

  1. Qual(is) foi(foram) a(s) contribuição(ões) positiva(s) que você notou ao fazer parte do programa de exercícios físicos, com treinamento aeróbio na bicicleta, durante esses 4 meses? e, 

  2. Qual(is) foi(foram) a(s) contribuição(ões) negativa(s) que você notou ao fazer parte do programa de exercícios físicos, com treinamento aeróbio na bicicleta, durante esses 4 meses?

    A interpretação das informações seguiu a metodologia de análise fenomenológica proposta por Giorgi (1986) que cita quatro procedimentos na análise. São eles: 

  1. O sentido do todo - etapa da "descrição do fenômeno". A descrição é um modo de acesso à situação conforme vivida pelo sujeito e o pesquisador está presente na situação, através do meio oferecido pela linguagem que pode ser de forma oral, através de entrevistas gravadas e depois transcritas em forma escrita através de documentos; 

  2. As unidades de significado - a partir do sentido do todo, obtido pela descrição do fenômeno, processa-se a ‘redução fenomenológica’. Esta é também tomada como instrumento metodológico que fornece à pessoa a possibilidade de descrever a experiência sem os pressupostos metafísicos do senso comum, na atitude natural. Capta-se o sentido do todo e, então, volta-se ao início para discriminar as unidades de significado, conforme uma determinada perspectiva e com o foco no fenômeno que está sendo investigado; 

  3. Transformações das unidades de significado - para a fenomenologia toda realidade é tida como significativa, pois só o que tem sentido é real. O mundo é aquilo que percebemos. Ao atingirmos a essência do fenômeno ele se mostra em toda a sua significação. Retomamos todas as unidades, reescrevendo-as em função do fenômeno que está sendo investigado, ou seja, fazendo uma transformação das unidades de significado em linguagem educacional; e, 

  4. Síntese das estruturas de significado - partindo-se da valorização da verdade como critério fenomenológico que está presente na essência do fenômeno, elabora-se uma descrição harmoniosa e consistente que equivale à própria estrutura da experiência vivida pela pessoa. Transformar as unidades de significado em unidades estruturais de modo mais geral do que as do sujeito, de tal modo que respeitando sua experiência, possa transmitir o fenômeno como objeto de análise. Realiza-se, então a síntese de todas as unidades transformadas em uma perspectiva consistente.

    Também consideramos aqui, como um quinto procedimento, o que Comiotto (apud ODORIZZI, 1996) propõe, que é que a partir do sentido unitário e básico do fenômeno surjam dimensões fenomenológicas, nas quais as essências se mostram.

    Os participantes desta investigação foram 13 pacientes com IRC, sendo 12 do gênero masculino e 1 do feminino, com idade média de 45,33 anos, submetidos a HD na Clinica Renal do Hospital Santa Lúcia de Cruz Alta - RS que freqüentaram de um programa de exercícios físicos aeróbios (que constou de um treinamento de resistência muscular localizada na bicicleta ergométrica), onde a bicicleta era encaixada em um suporte de ferro que era fixado embaixo da poltrona do paciente, este foi realizado, no máximo, até as primeiras duas horas de hemodiálise, pois após este período, o débito cardíaco e a pressão arterial têm seus valores reduzidos, inibindo assim a capacidade de exercício (MOORE et al., 1998). O treinamento durou quatro meses, e era realizado três vezes por semana, começando com 20 minutos de exercícios aumentando progressivamente até 1 hora de duração, com intensidade determinada através da Escala de Borg (2000), mantendo nos valores entre 6 e 7 que caracterizam esforço moderado. Sempre, antes e após, as sessões de treinamento os pacientes realizaram exercícios de alongamento por 2 minutos.

Os achados da investigação: a interpretação dos significados

    Os relatos apresentados nas entrevistas, após o emprego da metodologia de análise fenomenológica, emergiram as essências das contribuições positivas e negativas do programa de exercícios aeróbios, para os pacientes com IRC, submetidos à HD. Elas são as seguintes:

As essências das contribuições positivas do programa de exercicios aeróbios na visão dos pacientes com IRC submetidos a HD

Primeira essência: Melhora da locomoção

    Uma das contribuições positivas do programa de exercicios físicos aeróbios na visão dos pacientes com IRC bastante relatada (4 ocorrências) foi a “melhora da locomoção”. Os depoimentos foram: “(...) melhorou prá mim caminhar (...)” (Paciente 1); “fazer exercícios ajuda nos movimentos (...)” (Paciente 2); “melhorou minha locomoção (...), e isto é muito bom porque venho caminhando para a hemodiálise (...)” (Paciente 3); “consegui me locomover melhor” (Paciente 9). Para fundamentar esta essência recorremos a Martins e Cesarino (2004) que explicam que dentre outros tantos problemas causados pela IRC está à parcial impossibilidade de locomoção, devido ao estado clínico geral de quem possui esta doença. Também Moreira e Barros (1998) e Forrest et al. (2004) citam a dificuldade na marcha como uma alteração causada pela IRC. Os achados do presente estudo estão de acordo com os relatos de Casaburi (2004), pois o mesmo salienta que o treinamento aeróbio em indivíduos sadios melhora tarefas prolongadas como caminhar ou subir e descer escadas, ou seja, melhora a locomoção de seus praticantes. Em indivíduos com IRC, que possuem grandes problemas de locomoção, como já foi citado anteriormente, supõe-se que ocorram efeitos parecidos. Cardoso (2006) é mais explicativo ao dizer que o exercício físico regular mantém e/ou aumenta a agilidade, a coordenação, o equilíbrio, diminui o medo de se movimentar e melhora o controle motor, ocasionando assim uma melhora da locomoção.

Segunda essência: Diminuição de dores no corpo

    Outra essência das contribuições positivas do programa muito citada (4 ocorrências) nos relatos dos pacientes foi a “diminuição das dores corporais”. Os depoimentos foram: “(...) diminuiu minha dor nas pernas (...)” (Paciente 2); “O maior benefício que eu tive foi a diminuição na dor das minhas pernas (...)” (Paciente 6); “(...) diminuiu a dor no meu corpo e nas juntas (...)” (Paciente 7); “(...) diminuiu a dor no corpo” (Paciente 12). Para justiificar esta essência nos reportamos a Pimentel et al. (2006) que, ao estudar a qualidade de vida de pacientes com IRC, verificou que o aspecto dor é muito alto nesta população. Também Davison (2003) ao investigar pacientes com IRC, submetidos a HD, encontrou resultados similares ao verificar que 50% da amostra da sua investigação apresentavam dores no corpo e que destes, 55,4% tinham dor classificada como severa. Já Krug et al. (2008) ao comparar um grupo de pacientes com IRC que fazia um treinamento aeróbio na bicicleta ergométrica durante a HD com um grupo de pacientes com IRC que não fazia exercicios, mas que também estava submetida à HD, constatou que o grupo ativo teve um índice melhor no aspecto da qualidade de vida ‘dor’, o que evidencia que o exercício fisico diminui a percepção de dor no corpo, fato este também constatado em estudos de Coelho et al. (2006) onde a dor teve uma diminuição importante após o programa de treinamento aeróbio.

Terceira essência: Fazer o tempo do tratamento parecer passar mais rápido

    Uma outra essência das contribuições positivas do programa fortemente identificada (4 ocorrências) nos depoimentos dos pacientes foi que o “treinamento fazia com que o tempo de HD parecesse passar mais rápido”. As falas foram às seguintes: “a bicicleta fazia o tempo de HD passar mais rápido (...)” (Paciente 2); “fazia que o tempo do tratamento passasse mais rápido” (Paciente 4); “(...) fazendo bicicleta passava mais rápido o tempo da hemo” (Paciente 6); “(...) fez o tempo passar mais rápido enquanto eu táva na clínica” (Paciente 13)”. Na literatura especializada sobre o conteúdo desta essência encontramos Martins e Cesarino (2005) que destacam que a HD é responsável por um cotidiano restrito e monótono, que limita as atividades desses indivíduos durante a mesma, favorecendo o sedentarismo e a deficiência funcional, fatores que se refletem na vida diária do paciente, além disso, Cesarino e Casagrande (1998) explicam que este tratamento causa uma brusca mudança na vida dessa população, sendo que estes, convivem com limitações, com um pensar constante na morte, além desta ser um tratamento muito doloroso. Com base nisto ficou evidenciado que o treinamento na bicicleta ergométrica além de ser um exercício físico que trás benefícios fisiológicos, também é uma espécie de entretenimento, uma diversão, que faz com que o paciente com IRC pense em outras coisas, se detenha no exercício, e não pense nos problemas da doença e nos percalços do tratamento fazendo com que o tempo pareça passar mais rapidamente.

Quarta essência: Melhora do condicionamento fisico

    Nas falas de alguns pacientes (3 ocorrências) ficou evidenciada que a “melhora do condicionamento físico” foi mais uma das contribuições positivas do programa de exercícios físicos aeróbios. As falas foram às seguintes: “melhorou minha resistência, agora já não canso tão facilmente como cansava antes” (Paciente 3); “(...) melhorou meu condicionamento físico para realizar minhas tarefas do campo” (Paciente 4); “andar de bici melhorou meu condicionamento” (Paciente 5). O conteúdo desta essência pode ser fundamentado por Zabetakis et al. (1982) que colocam que o paciente com IRC, por geralmente ter anemia, acaba tendo uma redução no transporte e oferta de oxigênio para os músculos, levando este precocemente a fadiga muscular e ao cansaço. Ainda Neto et al. (2000) ao avaliar 80 pacientes com IRC em oito unidades de diálise da Grande São Paulo observou um importante comprometimento do condicionamento físico desta população, que também foi constatado por Trentini et al. (2004), pois toda a amostra do seu estudo apresentava sintomas de cansaço, e a maioria demonstrou-se prejudicada no que se refere à disposição para praticar corridas e ou caminhadas além de um percurso de 300 metros, o que evidencia o baixo condicionamento físico desta população. Também Moreira e Barros (1998) citam o mesmo fato, mas ressaltam que através do exercício físico o condicionamento físico destes pacientes pode aumentar de 21 a 41%. Já Santos (2005) destacam que existem evidências na literatura de que a implementação de um programa para a prática regular de atividades físicas para pacientes submetidos à HD pode melhorar o condicionamento físico dos mesmos. Greef (2004) ao realizar uma intervenção na Holanda com a bicicleta ergométrica durante a HD associado a um treinamento de força muscular pré-diálise em 96 pacientes com IRC constatou uma melhora do condicionamento físico desta população. Resultados assim também foram encontrados por Coelho et al. (2006) ao realizar o mesmo tipo de treinamento, no mesmo tipo de população. Já Krug et al. (2008) em um estudo com esta mesma população, encontrou resultados similares ao aplicar somente o treinamento aeróbio em pacientes submetidos a HD. Ainda Cardoso (2006) em sua pesquisa observou o aumento desta variável, tanto no grupo que fazia os exercícios aeróbios durante a HD como no grupo que fazia os exercícios nos dias contrários ao tratamento, o que evidencia claramente que o exercício aeróbio melhora o condicionamento físico desta população, sendo ele realizado durante a HD ou em dias contrários a esta.

Quinta essência: Melhora da circulação sangüínea

    Outra essência das contribuições positivas do programa de exercícios físicos aeróbios na visão de alguns pacientes (2 ocorrências) foi à “melhora da circulação sangüínea”. As falas dos Pacientes 2 e 7 foram respectivamente às seguintes: “(...) melhorou minha circulação do sangue no corpo (...)”; “(...) senti que melhorou a circulação”. Fundamentamos a ocorrência desta essência em Bruton (2002 apud BOSCO et al., 2004) que em seu estudo demonstrou que os exercícios de resistência muscular localizada podem contribuir para o aumento da circulação sangüínea, e que o exercício com predominância aeróbia melhora a circulação sangüínea do membro que está sendo exercitado. Ainda Gusmão, Galvão e Possante (2002) afirmam que a circulação e o fluxo sangüíneo renal estão diretamente relacionados com a prática do exercício e sua intensidade. Já Greef (2004) ao realizar um treinamento aeróbio associado a um treinamento de força muscular evidenciou que este melhora a circulação sangüínea nos músculos dos pacientes com IRC. Ainda Salvador e Kalinine (s.d.) afirmam que toda e qualquer atividade fisica realizada de forma regular melhora a a circulação sangüínea.

Sexta essência: Relaxamento da musculatura do corpo

    Facilmente podemos desvelar nas falas de alguns pacientes (2 ocorrências) que o “relaxamento da musculatura corporal” foi mais uma essência das contribuições positivas do programa de exercícios físicos aeróbios. As falas dos pacientes foram às seguintes: “(...) a musculatura do corpo ficava descontraída” (Paciente 1); “sentia minhas pernas relaxadas quando eu fazia bicicleta” (Paciente 3). Esta contribuição citada pelos participantes do estudo, se deve ao fato de os mesmos terem realizado sessões de alongamento após o exercício aeróbio, pois, segundo Yeng et al. (2001), os exercícios isométricos, aonde se inclui o alongamento, proporcionam o relaxamento da musculatura corporal, já que, os músculos dos doentes que sentem muitas dores, o que é muito comum nos pacientes com IRC, tornam-se tensos e descondicionados. Avela e Komi (1986) explicam que o relaxamento muscular está associado ao tempo de tensão (alongamento) exercido sobre o músculo, o que evidencia ainda mais a qualidade dos exercícios de alongamento feitos neste treinamento, pois o relaxamento muscular foi uma contribuição positiva do mesmo. A prática regular de exercícios suaves, aonde se inclui o alongamento, tem sido associada à diminuição da tensão muscular e ao relaxamento muscular (SIVIERO, s.d.). Em um estudo de caso realizado por Tavares (2001) com um paralisado cerebral ficou evidenciado que o alongamento tem efeitos benéficos sobre a tensão muscular, ocasionando um relaxamento da musculatura exercitada.

Sétima essência: Aumenta a força dos músculos dos membros inferiores

    Podemos desvelar nas falas de alguns pacientes (2 ocorrências) que a o “aumento da força da musculatura das pernas” foi mais uma essência das contribuições positivas do programa de exercícios físicos aeróbios. Os depoimentos foram os seguintes: “(...) aumentou a força nas minhas pernas (...)” (Paciente 1); “o treinamento melhorou meus músculos das pernas (...)” (Paciente 12). A respeito do conteúdo desta essência citamos Coelho et al. (2006) que destaca que a fraqueza muscular é uma complicação da IRC que ocorre por causa da deficiência de carnitina, da desnutrição, da miopatia, da atrofia muscular, do excesso e toxicidade do hormônio paratireóideo e de toxinas urêmicas. Já Trentini et al. (2004) ao aplicar o questionário McMaster health index em pacientes com IRC, questionário este desenvolvido para analisar a qualidade de vida de pessoas em condições crônicas, verificou que 100% da sua amostra possuía fraqueza muscular. Além disso, Kamimura et al. (2004) acrescenta que homens submetidos a HD têm uma reduzida massa muscular, e Moreira e Barros (1998) explicam que esta população tem uma redução de força muscular de 30 a 40% se comparados a indivíduos normais. Em um estudo de Oh Park et al. (2002 apud MARTINS: CESARINO, 2004) onde 18 pacientes com IRC realizaram treinamento aeróbio e de força muscular ficou evidenciado a melhora da força muscular desta população ao final do treinamento. Isto também ficou constatado na pesquisa de Campos et al. (2008) que mostrou que o treinamento aeróbio em bicicleta ergométrica melhora os níveis de força de membros inferiores. Casaburi (2004) explica que o aumento de massa muscular através de exercícios aeróbios se dá somente nos músculos que participam dos exercícios. Deve-se a isto o fato dos relatos dos pacientes desta investigação ser referente somente a musculatura dos membros inferiores, pois estes fizeram um treinamento na bicicleta ergométrica, melhorando assim o aumento da massa muscular dos membros inferiores.

Oitava essência: Aumenta a sensação de bem-estar

    Outra essência das contribuições positivas do programa identificada no depoimento do Paciente 11 foi que este fez com que a “sensação de bem-estar aumentasse”. O depoimento foi: “fazer bicicleta fez eu me sentir melhor no dia a dia”. Quanto ao conteúdo desta essência reportamo-nos a Trentini et al. (2004) que salienta que a HD geralmente está associada ao sentimento de mal-estar, e os pacientes submetidos a este tratamento podem manifestar sentimentos de tristeza, depressão, frustração e raiva. Já Martins e Cesarino (2005) destacam que a melhora do bem-estar físico e mental pode ajudar na recuperação da autonomia, na recuperação das atividades de lazer e trabalho e ajuda também na preservação da esperança desta população em especial. Com isso explica-se a importância do exercício físico para pessoas que fazem HD, pois este faz com que este paciente melhore seu bem-estar físico e psicológico, fazendo com que o mesmo tenha uma atitude positiva perante si próprio, um propósito na vida, fique apto a lidar com as exigências do dia a dia, possua vínculos de afeto com os professores e com os outros participantes do grupo de exercícios e aumente a sua autonomia. Nahas (2003) diz que pessoas que tem um estilo de vida mais ativo, ou seja, que fazem exercícios, tendem a ter uma auto-estima maior e uma percepção de bem-estar psicológico positivo. Cardoso (2006) acrescenta que o exercício físico regular proporciona um maior bem-estar, principalmente durante está fase difícil que é o tratamento da IRC, e a espera por um transplante renal.

Nona essência: Controle da pressão arterial

    Outra essência das contribuições positivas do programa de exercícios físicos aeróbios na visão do Paciente 13 foi o “controle da pressão arterial”. A fala do paciente foi à seguinte: “a bicicleta melhorou minha pressão arterial, pois quando eu chegava às enfermeiras mediam minha pressão e cada dia ela estava mais controlada (...)”. Na literatura especializada sobre o conteúdo desta essência encontramos que em um estudo realizado na Unidade de tratamento Hemodialitico do Hospital de Base da Funfarme em São José do Rio Preto-SP constatou-se que 66,15% dos 124 pacientes desta clínica tinham hipertensão arterial sistêmica, e que 1/4 desta população teve a hipertenção arterial como principal causa da IRC (MARQUES; PEREIRA; RIBEIRO, 2005), fato também diagnosticado por Medeiros et al. (2002), que constatou que 34% da população de seu estudo teve a pressão arterial como principal causa da IRC, o que evidencia que a pressão arterial é um grande problema para esta população. Além do relato destes estudos, soma-se o fato de a HD causar uma série de complicações fisiológicas no paciente, sendo que uma dessas complicações, de acordo com Farias (1997), é a queda de pressão arterial durante a HD. Já Vatten, Nilsen e Holmen (2006) analisaram 30.597 mulheres e 30.508 homens, e verificaram que pessoas que fazem atividade física têm uma pressão arterial mais controlada se comparadas a pessoas sedentárias. Também Pechter et al. (2003) realizou atividades aquáticas de baixa intensidade em pacientes com IRC no período pré-dialítico por 30 minutos, duas vezes na semana durante 12 semanas, e constatou menor pressão arterial de repouso, quando comparados a um grupo que não fazia atividades físicas. Stack et al. (2005) e Coelho et al. (2006) também acharam resultados parecidos evidenciando que pacientes com IRC que se exercitam têm uma redução da pressão arterial em repouso. Esta redução da pressão arterial é, segundo Bastos et al. (2004), muito importante, pois o controle desta é primordial para minimizar a progressão da IRC, e para a diminuição do número ou da dose de medicações anti-hipertensivas utilizadas por estes pacientes (CASABURI, 2004).

Décima essência: Vários beneficios

    Outra essência das contribuições positivas do programa de exercícios físicos aeróbios manifestada por alguns pacientes (2 ocorrências) foi “vários benefícios”, entretanto estes não foram descritos. As falas foram as seguintes: “tive beneficios mas não sei dizer quais são”.(Paciente 8); “tive todos beneficios possiveis, mas não quero falar” (Paciente 10). Trentini et al. (2004) coloca que o paciente com IRC, submetido à HD, pode geralmente estar irritado, de mau humor e depressivo, devido ao acúmulo de líquidos ou a retirada em excesso do mesmo pelo tratamento, o que explica esta última essência, em que os pacientes relatam que não sabem responder ou que não querem responder, pois provavelmente estes não se sentiam muito bem no dia em que foi feita a entrevista.

As essências das contribuições negativas do programa de exercicios aeróbios na visão dos pacientes com IRC submetidos a HD

    A quase totalidade dos pacientes (10) manifestaram que não havia “nenhuma” contribuição negativa no programa de exercícios físicos aeróbios. Desta forma, não conseguimos desvelar nada negativo no depoimento dos mesmos. Esta situação também foi encontada na pesquisa de Cardoso (2006), em que pacientes com IRC foram submetidos a treinamento aeróbio, durante a HD, e a um treinamento de força muscular nos dias contrários ao treinamento aeróbio, e 41,68% dos pacientes relataram que não teve nenhum evento adverso ao treinamento.

Primeira e única essência: Falta de continuidade do programa

    A única essência das contribuições negativas do programa de exercícios físicos aeróbios relatada pelos pacientes (3 ocorrências) foi a “falta de continuidade do programa”. Isto se-deve ao fato de as pessoas que aplicaram este e outros treinamentos que já existiram na Clínica Renal do Hospital Santa Lúcia de Cruz Alta-RS, são alunos voluntários que vão até a Clínica para fazerem seus estudos de conclusão de curso, e ficam lá somente por um determinado tempo, e entre um aluno voluntário e outro, os pacientes ficam algum tempo sem exercicios, o que faz com que o paciente reclame do término do programa de exercicios. Com isto os pacientes começam a evitar as participações em treinamentos oferecidos por estagiários na referida Clínica. Os relatos foram os seguintes: “a gente quer fazer mais e não tem (...)” (Paciente 1); “faz um tempo depois pára, o pessoal vem aqui faz seu trabalho e depois não tem mais ninguém prá nos dá a bicicleta” (Paciente 4); “tive que parar de fazer porque viajei, depois quando voltei não pude mais fazer porque estava no fim” (Paciente 8).

O tema da investigação desvelado: quando entendemos as essências das contribuições positivas e negativas de um programa de exercícios aeróbios para pacientes com IRC

    Após o desvelamento de todos os depoimentos dos pacientes com IRC da Clínica Renal do Hospital Santa Lúcia de Cruz Alta-RS, na visão dos mesmos, ficaram visíveis as contribuições positivas de um programa de exercícios físicos aeróbios, durante a HD. Entretanto, esta temática necessita de espaço na comunidade acadêmica científica para maiores discussões e reflexões.

    O que mais chamou à atenção nos achados desta investigação foi que as contribuíções positivas superaram (10 essências) as contribuições negativas (1 essência).

    Outro fato que também chamou à atenção foi que todas as essências das contribuições positivas do programa de exercícios físicos aeróbios, para os pacientes com IRC, submetidos à HD, na opinião dos mesmos, confirmaram o existente na literatura especializada, o que nos mostrou que a percepção destes pacientes sobre o seu estado de saúde foi altamente relacionada com resultados de possíveis exames clínicos e testes de aptidão física a que poderiam ser submetidos. Isto nos leva a inferir que os pacientes com IRC deveriam ser mais “ouvidos” pelos profissionais da saúde por ocasião de elaboração de diagnósticos.

    Também outro fato que chamou à atenção nos achados foi de que as essências das contribuições positivas do programa de exercícios físicos aeróbios, referiram-se bem mais aos aspectos fisico-funcionais (7 ocorrências) do que os aspectos psicológicos (2 ocorrências), entretanto, elas estão relacionadas. Explicamos da seguinte maneira: a percepção de bem-estar, uma das melhoras psicológicas relatada pelos pacientes está diretamente relacionada com as melhoras físico-funcionais como, o aumento da massa muscular, da circulação sangüínea e da pressão arterial. O aumento da massa muscular e da circulação sangüínea leva a uma melhora na capacidade funcional o que facilita a locomoção dando desta forma mais autonomia aos pacientes, o que com certeza interfere na percepção de bem-estar. O aumento de fluxo sangüíneo, também é um dos principais responsáveis tanto pelo relaxamento dos músculos quanto pela diminuição da dor, pois a mesma ocorre em função da concentração de substâncias ácidas que ocorre quando a circulação fica deficiente. Conseqüentemente, torna-se um circulo vicioso; quanto melhor for o condicionamento físico maior será a disposição para realizar atividades físicas e melhor será o bem-estar. É relevante, também, o fato de que a realização de atividades físicas, durante a HD (quatro horas por sessão, três vezes por semana), trouxe contribuições, psicológicas no sentido de fazer com o tempo passasse mais rápido, o que com certeza, também contribuiu para a melhora do bem-estar geral, principal essência relatada pelos pacientes.

    A partir destes três fatos analisados e visíveis nos achados desta investigação concluímos que programas de exercícios físicos aeróbios são muito importantes para pacientes com IRC.

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