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O professor de Educação Física escolar e sua atuação como gestor

 

*Licenciada em Educação Física pela UFSM

Especialista em Educação Física Escolar e Gestão Educacional pela UFSM

Mestranda em Educação pela UFSM; Integrante do GEPEF/UFSM

(Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física)

**Doutor em Educação e Ciência do Movimento Humano

Professor Adjunto da UFSM; Coordenador do GEPEF/UFSM

(Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física)

Franciele Roos da Silva Ilha*

franciele.ilha@yahoo.com.br

Hugo Norberto Krug**

hnkrug@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Nesta investigação objetivou-se analisar a atuação do professor de Educação Física como gestor escolar. A metodologia utilizada baseou-se na fenomenologia e na abordagem qualitativa. Os participantes do estudo foram cinco professoras de Educação Física atuante na rede estadual de ensino do município de Santa Maria (RS). Para a coleta das informações foram feitas entrevistas semi-estruturadas com estas professoras, tendo sua interpretação seguida pela análise de conteúdo. Evidenciou-se que as professoras, na medida do possível, estão tentando acompanhar o processo lento de transformação do paradigma de administração educacional para o de gestão educacional, ao se esforçarem em participar das instâncias educativas de formação e avaliação do trabalho desenvolvido na escola, ainda que, nesses espaços se perceba muitos fatores limitantes de suas ações como gestoras.

          Unitermos: Professor de Educação Física. Gestão escolar. Participação.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 125 - Octubre de 2008

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Primeiras palavras

    A história da Educação Física oferece subsídios para que se compreenda não se justifique o seu desenvolvimento dentro do âmbito escolar. O Coletivo de Autores (1992) esclarecem que ela surge pelas necessidades sociais que são identificadas pelos diferentes momentos históricos e pelas funções que assumiu em cada um desses períodos.

    No século XVIII e início do século XIX, de acordo com os mesmos autores, a Educação Física desenvolvida na escola representou um espaço de construção de um homem mais forte, mais ágil e mais empreendedor. O foco era dado aos exercícios físicos, que eram entendidos como receita e remédio, de modo que, os hábitos de higiene difundiram-se na época, inicialmente na Europa, influenciando e conquistando espaço nas aulas de Educação Física. O cuidado com o corpo corresponde a uma necessidade a ser cumprida pela sociedade.

    Já nas primeiras décadas do século XX foi marcante no sistema educacional brasileiro a influência dos Métodos Ginásticos e da Instituição Militar. Nesse Período, a Educação Física Escolar era considerada como atividade exclusivamente prática, contribuindo assim, para não diferenciá-la da instrução física militar. Os professores de Educação Física que atuavam nas escolas tinham a função de serem apenas instrutores de atividades, exercícios físicos, movimentos (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    A partir dos anos 50, a Educação Física Escolar foi sendo influenciada pelo esporte, passando a ser um braço da Instituição Esportiva, assim, os princípios da Educação Física passa a ser os princípios do esporte.

    Nas décadas de 70 e 80 surgem movimentos de críticas à Educação Física, que buscam construir teorias para reorientar a sua prática. Este processo envolve diversas transformações, tanto nas pesquisas acadêmicas que envolvem este contexto, quanto na prática pedagógica dos professores do componente curricular (MORO, 2004).

    As novas teorias têm como objetivo comum promoverem a disciplina de Educação Física no sistema escolar, de modo que enfoque a formação integral dos alunos. De acordo com Nóvoa (1995a) a escola como objeto de estudo das Ciências da Educação e como espaço privilegiado de inovação curricular é um fenômeno recente. Reside num domínio do saber em fase de estruturação, por isso é importante aproximá-la com precauções teóricas e conceptuais. O autor entende as escolas como instituições muito particulares, que não podem ser vistas e pensadas como uma fábrica ou oficina. De forma que, a Educação não tolera a simplificação do elemento humano e suas experiências, relações e valores, numa cultura de racionalidade empresarial. Argumenta ainda que, é preciso transformar e construir as escolas em espaços de autonomia pedagógica, curricular e profissional. O que implica na conscientização dos estabelecimentos de ensino em organizações, funcionando em função de um projeto de formação integral dos seus alunos e dos professores.

    As idéias de Lück (2000) exprimem que a Gestão Escolar constitui-se numa atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas dos estabelecimentos de ensino. Estes que visam promover a efetiva aprendizagem dos alunos, de modo a torná-los capazes de enfrentar adequadamente os desafios da sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento. Portanto, o processo de Gestão Escolar deve estar voltado para garantir que os alunos aprendam sobre o seu mundo e sobre si mesmo. Adquiram conhecimentos úteis e aprendam a trabalhar com informações complexas, gradativamente, sendo estas, muitas vezes contraditórias com a realidade social, econômica, política e científica.

    Com base nessas reflexões desencadeou-se o seguinte objetivo do estudo: Analisar a atuação do professor de Educação Física como gestor escolar.

    Tendo em vista esse processo complexo de construção, pesquisar em Educação requer comprometimento, já que “significa trabalhar com algo relativo a seres humanos ou eles mesmos” (GATTI, 2002, p.12). Assim, o caminho considerado mais coerente a fim de contemplar os objetivos do estudo sugere a utilização da abordagem qualitativa.

    Na compreensão de Minayo (2001) ela responde a questões muito particulares, ao se preocupar com um nível de realidade que não pode ser quantificado, de modo a garantir a sua subjetividade. Na mesma direção que Demo (2005, p.174) entende a pesquisa qualitativa ao dizer que ela “caracteriza-se pela abertura de perguntas, rejeitando-se toda resposta fechada, dicotômica, fatal. Mais do que o aprofundamento por análise (...) busca o aprofundamento por familiaridade, convivência, comunicação”.

    Além disso, fomos guiados pela fenomenologia, enquanto corrente do pensamento que segundo Triviños (1987) possibilita a flexibilidade na interpretação dos fenômenos, com vistas a reformular, criar ou substituir indicativos de acordo com os resultados. Na concepção fenomenológica da pesquisa qualitativa, a preocupação fundamental é com a caracterização do fenômeno, com as formas que apresenta e com as variações, já que o seu principal objetivo é a descrição.

    Para a coleta de informações utilizaram-se entrevistas, sendo esta uma estratégia que se realiza frente a frente com o entrevistado, permitindo se estabelecer um vínculo melhor com o indivíduo e em conseqüência colabora no aprofundamento das questões elaboradas (NEGRINE, 2004). As entrevistas foram semi-estruturadas formadas por questões abertas, que segundo o autor, caracteriza-se por perguntas predefinidas pelo pesquisador, permitindo explorar aspectos relevantes que surgem ao longo da conversa.

    Os membros do estudo foram cinco professoras de Educação Física do sistema estadual de ensino do município de Santa Maria (RS). A escolha dos participantes foi realizada de acordo com seu campo de atuação no sistema estadual de ensino de Santa Maria (RS). Com vistas a não expor as professoras e também por questões éticas, seus nomes foram substituídos pelos seguintes: Professora Flor, Professora Mel, Professora Sol, Professora Lua e Professora Estrela.

    Para a interpretação das entrevistas utilizou-se a análise de conteúdo, que de acordo com Bardin (1977) representa um conjunto de técnicas para analisar comunicações, que buscam desvendar através de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicativos que possibilitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de reais destas mensagens.

Referencial teórico

    A Educação constitui-se num fator importante para o desenvolvimento social, político e econômico da sociedade, sendo inegável que sua eficiência é determinada em grande parte, pelas qualidades e disposições do principal agente que a impulsiona, o professor. A partir disso, as atenções estão constantemente sendo voltadas para o mesmo, pois a sociedade tem-se mostrado preocupada com os resultados insatisfatórios dos longos e custosos processos de escolarização.

    Os professores precisam compreender que o estudante dos novos tempos traz consigo a experiência da cultura globalizada, sendo que o professor não é mais o detentor do conhecimento. Assim como, faz-se necessário que a escola se modifique para acompanhar de forma adequada as novas demandas da sociedade (BARBOSA, 2005). Para a autora, a escola abarca múltiplas funções, as quais são desenvolvidas em sua maioria pelos professores e demais profissionais da Educação inseridos num contexto amplo de Gestão Escolar.

    Libâneo; Oliveira; Toschi (2005, p.307) acreditam que “o professor participa ativamente da organização do trabalho escolar, formando com os demais colegas uma equipe de trabalho, aprendendo novos saberes e competências, assim como um modo de agir coletivo, em favor da formação dos alunos”. Essas características formam um perfil profissional adequado às exigências da escola, mas não devem ser consideradas normas, pois cada sujeito possui suas próprias características e limitações. Entretanto, o perfil é útil para que se possa planejar a formação desses profissionais, e também para que as escolas elaborem expectativas para acompanhar o trabalho docente.

    Dentre esses delineamentos que exprimem a possibilidade e a responsabilidade dos professores se envolverem com o trabalho escolar, é importante salientar que existem muitas maneiras destes atuarem ativamente na Gestão Escolar, sendo que o planejamento é uma das atividades mais abrangentes, já que inclui: a participação na elaboração do projeto político-pedagógico, nas reuniões pedagógicas, nos conselhos de classe, entre outras. Sobre esse assunto Hengemühle (2004, p.29) relata que “o sucesso de qualquer instituição e pessoa está vinculado a um planejamento criterioso e à prática do planejado”.

    Permeando este âmbito (Brezinski, 2001, p.76) traz seu entendimento sobre o projeto político-pedagógico:

    O projeto político-pedagógico-curricular, como expressão concreta do trabalho coletivo na escola, por um lado, é um elemento mediador entre cultura interna à escola e a cultura externa do sistema de ensino e da sociedade, na conquista da autonomia da organização escolar e, por outro, poderá tornar-se instrumento viabilizador da construção da escola reflexiva e emancipadora. É importante afirmar que a construção desse projeto na escola só tem significado quando resultante de um trabalho interdisciplinar, transdisciplinar e coletivo, com base em relações democráticas, em gestão participativa e colegiada e na produção do conhecimento, referenciada na pesquisa-ação.

    Veiga (1998) acredita que o projeto deve partir da Situação Real (o que é?), vislumbrar uma Utopia Social (para que?) e estabelecer uma Ação Propriamente Dita (como?), e assim, sempre voltando ao início, através de avaliações, constituindo ciclos.

    Envolvendo o professor de Educação Física e o projeto político-pedagógico, Bernardi (2006) em seu estudo monográfico traz algumas contribuições acerca da temática. Dentre essas, ao questionar professores da disciplina sobre a sua efetiva participação na elaboração no projeto político-pedagógico da escola. A autora descobriu que, apesar de todos os professores participarem, pouco se discutiu e conseguiu avançar. Além disso, ressaltam que as contribuições eram muito fragmentadas, fundamentadas no âmbito de cada disciplina.

    Como afirma Nunes (2001), o professor de Educação Física deve participar das reuniões pedagógicas, pois é nessas reuniões que são traçados planejamentos que darão o direcionamento que os professores devem seguir. No entanto, como relata o autor, empiricamente a participação destes nessas reuniões não é uma prática comum nas escolas. Bem como colocam as autoras Betti; Mizukami (1997), ao dizerem que maioria dos professores de Educação Física não costuma, infelizmente, participar das reuniões de pais e mestres.

    O fato de os professores de Educação Física não participarem efetivamente dessas reuniões, até mesmo em conselhos de classe, tem um significado valorativo. Uma vez que, no âmbito geral do ensino as matérias mais valorizadas são o Português e a Matemática, deixando as demais disciplinas em segundo ou até terceiro plano, como no caso da Educação Física e da Educação Artística.

    Entretanto, Silva (1992 apud BETTI; MIZUKAMI, 1997), trouxe algumas considerações sobre a boa relação entre os professores de Educação Física e seus alunos, no sentido de que esses profissionais conseguem ter uma maior afinidade com os alunos do que os professores de outras disciplinas. Este conhecimento pode ser muito bem aproveitado nas reuniões pedagógicas onde um aluno pode estar passando por uma crise familiar e isto pode ser refletido em sua atuação escolar.

Os achados da investigação

    No que se referem à participação das professoras na Gestão Escolar, todas afirmam se esforçar em participar, como demonstram em seus depoimentos:

    “Sim, porque no momento que a gente está inserido no ambiente escolar, tu dá aula, tem a função dos horários, tem propostas da escola, tem o plano de ensino, tu tem que organizar, tem a relação com os colegas” (Professora Flor).

    “No momento que eu participo das reuniões que tem na escola, dos cursos de formação, dos conselhos de classe, eu acho que eu to de uma maneira ou de outra eu to participando da gestão” (Professora Mel).

    “Acredito que sim, participo de todos os eventos, reuniões” (Professora Sol).

    “Participo e muito, porque eu sou a coordenadora da disciplina, e eu tenho a mesma visão da direção, que o aluno tem que vim, tem que participar, tem que cumprir os seus trabalhos. Essa direção dá muito valor à disciplina, sendo que outras não davam” (Professora Lua).

    “Eu me esforço pra participar, só que tem assim duas situações numa das escolas existe uma abertura, porque essa questão de tu ti envolver mais como gestor, tu tem que ter também um espaço, claro que tu tem que conquistar, mas numa escola, a do município existe uma abertura, daí lá eu sou do conselho escolar, eu sô mais envolvida na tomada de decisões, porque a tomada de decisões lá é feita em grupo, no coletivo, não existe tão declaradamente a hierarquia. Já na outra escola, na escola do estado, essa hierarquia é bem marcada, então até eu vejo a gestão dessa escola que eu trabalho como uma gestão bem tradicional, aí eu já tenho um papel secundário, porque eu até me disponho a me envolver, mas nem sempre eu sô solicitada pra ter esse envolvimento” (Professora Estrela).

    Além disso, elas declararam ser de fundamental importância participar da Gestão de suas escolas, só que, como aborda a Professora Estrela, às vezes essa participação não é muito solicitada e até mesmo aceita pela equipe diretiva. Então, o professor e os demais integrantes desse processo precisam conquistar seu espaço e se inserir, na medida do possível, com as tomadas de decisões e demais atividades previstas na Gestão das escolas.

    “É fundamental, se a bagunça na Educação tá do jeito que tá é porque tem uma questão por trás de política muito forte que ta desarticulando o professor a participar, o professor tem vontade de participar, mas não é muito facilitado em termos de horário, um professor tem muita carga horária, é o mesmo discurso de anos que é até repetitivo isso. Não tem como tu está inserido numa escola e acredita num trabalho, numa proposta de trabalho e fica à margem das discussões, das decisões, não tem como, agora isso é o que eu penso, agora se eu consigo fazer efetivamente isso é outra coisa, porque eu acredito numa coisa e a situação não favorece que eu participe como eu acredito, como eu gostaria e daí tem n questões, desde essa prática de horário, de tu querer não te indispor com colegas, desde tu ter tempo disponível, porque se tu defender esse posicionamento tu tem que abraça mais essa causa e tem que se dispor pra isso, é bem confuso, bem complexo e em educação tu não pode dizer é assim, eu nunca digo” (Professora Flor).

    “Acho muito importante pra gente ta por dentro, ta se atualizando, procurando melhorar o trabalho da gente” (Professora Mel).

    “Eu acho importante porque a gente precisa estar atualizado do que acontece na escola” (Professora Sol).

    “Sim, porque tu faz parte do ambiente, tu faz parte da comunidade da escola, tu tem que saber o que ta acontecendo na tua escola, com teu aluno, com teus colegas o que a direção ta fazendo, é fundamental” (Professora Lua).

    A Professora Flor trás à tona uma questão muito significativa que se trata das políticas públicas da Educação que se preocupam mais com a quantidade do que com a qualidade. Azevedo (2004) denuncia essa atitude ao esclarecer que os graves problemas que cercam a Educação enquanto prática social se deve a inadequação das políticas educativas que estão sendo postas em ação para erradicá-los. Ao mesmo tempo em que, as reformas educacionais mundiais visam melhorar as economias nacionais através do fortalecimento dos laços entre escolarização, trabalho, produtividade, serviços e mercado.

    Como destaca a autora, essa articulação se destina a cumprir os objetivos do sistema capitalista de ideologia neoliberal, os quais privilegiam a iniciativa privada no instante que pretendem transferir as responsabilidades do Estado, com a Educação pública e de qualidade, por exemplo, para o setor privado. Assim, as pessoas estariam “livres” para escolher o estabelecimento de ensino que melhor embasasse suas crenças, seus valores, seus desejos e finalidades. A partir disso, evidencia-se o quanto esse sistema e sua política ignoram as necessidades básicas da maioria da população, a mais carente e a que mais precisa, no momento que está retirando uma das poucas que depois de apropriado se cristaliza, o conhecimento através da Educação Escolar.

    Em outra fala, uma das professoras enfatiza o papel do professor perante sua escola:

    “Eu acho importante, acho fundamental, porque o professor ele tem que ter bem claro que a atuação dele não é restrita a sala de aula, que ele tem se comprometer com todos os outros espaços escolares, então ele deveria se empenha, nós como professores pra estarmos sempre tentando, participando, debatendo, dialogando, nesse sentido, nesses demais espaços” (Professora Estrela).

    Nesse depoimento, evidencia-se a atuação docente para além da sala de aula, pois o professor está trabalhando com pessoas, que por si só são muito complexas e não podem ser tratadas como: os meus alunos da disciplina de Educação Física, mas sim, como os alunos da escola que precisam de formação crítica para enfrentar a realidade de hoje.

    Dentre os mecanismos que os profissionais que atuam na instituição escolar têm de participar da Gestão de suas escolas, destacam-se os conselhos de classe e as reuniões pedagógicas. Felizmente, esses espaços são assegurados por lei, mas suas peculiaridades: como funcionam, quem participa, qual sua freqüência, dependem do regimento escolar que cada escola constrói, ou mesmo, da cultura instituída nessa instituição.

    A partir disso, a proposta aqui é a de entender o que essas professoras pensam sobre a função dos conselhos de classe e das reuniões pedagógicas, se participam e de que forma. Não tive a intenção de utilizar os regimentos escolares nem mesmo os Projetos Político-Pedagógicos das escolas, entendendo que estes devem servir de eixo norteador do trabalho desenvolvido na escola, mas que em muitos casos, não são nem ao menos construídos pela equipe escolar. Então, procurei embasar minha interpretação apenas em seus depoimentos para analisar a real situação que fundamenta a minha questão de pesquisa.

    Apesar destes questionamentos parecerem um pouco óbvios, no contexto da Educação Física Escolar, não o são, já que muitas vezes os professores desta disciplina se excluem das demais atividades pedagógicas da escola, acreditando que sua atuação na gestão da classe, é o seu único papel frente a instituição escolar.

Palavras finais

    As professoras do estudo destacaram que participam da gestão de suas escolas e enfocam a relevância em se inserir nas atividades escolares. Ao encontro das idéias de Libâneo; Oliveira; Toschi (2005) ao entenderem que o professor como membro da equipe escolar necessita dominar conhecimentos relacionados à Gestão, desenvolver capacidades e habilidades práticas para participar dos processos de tomada de decisões em várias situações, como em reuniões e conselhos de classe, tendo atitudes cooperativas, solidárias, responsáveis, de respeito mútuo e de diálogo.

    Entretanto, foi possível perceber que apesar do interesse das professoras de Educação Física em se inserir no desenvolvimento de vários segmentos das escolas, em alguns aspectos, a realidade escolar não contribui para uma efetiva participação das mesmas na Gestão da escola. Este fato pode ser evidenciado pela concepção de Gestão adotada nas escolas, ainda que muitos profissionais também não tenham clareza dos objetivos e importância desta. Tendo em vista que, mesmo prevista em forma de lei, a Gestão Democrática encontra-se mais no âmbito dos discursos dos profissionais da Educação do que no cotidiano dos diferentes meios educativos.

    Nessa direção que Nóvoa (1995b) declara que “a organização das escolas parece desencorajar um conhecimento participado dos professores, dificultando o investimento das experiências significativas nos percursos de formação e sua formulação teórica”. Como salienta o autor é preciso investir em práticas de formação coletivas que contribuem com a emancipação profissional e para o fortalecimento de uma profissão autônoma capaz de produzir seus próprios saberes e valores.

Referências

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revista digital · Año 13 · N° 125 | Buenos Aires, Octubre de 2008  
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