Educação Física: possibilidades de intervenção para a formação inicial e continuada |
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Docente do Curso de Graduação de Educação Física e do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/PR) Doutora em Ciência da Atividade Física e do Esporte (UNILEON/ES) Mestre em Educação (UNIMEP/SP). Professora pesquisadora Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Física Escolar e Formação de Professores (GEPEFE) |
Silvia Christina Madrid Finck (Brasil) |
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Resumo Neste artigo destacam-se as ações empreendidas e efetivadas, que tem por objetivo a busca de possíveis intervenções na área da Educação Física, especificamente no contexto escolar e de formação de professores. As mesmas são entendidas como necessárias e urgentes, pois em estudo realizado contatou-se através da análise do cotidiano pedagógico efetivado pelo professor na Escola Pública, que o conhecimento na área da Educação Física tem sido abordado de forma limitada e fora do contexto, tanto na escola como na graduação no Curso de Licenciatura. Nesse sentido buscou-se a elaboração de um projeto de pesquisa, para ser desenvolvido a partir de 2007, bem como a formação do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física Escolar e Formação de Professores. Tais ações se deram de forma concomitante, tendo como principal objetivo contribuir para possíveis intervenções na área de Educação Física no contexto escolar e de formação de professores inicial e continuada. Unitermos: Educação Física. Escola. Formação de professores.
A temática deste trabalho foi apresentada na forma de comunicação pela
autora, com outro formato e titulo, no |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 125 - Octubre de 2008 |
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Introdução
Neste artigo são destacadas as ações empreendidas e efetivadas a partir do final de 2006, as mesmas foram objetivadas no sentido de buscar possíveis intervenções na área da Educação Física, especificamente no contexto escolar e de formação de professores tanto inicial como continuada.
Entende-se que essas ações são necessárias e urgentes, pois em estudo realizado, em nível “strictu sensu”, contatou-se através da análise do cotidiano pedagógico efetivado pelo professor na Escola Pública, que o conhecimento na área da Educação Física tem sido abordado de forma limitada e descontextualizada, tanto na escola como na graduação no Curso de Licenciatura. (FINCK, 2006).
Na realização daquele estudo foi possível constatar a necessidade de ações voltadas para a formação do professor que atua na escola, e também àquelas que possam contribuir para uma formação inicial mais refletida, contextualizada e compromissada, com objetivos voltados para uma educação mais significativa e comprometida.
Nesse sentido, no segundo semestre de 2006, buscou-se a elaboração de um projeto de pesquisa, para ser desenvolvido a partir de 2007, bem como a formação de um Grupo de Estudos e Pesquisas (GEPEFE), o qual é certificado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e está cadastrado junto ao CNPq. Tais ações se deram de forma concomitante, tendo como principal objetivo contribuir para possíveis intervenções na área de Educação Física tanto no contexto escolar como no de formação de professores inicial e continuada.
Desenvolvimento
A pesquisa: análise do cotidiano pedagógico e possibilidades de intervenção
O projeto de pesquisa foi elaborado para ser desenvolvido a partir de 2007, tendo como objeto de estudo a análise do cotidiano pedagógico (prática pedagógica) efetivado pelo professor de Educação Física, na educação infantil, no ensino fundamental e médio, nas Escolas Públicas Estaduais e Municipais, da cidade de Ponta Grossa, no Estado do Paraná.
A pesquisa se caracteriza como sendo qualitativa, de campo, participativa, e de cunho etnográfico. A problemática central, norteadora da pesquisa, a ser investigada, refere-se a seguinte questão: Como os professores de Educação Física têm efetivado sua prática pedagógica nas Escolas Públicas Estaduais e Municipais na cidade de Ponta Grossa?
O projeto é desenvolvido tendo como pesquisador (a) responsável o (a) autor (a), e uma equipe da qual fazem parte os professores das disciplinas1 de Estágio Curricular Supervisionado em Educação Física I (ECSEF I) e de Metodologia e Prática de Ensino de Educação Física II (MPEEF II), que atuam no Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa, e envolve os acadêmicos do 3º e 4º ano do referido Curso, que realizam as atividades de Estágio Supervisionado no desenvolvimento das referidas disciplinas.
A participação dos acadêmicos, na pesquisa, se dá pelo envolvimento que estabelecem com a Escola através da realização do Estágio Supervisionado que efetivam no 3° e 4º ano do Curso de Licenciatura. Esse envolvimento é justificado pela necessidade de ampliar as propostas pedagógicas, possibilitando-lhes experiências ricas e diversificadas, bem como o contato com parte da realidade Escolar, efetivando um trabalho de parceria com os profissionais atuantes na Escola, a fim de contribuir para a melhoria da Educação Física, principalmente, no contexto educacional.
Entende-se que a disciplina de Prática de Ensino é a oportunidade para que o acadêmico observe a realidade escolar, ultrapassando uma visão estática, para realizar uma observação participativa com procedimentos adequados, vivenciando uma prática pedagógica, ao mesmo tempo em que retoma a teoria para refletir, discutir e pesquisar retornando a Escola para tentar inová-la. (FINCK, 2006, p. 103).
Dessa forma “[...] o Estágio não pode ser encarado como uma tarefa burocrática a ser cumprida formalmente, muitas vezes desvalorizado nas escolas onde os estagiários buscam espaço. Deve, sim, assumir a sua função prática, revisada numa dimensão mais dinâmica, profissional, produtora, de troca de serviços e de possibilidades de abertura para mudanças. (KULCSAR, 1994).
Nesse sentido a disciplina de Prática de Ensino deve: propiciar uma significativa base conceitual; favorecer a reflexão sobre a realidade escolar e como se dá a transmissão de conhecimento; possibilitar o confronto e a articulação das teorias analisadas/discutidas com a realidade vivenciada pelo professor no cotidiano pedagógico da escola, considerando-o como ponto de partida para sua ação; oportunizar vivências da realidade escolar. (FINCK, 2006).
O principal objetivo do envolvimento dos acadêmicos na pesquisa está relacionado com a necessidade que é percebida, principalmente, pelos professores de ECSEF I e MPEEF II, de ser estabelecida uma maior proximidade com o contexto escolar, no sentido de que possam estabelecer relações mais aprofundadas e refletidas entre teoria e prática, relacionando, organizando e sistematizando os diversos saberes que têm na Graduação de acordo com a realidade escolar percebida.
Cabe ressaltar que o ponto de partida da pesquisa é a análise do cotidiano pedagógico, considerando o trabalho desenvolvido pelos professores de Educação Física, bem como suas dificuldades e limitações.
Com o desenvolvimento desta pesquisa pretende-se estabelecer em conjunto com os professores das escolas, encaminhamentos metodológicos visando redimensionar o ensino da Educação Física, buscando o desenvolvimento de um trabalho, nessa área de conhecimento, mais significativo, comprometido e contextualizado, bem como despertar o interesse do professor de Educação Física para estudos e desenvolvimento de projetos no âmbito escolar e acadêmico.
Alguns Antecedentes Científicos nortearam a elaboração deste Projeto de pesquisa. Entende-se a Educação Física como uma área de conhecimento da Cultura Corporal de movimento, que deve cuidar do corpo não como algo mecânico, visando apenas o desenvolvimento do aspecto físico, independentemente dos demais, mas sim na perspectiva de sua relação com os outros sistemas: o mental, o emocional, o estético, o religioso entre outros.
Nesse sentido a Educação Física Escolar é entendida como uma disciplina que introduz e integra o aluno na Cultura Corporal de movimento, formando o cidadão que vai reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício de sua qualidade de vida. (PCNs, 1998).
Acredita-se que o professor deve ter como objetivo principal norteador de seu trabalho na escola, localizar em cada um dos principais eixos temáticos da Educação Física (jogo, esporte, dança, ginástica e luta) seus benefícios humanos e suas possibilidades de utilização como instrumentos de comunicação, expressão, lazer e cultura.
Nos PCNs (1998) os conteúdos da Educação Física são reconhecidos como eixos da Cultura Corporal e divididos em blocos (esportes, jogos, lutas e ginástica, atividades rítmicas e expressivas, e conhecimentos sobre o corpo). Tais blocos deveriam ser considerados como eixos norteadores do trabalho pedagógico desenvolvido na disciplina da Educação Física na escola, onde outros aspectos deveriam também ser abordados como àqueles relacionados à corporeidade, a cidadania, a saúde e a qualidade de vida.
Betti (1992, p. 286) evidencia que:
[...] é preciso enfim levar o aluno a descobrir os motivos para praticar uma atividade física, favorecer o desenvolvimento de atitudes positivas para com a atividade física, levar à aprendizagem de comportamentos adequados na prática de uma atividade física, levar ao conhecimento, compreensão e análise de seu intelecto todas as informações relacionadas às conquistas materiais e espirituais da cultura física, dirigir sua vontade e sua emoção para a prática e a apreciação do corpo em movimento.
Embora exista um referencial teórico-científico, bastante significativo, que indica a necessidade de serem abordados, na escola, outros conhecimentos da Cultura Corporal além do Esporte, assim como também são apontados encaminhamentos teórico-metodológicos que devam ir além da simples execução de movimentos, o que se percebe na maioria das escolas é bem o contrário. O Esporte é conteúdo predominante das aulas de Educação Física, e a maioria dos professores prioriza na sua abordagem apenas conhecimentos técnicos referentes à realização de seus fundamentos e do jogo.
Essa predominância é constatada, principalmente, nos relatos dos acadêmicos sobre o Estágio que efetivam nas escolas, e também pelas observações que os professores de ECSEF I e MPEEF II têm realizado no seu acompanhamento e supervisão. Diante dessas questões, percebemos que a Educação Física no contexto escolar é quase a mesma de décadas atrás, apesar das mudanças que ocorreram na área em nível de academia, o que tem sido discutido (teoria) parece que continua longe da escola (prática).
Assim, entende-se ser necessário, que docentes de um Curso de formação de professores, construam ações que possam contribuir para possíveis mudanças, visando à melhoria da Educação Física efetivada na escola, bem como representem possibilidades de avanços significativos no processo de formação inicial e continuada.
Acredita-se que tais ações poderão contribuir no processo de formação dos futuros professores, os acadêmicos, pois lhes oportunizará confrontar a teoria estudada com a prática efetivada, possibilitando-lhes refletir e intervir de forma significativa através do Estágio que realizam nas escolas.
É de fundamental importância que num Curso de formação de professores, como a Licenciatura, seja possibilitado ao acadêmico o contato com esse saber-fazer do professor, mas que seja uma aproximação analisada e refletida, para que possa absorver os saberes do professor, mas também tenha capacidade de reconstruí-los, tendo como suporte os conhecimentos adquiridos na Graduação. (FINCK, 2006, p. 127).
Dessa forma, o presente projeto visa contribuir no processo de formação dos professores, tanto inicial (acadêmicos) como continuada (professor da Escola e da Universidade), oferecendo espaço para a reflexão e discussão de possibilidades pedagógicas, visando à melhoria do desenvolvimento da Educação Física na escola, possibilitando aos educadores uma maior amplitude de seus conhecimentos, fornecendo-lhes subsídios teórico-científicos a fim de que redimensionem sua ação docente.
O ponto inicial das reflexões e discussões será o trabalho que o professor desenvolve no seu cotidiano pedagógico na escola, onde serão consideradas não apenas suas dificuldades e limitações, mas também suas experiências e seu conhecimento. (SCHÖN, 1992; PERRENOUD, 1993).
Lüdke e Cruz (2005) evidenciam que vários autores2 têm apontado e valorizado cada vez mais a perspectiva da pesquisa na formação e na atuação do professor, complementam dizendo que mesmo a legislação tem evidenciado a pesquisa como algo importante para o preparo e o trabalho do professor e por isso deve ser introduzida na formação inicial e continuada dos professores da educação básica.
Acredita-se que a pesquisa é o caminho para se buscar respostas para as questões problemáticas que permeiam a prática pedagógica na escola, sendo assim tal processo deve ser iniciado na graduação, envolvendo também o professor da educação básica, onde o espaço do estágio poderá ser profícuo para o desenvolvimento de ações investigativas, na busca de novos conhecimentos que possam contribuir para o avanço teórico científico da Educação Física Escolar.
Os Procedimentos utilizados para o envolvimento dos professores e acadêmicos na pesquisa: possibilidades, dificuldades e limitações
Para o desenvolvimento da pesquisa inicialmente foram estabelecidos alguns procedimentos, a fim de que fossem utilizados para que tanto os professores como os acadêmicos se motivassem a participar do estudo.
Primeiramente foi realizada a apresentação da proposta aos acadêmicos, do 3º e 4º ano, do Curso de Licenciatura em Educação Física da UEPG, a mesma foi efetivada pelos professores pesquisadores responsáveis pela pesquisa, sendo explicitada com a intenção de informá-los e motivá-los a participarem da sua realização.
Para a participação dos professores das escolas se fez necessária também a apresentação do projeto de pesquisa. Dessa forma, no início do ano de 2007, a proposta foi explicitada aos professores de Educação Física da Rede Pública Estadual de Ensino, que teriam acadêmicos estagiários atuando em suas turmas. Os professores pesquisadores explicaram a mesma com a intenção de informá-los e motivá-los a participarem da referida pesquisa. Cada professor pesquisador ficou responsável pela divulgação do projeto nas escolas onde teria os acadêmicos de sua turma realizando o Estágio.
Em 2007 o Estágio foi realizado e supervisionado pelos professores de MPEEF apenas nas séries finais do ensino fundamental (5ª a 8ª séries), no ensino médio, e no Centro de Educação Básica de Jovens e Adultos (CEBEJA), na Rede Pública Estadual de Ensino. Pois o desenvolvimento da disciplina, nesse caso, segue o que está estabelecido no currículo anterior.
A partir de 2008, com as mudanças curriculares, o Estágio passou a ser desenvolvido também na educação infantil, nas séries iniciais do ensino fundamental, e no Centro de Educação Básica de Jovens e Adultos (CEBEJA) nesse último com alunos que estão na fase de escolaridade das séries iniciais do ensino fundamental. O Estágio é efetivado prioritariamente nas Escolas Públicas Municipais, e está sob a supervisão dos professores da disciplina denominada, no novo currículo, de “Estágio Curricular Supervisionado em Educação Física I”, assim sendo neste Projeto de pesquisa também estão envolvidos os professores que atuam na Rede Pública Municipal de Ensino da cidade de Ponta Grossa e de Telêmaco Borba3.
Pretende-se na continuidade da pesquisa apresentar a proposta aos demais professores de Educação Física de outras Escolas Públicas Estaduais e Municipais de Ponta Grossa, isto é, mesmo que nessas instituições não tenhamos acadêmicos realizando o Estágio Supervisionado.
No projeto está estabelecido que qualquer participante da pesquisa tenha liberdade para sair da mesma no momento que for de sua vontade, necessidade e escolha.
Pressupostos metodológicos
A pesquisa é desenvolvida numa abordagem qualitativa, participativa, o estudo é de campo e de cunho etnográfico. Estão sendo utilizados os seguintes materiais para a coleta e registro dos dados: fichas específicas, diário de campo, entrevistas, questionários, relatórios. São realizadas observações das aulas ministradas pelos professores de Educação Física nas Escolas Públicas, as mesmas são efetivadas pelos acadêmicos do Curso de Licenciatura em Educação Física e pelos professores da UEPG, de ECSEF e MPEEF, do referido Curso, os dados são registrados nas fichas e no diário de campo.
São realizadas também entrevistas com os professores das escolas e aplicados questionários. Os alunos das escolas também respondem questionários, que são aplicados pelos acadêmicos ou pelos próprios professores de Educação Física de cada uma das turmas.
Os dados também são registrados no diário de campo de cada um dos envolvidos na pesquisa. Foram realizadas reuniões no início do ano letivo, com os acadêmicos e professores das escolas. Durante o desenvolvimento da pesquisa estão previstas reuniões visando à orientação e avaliação para um melhor encaminhamento do processo.
Em 2007 e 2008 as orientações foram realizadas, de forma quase individual, pelos professores de ECSEF e MPEEF, com cada um dos professores que tiveram acadêmicos estagiando em suas turmas. Esse procedimento foi utilizado devido à dificuldade em reunir os professores, fato este justificado pelo acúmulo de atividades dos docentes.
Os dados da pesquisa são registrados também na forma de relatórios, e sua elaboração ocorrerá durante e no final do processo, este procedimento está sendo utilizado pelos professores das escolas, pelos acadêmicos e professores de ECSEF e MPEEF, do Curso de Licenciatura em Educação Física da UEPG.
Um espaço necessário: Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Física Escolar e Formação de Professores - GEPEFE
O Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Física Escolar e Formação de Professores (GEPEFE) foi instituído, através da certificação da UEPG e cadastramento no CNPq, em 2006, mas sua idealização surgiu há mais tempo, pois os profissionais que desencadearam as ações iniciais de sua configuração tem uma caminhada bastante significativa tanto no contexto escolar como no de formação de professores na área de Educação Física.
A idealização e criação do Grupo revelam uma intenção comprometida, de alguns profissionais da área, de efetivar ações acadêmicas que resultem numa contribuição para a área.
A relevância do GEPEFE está em oferecer um espaço, em nível de academia, para que profissionais e acadêmicos possam dele usufruir, na busca de ações para a melhoria da Educação Física no contexto escolar e de formação inicial e continuada de professores.
O principal objetivo do GEPEFE é possibilitar um espaço para que profissionais e acadêmicos possam efetivar ações acadêmicas que resultem numa contribuição para a área de Educação Física no contexto escolar e de formação.
Os critérios para a participação no GEPEFE são: ser profissional da área de Educação Física; ser acadêmico do Curso de Educação Física; apresentar Currículo Lattes; e assumir comprometimento com as ações estabelecidas pelo Grupo.
O trabalho desenvolvido pelo GEPEFE envolve professores da UEPG, que atuam como docentes no Curso de Licenciatura em Educação Física, principalmente, na disciplina de Metodologia e Prática de Ensino em Educação Física (MPEEF), os professores de Educação Física que atuam na área na Educação Básica, e os acadêmicos do referido Curso de Licenciatura.
O GEPEFE desenvolve reflexões, análises, estudos, discussões e ações que resultem em pesquisas, publicações e intervenções que venham contribuir para redimensionar o desenvolvimento da Educação Física tanto no contexto escolar como no de formação de professores.
As Linhas de Pesquisa priorizadas no GEPEFE são: Corpo, cultura e Educação Física Escolar; Educação Física e Esporte: metodologia e ensino-aprendizagem; Manifestações do Esporte no contexto da Escola; Saúde e Educação Física Escolar; Transversalidade e Educação Física Escolar.
As ações efetivadas pelo GEPEFE desde sua criação, se deram através de encontros semanais, que foram organizados tendo como temáticas centrais um referencial científico produzido na área relacionado com as ementas das Linhas de Pesquisa. Houve um empenho dos integrantes do Grupo no sentido de participarem de eventos científicos da área, bem como na apresentação e publicação de trabalhos.
Alguns procedimentos foram utilizados durante a realização dos encontros, com o objetivo de dinamizar as discussões e ao mesmo tempo ter um eixo condutor a fim de que as mesmas fossem profícuas e todos pudessem contribuir, socializando as reflexões realizadas em torno das temáticas propostas para cada encontro semanal.
Dessa forma a cada encontro dois integrantes do Grupo atuavam como coordenadores para mediar às discussões em torno das temáticas estabelecidas, e um terceiro era designado para registrar as “falas” de cada um, no final do período de comum acordo o Grupo estabelecia as estratégias para o próximo encontro.
Uma das estratégias utilizadas foi a de “dividir” uma obra/livro, por exemplo, no sentido de cada participante ficar responsável pela apresentação e análise crítica de um capítulo. Esse encaminhamento contribuiu para que o Grupo tivesse interpretações do mesmo livro, obra, sob olhares diferenciados, o que serviu para enriquecer as discussões em torno das temáticas.
No decorrer do processo, o grupo decidiu pela realização quinzenal dos encontros, afim de que fosse mantida a motivação inicial de cada participante e que também as discussões não se “esvaziassem”. Outro aspecto que também influenciou nessa decisão foi o acúmulo de atividades profissionais e acadêmicas dos participantes.
Algumas dificuldades foram percebidas no primeiro ano de atividades (2007) do GEPEFE, entre elas podem ser destacadas: o dia fixo da semana para a realização dos encontros; a realização do encontro no período da tarde, dificultando a participação de muitos professores; a concepção de muitos professores de que o GEPEFE é um grupo fechado; a falta de participação de alguns professores em eventos da área; alguns não têm produção acadêmica, principalmente publicação de artigos; a dificuldade, de alguns, em estabelecer a relação entre produção acadêmica e o crescimento do Grupo como um todo.
Em 2008 algumas dessas dificuldades ainda permanecem, principalmente a falta de participação de alguns professores em eventos da área e a baixa produção acadêmica.
Por outro lado, foi possível perceber o crescimento acadêmico da maioria dos integrantes do GEPEFE, através, principalmente, de participações em eventos científicos na área educacional, publicações, envolvimentos em projetos, programas de capacitação, e algumas participações em processos seletivos para estudos em nível de Mestrado. É importante destacar o ingresso no Grupo (2008) de professores atuantes na Escola Pública tanto da cidade de Ponta Grossa como de outros municípios.
Com o objetivo de fortalecimento do Grupo foram estabelecidas como perspectivas as seguintes ações a serem desenvolvidas pelos seus integrantes: encontros periódicos; participações em eventos científicos e apresentação de trabalhos; ações direcionadas à fomentação do Grupo.
Considerações finais
Iniciamos uma caminhada compartilhada e compromissada em prol de objetivos maiores para a área da Educação Física, as ações empreendidas até então, abrem novas possibilidades e maiores responsabilidades.
O desenvolvimento da pesquisa e a constituição do Grupo de Estudos e Pesquisa poderão possibilitar encaminhamentos diferenciados e significativos tanto para o profissional da área da Educação Física, principalmente para o professor, como para o acadêmico do Curso de Licenciatura.
Tais encaminhamentos poderão ser concretizados na medida em que, ao professor será possibilitada uma maior proximidade e entendimento do que vem sendo abordado e discutido na área, contribuindo assim para motivá-lo a redimensionar sua prática pedagógica, bem como a desenvolver projetos tanto na escola como em nível acadêmico. Para o acadêmico a relevância das ações empreendidas está na possibilidade de sua participação em atividades acadêmicas, que poderão contribuir para que vislumbre caminhos mais amplos e significativos na sua profissão.
A pesquisa poderá proporcionar reflexões, discussões e encaminhamentos para uma prática mais significativa e relevante da Educação Física no contexto escolar, contribuindo também para uma aproximação do acadêmico junto à escola, fornecendo-lhe dados para que observe, reflita, compare e aponte encaminhamentos metodológicos mais próximos da teoria abordada no Curso de Licenciatura, possibilitando-lhe uma formação inicial mais próxima da realidade.
As ações desenvolvidas até então, apontam para um encaminhamento diferenciado para a Educação Física no contexto escolar e de formação, que está apenas no começo, os primeiros passos foram dados, a continuidade do processo e o alcance dos objetivos pretendidos dependem de cada um e também de todos enquanto Grupo, na realização de um trabalho profissional e acadêmico, que deve ser contínuo, sistemático, compartilhado e compromissado.
Notas
As denominações diferenciadas referentes às disciplinas que envolvem as atividades de Estágio Supervisionado dão-se em função das mudanças curriculares que ocorreram nos Cursos de Licenciatura a partir de 2006.
Elliott, 1989; Zeichner, 1992; Giroux, 1990; Contreras, 1997; Perrenoud, 1996.
O Curso de Licenciatura em Educação Física foi ofertado no Campus da UEPG de Telêmaco Borba a partir de 2006.
Referências
BETTI, M. Ensino de Primeiro e segundo graus: Educação Física para quê? In Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Vol. 13, n. 2, janeiro, 1992.
BRASILIA, Ministério da Educação e Cultura, Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais - Educação Física. 1998. Brasília: MEC/SEF, 1998. Impresso.
FINCK, S. C. M. A Educação Física e o Esporte na Escola Pública em Ponta Grossa - Paraná/PR (Brasil) no ensino fundamental no terceiro e quarto ciclo: análise do cotidiano do professor e perspectivas de mudanças no ensino. 2006. Tese (Doutorado). Universidade de Leon, Leon, 2006.
KULCSAR, R. “O Estágio Supervisionado como atividade integradora”. In PICONEZ, S. C. B. (coord.). A prática de ensino e o estágio supervisionado. 2ª ed. Campinas: Papirus, 1994.
LÜDKE, M; CRUZ, G. B. da. Aproximando Universidade e Escola de Educação Básica pela pesquisa. Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 125, maio/ago. 2005.
PERRENOUD, P. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação. Perspectivas sociológicas. Lisboa: D. Quixote, 1993.
SCHÖN, D.A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, Antonio. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
revista
digital · Año 13 · N° 125 | Buenos Aires,
Octubre de 2008 |