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Avaliação do perfil somatomotor de atletas masculinos de 

futsal de uma equipe catarinense no período da pré-temporada

 

*Mestranda em Cineantropometria e Desempenho Humano do Programa de Pós-Graduação 

em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina – Turma Minter

Técnica e professora de Educação Física da Universidade do Oeste de Santa Catarina 

UNOESC, campus de São Miguel do Oeste.

**Mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria

Professora e coordenadora do curso de Educação Física da Universidade do Oeste de Santa Catarina

UNOESC, campus de São Miguel do Oeste

***Acadêmico do curso de Educação Física

Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, campus de São Miguel do Oeste

****Mestrando em Ciência do Movimento Humano do Programa de Pós Graduação 

em Educação Física da Universidad Autonoma de Asuncion - UAA – Paraguai

Preparador de goleiros da ASME/UNOESC

Treinador do Genoma Colorado – Núcleo de São Miguel do Oeste

Sócio-proprietário da Escola e Academia JMG – Performance Academia – São Miguel do Oeste.

Sandra Fachineto*

Andréa Jaqueline Prates Ribeiro**

Diego Lezonier***

Mauri Maziero****

sandra@unoescsmo.edu.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi analisar o perfil antropométrico e de desempenho motor de atletas masculinos de futsal da equipe ASME/UNOESC que disputa a divisão especial do campeonato catarinense durante a pré-temporada, comparando as informações encontradas de acordo com as diferentes posições de jogo. Para tanto, a amostra foi composta por 12 atletas de futsal do sexo masculino, selecionados de forma intencional. Foram efetuadas medidas antropométricas (massa corporal, estatura e espessura de dobras cutâneas) e de desempenho funcional e motor ( VO2max, impulsão vertical e horizonal, shuttle run, corrida de 20 m, flexibilidade e coordenação – Mor-Cristian). Para análise dos dados utilizou-se da estatística descritiva (média e desvio-padrão) e ANOVA One way seguida pelo teste post hoc de Tukey, para comparação entre as variáveis em relação às diferentes posições de jogo. Os resultados mostraram diferenças antropométricas e motoras entre as diferentes posições de jogo durante a pré-temporada de treinamento. Houve diferenças significativas na massa corporal (MC), estatura e massa corporal magra (MCM). A estatura e a MC apresentaram diferenças entre alas e fixos e goleiros e pivôs (alas; fixos < goleiros; pivôs). A mesma diferença ocorrendo também na variável MCM (alas; fixos < pivôs). Para o desempenho motor foram observadas diferenças no teste de shuttle run e de coordenção entre as diferentes posições. Para o teste shuttle run, os fixos diferiram em seus resultados de alas e goleiros (fixos < alas, goleiros). Para o de coordenação a diferença ficou entre goleiros e fixos (fixos < goleiros). No entanto, esta diferença não se apresentou uniforme para uma ou outra posição específica, indicando que a evolução na dinâmica do jogo de futsal leva os atletas a desempenharem funções em todas as posições de jogo. Este fato pode garantir ao preparador físico da equipe um padrão de treinamento físico individual e também, o direcionamento de objetivos que visem uma maior participação efetiva dos atletas nas outras posições de jogo.

          Unitermos: Perfil antropométrico e motor. Treinamento. Futsal.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 125 - Octubre de 2008

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1.     Introdução

    Esporte em clara ascensão, o futsal hoje ganha cada vez mais espaço, tanto na mídia como em outros segmentos. Embora seja uma modalidade relativamente nova, a fácil reprodução desse esporte nas escolas faz dele um dos esportes mais praticados entre os brasileiros. Outros fatores também influenciaram e influenciam este crescimento. Entre eles, as alterações em suas regras, principalmente na década de 1990. De acordo com Andrade Júnior (1999), física, técnica e taticamente o jogo é outro em relação ao praticado antes das mudanças. Isto fez com que também a base de treinamentos mudasse para se adaptar à nova realidade.

    Hoje, o cuidado com a preparação física dos atletas é cada vez mais importante. No âmbito desportivo, a preparação física é um dos aspectos primordiais no desenvolvimento das qualidades motoras: força, velocidade, resistência, agilidade, coordenação (PLATONOV; BULATOVA, 2003). Portanto, no futsal o treinamento físico também é de suma importância. Assim como o futebol, o futsal é uma modalidade desportiva caracterizada por esforços intermitentes, de extensão variada e de periodicidade aleatória (LIMA; SILVA; SOUZA, 2005), e que exige dos atletas certas capacidades físicas, como a resistência muscular, a força/potência de membros inferiores, a agilidade e a flexibilidade (BELLO JÚNIOR, 1998)

    Um período muito importante nessa preparação física é a pré-temporada ou o período de preparação. Neste período, o atleta será elevado à condição competitiva na temporada considerada. A pré-temporada visa a incrementar o nível de proficiência técnico-tática, física e psicológica para permitir a realização de performances máximas nas competições programadas (DANTAS, 1998). Mas, para que essa preparação seja bem realizada, é preciso conhecer bem as especificidades do esporte, no caso, o futsal.

    Desta forma, têm-se procurado investigar acerca das características dos atletas e os efeitos do treinamento sistematizado do futsal (CYRINO et. al., 2002, LIMA; SILVA; SOUZA, 2005). Todavia, pouco se conhece sobre o padrão morfológico e de desempenho motor dos atletas desta modalidade (AVELAR et. al., 2008).

    Cyrino et. al. (2002) lembram que, no futsal, apesar de pouca informação a esse respeito, se tem o conhecimento de que os menores valores de gordura corporal podem favorecer o rendimento máximo, visto que a massa corporal excedente acarretará em um maior dispêndio energético. Isto mostra que conhecer o perfil antropométrico dos atletas pode favorecer a treinos físicos mais precisos e a resultados mais eficazes. Além disso, deve-se levar em conta a posição que cada jogador atua. Por realizarem funções diferentes em quadra, deduz-se que cada posição necessite de um treinamento específico. Estudos como o de Soares e Tourinho Filho (2006) mostram as especificidades de cada posição. Embora, com as recentes mudanças, isto possa não se comprovar na prática. De acordo com Bello Júnior (1998), os jogadores já começam a exercer múltiplas funções novamente, pois a regra modificou o comportamento do jogo. O próprio trabalho do goleiro já toma forma diferente, e no que tange à condição física, praticamente se iguala à condição de determinados jogadores de quadra. Corroborando com Bello Júnior (1998), Avelar et.al. (2008) afirmam que a preparação física dos atletas de futsal não deve ser individualizada de acordo com a posição de jogo.

    Portanto, este estudo objetivou analisar o perfil antropométrico e de desempenho motor de atletas masculinos de futsal da equipe ASME/UNOESC que disputa a divisão especial do campeonato catarinense durante a pré-temporada, comparando as informações encontradas de acordo com as diferentes posições de jogo. Da mesma forma, este estudo também objetiva apresentar índices de aptidão física e motora destes atletas a fim de contribuir para um melhor controle fisiológico das cargas de treinamento.

2.     Materiais e métodos

Seleção dos sujeitos

    Participaram desse estudo, 12 atletas de futsal, do sexo masculino, na fase de pré-temporada, pertencentes à equipe de futsal da ASME/UNOESC, de São Miguel do Oeste, participante da divisão especial do futsal catarinense. Os sujeitos investigados estavam aptos e autorizados pela comissão técnica a passar pelos testes motores e as avaliações antropométricas.

    Para uma comparação entre os atletas, nas diferentes posições de jogo, os jogadores foram divididos em: alas (5), pivôs (2), fixos (3) e goleiros (3).

Avaliação antropométrica

    Compreendeu medidas de massa corporal, estatura e dobras cutâneas tricipital, supra-ilíaca e abdominal.

    A massa corporal foi medida através de uma balança digital da marca Plenna® com precisão de 0,05 Kg, com o indivíduo descalço e usando roupas leves. A altura foi verificada usando um estadiômetro de madeira com precisão de 0,5 cm, sobre o qual repousava o indivíduo em pé. As medidas de espessura de dobras cutâneas foram obtidas através de um compasso de dobras cutâneas científico da marca Cescorf® e seguiram a padronização descrita por Guedes e Guedes (1998), sendo todas as medidas tomadas no hemi-corpo direito do avaliado, sendo realizadas duas medidas alternadas no mesmo local. Caso ocorresse uma variabilidade superior a 5% entre a menor e a maior medida uma terceira medida deveria ser feita.

    Posteriormente, foram estimados o percentual de gordura (%G), a massa corporal magra (MCM), através do programa computacional SAPAF (Sistema de Avaliação e Prescrição da Atividade Física) adulto, versão 4.06 proposto por Guedes (1999) e comercializado pela Infodata Informática (2008), sendo que os resultados obtidos foram específicos para cada atleta avaliado.

    É importante ressaltar que todas as medidas antropométricas foram coletadas por um único avaliador, com experiência de aproximadamente 5 anos com esse tipo de coleta.

Testes motores e condição cardiorrespiratória

    Para determinação da condição cardiorrespiratória (expressa em VO2max - consumo máximo de oxigênio) foi utilizado um teste de esforço físico graduado. No dia que precedia realização do teste, foi solicitado aos participantes que permanecessem pelo menos 24h sem praticar qualquer tipo de exercício extenuante.

    Os participantes realizaram o teste no Laboratório de Fisiologia do Esforço da UNOESC, campus de São Miguel do Oeste com temperatura ambiente mantida entre 21 e 24°C. Para tanto, o protocolo utilizado foi o de Bruce (1971), conforme mostra Tabela 1.

Tabela 1. Protocolo de Bruce

Estágio

Velocidade 

Km/h

Inclinação 

%

Duração do Estágio 

Min.

1

2,7

10

03

2

4,0

12

03

3

5,6

14

03

4

7,2

16

03

5

8,0

18

03

6

8,8

20

03

7

9,6

22

03

8

10,4

24

03

    Foi utilizado como indicadores de potência dos membros inferiores, os testes de impulsão vertical sem auxílio dos membros superiores e o teste de impulsão horizontal. O resultado registrado foi o melhor salto das três tentativas feitas por cada atleta, tanto para a impulsão vertical, quanto para a horizontal (MATSUDO, 2003).

    Como indicador de agilidade, utilizou-se o teste de corrida vai-e-vem (shuttle run). Cada atleta realizou duas tentativas, com intervalo de aproximadamente três minutos entre elas, sendo computado o melhor valor das duas tentativas. O resultado foi expresso em segundos (não desprezando os centésimos) (MATSUDO, 2003).

    Para determinar a velocidade de cada atleta, utilizou-se o teste de corrida de 20 m. Cada um percorreu uma distância de vinte metros em um percurso reto e livre de obstáculos. Foi permitida uma tentativa, sendo registrado o tempo em segundos (não desprezado os centésimos) (MATSUDO, 2003)

    Para determinação da flexibilidade, utilizou-se o teste de sentar e alcançar. Para registro do resultado, foi considerada a maior distância alcançada de três tentativas. A esta foi acrescentado 23 centímetros, obtendo-se o resultado final (MATSUDO, 2003).

    Como indicador de coordenação, empregou-se o teste de Mor-Cristian, de habilidades e destrezas gerais no futebol, citado em Tritschler (2003). Cada atleta realizou três tentativas, sendo a primeira no sentido anti-horário, a segunda no sentido horário e a terceira ficou a critério do avaliado. Utilizou-se a média dos dois menores tempos para execução do percurso.

Tratamento estatístico

    Para análise dos dados foi utilizado o programa estatístico SPSS versão 13.0. Os procedimentos utilizados corresponderam: teste de normalidade dos dados de Kolmogorov-Smirnov; estatística descritiva (média; desvio padrão, valores mínimo e máximo) e a ANOVA One Way seguida pelo teste post hoc de Tukey para comparação entre as diferentes posições de jogo, sendo o nível de significância adotado de P≤0,05.

3.     Resultados

    As tabelas 2 e 3 apresentam as características antropométricas e de desempenho motor dos jogadores de futsal investigados.

Tabela 2. Características antropométricas de atletas de futsal da Asme/Unoesc de São Miguel do Oeste - Santa Catarina (n = 12).

Variáveis

Mínimo

Máximo

Média

DP

Idade (anos)

17,00

34,00

23,91

5,07

Massa corporal (kg)

62,50

90,90

73,61

10,60

Estatura (cm)

163,50

191,60

174,13

8,49

% Gordura

5,60

23,50

13,10

6,22

Massa Corporal Magra (Kg)

51,40

78,50

63,38

7,53

 

Tabela 3. Características motoras de atletas de futsal da Asme/Unoesc de São Miguel do Oeste – Santa Catarina (n = 12).

Variáveis

Mínimo

Máximo

Média

DP

V02 Máx (ml/kg/min)

49,17

71,14

62,13

6,94

Impulsão Horizontal (m)

1,88

2,46

2,22

0,17

Impulsão Vertical (cm)

36,50

51,50

42,62

5,22

Agilidade (seg.)

8,35

9,31

8,90

0,24

Corrida 20m (seg.)

2,87

3,21

3,04

0,11

Flexibilidade (cm)

32,50

49,50

39,60

5,83

Coordenação (seg.)

11,60

14,42

12,81

0,90

    A tabela 4 mostra a comparação das variáveis antropométricas e de desempenho motor de acordo com as posições de jogo. A análise de variância apontou diferenças estatisticamente significantes (P<0,05) para as variáveis massa corporal (MC), estatura, massa corporal magra (MCM), agilidade e coordenação.

Tabela 4. Características físicas e motoras de atletas de futsal da Asme/Unoesc de São Miguel do Oeste - Santa Catarina, de acordo com as posições de jogo.

Variáveis

Goleiros

Alas

Pivôs

Fixos

p

MC (kg)

83,03 ± 6,95b

64,26 ± 1,83a

85,95 ± 0,91b

70,55 ± 9,97a

,002*

Estatura (cm)

177,13 ± 4,39ab

168,16 ± 5,13a

188,05 ± 5,02b

170,65 ± 2,75a

,005*

% Gordura

19,46 ± 6,72

10,04 ± 5,21

12,50 ± 4,52

11,80 ± 5,79

,222

MCM (kg)

66,63 ± 4,20ab

57,82 ± 4,44a

75,20 ± 4,66b

60,60 ± 2,68a

,006*

V02 Máx (ml/kg/min)

56,86 ± 7,72

63,72 ± 5,83

65,85 ± 0,12

62,32 ±12,28

,522

Impulsão Horizontal (m)

2,07 ± 0,18

2,19 ± 0,15

2,37 ± 0,12

2,34 ± 0,49

,174

Impulsão Vertical (cm)

42,66 ± 4,50

41,10 ± 6,09

49,00 ± 1,41

40,00 ±1,41

,294

Agilidade (seg.)

9,14 ± 0,14b

8,95 ± 0,11b

8,83 ± 0,11ab

8,53 ± 0,25a

,012*

Corrida 20m (seg.)

3,08 ± 0,14

3,06 ± 0,12

2,98 ± 0,49

3,02 ± 0,12

,803

Flexibilidade (cm)

42,17 ± 8,73

38,16 ± 6,64

40,25 ± 3,18

38,75 ±1,76

,858

Coordenação (seg.)

13,88 ± 0,72b

12,60 ± 0,54ab

12,70 ± 1,04ab

11,85 ± 0,35a

,046*

*p≤0,05 .Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey

4.     Discussão

    Como um todo, os esportes vêm sofrendo alterações em suas dinâmicas de jogo no decorrer dos últimos anos. No futsal, o jogo se tornou mais rápido, suas regras se modificaram, impondo aos atletas um maior desgaste durante o jogo devido à intensa movimentação, e trazendo a estes novas exigências. Quando o aparelho locomotor é submetido a sobrecarga, as suas valências físicas (força, resistência e flexibilidade) precisam se manter íntegras, e para que isso aconteça, é necessário um bom preparo físico, capaz de evitar ou superar qualquer tipo de lesão que possa vir a acontecer (KURATA et. al., 2007). Assim, cada vez mais se torna importante o conhecimento científico em relação ao planejamento do treinamento físico de atletas. O presente estudo analisou o perfil antropométrico e de desempenho motor de atletas masculinos de futsal da equipe ASME/UNOESC que disputa a divisão especial do campeonato catarinense durante a pré-temporada.

    No geral, a média do percentual de gordura apresentado pelo grupo (13,1%) corresponde à classificação apresentada por Foss e Keteyian (2000), que sugerem que a maioria dos atletas devem possuir um percentual de gordura entre 5 e 13%. No entanto, cabe salientar que o período de preparação é um fator importante na definição das características de composição corporal. Avelar et al. (2008) encontraram valores médios de percentual de gordura de 9,7% em jogadores de futsal paranaenses durante o período competitivo.

    Observando-se o perfil antropométrico dos atletas deste estudo em relação às diferentes posições de jogo, percebe-se que houve diferenças significativas na MC, estatura e MCM. A MC apresentou diferença entre alas e fixos e goleiros e pivôs (alas; fixos < goleiros; pivôs). Em relação a estatura, os pivôs mostraram diferenças significativas em relação aos alas e fixos (alas; fixos < pivôs). A mesma diferença ocorrendo também na variável MCM (alas; fixos < pivôs). Corroborando com estes achados Avelar et al. (2008) também observaram diferenças nas mesmas variáveis apontadas por este estudo para atletas de futsal de um equipe de Florianópolis, ou seja, os alas apresentaram menores valores médios em relação a goleiros e pivôs. Este fato demonstra que a função exercida em quadra é um fator importante no planejamento do treinamento. Segundo Maughan, Gleeson e Greenhaff (2000), ao planejar-se o período preparatório, por exemplo, deve-se buscar conhecer os pontos fortes de cada atleta, a disposição na equipe e se seu perfil físico e, estes dados, correspondem ao necessário para trabalhar sua posição em quadra.

    Analisando o perfil motor, levando-se em conta o teste Shuttle-run, houve diferença significativa entre as diferentes posições. Os fixos diferiram em seus resultados de alas e goleiros (fixos < alas, goleiros). Em comparação com o estudo de Avelar et. al. (2008), os atletas da ASME/UNOESC tiveram um desempenho superior neste teste. Isto pode estar atrelado ao momento da coleta de dados, já que este estudo analisou atletas em fase de pré-temporada, enquanto o outro em fase final de temporada, época em que o desempenho físico dos atletas tende a regredir.

    Já em relação aos testes de impulsão, os resultados foram muito uniformes entre as posições. Os resultados deste estudo são semelhantes ao de Cyrino et. al. (2002) quanto à impulsão horizontal. Não ocorrendo o mesmo quanto à flexibilidade, onde os atletas deste estudo apresentaram desempenho bem superior ao de Cyrino et. al. (2002). Quanto ao teste de VO2máx., o resultado foi parecido ao encontrado por Lima, Silva e Souza (2005). Embora o VO2máx. não permita predizer o nível competitivo de uma equipe, é um fator a ter em conta na melhoria da condição física em geral. Uma determinada qualidade e constância de esforço são incompatíveis com níveis de aptidão aeróbia similares às dos sedentários (SANTOS, 1999).

    Além do teste de agilidade Shuttle-run, apenas o de coordenação (Mor-Cristian) também apresentou diferença significativa entre as posições. A diferença ficou entre goleiros e fixos (fixos < goleiros).

    Os testes motores revelaram uma ausência de diferenças significativas entre as diferentes posições de jogo na maioria das variáveis, excluindo agilidade e coordenação. Isto vai ao encontro da tendência de que as modificações no jogo fizeram com que as diferentes posições fossem niveladas no que diz respeito a exigências físicas. Embora uma tendência, esta hipótese ainda precisa ser melhor estudada, já que outros estudos, como o de Arins e Silva (2007), mostram diferenças importantes de desgaste e exigência física entre as diferentes posições.

5.     Conclusão

    Os resultados apresentados no presente estudo mostram diferenças antropométricas e motoras entre as diferentes posições de jogo durante a pré-temporada de treinamento. No entanto, esta diferença não se apresentou uniforme para uma ou outra posição específica, indicando que a evolução na dinâmica do jogo de futsal leva os atletas a desempenhar funções em todas as posições de jogo. Este fato pode garantir ao preparador físico da equipe um padrão de treinamento físico individual e ainda, o direcionamento de objetivos que visem uma maior participação efetiva dos atletas nas outras posições de jogo.

    O conhecimento do desempenho antropométrico e motor no período da pré-temporada são fundamentais para traçar os objetivos e metas para o período posterior e com isso melhorar o rendimento esportivo da equipe.

Referências

  • ANDRADE JÚNIOR, J. R. O jogo de futsal: ténico e tático. Curitiba: expoente, 1999.

  • ARINS, F. B; SILVA, R. C. R. Intensidade de trabalho durante os treinamentos coletivos de futsal profissional: um estudo de caso. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. v. 9 n.3. p. 291-296., set. 2007.

  • AVELAR, A. et. al. Perfil antropométrico e de desempenho motor de atletas paranaenses de futsal de elite. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. v.10, n.1, p. 76-80., 2008.

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  • BRUCE, R. A. Exercise testing of patients with coronary artery disease. Ann Clin Res, v. 3, p. 323-330, 1971.

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  • GUEDES, D. P. Sistema de Avaliação e Prescrição da Atividade Física – SAPAF versão 4,06. Londrina/PR. Infodata Informática, 1999.

  • GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e nutrição. Londrina: Midiograf, 1998.

  • KURATA, D. M.; MARTINS JUNIOR, J.; NOWOTNY, J. P. Incidência de lesões em atletas praticantes de futsal. Iniciação Científica CESUMAR. v.9, n.1., jan./jun. p. 45-51., 2007.

  • LIMA, A. M. J.; SILVA, D. V. G.; SOUZA, A. O. S. Correlação entre as medidas direta e indireta do VO2máx. em atletas de futsal. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.11, n.3., maio/jun., 2005.

  • MATSUDO, V. K. Testes em Ciências do Esporte. São Paulo: Aratebi, 2003.

  • MAUGHAN R.; GLEESON, M.; GREENHAFF, P. L. Bioquímica do exercício e do treinamento. São Paulo: Manole, 2000.

  • PLATONOV, V. N.; BULATOVA, M. M. A preparação física. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.

  • SANTOS, J. A. R. Estudo comparativo, fisiológico, antropométrico e motor entre futebolistas de diferente nível competitivo. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.13 n.2, p. 146-159., jul./dez. 1999.

  • SOARES, B.; TOURINHO FILHO, H. Análise das distâncias e intensidade dos deslocamentos, numa partida de futsal, nas diferentes posições de jogo. Revista Brasileira de Educação Física Especializada, São Paulo, v. 20, n. 2., abr./jun. 2006.

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