Atividade física e síndrome metabólica: um estudo de revisão | |||
*Profa. de Educação Física **Centro de Educação Física e Esportes Universidade Estadual de Londrina (Brasil) |
Profa. Fernanda Reis Penteado* Prof. Dr. Nilton Munhoz Gomes** |
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Resumo A Síndrome Metabólica (SM) caracteriza-se pela associação, de fatores de riscos na sua maioria modificáveis, precursores principalmente do diabetes tipo 2 e da doença coronariana, tais como a obesidade abdominal, elevados níveis de triglicerídeos e baixos níveis de HDL-colesterol, hipertensão arterial e interligando-se a estas alterações metabólicas está a resistência à insulina (hiperinsulinemia). O presente trabalho buscou, a partir de levantamento bibliográfico, levantar informações gerais sobre a Síndrome Metabólica, incluindo a relação desta com a prática de atividades físicas. Foram encontrados poucos estudos sobre a sua relação com a atividade física, bem como sua prevalência na população brasileira. Porém, alguns estudos recentes apontam íntima relação entre a prática de atividade física regular, desde a infância com um fator determinante na prevenção e melhoria nos sintomas da Síndrome Metabólica. Dentre as atividades praticadas, a atividade aeróbica tem se mostrado a principal maneira de ação para melhorar ou até mesmo prevenir os sintomas relacionados à SM e diminuir os fatores de risco cardiovascular. Os cuidados com a alimentação e com hábitos de vida saudáveis também são citados como ponto fundamental como forma de prevenção e intervenção para o controle da SM. Sendo assim, a importância da associação da prática de exercícios físicos regulares com uma dieta balanceada é fator determinante na para diminuir os sintomas e prevenir o aparecimento da SM. Unitermos: Síndrome metabólica. Exercício físico. Hábitos alimentares. Prevenção. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 125 - Octubre de 2008 |
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1. Introdução
O crescimento do sedentarismo, de hábitos alimentares pouco saudáveis e do estresse caracterizam elementos cada vez mais comuns na nossa sociedade, e que estão relacionados ao aumento constante e cada vez mais precoce, das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). As DCNT representam atualmente a principal causa de mortes no Brasil e nos Países desenvolvidos (BRANDÃO, 2005), dentre elas, as doenças do aparelho cardiocirculatório, representadas, principalmente pelas doenças coronarianas, cerebrovasculares e insuficiência cardíaca. O diabetes tipo 2 é tido como um outro problema freqüente que afeta a saúde da população mundial, representando um fator importante na mortalidade, sobretudo em relação à ocorrência de episódios circulatórios agudos.
Um conjunto de fatores de risco apresentam influência direta para o desenvolvimento das enfermidades referidas acima, fatores esses representados por anormalidades metabólicas que têm como ponto central a resistência à insulina, levando a uma hiperinsulinemia (BRANDÃO, 2005). A união de cinco dos fatores de risco considerados principais (elevados níveis de triglicerídeos, baixos níveis de lipoproteínas de alta densidade HDL-C, resistência à insulina, obesidade abdominal e hipertensão arterial) constituem a Síndrome Metabólica (SM), que é um tema atual que vem ganhando espaço na area da saúde, em virtude dessa complexa relação de fatores de risco cardiovascular. Um dos maiores problemas para estudos epidemiológicos da SM esta relacionado ao fato de sua definição não ser uma unanimidade. Poucos estudos são encontrados na literatura brasileira sobre a relação da SM com o exercício físico, com isso não se sabe ao certo sua prevalência nessa população, em função desses estudos possuírem normalmente uma amostra não muito representativa. Diante do exposto, o trabalho buscou, a partir de levantamento bibliográfico, levantar informações gerais sobre a Síndrome Metabólica, incluindo a relação desta com a prática de atividades físicas.
2. Metodologia
Segundo LAKATOS (1991) a pesquisa bibliográfica abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, até meios de comunicação orais. Ela deve oferecer meios para definir, resolver não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizam suficientemente. A metodologia dessa investigação tem como base uma revisão atual da literatura a fim de buscar reunir informações a partir de referencias bibliográficas a qual possa atender os objetivos da pesquisa. As fontes de consulta (livros, artigos, periódicos), têm em foco a definição da Síndrome Metabólica e os benefícios do exercício físico para sua prevenção e controle.
3. Revisão de literatura
3.1. Síndrome Metabólica: definição e diagnostico
A SM caracteriza-se pela associação, num mesmo indivíduo de fatores de riscos, na sua maioria modificáveis, precursores principalmente do diabetes tipo 2 e da doença coronariana, tais como a obesidade abdominal, elevados níveis de triglicerídeos e baixos níveis de HDL-colesterol, hipertensão arterial e interligando-se a estas alterações metabólicas está a resistência à insulina (hiperinsulinemia), daí também ser conhecida como a síndrome da resistência a insulina.
A partir da década de 1980 houve um maior interesse por parte dos pesquisadores em relação à SM e desde então alguns trabalhos vem sendo publicados para melhor caracterizar a Síndrome. O conjunto de fatores de risco que identificam a Síndrome Metabólica foi reconhecido, pela primeira vez, em 1983. Em 1988, Reaven introduziu o termo síndrome X e identificou a resistência à insulina, definida como a menor captação da glicose pelos tecidos periféricos, como o substrato fisiopatológico comum da síndrome (MINAME, 2005). Desde então a SM já foi descrita por diversos nomes, como, por exemplo, síndrome metabólica hipertensiva, síndrome plurimetabólica, síndrome X, quarteto mortal e síndrome da resistência à insulina; porém, a maioria dos trabalhos atuais tem adotado o termo síndrome metabólica. (LOPES, 2003).
Um dos grandes problemas para estudos epidemiológicos da SM esta relacionada ao fato de sua definição não ser uma unanimidade. A não uniformização dos critérios a serem estabelecidos tem dificultado pesquisas direcionadas ao seu diagnóstico e tratamento. Recentemente algumas definições vem sendo propostas com pretensões de facilitar as pesquisas e favorecer comparações entre as mesmas. Tanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) quanto o National Institute of Health (NIH) publicaram suas propostas.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a avaliação da resistência à insulina ou o distúrbio do metabolismo da glicose são o ponto de partida para sua caracterização. O mais recente relatório publicado pelo NIH, National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III) desenvolveu sua definição para uso clínico e não exige a comprovação da resistência à insulina o que facilita o seu uso, pela sua simplicidade e praticidade como foi desenvolvida é a definição recomendada atualmente pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM (I-DBSM). Seu diagnóstico é proposto por meio da presença de no mínimo três dos fatores de risco mais característicos relacionados ao estilo de vida e a fatores de risco emergentes. Como critérios de diagnósticos da SM segue o consenso descrito na tabela:
Tabela 1. ATP III critérios para identificação da Síndrome Metabólica1
A I-DBSM (2004) recomenda que para os componentes pressão arterial e triglicerídeos o uso de medicação anti-hipertensiva ou de hipolipidemias assim como diagnóstico prévio de diabetes.
O ponto de corte estabelecido para a circunferência abdominal (índice antopométrico mais representativo da gordura intra-abdominal) de 102 cm para homens e 88 cm para mulheres é relativo por não se adequar em populações de diferentes etnias, assim alguns valores mais baixos que vão de 94-102 cm para homens e 80-88 cm para mulheres são recomendados.
Para a confirmação do diagnóstico da SM e identificar os fatores de risco cardiovascular associados de acordo com os critérios do NCEP-ATP III, é necessário investigação clínica e laboratorial que inclua:
Anamnese clínica – idade, tabagismo, prática regular de atividade física, histórico familiar de hipertensão, doença cardiovascular e diabetes, diabetes gestacional, doença arterial coronariana, acidente vascular encefálico
Medida de circunferência abdominal: determinada no plano horizontal, no ponto coincidente com a distância média entre a última costela e a crista ilíaca (GUEDES & GUEDES, 2003).
Níveis de pressão arterial: Na posição sentada, após cinco minutos de repouso, a pressão deve ser aferida pelo menos duas vezes por consulta.
Peso e estatura: Utilizados para determinar o índice de massa corporal pela fórmula do IMC= peso/altura ².
Exame cardiovascular.
Exame de pele (pescoço e dobras cutâneas) para a identificação de acantose nigricans.
Exame de Glicemia de jejum: avaliação laboratorial.
Dosagem do HDL-colesterol e dos triglicerídeos
Outros exames laboratoriais poderão ser realizados para melhor avaliação do risco cardiovascular e determinação da SM, tais como: colesterol total, LDL-colesterol. A presença aumentada de LDL não faz parte dos critérios diagnósticos de SM, porém, frequentemente, os pacientes portadores de resistência à insulina e síndrome metabólica apresentam aumento da fração pequena e densa do LDL-colesterol que tem um potencial arteriosclerótico maior (I-DBSM, 2004).
3.2. Definição dos fatores de risco cardiovascular relacionados à SM
A genética, o sedentarismo, o tabagismo, o ganho de peso progressivo e uma dieta rica em carboidrato refinados, gorduras saturadas e pobre em fibras alimentares contribuem para o desenvolvimento da Síndrome Metabólica, considerada um fator que eleva o risco cardiovascular. Alguns fatores de risco cardiovascular são associados a SM e serão descritos abaixo:
3.2.1. Obesidade abdominal
O padrão da distribuição da gordura deve receber grande destaque, pois não só a quantidade de gordura corporal relativa, mas principalmente a distribuição regional desta apresenta estreita relação com o aumento de doenças cardiovasculares. Essa relação pode ser atribuída à associação entre complicações metabólicas relacionadas à maior incidência de gordura na região abdominal, independente da quantidade total de gordura. A localização da gordura corporal nas diferentes regiões anatômicas do corpo distingue a obesidade de acordo com os tipos ginóide e andróide. (GUEDES & GUEDES, 2003). Indivíduos com acúmulo predominante de gordura na região do quadril, glúteo e coxa superior apresentam obesidade ginóide ou periférica, sob efeito hormonal dos estrógenos característica principalmente das mulheres. Já aqueles que apresentam acúmulo mais acentuado de gordura na região abdominal, tronco, cintura escapular e pescoço, apresentam obesidade andróide ou central, sob efeito hormonal da testosterona manifestam-se, sobretudo nos homens podendo também atingir mulheres em estados de obesidade excessiva.
O quociente entre a circunferência da cintura e do quadril é usualmente empregado para determinar a localização da gordura corporal. Valores superiores a 0,80 nas mulheres e 0,90 nos homens sugerem distribuição andróide ou central da gordura, essa relação e medida em plano horizontal, no ponto coincidente com a distância média entre a última costela e a crista ilíaca, e é um dos critérios do NCEP-ATP III para identificação da Síndrome Metabólica.
A maioria dos casos de SM ocorre em indivíduos com excesso de peso, o que por si só, prejudica a sensibilidade à insulina, que diminui em até 40% quando o indivíduo apresenta massa corporal maior que 35% e 40% da ideal (SANTOS, 2006). O excesso de gordura corporal leva ao acúmulo de lipídeos nos tecidos, notavelmente no tecido adiposo, músculo,s fígado e células pancreáticas o que parece induzir ações bioquímicas ocorridas na SM.
O padrão de distribuição central da gordura corporal apresenta aumento no tamanho ou número das células adiposas vicerais, metabolicamente mais ativas. Outra alteração é uma falha dos adipócitos em reter os ácidos graxos livres em seu interior, aumentando seu fluxo para a circulação. Esse mecanismo é facilitado pela resistência à insulina. (MINAME, 2005) Aumentando assim, a quantidade de ácidos graxos livres para o fígado e para os tecidos periféricos, induzindo reduções na extração hepática de insulina, levando a uma hiperinsulinemia periférica. Além disso, na resistência à insulina, o fígado libera na circulação uma forma de lipoproteínas de muito baixa densidade, o VLDL, pois a síntese hepática de triglicérides é estimulada.
O tecido adiposo é um grande depósito de triglicerídeos, e consequentemente, de ácidos graxos, uma vez que cada molécula de triglicerídeo contém três ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol. Embora antes considerado apenas como um grande reservatório de energia e isolante térmico, o tecido adiposo vem assumindo cada vez mais importância como um tecido endócrino (LOPES, 2004 b). Esse conceito revolucionário define o fato de tecido adiposo ser um órgão extremamente ativo tanto metabolicamente quanto do ponto de vista secretório de um número enorme de substâncias que têm fundamental participação em alguns mecanismos da síndrome metabólica: redução da captação hepática de insulina, aumento na produção de glicose, síntese de VLDL-colesterol, diminuição do uso da glicose mediada pela insulina.
Por último, vale a pena comentar sobre a participação dos Ácidos graxos livres, os AGNEs, nos mecanismos da hipertensão em obesos e portadores da síndrome metabólica. A relação entre obesidade e hipertensão apesar de ser bastante conhecida, tem seus mecanismos envolvidos nesse processo pouco esclarecidos. Ela parece ser maior em indivíduos que apresentam obesidade abdominal ou visceral. Indivíduos com obesidade central são mais resistentes à insulina, têm mais doenças cardiovasculares, têm mais hipertensão arterial, e têm níveis elevados de Ácidos graxos livres.
GUEDES & GUEDES (2003) sugerem a alta predisposição dos indivíduos obesos em apresentar hiperinsulinemia e resistência à insulina, em razão da excessiva exposição a elevadas concentrações de ácidos graxos livres como principal fator de elevação dos níveis de pressão arterial. Essas disfunções aumentam a retenção de sódio renal, que juntamente com as disfunções dos receptores de insulina intensificam a ativação do sistema nervoso simpático, e assim os níveis de pressão arterial tendem a aumentar.
3.2.2. Hipertensão arterial
A pressão sanguínea é resultado da interação do trabalho cardíaco mediante ação de contração e relaxamento de seus músculos e da propriedade de elasticidade dos vasos sanguíneos, destinados a absorver a força que o sangue exerce contra suas paredes. A maior pressão exercida pelo sangue ocorre nas artérias, onde é mensurada e usada como indicador de saúde. Ela é definida como a força exercida pelo sangue contra as paredes arteriais, determinada pela quantidade de sangue bombeado e pela resistência ao fluxo sanguíneo.
A pressão arterial normal de um homem adulto é de 120/80, enquanto das mulheres adultas tende a ser mais baixa, 110/70 (POWERS & HOWLEY, 2000). A hipertensão é definida como uma pressão arterial superior à faixa normal para a idade e sexo do indivíduo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a hipertensão arterial em indivíduos adultos se concretiza quando os valores de pressão sanguínea sistólica e diastólica alcançam valores igual ou superiores a 140 e 90 mmHg respectivamente. O maior valor, na razão da pressão arterial é a pressão arterial sistólica, ou seja, pressão gerada quando o sangue é ejetado do coração durante a sístole ventricular, já o menor valor é definido como pressão arterial diastólica, que ocorre durante o relaxamente ventricular ou diástole, aonde ocorre diminuição da pressão arterial.
Estudos epidemiológicos e clínicos, dentre eles o “Seven Countries Study”, mostrou haver relação direta da pressão arterial sistólica e da pressão arterial diastólica com as taxas de mortalidade por doença cardiovascular em 16 comunidades. Os dados exibidos evidenciaram que esse risco era duas vezes maior quando havia incremento de 10 mmHg na média da pressão arterial sistólica (BRANDÃO, 2003). No Brasil, não é exato o número de indivíduos hipertensos, a prevalência da dessa patologia tem uma variação de 12 a 35% em determinadas regiões.
A pressão arterial é influenciada e dependente de vários fatores fisiológicos: débito cardíaco, volume sanguíneo, resistência ao fluxo e viscosidade do sangue. O aumento de qualquer uma dessas variáveis pode levar a um aumento na pressão arterial, da mesma maneira que a diminuição de qualquer componente leva a diminuição da PA.
A regulação aguda (de curto prazo) da pressão arterial é realizada pelo sistema nervoso simpático, enquanto a regulação de longo prazo é, sobretudo, uma função dos rins. Estes regulam a pressão arterial por meio de se controle do volume sanguíneo (POWERS & HOWLEY, 2000). Na artéria carótida e aorta existem alguns receptores de pressão, que são sensíveis às alterações da pressão arterial. Quando aumenta a pressão arterial esses receptores são acionados e enviam impulsos ao centro de controle cardiovascular, que responde com uma diminuição da atividade simpática, e isso pode diminuir o débito cardíaco e/ou resistência vascular, diminuindo assim a pressão arterial.
3.2.3. Diabetes Mellitus tipo II
O diabetes mellitus tipo II é uma patologia detectada geralmente na meia-idade e frequentemente esta associada à obesidade andróide ou da porção superior do corpo, podendo também ocorrer em indivíduos magros. Constitui-se num grupo de distúrbios metabólicos caracterizados pela resistência insulínica periférica, combinada com uma falha na secreção de insulina pelo pâncreas, aonde o órgão não produz insulina em quantidades suficientes para satisfazer as necessidades humanas.
A insulina é um hormônio polipeptídico anabólico produzido pelas células beta do pâncreas, cuja síntese é ativada pelo aumento nos níveis circulantes de glicose e aminoácidos após as refeições (ZECCHIN, 2004). É responsável pelo transporte da glicose através da membrana celular para sua posterior oxidação, agindo em vários tecidos periféricos, como os músculos, fígado e tecido adiposo. O aumento da captação de glicose principalmente pelos músculos e pelo tecido adiposo e o bloqueio da produção hepática de glicose, são os principais efeitos metabólicos imediatos da insulina. A sua insuficiência tem como conseqüência um nível elevado de glicose circulante no sangue (hiperglicemia) por conseqüência da dificuldade da célula em utilizar a glicose como fonte de energia.
A síndrome da resistência à insulina pode explicar diversas anormalidades metabólicas e bioquímicas encontradas nos diabéticos. Ela é caracterizada principalmente por resistência à insulina, obesidade, hipertensão e dispilipidemia. A dislipidemia diabética é caracterizada pelo aumento de partículas de LDL pequenas e densas, redução do HDL-colesterol e níveis elevados de triglicérides (VACANT, 2004). Os diabéticos apresentam doença arterial coronária mais grave que os não-diabéticos, possivelmente em função do aumento da incidência das anormalidades lipídicas, tais como as partículas de LDL pequenas e densas. A presença dessas partículas está associada a risco três vezes maior de infarto do miocárdio.
A resistência insulínica é considerada um fator de risco cardiovascular e um dos principais achados nos indivíduos portadores da SM. Em relação ao efeito da insulina sobre a pressão arterial, sabe-se que a hiperinsulinemia aguda provoca diminuição da excreção de sódio, embora não afete a pressão arterial em indivíduos normotensos (LOPES, 2003). Uma provável hipótese sobre o mecanismo da insulina na hipertensão é a hiperinsulinemia exercer ação trófica na musculatura do vaso sanguíneo, além da sua ação vasodilatadora, resultando no aumento da resistência vascular e, conseqüentemente, no aumento da pressão arterial.
A resistência a Insulina na síndrome metabólica ocorre no metabolismo da glicose e dos ácidos graxos livres e as anormalidades lipoprotéicas consistem aumentos dos níveis plasmáticos de triglicerídeos e partículas de LDL pequenas e densas, com acentuada redução dos níveis plasmáticos de HDL-colesterol (BERTOLAMI, 2004). Essa resistência dos tecidos periféricos à insulina parece ser a principal anormalidade central associada à SM.
3.2.4. Dispilipidemia
As lipoproteínas agem como transportadoras de lipídeos no plasma sanguíneo, elas são partículas macromoleculares compostas pelos lipídios como o colesterol, os fosfolipídios e os triglicerídeos e também por proteínas especiais conhecidas como apoproteínas.
Usualmente a concentração sérica de colesterol é dividida em duas classes, baseadas no tipo de lipoproteína que transporta o colesterol. Considerando-se que os lipídeos apresentam-se menos densos que as proteínas, quando as lipoproteínas apresentam maiores quantidades de lipídeos, ou colesterol em comparação com as proteínas diz-se que as lipoproteínas são de baixa densidade ou LDL, quando as lipoproteínas apresentam maiores quantidades de proteínas em relação aos lipídeos diz-se lipoproteínas de alta densidade ou HDL. Um terceiro tipo de lipídeo sanguíneo é a lipoproteína de densidade muito baixa ou VLDL-colesterol, ele apresenta maiores quantidades de lipídeos do que as proteínas aonde os lipídeos consistem basicamente de triglicerídeos em vez de colesterol. (GUEDES & GUEDES, 1995)
Níveis elevados de LDL-colesterol estão diretamente relacionados a risco cardiovascular, enquanto níveis elevados de HDL-colesterol oferecem proteção contra as cardiopatias (POWERS & HOWLEY, 2000). A lipoproteína LDL-colesterol contribuí para alterações nas paredes internas das artérias levando ao desenvolvimento da placa arterosclerótica enquanto que o HDL-colesterol tem a função de transportar o colesterol dos tecidos e da corrente sanguínea para o fígado para sua excreção ou síntese em ácidos biliares.
A maioria dos grandes estudos realizados no passado envolvendo pacientes com agrupamento de fatores de risco cardiovascular tinha como foco principal redução do LDL-colesterol e melhora de eventos clínicos ou resultado angiográfico.Nos últimos cinco anos, a preocupação com fatores de risco cardiovascular específicos, tais como aumento dos níveis plasmáticos de triglicérides e HDL-colesterol reduzido, importantes componentes da síndrome metabólica, tem aumentado. (LOPES, 2003).
Na SM, a dispilipidemia caracteriza-se pela presença de níveis mais baixos de HDL-colesterol e níveis elevados de triglicerídeos (I-DBSM, 2004). Apesar dos níveis mais elevados de LDL-colesterol não entrarem nos critérios diagnósticos da Síndrome, geralmente os portadores de SM apresentam alterações na densidade e tamanho dessas partículas de lipoproteínas, além de seus valores ultrapassarem os níveis recomendados por diversas diretrizes, ou seja, acima de 100 mg/dl. A sua etiologia esta relacionada à resistência insulínica, na qual, em virtude do menor metabolismo de lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) decorrente de hiperinsulinemia, a concentração plasmática de triglicerídeos encontra-se aumentada, enquanto que a de HDL esta diminuída.
3.3. Principais conseqüências da SM
Dentre as doenças crônicas não transmissíveis, a doença cardíaca coronariana e o diabetes tipo 2 representam as principais causas de morbi-mortalidade em diversos países do mundo, inclusive o Brasil. Sabe-se que as referidas doenças decorrem da associação de um amontoado dos mais importantes fatores de risco metabólicos, conhecidos como a SM. Esse fator tem feito com que a morbidade e a mortalidade relacionada a diferentes fatores de risco tenha sido abordadas em diversos estudos envolvendo diferentes grupos étnicos. (LOPES, 2004)
Um estudo longitudinal realizado por ISOMAA em 2001 citado por LOPES em 2004 envolvendo um total de 4.483 pacientes de ambos os sexos, sendo 1.697 portadores de diabetes tipo 2, 798 com curva de tolerância a glicose alterada, e 1988 com resistência a insulina e curva de tolerância a glicose normal, mostrou que a prevalência de doença cardiovascular e cerebrovascular foi maior nos portadores da SM do que nos não-portadores. A presença da síndrome foi associada a risco relativo aumentado da doença coronária, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral e esse risco foi maior que o risco associado com os componentes individuais da síndrome. O mesmo autor cita um estudo de LAKKA realizado em 2002, em que foi avaliado a mortalidade tanto global quanto cardiovascular em portadores da SM, e a mortalidade cardiovascular chegou a ser 2,9 a 4,0 vezes maior nos portadores da síndrome.
Um grupo finlandês, The Kuopio Ischemi Heart Disease Risk Factor Study, investigou o impacto da SM sobre a mortalidade geral e por doença cardíaca cardiovascular (DCC), durante um período de 11 anos, e a mortalidade por DCC apresentada neste estudo estava entre 3,3 e 4,2 vezes maior para as pessoas com a síndrome comparadas as sem síndrome.
Analisando esses dados é possível perceber que a presença da SM esta intimamente relacionada à mortalidade por doença cardíaca. Desse modo acredita-se que seu tratamento e prevenção assumam um papel cada vez mais importante e com características complexas, apresentando o objetivo de reduzir as causas subjacentes (obesidade e inatividade física) e tratar os outros fatores de risco associados.
3.4. Prevalência da SM
O controle da SM tem tido uma grande preocupação em função de sua forte associação com morbidade e mortalidade por diabetes tipo 2 e doença cardiovascular. A sua prevalência tem sido descrita em diferentes grupos étnicos e populações de diferentes países (LOPES, 2004). Um dos estudos de maior destaque nessa área foi realizado por Ford e colaboradores aonde foi abordada a prevalência da SM na população americana a partir de dados colhidos entre 1988 e 1994, aonde os autores descrevem a prevalência da síndrome no sexo masculino e no sexo feminino de acordo com diferentes faixas etárias. Os resultados demonstraram que não há diferença em relação à prevalência da síndrome metabólica de acordo com o sexo. A prevalência da síndrome ajustada para a idade é de 23,7%; porém, para a faixa etária de 20 a 29 anos, a prevalência é de 6,7%, e esse valor aumenta de forma progressiva de acordo com o aumento da idade. Na faixa etária de 60 a 69 anos, a prevalência é de 43,5% e de 42% para a faixa etária acima de 69 anos. A queda da prevalência após os 69 anos pode ser explicado pelo aumento das taxas de mortalidade relacionada aos portadores da SM após essa idade. (LOPES, 2003).
Independente do sexo, os negros apresentam menor prevalência que os brancos e mexicanos, após ter sido realizada investigação seccional com amostra representativa nos Estados Unidos. E a prevalência da SM eleva-se tanto com a idade quanto com o aumento do IMC (PARK, 2003).
Em um estudo realizado por ISOMAA (2001) e citado por SANTOS (2006), já comentado no presente trabalho, aonde foram avaliados 4 483 indivíduos com idade entre 35 e 70 anos, sendo que destes 1697 eram diabéticos tipo 2798 possuíam glicemia de jejum alterada (IFG) e 1988 eram resistentes à insulina com tolerância a glicose normal (NGT). A síndrome metabólica esteve presente em 10% dos indivíduos com NGT, 50% daqueles com IFG e 80% dos diabéticos tipo 2.
Apesar dos poucos estudos significantes sobre a prevalência da SM na população brasileira, e poucos com grandes amostras populacionais, acredita-se que alguns fatores maiores, emergentes do estilo de vida influenciam diretamente a sua etiologia, como é o caso da obesidade visceral juntamente com baixos níveis de atividade física, porém alguns indivíduos parecem apresentar uma predisposição genética (MENEZES, 2004). Nesse contexto seu tratamento assume características cada vez mais complexas com o objetivo de reduzir as causas externas (obesidade e inatividade física) e causas internas (fatores de risco lipídicos e não lipídicos associados). Porém a existência de uma carência de informações pertinentes à prevalência da Síndrome Metabólica em diferentes populações dificulta a melhor caracterização do aparecimento dessa síndrome e seus aspectos relacionados à cultura e ao estilo de vida.
3.5. Formas de prevenção e intervenção para o controle da SM
Com o avanço nas pesquisas em relação ao tratamento e controle da SM, observa-se a existência de duas formas de tratamento com pretensões de melhoria dos sintomas de mortalidade e morbidade do paciente que apresenta fatores de risco relacionados à DCC. O primeiro método é o tratamento clínico com medicamentos direcionados aos fatores de risco da SM isolados, o segundo é por meio da mudança do estilo de vida do paciente que de uma forma geral deverá ser prioridade em casos mais precoces e será a forma mais abordada no presente trabalho.
De acordo com a OMS, os fatores de risco mais importantes para a morbiomortalidade relacionada às doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) são: hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia, ingestão insuficiente de frutas, hortaliças e leguminosas, sobrepeso ou obesidade, inatividade física e tabagismo (I-DBSM, 2004). Sendo alguns desses fatores de grande impacto no aparecimento da SM.
A patogênese da síndrome é multifatorial, sendo a obesidade, a vida sedentária, a dieta e a interação com fatores genéticos responsáveis pelo aparecimento da mesma. (MINAME, 2005). A prevenção primária desses componentes principalmente os relacionados à alimentação e à atividade física parece ser um desafio Mundial contemporâneo muito importante para a saúde.
A adoção de medidas preventivas desde os jovens tem sido altamente reconhecida cenário da abordagem das doenças cardiovasculares As medidas adotadas devem se concentrar na adoção de estilo de vida saudável, relacionados à manutenção da saúde com dieta adequada e a prática regular de atividade física e abstenção do fumo e preferencialmente desde a infância. De acordo com a divulgação do The Lifestyle Heart Trial (ORNISH, 1998) que publicou uma pesquisa que incluía mudanças no estilo de vida de pacientes portadores de DCC, concluiu que houveram reduções na freqüência, severidade e duração da angina pectoris – quando comparado ao grupo controle – observando também redução no grau de obstrução coronariana, além da diminuição nos níveis de colesterol total.
A prevenção específica da obesidade por meio de dieta e da atividade física deve ser prioridade, visto que seu êxito terá uma repercussão direta e positiva na melhora da dispilipidemia, hipertensão artéria e nas alterações do metabolismo do carboidrato (BRANDÃO, 2005). A alimentação adequada deve permitir a manutenção do equilíbrio energético (relação entre o consumo e a demanda energética) e do peso saudável. Com uma redução na ingestão calórica principalmente das gorduras saturadas e gorduras trans, açúcar livre e sal sobre todas as forma, e aumento na ingestão de frutas, verduras, hortaliças, leguminosas e cereais integrais.
A inatividade física e baixo nível de condicionamento físico têm sido considerados fatores de risco para mortalidade prematura tão importantes quanto fumo, dispilipidemia e hipertensão arterial. (CIOLAC, 2004). O exercício físico regular com duração mínima de 30 minutos, preferencialmente diário (exercícios aeróbicos e anaeróbicos) é fundamental para o balanço energético diminuindo o risco relacionado a cada componente da SM, reduzindo a pressão arterial, elevando o HDL-colesterol e melhorando o controle glicêmico dos indivíduos. A seguir abordaremos separadamente as principais formas de prevenção e intervenção para o controle da SM.
A opção de um plano alimentar saudável para a redução do peso, associado ao exercício físico são considerados terapias de primeira escolha para o tratamento da SM, contribuindo para o controle da obesidade, hiperglicemia ou do diabetes propriamente dito, na hipertensão arterial e na dispilipidemia (ÁVILA, 2004). De acordo com a OMS, 80% dos casos de doenças coronarianas e 90% dos casos de diabetes tipo 2 poderiam ser evitados com mudanças representativas no hábitos alimentares, níveis de atividade física e uso de produtos derivados do tabaco.3.5.1. Hábitos alimentares
Sabe-se que a ligação de hábitos alimentares pouco saudáveis com as doenças crônicas não transmissíveis é grande, o elevado consumo de carboidratos e gordura representam grandes riscos para as doenças cardiovasculares. Por outro lado existem evidências de que hábitos alimentares que incluem variedades de frutas, vegetais, carnes magras, e grãos diminuem a baixa quantidade de gordura saturada e colesterol, sal e álcool, desempenham papel protetor no surgimento das doenças, podendo reduzir a incidência de hipertensão arterial, obesidade, AVC e DM2 (MENEZES, 2004). O Relatório Mundial sobre Saúde- 2002 da OMS estima que o baixo consumo desses alimentos esta associado à cerca de 31% das doenças isquêmicas do coração e 11% dos casos de derrame no mundo (INCA, 2004).
O plano alimentar para o controle da SM deve ser individualizado e prever uma redução de peso sustentável de 5% a 10% de peso corporal inicial. A dieta visando à redução do peso diminui a resistência à insulina e facilita a redução dos níveis de LDL e dos demais fatores de risco da SM. O primeiro passo é estabelecer as necessidades do indivíduo a partir de avaliação nutricional, incluindo a determinação do índice de massa corporal, circunferência abdominal e, quando possível, composição corporal. A nova dieta deve ser hipocalórica, com uma redução de 500kcal a 100ckal do gasto energético total diário previsto ou da anamnese alimentar, com o objetivo de promover perdas ponderais de 0,5kg a 1,0kg/semana, respeitando-se o ritmo individual e com acompanhamento da evolução nutricional (I-DBSM 2004).
Para atingir a meta em termos de reeducação alimentar é preciso levar em conta alguns aspectos práticos relacionados à dieta, é importante adequá-la ao estilo de vida e ao hábito alimentar do paciente. Ela deve ser equilibrada na distribuição dos nutrientes e fracionada durante o dia, com intervalos médios de três a quatro horas durante as refeições. Os alimentos que deverão ser evitados ou controlados englobam açucares em geral, mel, doces em geral, refrigerante e bebidas adoçadas com açúcar, bebidas alcoólicas, e alimentos gordurosos. Uma alimentação saudável deverá conter tubérculos, massas, pães, cereais, farinhas integrais, leguminosas, óleos vegetais, carnes magras, leite desnatado e derivados magros, frutas e hortaliças (ÁVILA, 2004).
As fibras alimentares devem ser priorizadas, por serem substâncias de origem vegetal, importantes por retardar a absorção de glicose e diminuírem o colesterol sérico (fibras solúveis), além de aumentar a sensação de saciedade, o bolo fecal, facilitando a defecação (fibras insolúveis). É recomendado o consumo de fibras de 20g a 30g/ dia sob a forma de hortaliças, leguminosas, grãos integrais e frutas (I-DBSM 2004).
A ingestão de gorduras é inversamente associada à sensibilidade insulínica por apresentar relação positiva com o peso corporal e pela grande oferta de ácidos graxos. Os ácidos graxos são subdivididos em saturados e não-saturados, suas principais diferenças estão na presença ou não de ligações com moléculas de hidrogênio na cadeia de carbono. Os ácidos graxos insaturados desempenham papel estrutural como parte das membranas das células, os ácidos graxos insaturados são mais predispostos a serem utilizados como energia metabólica, assim, o maior consumo destes esta associado ao aumento de ocorrências de distúrbios crônico-degenerativos.
A ingestão de ácidos graxos saturados origina a elevação plasmática do colesterol total. Os ácidos graxos trans aumentam o LDL-colesterol e triglicerídeos e reduzem as frações de HDL-colesterol. Em contrapartida, os ácidos graxos polinsaturados ômega-3apresentam a propriedade de diminuir os lipídios e as lipoproteínas do plasma, podendo assim ser benéfico na SM, em especial no tratamento da hipertriglicemia grave em pessoas com diabetes tipo 2 (I-DBSM 2004).
Para os carboidratos é recomendado (I-DBSM 2004) o uso de hortaliças, leguminosas, grãos integrais e frutas. O açúcar de mesa ou produtos contendo açúcar podem eventualmente ser ingeridos no contexto de um plano alimentar saudável. Deve-se dar preferência a ingestão de carboidratos complexos (com três ou mais moléculas de monossacarídeos), pois são absorvidos mais lentamente nos intestinos, o que também preenche de maneira mais lenta as reservas de glicogênio hepático e muscular. Os carboidratos simples por apresentarem absorção mais rápida, além de preencherem as reservas de glicogênio são depositados no tecido adiposo sob forma de triglicerídeos, em razão dos tecidos muscular e hepáticos não conseguirem absorver toda a glicose colocada rapidamente a sua disposição (GUEDES & GUEDES 2003).
As proteínas apresentam função anabólica e devem ser consumidas cotidianamente com objetivo de atender às necessidades orgânicas, não existe nenhuma vantagem na ingestão excessiva de proteínas, tendo em vista a impossibilidade de armazenamento pelo organismo, assim todo excesso calórico na forma de proteínas deverá ser transformado em gordura. Recomenda-se então uma ingestão diária de 0,8g a 1g/kg de peso atual para as proteínas.
Em um estudo publicado por ÁVILA (2004) é citado o Grupo de Atendimento ao Paciente com Síndrome Metabólica, aonde são realizadas reuniões semanais com uma equipe multidisciplinar que trabalha a da questão prática regular de atividade física juntamente com a reeducação alimentar, foi constatada perda ponderal média do grupo de 8,0kg em quatro meses resultando em melhores níveis presóricos e séricos de glicose, colesterol total e frações, e triglicérides, além de contribuir para a melhora da qualidade de vida desses pacientes. O que torna o aspecto nutricional de grande destaque no controle dos componentes da síndrome metabólica.
3.5.2. Exercício físico
Estudos epidemiológicos têm demonstrado forte associação entre inatividade física e presença de múltiplos fatores de risco, como os encontrados na SM. Segundo a OMS, a prática regular de atividade física reduz o risco de mortes prematuras, doenças do coração, diabetes tipo 2, atua na prevenção ou redução da hipertensão arterial, resistência a insulina, dispilipidemia e previne o ganho de peso. Adicionalmente o condicionamento físico adquirido com o exercício, reduz a mortalidade e morbidade, mesmo em indivíduos que se mantém obesos. (INCA, 2004).
A inatividade física é responsável por aproximadamente 2 milhões de mortes no mundo. Anualmente, estima-se que ela seja responsável por 10-16% do casos diabetes e 22% das doenças isquêmicas do coração (GUEDES & GUEDES 2003). Nos Estados Unidos, o sedentarismo associado a uma dieta inadequada é responsável por aproximadamente 300 mil mortes por ano, ou 12% dos óbitos neste Pais, caracterizando-se como uma situação de risco semelhante ao tabagismo, hipertensão alta, colesterol elevado, diabetes e obesidade.
Estudos epidemiológicos e de corte tem demonstrado forte associação entre a obesidade e a inatividade física, assim como uma associação inversa entre atividade física, índice de massa corporal e circunferência da cintura, vem demonstrando que os benefícios da atividade física sobre a obesidade podem ser alcançados com intensidade baixa, moderada ou alta, indicando que a manutenção de um estilo de vida ativo, independentemente de qual atividade é praticada pode evitar o desenvolvimento da obesidade, podendo reduzir também os riscos de mortalidade em torno de 44%.
Atividades físicas vigorosas parecem atenuar os riscos de mortalidade por DCC de forma mais significativa, quando comparado com atividades leves ou moderadas. Porém, atividades de cunho recreativo também parecem promover alguma vantagem em relação à mortalidade por DCC. Em um estudo feito na Finlândia, foram estudados cerca de 5000 pessoas (homens e mulheres), durante 10 anos, a diminuição do tempo de recreação destinado a atividade física, estava diretamente relacionado com o aumento da massa corporal, enquanto que aqueles indivíduos que aumentaram seu tempo de atividade física, apresentaram uma diminuição da massa corporal (O. HILL, 1999).
Apesar da grande maioria dos estudos examinarem o efeito do exercício aeróbico sobre a perda de peso, a inclusão do exercício resistido, também apresenta vantagens, pois ajuda o organismo a preservar a massa isenta de gordura que diminui simultaneamente com a gordura em função da redução do peso corporal como conseqüência de dietas de baixo aporte calórico.
CIOLAC (2004) sugere que programas de exercícios para obesos devam iniciar com no mínimo 150 minutos semanais em intensidade moderada, e progredir gradativamente para 200 e 300 minutos semanais na mesma intensidade, para que sejam obtidas perdas significativas no peso corporal do indivíduo obeso.
A prática regular de atividade física é eficaz para a prevenção e o controle do diabetes tipo 2, podendo diminuir sua incidência em indivíduos com intolerância a glicose tanto em homens como em mulheres, além de diminuir os riscos de seu desenvolvimento independente da história familiar, peso e outros fatores de risco cardiovascular como fumo e hipertensão.
Programas de exercício físico tem se mostrado eficientes no controle glicêmico de diabéticos e na melhora da sensibilidade a insulina e da tolerância a glicose. Os exercícios aeróbicos, em geral tem sido recomendados para indivíduos com diabetes tipo 2. A realização de pelo menos quatro horas semanais de atividade física de intensidade moderada diminui em média 70% a incidência de diabetes do tipo 2 em relação ao estilo de vida sedentário. No entanto exercícios resistidos também é benéfico no controle glicêmico dos pacientes.
Em 2002, foram divulgados os resultados de um estudo americano multicêntrico, que diz respeito às mudanças no estilo de vida, o Diabetes Prevention Program – DPP. Foram incluídos indivíduos diabéticos tipo 2 de diversas etnias, sendo 54,7% caucasóides, 19,9% negros, 15,7% hispânicos e o restante distribuído entre asiáticos e índios. Foram simplesmente observados, após orientações convencionais, ou submetidos a intervenções de dois tipos: mudanças de estilo de vida, incluindo orientação dietética e exercício, ou uso de metformina. Em três anos, esta intervenção provocou mudanças no estilo de vida dos indivíduos, reduzindo a incidência de DM em 58% em indivíduos de alto risco após ajustes para idade, índice de massa corporal (IMC) e grupos étnicos, quando comparados ao grupo controle. Importante assinalar que tal redução de incidência foi superior à obtida com metformina (31%) (FERREIRA, 2005).
MENEZES (2004) cita pesquisa realizada com seguimento de 11 anos, em pacientes diabéticos, mostrou que pacientes menos aptos e com relato de inatividade física apresentaram maiores níveis de glicemia em jejum, colesterol total, triglicerídeos e pressão sanguínea, além de alto risco de mortalidade de 2,1 e 1,7 para baixa aptidão e inatividade física respectivamente.
Os benefícios da prática de atividade física sobre a pressão arterial fazem dela uma importante ferramenta na prevenção e tratamento da hipertensão. No que diz respeito aos benefícios do exercício físico para portadores de hipertensão arterial, a sua prática tem sido associada a menores níveis de pressão arterial tanto sistólica como diastólica nos indivíduos hipertensos e normotensos.
NUNES (2006) ao verificar os efeitos de um programa de condicionamento físico não-supervisionado e acompanhado via internet, por um período de seis meses, na pressão arterial e composição corporal em 135 indivíduos divididos em dois grupos: 1) normotenso (n = 57), 43 ± 1 anos, pressão arterial sistólica (PAS) < 120 e diastólica (PAD) < 80 mmHg (GI); e 2) pré-hipertenso (n = 78), 46 ± 1 anos, PAS de 120 a 139 e PAD de 80 a 89 mmHg (GII). Constatou que após três e seis meses de condicionamento físico, os indivíduos GII apresentaram redução significativa na PAS e PAD, peso corporal, IMC e circunferência da cintura. No GI, o condicionamento físico diminuiu a circunferência da cintura no sexto mês. Constituindo-se, portanto, numa estratégia segura e de baixo custo na prevenção de doenças cardiovasculares e melhoria da condição de saúde da população.
As associações de saúde, objetivando a massificação da prática regular de atividade física, têm diversificado seu foco tradicional na prescrição do exercício físico para a manutenção da saúde, recomendando o mínimo de 30 minutos de atividade de intensidade moderada, na maioria dos dias da semana, podendo ser realizada no trabalho, lazer ou com exercícios formais que incluem exercícios aeróbicos, resistidos e alongamento. No entanto, para potencializar os benefícios e a segurança da prática regular de atividade física, existe uma necessidade de planejamento e individualização na prescrição de exercícios físicos para o desenvolvimento de capacidades cardiovasculares, força e resistência muscular, e flexibilidade articular, levando e consideração às capacidades iniciais do paciente bem como as doenças associadas.
4. Resultados e discussão
4.1. Exercício físico e Síndrome Metabólica
A associação de baixos níveis de atividade física, e alimentação inadequada com o perfil de risco cardiovascular é bem clara e foi fortemente evidenciada por um conjunto de estudos epidemiológicos. Não só essa associação, mas também, tanto a Síndrome Metabólica quanto seus componentes isolados estão associados ao elevado risco de diabetes tipo 2 e DCC.
Algumas pesquisas relacionando exercício físico e SM parecem mostrar evidências positivas no que diz respeito a essa associação. MENEZES (2004), ao relacionar os efeitos de um programa de exercício físico estruturados, com duração de um ano, quatro vezes na semana, sendo composto de exercícios aeróbicos, nos componentes da síndrome metabólica em homens e mulheres, observou que a intervenção com exercício físico estruturado foi eficiente na elevação dos níveis de HDL-colesterol e na redução dos níveis de pressão arterial, os quais podem contribuir para um maior sucesso dos programas de exercício físico no controle da síndrome metabólica.
O The Kuopio Ischemic Heart Disease Risk Factor Study em pesquisa realizada na Finlândia, com duração de quatro anos, incluindo 1005 participantes homens, investigou a associação entre a atividade física no tempo de lazer e aptidão cardiorrespiratória com o desenvolvimento da SM. Os resultados demonstraram que os sujeitos com elevada aptidão cardiorrespiratória e praticantes de atividades físicas rigorosas tinha 2/3 menos SM do que comparados aos inativos (LAAKSONEN, 2002).
Em um estudo publicado com o objetivo de examinar se as modificações de estilo de vida afetariam as concentrações de leptina, que é um peptídeo secretado pelos adipócitos, importante na regulação da quantidade de gordura corporal, aonde participaram 186 homens com SM e sedentários, que foram divididos em quatro grupos: um grupo controle,um grupo sob intervenção dietética, um submetido a programa de exercícios físicos e o quarto grupo combinando dieta hipocalórica e exercícios. Ao final de um ano de intervenção as modificações no estilo de vida a longo prazo, com a diminuição da ingestão de lipídeos e o aumento da atividade física, reduziram as concentrações plasmáticas de leptina, o IMC e a gordura corporal, em associação com a redução da ingestão dietética e aumento de atividade física (RESELAND, 2001).
Estudos conduzidos por KATZMARZYK (2000) evidenciaram alterações importantes em todos os componentes da SM em 621 indivíduos sedentários e portadores de SM, após treinamento aeróbico, os resultados indicaram melhora na mesma. HAMDY e colaboradores (2003) estudaram 24 indivíduos obesos com SM, após seis meses de exercício físico de intensidade moderada, os resultados indicaram perda de peso de aproximadamente 6,6%, com melhora na sensibilidade a insulina e na função endotelial, a despeito do grau de tolerância a glicose.
Uma investigação realizada por WHALEY (1999) tinha como proposta estudar a relação entre os níveis de atividade física de lazer, e diferença nas características do conjunto de anormalidades da SM, em um grupo de aproximadamente vinte mil pessoas de ambos os sexos, sugeriu que tanto elevados níveis de aptidão quanto de atividade física tem relação inversa com os marcadores da SM.
Resultados semelhantes foram encontrados após pesquisa em 1 069 homens de meia idade, que tinha por objetivo associar o tempo de atividade física de lazer, aptidão cardiovascular e a síndrome metabólica, os autores sugerem que um estilo de vida sedentário não está apenas associado a SM, mas também é um componente dela (LAKKA, 2003).
Em um estudo de KULLO, HENSRUD & ALISSON (2002), de corte transversal realizado com 360 sujeitos, em Minessota nos Estados Unidos, utilizando como base os critérios do NCEP (2001), foi encontrada a prevalência de SM por volta de 19,4% em homens de meia idade com elevado nível socioeconômico, observando-se uma relação inversa entre aptidão cardiovascular e SM.
Uma outra causa que parece estar associada à Síndrome Metabólica é o stress no trabalho. Um estudo contendo 10 308 homens e mulheres com idades entre 35-55 anos, trabalhadores em departamentos de serviço social de Londres, acompanhados em média por 14 anos, comprovou relação entre essa causa e a SM independente de qualquer outro fator de risco relevante. Os indivíduos que sofriam de stress no trabalho tinham em média duas vezes mais chance de ter SM do que os que não sofriam de stress no trabalho, o que prova a existência de relação entre stress psicossocial causado no dia-a-dia e problemas cardíacos (CHANDOLA, 2006).
Os resultados mostrados acima mostram o impacto favorável da prática regular de atividade física sobre os fatores de risco que compõem a SM. Porém os poucos estudos encontrados nas bases de dados pesquisadas, não indicam a melhor maneira de se trabalhar para minimizar as suas causas ou para prevenir a SM. No entanto a Primeira Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (I-DBSM, 2004) faz algumas recomendações de exercício físico para atenuação nos fatores de risco associados a SM, apresentados no quadro abaixo:
Quadro1. Recomendações de exercício físico na SM
4.2. Considerações finais
Alguns resultados de pesquisas recentes demonstram íntima relação entre a prática de atividade física regular, bem como hábitos de vida saudáveis desde a infância como um fator determinante na prevenção e melhoria nos sintomas da Síndrome Metabólica. Dentre as atividades praticadas, atividade aeróbica tem se mostrado a principal maneira de ação para melhorar ou até mesmo prevenir os sintomas relacionados à SM e diminuir os fatores de risco cardiovascular. Apesar do número de pesquisas sobre a influência do treinamento resistido ser muito pequena, alguns órgãos de prevenção a SM como é o caso do I-DBSM também fazem recomendações desse tipo exercício. Os cuidados com a alimentação e com hábitos de vida saudáveis são citados como ponto fundamental na prevenção e intervenção para o controle da SM, sendo de fundamental importância a associação da prática de exercícios físicos regulares com uma dieta balanceada.
Conforme demonstrado nesse estudo, ainda existe uma grande dificuldade na definição da Síndrome Metabólica e a não uniformização dos seus critérios tem dificultado pesquisas direcionadas ao seu diagnóstico e tratamento, além de limitar a possibilidade de pesquisas mais significativas relacionando o exercício físico e os seus reais efeitos com a SM. Apesar disso, o critério que tem sido mais adotado e recomendado pela sua simplicidade e praticidade é o sugerido pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM (I-DBSM), que propõe diagnóstico por meio da presença de no mínimo três dos fatores de risco mais característicos relacionados ao estilo de vida e a fatores de risco emergentes. Os fatores de risco cardiovascular relacionados à SM também são bem estabelecidos pela I-DBSM, que recomenda investigação clínica laboratorial para sua melhor identificação.
As limitações do estudo apontam para a necessidade da criação de pesquisas futuros sobre a SM. Assim, o trabalho tem o intuito de instigar outros pesquisadores interessados na referida temática em diversas localidades do Brasil, visto a deficiência de investigações neste país. Tem-se por sugestão a realização de pesquisas nacionais com maior numero de pessoas envolvidas em diversas localidades do pais, tendo em vista as diferenças sociais e culturais, relacionadas aos hábitos alimentares e estilo de vida. Além propor pesquisas que diversifiquem o tipo e a intensidade dos exercício para identificar a melhor dose-resposta do programa para o controle e intervenção na SM.
Nota
O diagnóstico da síndrome metabólica se estabelece na presença de três ou mais desses determinantes de risco.
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digital · Año 13 · N° 125 | Buenos Aires,
Octubre de 2008 |