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Repercussão da introdução da ginástica de
academia nas aulas de educação física escolar

 

*Licenciatura em Educação Física pela Faculdade Ubaense Ozanan Coelho

**Bacharel e Licenciatura pela Universidade Federal de Viçosa

Mestre em Ciências da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa

Professora do curso de Educação Física da Faculdade Ubaense Ozanan Coelho

*** Bacharel e Licenciatura pela Universidade Federal de Viçosa

Mestre em Atividade Física e Saúde pela Universidade Católica de Brasília

Professora e coordenadora do curso de Educação Física da Faculdade Ubaense Ozanan Coelho

Marcos Vinício Rodrigues de Oliveira*

marcosvinicioo@yahoo.com.br

Paula Guedes Cocate**

guedescocate@yahoo.com.br

Lúcia Aparecida Cruz***

lucia@fogoc.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Introdução: A ginástica de academia representa como uma nova proposta na Educação Física (EF) com o intuito de proporcionar mais interesse e diminuir a evasão de alunos nas aulas de EF. Objetivo: Verificar se a ginástica de academia pode ser realmente um meio de motivação para as aulas de educação física escolar, proporcionando maior freqüência e interesse dos alunos. Metodologia: Foi aplicado um questionário estruturado após 8 meses de implantação da ginástica de academia (GA) em uma escola particular da cidade de Ubá-MG. A amostra correspondeu a 50 alunos de 5ª a 8ª série, sendo 45 do sexo feminino e 5 do sexo masculino. Resultados: Em relação a qual modalidade que os alunos preferiam para as aulas de EF, a maioria optou pela EF tradicional (futebol, handebol, vôlei, etc) em relação à GA. Além disso, foi constatado que a GA não proporcionou aumento de interesse e as expectativas quanto às aulas de EF por parte de um percentual significativo dos alunos. Conclusão: A GA como único conteúdo, não promoveu aumento da participação e motivação dos alunos do ensino fundamental nas aulas de Educação Física, após 8 meses de sua implantação em uma escola particular.

          Unitermos: Ginástica de academia. Educação Física escolar. Aulas.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 124 - Setiembre de 2008

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Introdução

    Sabe-se da importância da educação física para o desenvolvimento global do aluno para que ele possa ter um desenvolvimento pleno em sua sociedade. A educação física já teve vários propósitos na escola formando cidadãos que fossem mais fortes e ágeis para que ele pudesse dar sua contribuição para a sociedade e indústrias utilizando seu físico que acabava fazendo com que ele cuidasse mais de seu corpo e tivesse mais hábitos higiênicos, sendo esta, a principal razão pela qual a educação física fosse introduzida na escola. Daí inicia várias tendências da educação física na escola que começa a ser melhor vista a partir das ciências biológicas, que colocava a ginástica como um excelente método para o melhoramento físico do corpo humano em prol do aprimoramento da aptidão física, nesta época os professores da disciplina eram os instrutores físicos do exército (DARIDO, 2003).

    No período após a Segunda Guerra Mundial a educação física teve a influência do esporte e predominava a cultura corporal de movimento, que fez com que a disciplina passasse a ter professores instrutores que tinha como objetivo fazer com que seu aluno tivesse o melhor rendimento possível para a prática dos esportes. A partir da década de 70 e 80, a educação física passou a privilegiar os estímulos motores trabalhados através da psicomotricidade procurando fazer com que o ser humano tivesse princípios filosóficos buscando sua identidade e valores.

    Este cenário começa a ser modificado a partir da década de 90, onde o ser humano é enxergado de maneira integral e a atividade física como um importante meio para a vida pessoal e profissional. Portanto, a partir desta época a educação física passou a ser essencial e melhor vista por todos.

    A educação física pode ser inserida na escola hoje com diferentes modalidades esportivas e qualquer outra forma de trabalhar com o corpo no intuito de buscar seus objetivos para um melhor desenvolvimento do aluno na sociedade e melhoria das condições de saúde. Mesmo com o avanço nas pesquisas da área de educação física escolar, durante muitos anos, professores de educação física restringiam suas aulas em práticas meramente esportivas, causando um grande desinteresse daqueles que não gostavam de realizar tais atividades, proporcionando assim, uma elevada evasão de alunos nas aulas de educação física.

    Atualmente, têm-se visto uma super valorização do corpo físico e constante busca pela saúde e estética nos moldes modernos. Por esse motivo, ocorreu-se um grande interesse pela prática de ginástica em academias e/ou clubes, atividades nas quais, se adequam aos ritmos e movimentos que agradam a juventude da nova geração.

    Dentro deste contexto, algumas escolas têm utilizado destas atividades físicas como conteúdo das aulas de educação física, com o intuito de promover mais atratividade e motivação dos alunos. Portanto, o objetivo do presente estudo foi verificar se a ginástica de academia pode ser realmente um meio de motivação para as aulas de educação física escolar, proporcionando maior freqüência e interesse dos alunos.

Metodologia

    A amostra da presente pesquisa foi composta por 50 alunos que cursam de quinta a oitava série do ensino fundamental de uma escola particular localizada na cidade de Ubá-MG (zona da mata mineira). A média de idade dos participantes foi de 12,5 anos.

    Após oito meses de implantação de um Programa de Ginástica de academia em uma escola particular de ensino como única atividade ministrada nas aulas de Educação Física, aplicou-se um questionário estruturado contendo perguntas sobre o referido programa. Os dados de cada questão foram apresentados em gráficos sob a forma de porcentagem.

    Baseando nos resultados obtidos, após a aplicação do questionário aos alunos foi realizada uma entrevista com a professora de educação física da escola.

Resultados

    Os resultados obtidos após a aplicação dos questionários aos alunos de quinta a oitava série estão apresentados da Figura 1 à Figura 9.

    Em relação a qual modalidade os alunos preferiam participar nas aulas de educação física, verificou-se que a maioria optou pelas atividades tradicionais (vôlei, futebol, handebol, etc) em relação à prática de ginástica de academia (GA) (Figura 1).

Figura 1. Modalidade realizada nas aulas de Educação Física de preferência dos alunos

    Já quanto à opinião dos alunos sobre a implantação da GA como conteúdo nas aulas de educação física, grande parte dos mesmos consideraram ruim e uma pequena parcela considera que a introdução desta atividade na escola foi boa ou indiferente (Figura 2).

Figura 2. Opinião dos alunos sobre a implantação da GA nas aulas de educação física

    Ao analisarmos se houve modificação no interesse dos alunos em praticarem as aulas de educação física após a implantação da GA, verificou-se que 68% dos alunos acharam que não houve modificação enquanto os demais acharam que houve (Figura 3).

Figura 3. Mudanças da motivação dos alunos com a nova proposta

    Na Figura 4 estão representados os benefícios alcançados pelos alunos com a implantação da nova proposta.

Figura 4. Benefícios analisados pelos alunos encontrados com a nova proposta

    Já ao perguntarmos se nas aulas de GA houve algum conhecimento teórico obtivemos os resultados apresentados na Figura 5.

Figura 5. Conhecimento teórico adquirido nas aulas de GA

    Em relação à satisfação dos alunos com conteúdo dado pelo professor constatou-se que a maioria considera-se que não foi correspondida (Figura 6):

Figura 6. Nível de satisfação dos alunos com o conteúdo apresentado nas aulas de GA

    Ao perguntarmos se a professora consegue dar atenção necessária para a execução correta dos movimentos, verificou-se que a maioria dos alunos acha que sim, enquanto alguns alunos consideram que não (Figura 7).

Figura 7. Atenção necessária dada pela professora

    Já ao questionarmos aos alunos qual o tipo de benefício que pretendiam alcançar com a nova proposta, verificou-se que grande parte dos mesmos pretendia alcançar benefícios relacionados à saúde, enquanto alguns educandos não objetivavam alcançar nenhum beneficio com tal atividade (Figura 8).

Figura 8. Benefícios pretendidos pelos alunos

    No que se refere ao interesse dos alunos em participarem das aulas de educação física após a nova proposta, observou-se que 68% deles consideraram que não houve nenhuma mudança de interesse, enquanto o restante mencionou ter havido um aumento do interesse (Figura 9).

Figura 9. Nível de interesse após a nova proposta

    Após os resultados obtidos foram feitos alguns questionamentos com a professora de educação física da referida escola.

    A primeira pergunta realizada à professora foi relacionada ao que a levou a implantar a ginástica de academia na escola. Ela disse que a educação física da referida escola era fora do turno de aula dos alunos e por isso os mesmos não compareciam e então teve a idéia de implantar este projeto dentro da escola, com uma nova atividade, com o intuito de aumentar o desejo de participação das aulas.

    Em seguida, a educadora física foi questionada em relação ao porque a ginástica de academia foi escolhida para ser o único conteúdo das aulas de educação física. A professora relatou que primeiramente devido ao espaço que a escola dispunha e por ser uma atividade diferente das demais realizadas nas aulas de educação física escolar. Além disso, ela fez questão de ressaltar que suas aulas não eram aplicadas apenas de forma prática, mas também era ensinado um amplo conhecimento teórico com temas variados como obesidade, alimentação saudável, VO2max, treinamento aeróbico e treinamento de força e qualidade de vida, enfim, tudo para que os alunos compreendessem a importância das atividades físicas para manutenção da saúde, prevenção de doenças e qualidade de vida.

    Devido ao grande desinteresse visto nos resultados da aplicação do questionário aos alunos, foi perguntado à professora se os alunos passaram a ter mais interesse em participarem das aulas de educação física após o início do projeto e ela relatou: “Sim, no início todos se empolgaram como eu disse, era algo novo para eles. Porém, no 2º semestre houve uma queda brusca em relação à participação, muitos não traziam roupa adequada ou sempre davam desculpas para não realizarem as aulas, então passei a intensificar as aulas teóricas”.

    O questionamento seguinte foi o motivo constatado por ela pela grande desmotivação dos alunos em participarem das aulas de ginástica. Assim, a professora apontou os seguintes motivos: “faixa etária, ou seja, adolescentes, se cansam rapidamente das mesmas atividades; espaço físico pequeno e fechado e desinteresse natural pelas atividades físicas”.

    Foi perguntado a ela se depois dos resultados desta pesquisa se pretende modificar algo em sua prática pedagógica, portanto ela relatou: “sim, já conversei com os coordenadores e diretores, expondo minha opinião e infelizmente minha decepção, mas foi uma experiência a mais na minha bagagem e pude constatar que em se tratando de educação física, os conteúdos devem ser diversificados, é claro, de acordo com cada realidade”.

    O último questionamento foi sobre a conclusão tirada por ela após a implantação do projeto na escola. Assim, a educadora física disse: “A educação física deve trabalhar um pouco de cada conteúdo (desporto, recreação, dança, ginástica, etc), tanto na teoria quanto na prática, principalmente, em se tratando de adolescentes, essa fase maravilhosa e ao mesmo tempo tão conturbada. Nós temos que desvendar seus desejos, suas ansiedades, seus medos, temos de voltar no tempo e nos fazermos também adolescentes para nos aproximarmos deles e adquirirmos sua confiança, pois assim atingiremos nossos objetivos.”

Discussão

    Encaminhando para uma discussão para o micro espaço social que é a escola e especificamente, o espaço das aulas de educação física, salienta-se que, atualmente, propõe-se como objeto de estudo para a educação física na escola a denominada cultura corporal. Por cultura corporal compreende-se todo um acervo de práticas corporais que ao longo do tempo onde o homem vem criando e modificando, conforme suas necessidades. Portanto, essa cultura corporal se apresenta até o presente momento com os jogos, a ginástica, a dança, as lutas e os esportes (SOARES, 1992). Dentro deste contexto, verificamos que os alunos participantes da presente pesquisa objetivam aulas de educação física de modo um tradicional, ou seja, abrangendo os esportes coletivos em detrimento da prática de ginástica de academia que foi implantada como único conteúdo na referida escola.

    Talvez para que se possa mudar esse pensamento e vontade dos alunos o ideal seria uma interação no ato educativo, do saber acumulado pela humanidade com o saber produzido pelas relações sociais e aí sim as “receitas de bolo” alienantes poderiam se transformar em mentes crítico-emancipatórias, tendo contribuição para a formação do cidadão consciente. Mas é claro que uma mudança efetiva não é tão simples, pois:

    Não basta levar à sala de aula conteúdos criticamente selecionados e estrategicamente organizados, é necessário que professores e alunos se transformem, no cotidiano de suas práticas, em sujeitos do seu ensinar e do seu aprender do ato mesmo do ensino/aprendizagem (MARQUES, 1989 citado por SILVEIRA, 2007. p. 3).

    É claro que, também nesta perspectiva, a escolha dos conteúdos expressa um caráter ideológico, pois além de englobarem o cotidiano e as questões sociais, dão ao educador uma visão mais global, situando-o na construção da sociedade socialista. E tendo em vista as grandes desigualdades, sobretudo econômicas, que o capitalismo vem proporcionando, evidencia-se a busca de uma nova hegemonia.

    Assim sendo, pode-se analisar os conteúdos globalmente. Pois segundo Marques (1989 citado por SILVEIRA, 2007. p.3 ):

    Os conteúdos são o tratamento que lhes é dado na prática educativa concreta (...) só passam a serem conteúdos de ensino no processo de ensino/aprendizagem, onde são observadas metodologias e ideologias inerentes ao educador.

    Além disso, há a questão do tempo dedicado a cada aula que também não auxilia no trabalho do conteúdo, pois se torna difícil fazer com que os alunos produzam raciocínios diferenciados a cada fração de segundos.

    O grande interesse com as modalidades esportivas encontradas na educação física escolar atual foi alcançado em longo prazo a partir de sua incorporação no contexto escolar, em meados da década de cinqüenta, e desenvolvida a partir dos anos sessenta. Realmente, não é de hoje que o esporte vem sendo difundido através das aulas de educação física (SILVEIRA, 2007).

    Kunz (1989 citado por SILVEIRA, 2007) relata que confunde-se desde muito o esporte com a educação física, mas é plausível relatar que o esporte por si só não é considerado educativo, a menos que seja "pedagogicamente transformado", pois se torna um reflexo daqueles que o praticam, ou seja, cada um desfrutará do esporte da forma como lhe foi apresentado. Uma aula de educação física metodologicamente tradicional vem a ser, muitas vezes, o determinante para a aversão à sua prática social. E a respeito de metodologias para a aplicação educativa do esporte, é válido salientar que quando utilizado de uma forma irrefletida "serve apenas para dar continuidade ao processo de dominação capitalista" (BRACHT et al, 1997 citado por SILVEIRA, 2007), pois através destes moldes "receita de bolo" o aluno se torna um ser passivo nas mãos de um professor também passivo que utiliza seus conteúdos fundamentados da maioria capitalista. Sendo assim, torna-se responsável pela criação de um futuro homem adestrado, submisso às regras e passivo às decisões tomadas, por seus governantes, com intuito de favorecer as classes dominantes as quais representam.

    Desde a sua criação na Europa, o esporte moderno difundiu-se nas escolas públicas e, até hoje, estes moldes são aplicados em nossas escolas, sendo que poucas iniciativas são tomadas para que o conteúdo "esporte na escola" passe a ser "esporte da escola".

    Num contexto onde não se objetive mudanças, o esporte fornece, tanto ao aluno quanto ao professor, a possibilidade de confirmar "o que está aí". Assim, eles não precisam pensar e são limitados quanto a propor alternativas.

    Diante da nova perspectiva da educação física (cultura corporal de movimento), de ampliar os conhecimentos dos alunos abrangendo todas as formas de cultura corporal do movimento, verifica-se a necessidade de se repensar a prática, pois mesmo os alunos optando por um determinado grupo de atividades, seria papel do professor apresentá-los a diversidade de conteúdos para assim aprimorar os conhecimentos de seus alunos a respeito desta disciplina. Pois, mesmo após questionarmos aos educandos quais atividades que mais gostam de realizar nas aulas de educação física verificamos ainda que estes optem pelos esportes tradicionais, tal fato pode ser em decorrência de não estarem agradando da nova proposta (GA) como único conteúdo, ou mesmo pelo desconhecimento dos demais conteúdos que compõe a disciplina educação física.

    Ao se falar em motivação, pode-se levar em conta a definição de Magill (1984 citado por MORENO et al, 2006), onde se relaciona o termo motivação à palavra motivo, ou seja, alguma forma interior, impulso ou uma intenção, que leva a pessoa a fazer algo ou agir de certa forma, definindo o direcionamento de suas ações e intensidade de seus esforços para atingir uma determinada meta. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Gouvêa (1997 citado por MORENO et al, 2006) ressalta que a motivação depende de um conjunto de fatores que englobam a personalidade, as experiências passadas, os incentivos do momento ou a situação. Como um todo, esses fatores deverão satisfazer os motivos e as necessidades momentâneas do indivíduo.

    A partir deste relato, verificou-se que os alunos possivelmente encontram-se desmotivados em participarem das aulas de ginástica de academia no ambiente escolar, pois a grande maioria considerou que a implantação do programa foi ruim e que não houve mudança na motivação em praticar as aulas de educação física e as expectativas não foram correspondidas após a introdução das aulas de ginástica de academia na escola. Portanto, diante das considerações do autor Gouvêa (1997 citado por MORENO et al, 2006) mencionada anteriormente, verifica-se que pode ter ocorrido alguma falha durante a execução do programa quanto aos fatores que promovem a motivação, talvez se estes em sua totalidade tivessem sido considerados, a nova proposta da escola poderia ter tido uma melhor repercussão.

    Sendo assim, no atual estudo constatou-se por meio dos relatos da professora de educação física que após 8 meses de implantação GA como proposta de um único conteúdo, os alunos realmente não estavam sentindo-se motivados em participarem das aulas. Portanto, a partir de tais constatações, ela percebeu a necessidade de mudança e aprimoramento de suas aulas, abrangendo uma maior diversidade de conteúdos.

    Dentro deste contexto, após a verificação da necessidade de se trabalhar com a diversidade de conteúdos a professora relatou que: “Na educação física deve-se trabalhar um pouco de cada conteúdo (desporto, recreação, dança, ginástica, etc), tanto teoria quanto sua prática...”

    Percebe-se então que mesmo que os conteúdos das aulas de educação física sejam os desportos, os alunos sentem a necessidade de sempre ter algo novo, já que somos todos impulsionados a executar as coisas através de estímulos. Portanto, verifica-se a necessidade dos professores de educação física serem críticos e criativos em suas aulas além de diversificar a amplitude de conhecimentos inerentes à disciplina para possibilitar uma melhor motivação em participação das aulas de educação física.

    Alderman (1984 citado por MORENO et al, 2006) diz que cada vez que um indivíduo se encontra em uma determinada situação, ou recebe um dado estímulo (agressão, disputa, desejo, etc), automaticamente, ele selecionará todas as respostas correspondentes àquela situação que estão em suas lembranças, o que, por sua vez, direcionará o seu comportamento de ação. A resposta oferecida pelo ambiente será somada às respostas anteriores, modificando ou reforçando determinados valores. A partir destas considerações, apesar de termos observado que a o programa de GA não ter proporcionado uma motivação efetiva nos alunos da escola pesquisada, verificou-se que este proporcionou alguns benefícios aos alunos quanto à aquisição de alguns conhecimentos teóricos, aumento do gosto pela prática de atividade física e melhoria no relacionamento com os colegas, ou seja, o ambiente proporcionou influências em determinados tipos de comportamentos dos educandos. Alguns benefícios da prática da ginástica localizada na escola também foram constatados no estudo de Ribeiro (2004), sendo estes relacionados à auto-estima, vitalidade e estética corporal. Cabe destacar naquele estudo, que as alunas participantes da ginástica escolhiam-na como atividade a ser praticada nas aulas de educação física por terem afinidade por tal exercício físico.

    Na presente pesquisa ficou evidenciada por meio dos relatos da professora que o único conteúdo abordado era tratado em prol da aptidão física (Abordagem saúde-renovada) deixando de trabalhar os conteúdos (esporte, lutas, dança, jogos e ginástica) de forma crítica e criativa. Cabe lembra que o papel da educação física escolar, considerado de maior importância neste estudo encontra-se respaldado na cultura corporal de movimento, pois acredita-se que a diversidade de conteúdos da educação física, a vivência e conhecimento teórico e histórico das atividades (DARIDO, 2003) são o centro para uma aula de boa qualidade capaz de proporcionar um desenvolvimento integral dos alunos, deixando de considerá-lo de maneira fragmentada. Portanto, verificou-se que a ginástica de academia tratada no ambiente escolar como único conteúdo, focalizando apenas o benefício físico dos alunos, minimizaria a amplitude de conhecimentos e a vivência que a educação física escolar pode proporcionar aos educandos.

    Por fim, reforçando a importância do trato da diversidade de conteúdos nas aulas de educação física associado a um trato pedagogicamente crítico e criativo, percebeu-se que após os resultados obtidos presente pesquisa, a professora pretende modificar a prática pedagógica de suas aulas adotando a vivência de diversos conteúdos de acordo com a realidade dos alunos.

Conclusão

    A GA como único conteúdo, não promoveu aumento da participação e motivação dos alunos do ensino fundamental nas aulas de educação física, após 8 meses de sua implantação em uma escola particular.

    Observou-se que com o passar do tempo o que era de grande expectativa entre os alunos passou a ser de grande desmotivação devido à “mesmice” nas aulas de educação física. Sendo assim, verifica-se a necessidade do professor promover a renovação pedagógica e aplicar diversos conteúdos nas aulas de educação física para manter seus alunos sempre motivados.

Referências bibliográficas

  • DARIDO, S. C. Educação Física na Escola: Questões e Reflexões. Rio Claro: Guanabara Koogan, 2003.

  • MORENO, M. et al. Persuasão e motivação: interveniências na atividade física e no esporte. Lectures Educación Física y Deportes, 11 (103), 2006. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd103/motivacao.htm. Acesso em: 4 abr. 2007.

  • RIBEIRO, C.H. de V. Aulas de ginástica localizada no ensino médio: auto-estima, vitalidade e modelagem do corpo em uma escola pública do Rio de Janeiro. Lectures Educación Física y Deportes, 10 (89), 2005. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd103/motivacao.htm. Acesso em: 3 mar. 2007.

  • SILVEIRA, J. A Educação Física escolar nas escolas públicas e os seus conteúdos: uma análise sobre a postura dos educadores acerca de seu campo de trabalho. Disponível em: http://confef.org.br/arquivos/artigo.doc. Acesso em 20 de outubro de 2007.

  • SOARES, C.L. et al. Metodologia da educação física. São Paulo: Cortez, 1992.

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