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Pequim 2008: uma primeira avaliação
sobre território, cidadania e legados

 

*Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP)

e membro dos grupos de pesquisa Esporte e Cultura (CNPq)

e Área Interdisciplinária del Deporte (UBA)

Professor adjunto – Depto. Geografia - UERJ

**Bolsistas e graduandos em Geografia –UERJ

(Brasil)

Gilmar Mascarenhas*

Jéferson Alexandre Pontes

Juliana Cristina Queiroz das Neves

Leandro de Souza Braz

Leonardo Maia Simeone**

gil.mascarenhas@terra.com.br

 

 

 

Resumo

          Os jogos olímpicos tornaram-se um mega-evento esportivo capaz de mobilizar amplos recursos materiais e simbólicos, propiciando à cidade-sede a oportunidade de empreender profundas reformas urbanas e projetar-se no cenário mundial. No caso de Pequim, os jogos produziram obras monumentais e serviram para consolidar a imagem da China como super-potência, mas sem conseguir esconder os problemas ambientais, políticos, econômicos e culturais do país.

          Unitermos: Geografia dos esportes. Legado olímpico. Pequim 2008.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 124 - Setiembre de 2008

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Introdução

    A abordagem geográfica dos esportes, embora constituindo um ramo de estudos ainda incipiente, vem desde os anos 1970 se desenvolvendo paulatinamente em diversos países, com destaque para a França, Grã-Bretanha e Estados Unidos, e mais recentemente na Espanha. Fomos os pioneiros no Brasil (Mascarenhas, 1998 e 1999), tendo inclusive contado com o apoio de EFDeportes.com para divulgação daqueles primeiros trabalhos.

    Nessa gradual expansão, pode-se verificar que novos temas e abordagens vão sendo incorporados, extrapolando a inicial predominância dos estudos dedicados ao futebol, e incluindo alguns esforços no sentido de uma geografia do olimpismo. Esta especialidade dentro da geografia dos esportes pretende abordar os eventos olímpicos em sua dimensão espacial1. Em outras palavras, trata-se de analisar como os diversos eventos olímpicos promovem alterações e impactos no território, mais precisamente na cidade-sede do evento. Mas significa também analisar outros aspectos, como os fatores preponderantes na própria escolha do local, as políticas de ajuste espacial e preparação do evento, bem como de projeção internacional da cidade-sede, e ainda, toda a dimensão simbólica que envolve identidades, representações, regionalismos e discursos de base territorial.

    É neste sentido que tentaremos oferecer elementos para uma análise do mega-evento esportivo Pequim 2008. Vale registrar que se trata de uma investigação de caráter preliminar, tendo em vista não apenas a simultaneidade do evento com esta nossa análise, mas a própria dificuldade que encontramos em acessar dados mais confiáveis sobre a realidade urbana de Pequim, bem como da própria China como um todo, considerando as inúmeras particularidades e desconfianças deste país frente ao Ocidente.

    Nosso objetivo é verificar, por um lado, como este mega-evento impactou a cidade de Pequim e a vida dos chineses, e por outro, em que medida o projeto de exibição mundial de uma “Nova China” (poderosa, monumental, higiênica e progressista) atingiu seus supostos objetivos. Pretendemos argumentar em torno da dupla face do “espetáculo”: por um lado, o mega-evento exibe a tecnologia, a monumentalidade e a modernização da super-potência emergente, mas por outro não consegue esconder o autoritarismo, os problemas ambientais, a miséria e outras mazelas do cotidiano chinês.

    Como fontes, utilizamos basicamente o farto material publicado na imprensa, em seus diversos segmentos, nacional e internacional, além de blogs e outros recursos disponíveis na internet. Também nos valemos da literatura acadêmica especializada.2

    O texto se estrutura em três segmentos. No primeiro, dedicamos breves considerações sobre a geopolítica dos jogos olímpicos, focando sua dimensão “espetacular”, pela hiper-exposição mundial e pelo desejo de constituir vitrine das grandes potências, aspectos que muito bem se encaixam no evento em pauta. A seguir, procuramos delinear o panorama econômico e político chinês, contextualizando assim a iniciativa de sediar os jogos e seus objetivos no cenário de consolidação de uma nova potência mundial. Por fim, mergulhamos na cidade de Pequim, para detectar as intervenções urbanísticas, seus impactos no cotidiano e seu possível legado social e esportivo, embora excepcionalmente esta cidade não tenha concentrado todas as competições.

I.     Jogos Olímpicos: uma geopolítica “espetacular”

    Bilhões de telespectadores em todo o planeta. Se os Jogos de Roma (1960) contaram com a presença de apenas 19 jornalistas, os de Sidney (2000) atraíram vinte mil profissionais da imprensa. O olimpismo se tornou a maior empresa multinacional do espetáculo, dotada de uma carga simbólica própria e incomparável (AUGUSTIN e PASCAL, 2004).

    O geógrafo francês Jean-Pierre Augustin (1995:31-36) ao discutir a dimensão geopolítica dos Jogos Olímpicos (doravante abreviados como “jogos”), alerta-nos para o quanto estes representam uma autêntica vitrine das potências econômicas, legitimando no plano imaginário a lógica das profundas desigualdades presentes no cenário internacional. Em suma, são estes países os que em geral se destacam na performance olímpica, e os que exprimem sua tão enaltecida capacidade (econômica, tecnológica e logística) de realização destes eventos. De fato, basta examinar as 26 edições de J.O. já ocorridas até o momento (incluindo os atuais Jogos de Pequim), e constatar que apenas duas delas se realizaram fora do chamado “mundo desenvolvido”3. Assim mesmo, devemos considerar que destas (México em 1968 e Seul em 1988), a última situa-se em um país com elevado ritmo de crescimento econômico naquela década, despontando como um dos festejados símbolos da vitória do capitalismo sobre o modelo planificado, prestes a ruir naquela conjuntura. África e América do Sul, a despeito de insistentes candidaturas, jamais puderam sediar os Jogos Olímpicos, enquanto a Europa Ocidental concentra mais da metade de todos os já realizados (MASCARENHAS, 2002).

    Como vitrine de interesses de potencias no cenário mundial, o primeiro país do continente asiático a sediar uma olimpíada foi o Japão, em 1964. No auge da Guerra Fria, quando o país cumpria seu papel de baluarte geopolítico do capitalismo no Extremo Oriente, Tóquio poderia demonstrar ao mundo o êxito de sua adesão ao bloco capitalista4. Isento de despesas militares e contando com decisivo apoio norte-americano, o país exibe os progressos do cultuado “milagre japonês”, expresso no seu rápido desenvolvimento industrial.

    Podemos interpretar este evento como um momento particular no bojo da expansão econômica asiática, ou, em outros termos, do advento da “Era do Pacífico”. Todavia, a evidência maior de um processo de integração ao Ocidente foram os Jogos de Seul (1988), a segunda olimpíada em terras asiáticas. A Coréia do Sul apresentou, na década de 1980, índices espetaculares de crescimento econômico, sendo por isso reconhecida então como um dos “tigres asiáticos” ou ainda, como um “NIC” (new industrialized country). O país se industrializou com base no “fordismo periférico” (LIPIETZ, 1988), adquirindo grande competitividade no cenário internacional. Aproveitando-se desde formidável crescimento econômico e necessitando conquistar maior simpatia no mundo ocidental, Seul realizou uma radical reforma urbana “de fachada”, modernizando sua área central e portuária, ao custo de 3,5 bilhões de dólares. Se antes dos jogos a cidade recebia um milhão de turistas ao ano, passou a receber onze milhões ao ano na década seguinte (MCKAY & PLUMB, 2001).

    Com toda a perspectiva de projeção internacional a partir dos jogos olímpicos, a China não poderia continuar alheia a este movimento. Como nova potência, o país quer se exibir no cenário mundial, ratificar seus progressos técnicos, sua capacidade de organização, sua disciplina, vigor e, sobretudo, sua modernidade face o Ocidente, centro criador e difusor das olimpíadas. Não por acaso, Pequim foi sede dos Jogos Pan-asiáticos em 1990, e desde então passou a pleitear a realização das olimpíadas.

    Por conta do elevado ritmo de crescimento econômico, e mirando na ambição de projeção e reconhecimento mundial, a China tentou sediar os cobiçados Jogos de 2000, as “últimas olimpíadas do milênio”. Todavia, perdeu a disputa para Sidney, e dentre os motivos de sua derrota se considerou a natureza repressiva de sua política interna, cuja expressão mais evidente de falta de democracia foi sem dúvida o famoso “massacre na Praça da Paz Celestial”, ocorrido em 1989 (MASES, 2008). Em nova tentativa, fez prevalecer sua inconteste condição de potência emergente, apesar de persistirem no país as mesmas condições de autoritarismo, conforme discutiremos a seguir.

II.     China: questões de economia, território e cidadania

    Nas últimas duas décadas, a China se consolidou como uma nova potência econômica mundial, apresentando uma constante taxa de crescimento próxima dos 10% ao ano. Tamanho crescimento fez o economista inglês Jim O’Neill, chefe do banco de investimento americano Goldman Sachs e criador da sigla BRICS, rever suas previsões sobre o país. O’Neill previu que em 2041 a China ultrapasaria os Estados Unidos como maior economia do planeta, mas dados recentes fizeram com que ele mudasse de idéia, assim apostando que a ultrapassagem possa ocorrrer em 2023, quase vinte anos antes da previsão anterior. Em 2008,

    “Pela primeira vez na história moderna a China será indiscutivelmente o motor da economia mundial. De acordo com as projeções mais recentes, sua fatia na expansão global no ano será de 23%, o que corresponde aos desempenhos de EUA e Europa somados”. 5

    Sem dúvida, o ritmo de crescimento acelerado da economia chinesa fez uma grande vítima, o meio ambiente. Segundo recentes projeções, a China em 2010 se tornará o maior emissor de gás carbônico do mundo, superando os Estados unidos. Segundo o Banco Mundial, a China possui 16 das 20 cidades mais poluídas do mundo, e Pequim é justamente uma das piores. O que explica a corrida realizada antes dos jogos para diminuir a poluição na cidade, conforme apontam as reportagens abaixo:

    “China corre contra o relógio para combater poluição

    Nas últimas semanas, a China suspendeu a atividade de algumas fábricas perto da capital, implementou um rodízio de carros e até criou um sistema de alta tecnologia para criar chuvas artificiais, que limpariam a poluição de Pequim. Ainda assim, a qualidade do ar é ruim e atletas brasileiros já estão tomando medidas para evitar que a poluição afete o desempenho na competição. 6

    “China quer reduzir poluição às vésperas dos Jogos

    O governo chinês anunciou nesta segunda-feira (14 de abril de 2008) que irá fechar todos os canteiros de obras em Pequim nas três semanas anteriores aos Jogos Olímpicos numa tentativa de diminuir a poluição na cidade. De acordo com as novas medidas anunciadas pelo Departamento de Proteção Ambiental, a partir de 20 de julho as construções serão fechadas e as empresas produtoras de cimento terão que paralizar as atividades. Além disso, 19 empresas terão que reduzir suas emissões em até 30% e será proibido escavar, aplicar cimento e fazer pinturas externas com sprays. 7

    Tal quadro ambiental gerou posicionamento do Comitê Olímpico Internacional, que levantou a possibilidade de cancelamento ou adiamento de algumas provas como mostra a reportagem:

    “ COI admite que pode cancelar ou adiar provas por causa da poluição

    O COI (Comitê Olímpico Internacional) admitiu a possibilidade de cancelar ou adiar qualquer prova dos Jogos Olímpicos se constatar que a condição do ar durante a competição pode causar risco à saúde dos atletas.

    "Tomaremos todas as decisões junto às federações internacionais se os dados indicarem que devemos cancelar ou adiar um evento", afirmou o presidente da comissão médica do COI, Arne Ljunqvist.

    Para combater a poluição, a cidade de Pequim já tomou algumas medidas. Desde o dia 20 de julho está em vigor um rodízio que limita a circulação diária de carros à metade. Também foram paralisadas as indústrias mais poluentes e interrompidas obras de construção, que só voltarão ao ritmo normal no dia 20 de setembro, depois dos Jogos Paraolímpicos. 8

    A questão ambiental certamente não se resume à poluição atmosférica: a qualidade hídrica chinesa também é muito grave. Seguindo os estudos do Banco Mundial e estudos do Greenpeace, mais da metade da água dos rios chineses é tida como “imprestável”, e 90% dos lençóis freáticos das cidades estão poluídos. A problemática ambiental atinge proporções terríveis no âmbito da saúde pública: estimativas do Banco Central apontam 750.000 mortos por ano em decorrência da poluição do ar e da água na China. A taxa de câncer de fígado no país dobrou nos últimos 30 anos, e é a maior do mundo. Fábricas poluidoras no interior criaram os chamados “Vilarejos Cancerosos”, onde a taxa de tumores malignos é altíssima.

    Ao abrir as portas para o mundo, a China desvenda, além de toda sua monumentalidade e poder, as chagas crivadas pela atuação de um vigoroso regime político estruturado ao longo de sua história recente. A questão ambiental é apenas uma face deste processo, que conjuga intenso crescimento industrial com escassez de democracia e profundo desrespeito aos direitos humanos. Outra face é a própria repressão exercida cotidianamente no país.

    O comando do PCC (Partido Comunista Chinês) governa com “mãos de ferro” os 1,3 bilhões de chineses, em um regime autoritário que despreza e isola quaisquer críticas que possam vir a desestabilizá-lo, principalmente quando proveniente da mídia estrangeira, pois a imprensa chinesa é estatal e altamente controlada.9 Quando as Olimpíadas se aproximavam, a prisão de críticos do governo foi sistemática, baseada em acusações vagas (“subversão do poder do Estado", "revelação de segredos de Estado para o exterior") e por meio de processos em que os réus não possuem direito de conversar com seus advogados (SCOFIELD, 2008)

    De acordo com o jornal britânico Guardian (2008), para a construção dos equipamentos olímpicos milhares de casas foram demolidas sem que seus proprietários fossem devidamente indenizados e remanejados. Em Qingdao, cidade das disputas de vela olímpica, centenas de famílias foram despejadas; civis e ativistas dos direitos humanos foram presos. Casos como estes também ocorreram em Shenyang, Xangai e Qinhuangdao.

    A repressão à internet faz da China hoje, o maior e mais eficiente firewall10 do planeta. Todos os anos milhares de sites e blogs são filtrados e fechados, assim como rádios e programas de TV, também são censurados. Jornalistas estrangeiros têm sido assediados, detidos e intimidados principalmente por reportar histórias interpretadas como delicadas pelo governo chinês, incluindo matérias a respeito de dissidentes políticos, do Tibet, da epidemia de HIV/AIDS no país e de questões de ‘estabilidade social’ como conflitos, manifestações e seus resultados. (Human Rights, 2007).

    A China tem a mais alta taxa de pena de morte no mundo. Estatísticas de execução são tratadas como "segredos estatais". A tortura é muito comum nos centros de detenção da China, nas prisões e campos de trabalho. Métodos de tortura incluem choques elétricos, queima, uso de agulhas elétricas, espancamento e enforcamento, privação de sono, injeções químicas forçadas que causam danos nervosos, furo nos dedos com agulhas e etc. Todos os anos são relatados casos de cidadãos chineses mortos pela tortura policial. (Guardian, 2008)

    Os cidadãos chineses não têm o direito de eleger dirigentes de estado, funcionários ou representantes do governo local. O sistema eleitoral só existe no nível de pequenas vilas, mas com candidatos indicados pelo partido. A falta de um sistema judicial independente, cujos quadros são compostos por “gente nem sempre formada em direito e umbilicalmente ligada ao partido, favorece abusos de poder” (SCOFIELD, 2008)

    Durante os Jogos, o governo chinês descumpriu promessa feita ao COI de garantir a todos o direito de livre expressão política. Cidadãos que procuraram as delegacias policiais para solicitar a permissão para realização de manifestações foram imediatamente detidos e mantidos sob custódia da autoridade policial por 30 dias, sob acusação de “perturbação da ordem social”. Cumpre frisar que os cidadãos pretendiam realizar as manifestações exatamente nos três parques públicos espacialmente designados pelo governo para tal fim, não por acaso localizados a quilômetros de distância do “ambiente olímpico”.11

    No próximo segmento nos deteremos à cidade de Pequim, não apenas visando estimar o legado dos jogos, mas também verificar como estes aspectos políticos e econômicos da sociedade chinesa se expressaram no cotidiano da capital durante o evento.

III.     Pequim: a cidade e o legado

    A capital da República Popular da China contém, em seu arranjo espacial, o acúmulo histórico de mais de oito séculos de várias camadas de urbanização. Todavia, foi apenas nas últimas décadas que a cidade efetivamente apresentou acelerado crescimento demográfico, associado a um processo de modernização sem precedentes, não apenas por sua capitalidade, mas por estar inserida numa zona industrial dinâmica. O êxodo rural, embora sob forte controle governamental, vem alimentando este ritmo de crescimento urbano que está entre os maiores do mundo.12

    Agrupando hoje em torno de 16 milhões de habitantes e apresentando uma taxa de crescimento econômico anual na impressionante casa dos dois dígitos, Pequim tornou-se uma máquina urbana difícil de controlar. O mercado imobiliário, com a abertura da economia, apresenta elevado dinamismo e vem redesenhando o mapa da cidade. A voracidade do capital imobiliário vem erodindo projetos como o Inner Greenbelt, que previa um cinturão verde abrangendo terras agrícolas, áreas verdes e reservas territoriais.13 Em apenas uma década de existência este cinturão, invadido por projetos habitacionais, foi reduzido a quase um terço da área original (HUANG, 2004).

    Nos anos 1980, com a consolidação do mercado de terras urbanas, a população operária foi sendo alijada para uma periferia distante, através do políticas públicas, como o projeto de criação dos “Distritos Dispersos”, que funcionariam como cidades satélites (cada uma prevendo abrigar 200 mil habitantes) e que se converteram em “cidades dormitório”, pela ausência de oferta local de trabalho. Tais aglomerações, que hoje chegam a reunir 500 mil moradores (HUANG, 2004), carecem também de serviços gerais e transporte, isolaram-se e conformam o que podemos chamar de “bolsões de miséria”.

    Já comentamos que a China vive o “paradoxo” de conciliar uma economia de mercado com o regime político altamente centralizado. Um dos reflexos desta situação está no fato de Pequim funcionar sob um Plano Diretor que, embora recentemente elaborado (em 1993), ainda expressa o modelo soviético de planejamento urbano adotado nos anos 1950, de forma que a cidade segue crescendo de forma “descontrolada”, pela obsolescência de seu instrumento de gestão pública, que não considera o vigor do mercado de terras urbanas (HUANG, 2004).

    O advento da economia de mercado, baseada na propriedade individual de bens, vem provocando a expansão brutal do número de automóveis na China.14 Em Pequim, o crescimento é da ordem de 15% a 20% ao ano, fazendo com que boa parte do orçamento municipal se destine à construção e renovação da malha viária urbana (HUANG, 2004). Mais uma vez, a qualidade de vida e a infra-estrutura da cidade se tornam comprometidas pelo direito individual de poucos, pois além de faltar recurso para investimento governamental em serviços básicos, o ar se torna cada vez mais poluído, problema acentuado pela verticalização da cidade e escassez de áreas verdes.

    O crescimento urbano está apoiado em densos fluxos de êxodo rural, que garante um suprimento abundante de mão-de-obra barata e disciplinada:

   Trabalhadores do campo, estimados em cerca de 250 milhões de pessoas (um Brasil e uma Argentina), vêm especialmente das províncias do centro-oeste e formam o grosso da mão-de-obra de indústrias e canteiros de obras da construção civil nos grandes centros da costa leste (SCOFIELD, 2008).

    Este imenso deslocamento se realiza sob controle governamental, pois os novos trabalhadores urbanos não possuem autorização para residência permanente nas grandes cidades. Somente em Pequim, são três milhões de residentes temporários, sobrevivendo de parcas remunerações, em extenuantes jornadas de trabalho e provavelmente ocupando os supracitados “distritos dispersos”. Muitos deles trabalharam na grande reforma urbana para os jogos olímpicos. Aproximadamente 90% da força de trabalho utilizada no setor de construção civil para as obras das olimpíadas, aproximadamente um milhão de trabalhadores, foram recrutadas de outras regiões do país. Com remunerações que não alcançam o mínimo estipulado por lei, inclusive não recebendo salários por vários meses, ainda contam com péssimas condições de trabalho, expostos a toda a sorte de lesões e doenças, pela falta de cumprimento das normas de segurança e direitos humanos. Muitos empresários não assinam contratos, estando os trabalhadores desprovidos de seguro saúde e acidentes.15

    As instalações olímpicas estão geograficamente concentradas ao norte da cidade, mas precisamente entre o terceiro e o quarto anel viário (são seis no total). Em entrevista á revista Época, o arquiteto inglês Richard Burdett, responsável pelo projeto urbanístico dos Jogos de Londres, afirma que se trata de uma zona de baixa densidade demográfica para os padrões chineses, de forma que os benefícios do impacto urbanístico tornam-se reduzidos.

    Com investimento na ordem de 34 bilhões de dólares, a cidade não apenas edificou impressionantes marcos futurísticos extensamente expostos na mídia internacional. Toda uma revolução urbanística promoveu a arbitrária expulsão de milhões de habitantes de suas antigas moradias:

    as obras expulsaram para os subúrbios de Pequim, neste sete anos, mais de três milhões de chineses — deslocados para dar lugar não apenas aos estádios e parques olímpicos, mas também a largas avenidas, condomínios de luxo ou novas estações de metrô.16

    A cidade vivenciou uma verdadeira “maquiagem olímpica” para esconder do mundo tudo aquilo que faz parte de seu cotidiano, mas que é considerado impróprio para a imagem da “nova China”. A maquiagem da cidade incluiu a retirada de mendigos, prostitutas e retirantes das ruas, alguns sendo mantidos em “prisões prorrogadas ou abrigos e outros sendo mandados diretamente para os campos de trabalho. Vendedores ambulantes tiveram seus produtos brutalmente confiscados“ (Guardian, 2008). Diversas residências e estabelecimentos comerciais, como restaurantes populares, foram encobertos por muros de três metros de altura durante o evento:

    'Nós todos apoiamos os Jogos Olímpicos', disse Song, 42 anos, que nasceu em Pequim e aluga quartos para duas famílias de migrantes que abriram lojas. 'Mas por que construíram um muro à nossa volta?' Um aviso misterioso apareceu ao lado das lojas em 17 de julho, datilografado em papel branco e não assinado. Ele dizia: 'De acordo com o pedido do governo de corrigir o ambiente olímpico, um muro precisará ser construído ao redor do Nº 93 da Avenida Tianquiao Sul'. Na manhã seguinte, vários pedreiros apareceram com escolta policial. Agora um muro esconde o pequeno reduto comercial onde várias famílias de migrantes vendem meias, bolsas, calças, macarrão e kebabs preparados em uma sopa picante. Uma família atrás do muro vende sorvete, picolés e bebidas geladas em um carrinho. Zhao Fengxia, uma vizinha que é dona de três lojas, disse acreditar que as autoridades e empreendedores imobiliários estão usando a Olimpíada como desculpa para arruinar seus negócios e pressionar para que se mudem ”.17

    Em suma, a miséria urbana conjugada à violência utilizada pelo governo chinês compõem o quadro deploravel dos excluídos da festa olímpica. Cabe indagar sobre o legado social e urbanístico deste evento.

    O famoso urbanista inglês Richard Burdett compara o caso de Pequim com Barcelona, cidade que se tornou modelo de legado urbanístico dos jogos, para salientar as limitações do caso chinês. Concordamos com sua afirmação de que Pequim não buscou utilizar o mega-evento como via para enfrentar determinada zona “problemática” da cidade. Entretanto, para além de “relativizar” a tese que sustenta a experiência catalã como receita universal,18 e de questionar o modelo de urbanismo centrado em intervenções pontuais (de “renovação”, “requalificação”, “regeneração” “revitalização”) próprias do planejamento urbano estratégico de base empreendedorista, devemos considerar as especificidades locais. Pequim abriga uma população pelo menos cinco vezes maior que a de Barcelona, cidade em cuja escala os investimentos urbanos de uma olimpíada tendem a causar impactos bem mais significativos. Ademais, os jogos de 1992 encontraram uma cidade mais bem resolvida em suas questões estruturais, e sem o desafio de um crescimento urbano tão acelerado, como enfrenta Pequim.

    O patrimônio cultural também sofreu perdas irreversíveis com os jogos, em particular a tradicional arquitetura popular pequinesa, removida pelo “arrastão urbano” da modernidade:

    “Os hutongs são considerados a alma de Pequim. No passado, morada da elite pequinesa, esses labirintos de ruelas povoadas de casinhas amontoadas estão sendo postos abaixo pelo governo em nome da modernização. Dão lugar a conjuntos residenciais semelhantes aos nossos antigos prédios do BNH. Eles existem há mais de 700 anos” (...) Com a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung, cada casa passou a alojar diversas famílias. O crescimento desordenado e a construção de “puxadinhos” transformaram os hutongs em verdadeiros cortiços em extinção. Especialmente depois do arrastão urbano promovido para preparar a cidade para os Jogos Olímpicos”.19

    Como em outras cidades, os Jogos Olímpicos foram tomados como um verdadeiro marco histórico para a cidade. Um plano do longo prazo para Pequim (2004 – 2050) prevê três etapas, sendo a primeira justamente de 2004 a 2008 (quando a previsão era construir as bases de uma metrópole mundial), a segunda de 2009 a 2020 e culminando com a terceira de 2021 a 2050, destinada a estabelecer um desenvolvimento sustentável. (www.people.com.cn). A expansão do metrô também corresponde a um significativo legado do evento. Tão logo conquistou o direito de sediar a Olimpíada, foi iniciado um arrojado plano de expansão da rede metroviária, com a criação de diversas novas linhas. Em 2001, apenas duas linhas estavam em operação. Hoje, são oito linhas e outras quatro em construção.

Considerações finais

    Desfrutando de bilhões de espectadores, as olimpíadas fazem com que cidades-sede se transformem, momentaneamente, no admirado centro das atenções em escala planetária.20 Todavia, por mais que as imagens e informações sejam controladas, que o país tenha liderado a corrida pelas medalhas, que a própria cidade seja amplamente “maquiada” e que a sociedade seja preparada para causar “boa impressão” ao mundo exterior, esta superexposição da realidade local tende a deixar escapar os problemas e contradições que se queria esconder. A questão tibetena, por exemplo, repercutiu intensamente na mídia internacional, sendo uma das principais fontes de manifestação contrária à China e proporcionando uma das mais tensas trajetórias de uma tocha olímpica de que se tem notícia.

    Foram gastos 34 bilhões de dólares para realizar este mega-evento, a mais cara olimpíada de toda a história. Certamente, não faltavam ao governo local opções de investimento em melhoria das condições de vida da população pequinesa, particularmente as condições sanitárias. Mas optou-se pelo “espetáculo” suntuoso, pela edificação de obras monumentais, assinadas pelos mais prestigiados escritórios de arquitetura do mundo. Um processo de ocidentalização que apenas importa a exuberância opulenta do consumo conspícuo, e não a pauta de direitos humanos e cidadania.

    Por um lado, reconhecemos que os jogos foram utilizados como ocasião especial para grandes investimentos na infra-estrutura urbana, com destaque para a expansão colossal do metrô e do aeroporto. Por outro, percebemos que serviram também para acentuar (e de forma violenta) o processo de segregação socioespacial em Pequim, além de edificar estruturas esportivas monumentais, imponentes, sem a clara perspectiva de uso comunitário posterior, pela própria distância física destes equipamentos.

    As olimpíadas de Pequim inserem-se no cenário de constante repressão e com anunciadas perspectivas de mudanças que ainda são incertas à análise dos pesquisadores. De toda a forma, é evidente não apenas o grau de exposição da China ao mundo, mas também o contato (a “fricção”) que a população pôde ter com o exterior, ao ser forçada, por exemplo, a “esconder” muitos de seus costumes cotidianos. O que se espera é que um dos legados das olimpíadas possa ser algum debate político interno e o aumento da pressão internacional como fatores que, em um futuro próximo, venham a propiciar um grau maior liberdade e condições para a construção de uma sociedade mais justa.

Notas

  1. Os primeiros esforços se devem aos geógrafos europeus John Bale (1989), Jean-Pierre Augustin (1995), e Francesc Muñoz (1996). No Brasil, a abordagem geográfica do olimpismo é bem mais recente, tendo se iniciado com Mascarenhas (2002). Desde 2003, mantemos na UERJ uma equipe de pesquisa reunindo bolsistas de graduação, mestrandos e colaboradores externos, que inicialmente dedicou-se ao estudo dos Jogos Pan-americanos realizados em 2007 na cidade do Rio de Janeiro, e que no momento dirige suas atenções à natureza dos mega-eventos esportivos em geral e às perspectivas brasileiras, relacionadas à Copa do Mundo de 2014 e à candidatura do Rio de Janeiro para as olimpíadas de 2016.

  2. Num cenário de escassez de dados, muito útil nos foi a leitura do urbanista Yan Huang, diretor substituto da Comissão de Planejamento Urbano de Pequim, com passagem pelo Lincoln Institute e outras prestigiadas instituições.

  3. A cidade de Atenas, que sediou duas olimpíadas, foi aqui propositalmente colocada à parte. Em 1896, de fato pertencia à periferia do capitalismo mundial, mas deveu sua escolha a fatores muitíssimo peculiares: a condição ancestral dos antigos jogos gregos e o caráter amador e de pequeno porte que constituiu aquela primeira realização dos Jogos Olímpicos na era moderna. Já em 2004, estando a Grécia inserida na União Européia, não corresponde plenamente ao grupo dos países subdesenvolvidos. E mesmo se considerarmos como nação “em desenvolvimento”, novamente a opção por Atenas se ampara muito mais na ancestralidade (conferindo ao olimpismo moderno o valorizado poder da tradição, o cobiçado patrimônio cultural) do que nos níveis de desenvolvimento socioeconômico do país.

  4. No contexto de pleno apoio norte-americano, num momento anterior ao quadro tenso que se formou a partir dos anos 1980, quando o Japão tornou-se sério competidor industrial dos EUA, Tóquio se valeu dos jogos para reconquistar às Forças Armadas dos EUA toda uma área que havia sido utilizada para alojamento militar desde o final da segunda guerra, ali instalando a vila olímpica (Mascarenhas, 2004).

  5. Dados e entrevista divulgados pela Revista EXAME – Ed. 920, Ano 42 – Nº 11 (18/06/2008).

  6. Extraído do site BBC Brasil de 1 de agosto de 2008 (Acessado em 5 de agosto de 2008).

  7. Extraído do site BBC Brasil de 14 de agosto de 2008 (Acessado em 5 de agosto de 2008).

  8. Extraído e adaptado do site Folha Online de 5 de agosto de 2008 –( Acessado em 5 de agosto de 2008).

  9. Scofield (2008) salienta o drama de Hu Jia, dissidente chinês que ao publicar um manifesto, criticando o não cumprimento de compromissos do país para com os direitos humanos, prometidos quando da vitória em 2001 do direito de sediar as olimpíadas; Jia foi preso e sentenciado a 3 anos e meio de prisão com o argumento de incitar a subversão do poder estatal. Sua mulher e o bebê do casal cumprem prisão domiciliar. A perseguição a jornalistas, ativistas dos direitos humanos, dissidentes políticos e escritores é uma constante nos últimos anos. O ativista cego Chen Guangcheng, o ganhador do prêmio Ramon Magsaysay 2007 e nomeado em 2006 pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, ainda está servindo sua pena de quatro anos e três meses, para expor a verdade dos abortos forçados e esterilização. (Guardian, 2008)

  10. Firewall é o nome dado ao dispositivo de uma rede de computadores que tem por objetivo aplicar uma política de segurança a um determinado ponto de controle da rede. Sua função consiste em regular o tráfego de dados entre redes distintas e impedir a transmissão e/ou recepção de acessos nocivos ou não autorizados de uma rede para outra.

  11. O Globo, 14/08/2008.

  12. Segundo Mike Davis (2006:15), a cidade possuía 3,9 milhões de habitantes em 1950. Nesta década, a mancha urbana de Pequim pouco ultrapassava o que hoje chamamos de “centro histórico”, segundo Huang (2004).

  13. Aparentemente seguindo o modelo preconizado no Brasil pelo urbanista Alfred Agache, no qual estas reservas permitiriam ao poder público dispor de terras para implementar usos coletivos e outras demandas futuras.

  14. Segundo Dados divulgados pela Revista EXAME – Ed. 920, Ano 42 – Nº 11 (18/06/2008) “Em 1989, havia apenas 147 quilômetros de auto-estradas na China. No ano passado, o número chegou a 45.600 quilômetros, e a China se tornou o segundo maior mercado do mundo para a indústria automotiva”.

  15. Outra desvantagem para os trabalhadores migrantes está no fato de não obterem acesso aos benefícios da seguridade social na cidade migrada, pois o sistema comunista de registro civil (hukou), só admite tais benefícios aos nascidos em sua cidade, o que destoa completamente dos ideais de uma sociedade socialista.

  16. O Globo on line (05.05.2008).

  17. Reportagem enviada pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos Migratórios – NIEM (IPPUR/UFRJ).

  18. Ver Mascarenhas (2008).

  19. Hutongs são demolidos em nome da modernidade. www.china2008.inf.br (19 de agosto de 2008 às 15:56).

  20. Em certo sentido, os J.O. correspondem na atualidade ao papel similar cumprido por algumas das grandes exposições universais de outrora, ao por em relevo as utopias do progresso sem fronteiras e da solidariedade e harmonia entre os povos.

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