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Efeitos do exercício físico na pressão arterial
sistêmica de indivíduos praticantes de caminhada

 

*Aluna do curso de Fisioterapia
**Acadêmicos do 3º Semestre do Curso de Educação Física da

Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, Tubarão.

***Professor da disciplina Atividade Física para Portadores de

Necessidades Especiais no Curso de Educação Física da

Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, Tubarão.

Viviana Jorge Jesus* | Mislene Machado

Rodrigo Soares Santos | Anderson Luiz Andrade

Gustavo Dariva** | Richard Ferreira Sene***

viviana_jj@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          A pressão arterial (PA) é a medida da força ou pressão exercida pelo sangue nas artérias. Caracteriza-se por elevação dos níveis tencionais acima dos valores normais da pressão arterial sistêmica. Entre seus fatores de risco, encontram-se etnia, idade, Diabetes Mellitus, sexo, tabagismo, etilismo, sedentarismo, obesidade. A prática de exercício físico pode retardar os declínios funcionais, além de diminuir o aparecimento de doenças crônicas em idosos. Esta pesquisa visa analisar se a prática de exercício físico, especificamente a caminhada, altera a pressão arterial. Para a realização deste estudo, foram analisados indivíduos portadores de hipertensão, participantes do programa de prevenção e reabilitação de doenças crônico-degenerativas, 3 vezes na semana, com duração de 1 hora, sendo composto de alongamento e aquecimento, caminhada e relaxamento. Verificou-se a pressão arterial, freqüência cardíaca, e o borg antes e após a caminhada. A média de pressão arterial inicial foi de 89,7 ± 5,51 e a média de pressão arterial final foi de 89,4 ± 6,09 nos indivíduos estudados. Após um programa de caminhada para indivíduos com HAS, percebe-se que estes evoluíram, ou seja, houve uma melhora na aptidão física, nas variações das pressões arteriais sistólica e diastólica.

          Unitermos: Hipertensão. Exercício físico. HAS. Caminhada

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 124 - Setiembre de 2008

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Introdução

    A pressão arterial (PA) é a medida da força ou pressão exercida pelo sangue nas artérias. A mais alta (pressão arterial sistólica) reflete a pressão nas artérias durante a sístole do coração, quando a contração do miocárdio força grande volume de sangue no interior das artérias, a pressão cai na diástole, ou fase de enchimento do coração. A pressão arterial diastólica é mais baixa na artéria durante o ciclo cardíaco. A PA sistólica em repouso normalmente varia entre 110 e 140 mmHg; e a PA diastólica entre 60 e 80 mmHg.1

    Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é aquela situação clínica que se caracteriza por elevação dos níveis tencionais acima dos valores normais da pressão arterial sistêmica.2 É uma patologia de caráter multígeno e multifatorial que pode ser catalogada entre as doenças crônico-degenerativas. Quando não tratada adequadamente, acarreta danos ao organismo, principalmente no plano do coração, rins e sistema nervoso. Portanto, é considerada uma situação clínica multifatorial de alta prevalência com repercussões importantes de morbimortalidades cardiovascular.3

    A prevalência estimada de HAS no Brasil atualmente é de 35% da população acima de 40 anos. Isso representa um total de 17 milhões de portadores da doença.4

    Em relação à faixa etária, a HAS ocorre em 5% a 10% dos adultos entre 20 e 30 anos; 20% a 25% dos adultos de meia idade; e 50% a 60% dos indivíduos acima de 65 anos. Exatamente 50% dos hipertensos morrem por doenças arteriais coronárias ou insuficiência cardíaca, sendo que 33% morrem por acidente vascular encefálico (AVE) e 10 a 15% por insuficiência renal crônica. Estas complicações são devido ao comprometimento desses “órgãos-alvos” (cérebro, olhos, coração, rins e artérias).9

    Entre os possíveis fatores de risco para HAS, encontra-se etnia (maior em negros em relação a brancos); idade (acima de 65 anos atingindo seu pico entre 60 e 70 anos); Diabetes Mellitus; sexo (maior em homens até os 55 anos e após, maior em mulheres); tabagismo; etilismo; sedentarismo; obesidade; retenção de sódio (tanto por aumento da ingestão como pela baixa excreção); anticoncepcionais orais (somente durante o uso).

    Mediante a estes fatores, não se deve apenas valorizar os níveis de pressão arterial, pois esta é uma doença multifatorial, associada às alterações metabólicas, hormonais e fenômenos hipertróficos.3,4,9

    O exercício físico é o stress mais comum do organismo e causa demandas importantes ao sistema cardiopulmonar.3 A prática de exercícios físicos regulares e moderados pode retardar declínios funcionais. Além de diminuir o aparecimento de doenças crônicas em idosos saudáveis ou doentes crônicos, reduz o risco de morte por problemas cardíacos de 20 a 25% em pessoas com doenças do coração diagnosticadas.3,6 A prescrição do exercício para pessoas com condições crônicas, visa aumentar o desempenho físico, reduzir os fatores de risco, promover a saúde e melhorar a qualidade de vida.6

    Mediante a estas constatações, esta pesquisa visa analisar se a prática de exercícios físicos, especificamente a caminhada, altera a pressão arterial.

Materiais e métodos

    Esta pesquisa é qualificada quanto à abordagem como quantitativa.

    A pesquisa quantitativa é aquela que, utilizando instrumentos de coleta de informações numéricas, medida ou contadas, aplicados a uma amostra representativa de um universo a ser pesquisado, fornece resultados numéricos, probabilísticos e estatísticos.6

    O procedimento utilizado nesta pesquisa se classifica como quase-experimental.

    Numa pesquisa quase-experimental, não se verifica o total controle da aplicação dos estímulos experimentais, isto é, o grupo controle é inexistente. É o caso dos estudos que aplicam pré-teste e pós-teste a um único grupo.7

    Para a realização deste estudo, foram analisados indivíduos portadores de doenças crônico-degenerativas (hipertensão), participantes do programa de prevenção e reabilitação de doenças crônico-degenerativas – Caminhar com a Unisul – entre os meses de março a junho de 2008. A escolha desta população foi devido à conveniência, sendo este um fator facilitador para a formação de um grupo experimental.

    A formação de amostragem é de caráter intencional, e a mesma se constitui de 8 indivíduos do sexo feminino e 2 do sexo masculino, entre 50 e 60 anos de idade. Os critérios de inclusão da amostra são: apresentar diagnóstico de HAS; freqüentar assiduamente o programa; ter realizado os testes físicos exigidos pelo programa.

    Para a realização desta pesquisa foi utilizada uma ficha de avaliação elaborada pelos pesquisadores, na qual foram reunidos os parâmetros para a verificação da freqüência cardíaca, pressão arterial e esforço físico. Os instrumentos utilizados foram Escala Analógica Visual de Esforço Físico (Borg-0-10), cronômetro, estetoscópio e esfigmomamômetro.

    Primeiramente, foi feito um contato com o responsável pelo programa para solicitação de autorização para efetuar a pesquisa.

    Foram selecionados os indivíduos dentro dos critérios de inclusão.

    A intensidade foi determinada pela freqüência cardíaca dentro da zona de treinamento, ou seja, entre 60 a 85% da freqüência cardíaca máxima, a atividade foi proposta 3 vezes na semana, com duração de 1 hora. Sendo composto de 5 minutos de alongamento, 5 minutos de aquecimento, 40 minutos de caminhada, 10 minutos de relaxamento. Verificou-se a pressão arterial, freqüência cardíaca, e o borg antes e após a caminhada.

Resultados

    Foi analisada a amostra de 10 indivíduos, que cumpriram o critério de inclusão previamente definido. Os dados da pressão arterial sistêmica foram obtidos na postura sentada.

    A média de pressão arterial inicial foi de 89,7 ± 5,51 nos indivíduos estudados. A média de pressão arterial final foi de 89,4 ± 6,09.

    As médias inicial e final da pressão arterial média (PAM) dos 10 indivíduos submetidos ao estudo, estão representadas no gráfico 1.

Gráfico 1. Média de PAM inicial e final dos indivíduos.

Discussão dos dados

    A pressão arterial é um fator primordial na fisiologia do sistema circulatório, assim, é de grande importância que um indivíduo tenha uma pressão arterial sistêmica regulada. Para isso, é necessário que haja uma boa qualidade de vida, ou seja, um certo controle nos fatores de risco.

    As alterações na estrutura dos vasos sangüíneos resultantes do envelhecimento exercem um impacto fisiologicamente importante no sistema arterial. Devido à perda significativa da elasticidade das grandes artérias e da aorta, os vasos tornam-se mais rígidos.8

    O sedentarismo está diretamente relacionado ao aparecimento de uma série de distúrbios cardiovasculares, pois a atividade física auxilia na diminuição da PA diminuindo o peso e a massa adiposa corpórea e promovendo modificações metabólicas e do estado hemodinâmico, como redução da freqüência cardíaca e da resistência vascular periférica.9

    No Gráfico 1 podemos constatar que as médias aritméticas dos incrementos da pressão arterial tiveram pequena diminuição após o exercício físico, o que nos leva a acreditar que 10 dias de caminhada não foram o suficiente para atingirmos uma estabilização com uma maior amplitude de variação da pressão arterial .

    Essa queda na pressão tanto sistólica quanto diastólica, sugere que atividade física é capaz de promover alterações na complacência vascular, ocorrendo relaxamento da musculatura dos vasos após atividade física.9

    O treinamento com exercícios regulares e moderados acarreta uma redução persistente na pressão arterial tanto sistólica quanto diastólica. Uma redução de aproximadamente 10mmHg na pressão sistólica e uma queda de aproximadamente 8mmHg na pressão diastólica podem ser esperadas entre as pessoas com hipertensão que são submetidas a um treinamento com exercícios regulares. Assim sendo, cada vez mais, os clínicos recomendam que o paciente com HAS adote primeiro um programa de atividade regular e moderada antes de iniciar a terapia medicamentosa.10

Considerações finais

    Após um programa de caminhada para indivíduos com HAS, percebe-se que estes evoluíram, ou seja, houve uma melhora na aptidão física, nas variações das pressões arteriais sistólica e diastólica. Entretanto, ainda há necessidade de um novo trabalho com maior controle das variáveis intervenientes (fatores emocionais, alimentação, tabagismo, etilismo), para que se determine com maior detalhe os mecanismos pelos quais o exercício físico, de fato, reduz os níveis tensoriais de indivíduos hipertensos.

Referências

  1. HEYWARD, Vivian H.. Avaliação física e prescrição de exercício: técnicas avançadas. Porto Alegre: Artmed, 2004 319 p.

  2. RIBEIRO, Artur Beltrame. Atualização em hipertensão arterial: clínica, diagnóstico e terapêutica. São Paulo: Livraria Atheneu, 1996. 231 p.

  3. SANTOS, Zélia Maria de Sousa Araújo; SILVA, Raimunda Magalhães da. Hipertensão arterial: modelo de educação em saúde para autocuidado. Fortaleza: UNIFOR, 2002. 94 p.

  4. BRASIL. Hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM): protocolo. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2001. 94 p.

  5. FROELICHER, Victor F.; MYERS, Jonathan; FOLLANSBEE, William; LABOVITZ, Arthur J.. Exercício e o coração. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1998. 440 p.

  6. SILVA, Daniela K.; NAHAS, Markus V.. Prescrição de exercícios físicos para pessoas com doença vascular periférica. Revista Brasileira Ciência e Movimento, Brasília, v. 10, n. 1, p. 55-66, jan. 2002.

  7. ALMEIDA, T. L.; RIBES L.. Pesquisa quantitativa ou qualitativa: adjetivação necessária. Porto Alegre: Sulina; 2000.

  8. CARVALHO FILHO, Eurico Thomaz de; PAPALÉO NETO, Matheus. Geriatria: fundamentos, clínica e terapêutica. São Paulo: Atheneu, 2000. 447 p.

  9. Simões et al. Análise da pressão arterial em resposta a exercícios aeróbicos e anaeróbicos em pacientas hipertensos. Revista Reabilitar, v. 7, n. 27, p. 22-29, 2005.

  10. FOSS, Merle L.; KETEYIAN, Steven J. Fox bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 560 p.

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