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Educação Física escolar: aspectos motivadores

 

Licenciado em Educação Física-UNICRUZ

(Brasil)

Giovane Pereira Balbé

gbalbe@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          A educação física presente nos currículos escolares, é muitas vezes o momento em que a criança tem para a pratica da atividade física. Pois, cada vez mais a maioria das crianças vivem isolados em apartamentos, em frente à televisão, com tempo cada vez mais ansioso. A necessidade de uma educação física onde haja a maior participação dos alunos e o gosto pela pratica é atualmente um desafio que a educação física escolar encontra. Para isso buscamos, levantar as questões consideradas pertinentes quanto a importância da motivação dos alunos na pratica da atividade física escolar. Desta forma, as aulas programadas pelo professor devem fazer os alunos a passarem por experiências positivas adequadas às suas necessidades e capazes de serem executadas sempre respeitando as diferenças individuais.

          Unitermos: Educação. Saúde. Motivação.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 124 - Setiembre de 2008

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1.     Introdução

    A Educação Física escolar tem como um de seus objetivos atuar no sentido de criar uma interação e socialização entre seus alunos visando uma vida saudável.

    Atualmente, o ambiente na maioria das aulas se transformaram em verdadeiros treinamentos desportivos que somente visam colocar os alunos como máquinas de alto rendimento para apenas obter os melhores resultados em competições internas e entre escolas.

    A obtenção desses resultados pode transferir para o aluno uma responsabilidade não ideal para sua idade a fim de satisfazer apenas seu professor.

    Desta forma, o educador deve levar aos seus alunos atividades que permitam uma movimentação variada e exploradora do corpo e do próprio ambiente em que estão situados. Sempre adequados ao grau de desenvolvimento em cada etapa da vida escolar e faixa etária dando-lhes plena liberdade e espontaneidade de movimentos como saltar, correr, girar, arremessar, etc. Permitindo assim, vários benefícios como desinibição para participação das aulas, descarga de agressividade, manutenção da saúde e até corrigindo equívocos de atitude (Barros; Barros,1972).

    Essas questões tornam-se cada vez mais pertinentes já que a educação física presente nos currículos escolares, é muitas vezes o momento em que a criança tem para a pratica de uma atividade física. Pois, cada vez mais a maioria das crianças vivem isolados em apartamentos, em frente à televisão, ao computador e rodeado de guloseimas e frituras, tornando-se um hábito, contribuindo para o surgimento de futuros sedentários.

    Desta forma levanta-se o seguinte questionamento, será que a Educação Física presente nas escolas corresponde a aquilo que ela propõem? E as atividades propostas pelo professor é realmente o que necessitam os alunos?

    Neste contexto, entre outros inúmeros questionamentos, vimos a necessidade de um embasamento teórico que aprofunda-se quanto o papel da educação física no âmbito escolar e de seu profissional.

2.     A Educação

    A educação segundo Gonçalves (1994) é uma prática sistematizada que busca atuar sobre indivíduos e grupos sociais, com a intenção de possibilitar a formação de sua personalidade e sua participação ativa na sociedade. Portanto, um fenômeno inerente ao homem como um ser social e histórico, cuja existência fundamenta-se na necessidade de formar as gerações mais novas, transmitindo-lhes seus conhecimentos, valores e crenças e abrindo-lhes possibilidades para novas realizações.

    Na visão de Kunz (1991) a educação jamais pode ser neutra, já que, ou conduz à domesticação ou à libertação. Há sempre uma influência mútua entre educação e contexto social, o que faz com que na relação educador/educando exista sempre uma dialética de “adaptação e resistência”. Desta forma, a ação educacional configura-se uma determinada relação de poder, enquanto existirem diferenças entre adulto-educador e jovem-educando. Ou seja, enquanto uma interação na qual a educação é entendida como uma reação social ao simples fato de que crianças e jovens estão em fase de desenvolvimento.

    O autor enfatiza ainda que a educação não é apenas uma qualificação de indivíduos no sentido individual. Mas, uma qualificação de sujeitos capazes de atuarem através de uma “ação comunicativa” competente, visando também à Emancipação da Sociedade.

    Portanto, a essência da educação é fazer com que “os homens sejam capazes de realizar as tarefas sociais e profissionais que lhes couberem, e de pôr-se à altura das possibilidades do desenvolvimento cultural e pessoal que é possível alcançar mediante sua participação”. Tornando assim comprometidos com a humanização e com a transformação da sociedade, independente do âmbito especifico de conhecimento (Gonçalves, 1994).

3.     Educação física sua origem e influência no Brasil

    Ao analisarmos o processo histórico da Educação Física no Brasil, percebemos que a mesma teve várias tendências que foram mudando no decorrer dos anos, sob a influência de várias áreas como: a médica, a militar e a esportiva (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997).

    No inicio da implantação da Educação Física, ela esteve sob influência médica, assumindo uma função higienista, que buscava modificar os hábitos de saúde e higiene da população. Acreditava-se que através dela era possível formar indivíduos fortes e saudáveis que preservariam a hegemonia da raça (Gallardo, 2000).

    Nos anos 70, a educação física passa a ser caracterizada como esporte, considerada como fator que poderia colaborar na melhoria da força de trabalho da economia brasileira. Neste período estreitaram-se os vínculos entre o esporte e nacionalismo, influenciados pela Copa do Mundo de 1970 (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997).

    Em relação à legislação de 1971, a educação física ganha espaço como atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando. Sendo que a ênfase dada à aptidão física, a torna referência fundamental para planejar, controlar e avaliar (GALLARDO, 2000).

    Mas, na década de 80 começaram a haver contestações a respeito desta aptidão física, pois o Brasil não se tornou uma nação olímpica nem aumentou o número de praticantes de atividades físicas. Isto acarretou uma crise de identidade na Educação Física escolar, fazendo com que a mesma que prioriza o ensino de 5a a 8a série, ampliasse e priorizasse o ensino a partir da pré-escola (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997).

    Atualmente, a educação física busca uma nova estruturação, baseada em estudos das influências que o meio físico e social têm sobre o desenvolvimento humano (GALLARDO, 2000).

    Conforme enfatizado por Guirardelli Junior (1988), a educação física é de fundamental importância ao ser humano, já que pode contribuir para a autodisciplina, desenvolver os valores estéticos, os valores cooperativos, o raciocínio, a presteza mental e a saúde.

    Além disso, a educação física é sobretudo Educação, envolvendo o homem como uma unidade em relação dialética com a realidade social. Pois, como ato educativo, está voltada para a formação do homem, tanto em sua dimensão pessoal como social (GONÇALVES, 1994).

    O homem é movimento, o movimento que se torna gesto, o gesto que fala, que instaura a presença expressiva, comunicativa e criadora. Aqui, justamente neste espaço está a Educação Física, a qual terá maior identidade e maior autonomia quando se aproximar mais do homem e menos das antropologias. Quando deixar de ser instrumento ou função, para ser arte; quando se afastar da técnica e da mecânica e se desenvolver criativamente, pois, deve ser gesto criador (SANTIN, 1987).

4.     Educação Física escolar

    A vida, nos grandes centros urbanos, impõe enormes restrições à atividade física espontânea da criança. Essas restrições acabam por induzir a hábitos extremamente sedentários, tornando iminente o risco de graves conseqüências para a saúde física e mental. A prática regular de atividade física se torna uma necessidade para as crianças e uma fonte preciosa de saúde, a qual promove o melhor crescimento e desenvolvimento do praticante BARROS NETO,1997).

    No atual cenário escolar, a Educação Física é identificada como componente curricular integrado ao projeto político-pedagógico da escola (Kunz, 2001).

    Pois, se apresenta na escola como manifestação pedagógica de uma área de conhecimento: “ela é uma propriedade e um produto do ambiente escolar: a ele pertence, por ele se define, nele se constitui e se realiza – é então que se pode falar de uma cultura escolar de Educação Física” (KUNZ, 1991).

    Se dissemos que a Educação Física é parte da escola e reconhecemos que existe uma cultura escolar de movimento, como uma das “entidades culturais” que a compõe, também é verdade que sua presença no mundo da escola legitima-se pela pedagogização de práticas corporais assumidas como manifestações do movimento humano, construídas a partir das inter-relações estabelecidas em diferentes momentos e contextos sócio-históricos (Kunz, 2001).

    A escola realmente abriu pouco espaço para a Educação Física, especialmente nos níveis de formação superior. Nos níveis inferiores ela se apresenta ou se apresentou mais como treinamento através de exercícios mecânicos. Assim, pode-se dizer que, quando a escola abriu as portas para a Educação Física, foram as portas do fundo, cedendo espaços sobrados e os horários rejeitados pelas outras disciplinas. Raras são as excessões (SANTIN, 1987).

5.     O professor de Educação Física

    Professor de educação física é o transmissor determinante de uma nova teoria e prática do esporte para todos. O professor atua na escola freqüentada por todas as crianças e jovens, além de trabalhar com freqüência nos clubes e organizações que oferecem esporte. O educador é a figura-chave, mesmo porque, muitas vezes, integra também a administração nos vários níveis a quem cabe decidir (Dieckert,1984).

    É bastante expressivo o número de professores de educação física diplomados existentes no Brasil. Este fato observado de um lado, o atendimento à comunidade é positivo, mas por outro, em termos de qualidade é complexo, pois o profissional teria que pensar em transformações através de ações orientadas que levassem o ser humano a participar, viver o lúdico de modo simples e prazeroso (SILVA, 1995).

    Ainda, o referido autor enfatiza a importância da competência do professor de educação física, relacionando a mesma com o domínio do conhecimento próprio e da técnica decorrente; em outras palavras a importância do professor de educação física inter-relacionar a teoria com a prática, humanizando o processo.

6.     Esporte na escola

    O espaço e o sentido da Educação Física e dos Esportes são intensamente reavaliados no contexto do processo educacional brasileiro. Múltiplas são as iniciativas que buscam estudar e debater as questões que envolvem a educação física e o esporte em relação ao seu papel na vida individual, dentro das escolas e em todas as manifestações e instituições sociais (SANTIN, 1987).

    No mundo atual observa-se a presença de uma realidade estimuladora da competitividade entre os homens e, infelizmente, a educação física também se enquadra neste contexto visto que hoje em dia parece assumir um caráter de treinamento ou adestramento do movimento corporal (Santin, 1987).

    Ao contrário do que muitos pensam a educação física escolar não deve ser totalmente dissociada do esporte, já que um de seus objetivos consiste em promover a socialização e interação entre seus alunos, o que há de se reconhecer que o esporte proporciona. O grande questionamento que se faz a respeito do esporte na escola é que ele muitas vezes transfere para o aluno uma carga de responsabilidade muito alta quanto à obtenção de resultados, o que afeta a criança psicologicamente de uma forma negativa (Barros Neto, 1997).

    Gonçalves (1994) nos fala da importância existente no fato de o professor proporcionar aos alunos movimentos portadores de um sentido para os mesmos. Uma vez que, movimentos mecânicos realizados abstratamente só contribuem para a inibição da criação e da participação dos alunos em aula e, por conseqüência, os torna indivíduos que deixam de interpretar o mundo por si próprios e passam a interpretá-lo pela visão dos outros.

7.     Motivação na prática da Educação Física

    A discussão sobre motivação é ampla e variada, pois existem várias disciplinas que trabalham especificamente com a motivação e possuem suas próprias concepções (BERLEZE, 2002).

    A motivação pode ser definida como as causas que afetam o início, a manutenção e a intensidade de comportamento. O comportamento humano é movido por necessidades, interesses e estímulos vindos do meio ambiente. Uma pessoa motivada a realizar certa atividade poderá ter mudanças na compreensão da aprendizagem e de seu desempenho nas habilidades motoras (MAGILL, 1984).

    Todos os motivos são considerados como estados internos, mas também são freqüentemente despertados por estímulos externos. O ideal seria que toda a criança estivesse motivada internamente a praticar alguma atividade, sem precisar de fatores externos, como, por exemplo, recompensas pela sua prática. Refere-se aos jovens e crianças que praticam esportes em escolinhas e que participam de competições valorizando mais a competição desportiva. Enquanto, crianças praticantes nas aulas de Educação Física valorizam mais os motivos relacionados com os aspectos relativos à saúde, à amizade e ao lazer. Percebe-se ainda que existem vários motivos que levam as pessoas à prática de certas atividades motoras. Esses motivos podem ser pela busca do prazer ou da diversão, pela melhoria da saúde, pela aprendizagem, para se manter em forma, pela afiliação e pelo alcance de níveis mais altos de desempenho (BERLEZE, 2002).

    Magill (1984) destaca que a palavra motivo oriunda do latim motivum, significa “uma causa que põe em movimento”, e pode ser definida como um impulso que faz com que se haja de certa forma. No entanto, a motivação não se demonstra na mesma intensidade em todas as pessoas, pois temos interesses diferenciados. Sendo assim, o professor deve estar consciente da busca por conteúdos diversificados, para que se consiga atender aos interesses contidos nas turmas, fazendo com que essa falta de previsão que a motivação manifesta, não venha lhe causar dúvidas no que diz respeito à motivação de seus alunos.

    Assim, Campos (1986) acredita que o professor deve ser o mediador entre os motivos individuais e os legítimos alvos a serem alcançados pelos alunos. Pois, o professor como o formador de opinião, pode ser um grande mediador dos objetivos da escola para com seus alunos.

Considerações finais

    Desta forma, as aulas programadas pelo professor devem fazer os alunos a passarem por experiências positivas adequadas às suas necessidades e capazes de serem executadas sempre respeitando as diferenças individuais para que os mais aptos não sejam privilegiados e os menos aptos não sejam desestimulados. Portanto, para que os menos aptos possam se beneficiar da prática dos exercícios propostos sem se desinteressarem, deve-se ter muita cautela e paciência já que em muitos casos não levam jeito para a prática.

    O aluno deve sentir prazer no que está fazendo e também deve estar consciente que tudo o que está sendo realizado é para seu bem e não por ser uma simples disciplina da escola. É necessário que conheçam os conceitos relacionados à saúde e atividade física para que adquiram e desenvolvam habilidades para iniciar a prática de exercícios regulares ou para que sejam cada vez mais motivados, já que nos dias de hoje, o estilo de vida pode determinar como e quanto tempo ainda viverá.

Referências

  • BARROS NETO, Turíbio Leite de. Início da criança no esporte. São Paulo: Atheneu, 1997.

  • BARROS, Daisy; BARROS, Darcymires. Educação física na escola primária. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.

  • BERLEZE, Adriana. Motivos que levam à prática de atividades motoras na escola. Maringá: UEM, 2002.

  • CAMPOS, Dinah M. de Souza. Psicologia da aprendizagem. 19. ed. Petrópolis: Vozes, 1986.

  • DIECKERT, J. Esporte de Lazer: tarefa e chance para todos. Tradução Maria Lenk, Rio de Janeiro, 1984.

  • GALLARDO, J. S. Educação Física – Contribuições à formação profissional. 3.ed., Ijuí: UNIJUÍ, 2000.

  • GONÇALVES, Maria Augusta Salim. SENTIR, PENSAR, AGIR: Corporeidade e educação. 2.ed. São Paulo: Papirus, 1994.

  • GUIRARDELLI JR, P. Educação Física progressista – a pedagogia crítico-social dos conteúdos e a Educação Física Brasileira. São Paulo: Loyola, 1988.

  • KUNZ, Elenor. Didática da Educação Física 2. Ijuí: Unijuí, 2001.

  • KUNZ, Elenor. Educação Física: ensino e mudanças. Ijuí: Unijuí, 1991.

  • MAGILL, Richard A. A aprendizagem motora: conceitos e aplicações. 1.ed. São Paulo: E. Blucher, 1984.

  • Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Secretaria de Educação Ambiental. Brasília, MEC/SEF, 1997.

  • SANTIN, Silvino. EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: Unijuí, 1987.

  • SILVA, J. B. Educação Física, Esporte, Lazer: Aprender a Aprender Fazendo. Londrina, Lido, 1995.

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revista digital · Año 13 · N° 124 | Buenos Aires, Setiembre de 2008  
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