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Alterações morfofisiológicas associadas ao envelhecimento humano

Morphophysiological alterations associated to the human process of getting old

 

*Universidade Federal de Santa Catarina. Doutoranda em Ergonomia

**Universidade Federal do Paraná. Doutorando em Cronobiologia

(Brasil)

Clarissa Stefani Teixeira*

clastefani@gmail.com

Érico Felden Pereira**

ericofelden@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          O organismo humano no decorrer de seu desenvolvimento passa por um processo dinâmico de transformações. Na velhice, a diminuição da capacidade de órgãos e sistemas em executar suas funções, pode desencadear processos patológicos, diminuindo a qualidade de vida do idoso. O processo de envelhecimento vem sendo tema de interesse de diferentes áreas de conhecimento que buscam, além de uma melhor compreensão do tema, possíveis estratégias para que esse ocorra de forma menos abrupta e mais saudável. Este estudo teve por objetivo, através de consulta em literatura especializada, apresentar e discutir algumas das principais alterações em importantes sistemas orgânicos. As leituras realizadas permitiram vislumbrar que as alterações no organismo são naturais e inevitáveis, porém, a forma e a velocidade com que ocorrem, e se serão acompanhadas por quadros patológicos, normalmente são resultados do estilo de vida durante ao longo dos anos e estão associados com maior ou menor autonomia na velhice.

          Unitermos: Envelhecimento humano. Movimento. Alterações biológicas.

 

Abstract

          The human organism during its development suffers a dynamic process of changes. As people are getting old, the decay in the capability of organs and systems in performing their functions can cause pathological processes, reducing the quality of life of elderly people. The process of getting old has been theme of interest in different fields of knowledge, which search possible strategies in order to make it happens in a way less abrupt and healthier, besides searching for a better comprehension of the theme. This study had as objective, through the reading of specialized literature, to present and discuss some of the main changes in important organic systems. The readings allowed us to verify that the alterations in the organism are natural and inevitable, however, the way and the velocity as they happen, and if they will be followed by pathological processes, normally are results of the life style along the years, and are associated with better or minor autonomy in the old age.

          Keywords: Human process of getting old. Movement. Biological alterations.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 124 - Setiembre de 2008

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Introdução

    Com o crescimento da população idosa, a discussão dos meios para a manutenção das condições básicas de sobrevivência com qualidade nessa população tornou-se um dos temas em voga, principalmente nas áreas relacionadas à saúde (HEIKKINEN, 2005). A velhice normalmente é marcada por um declínio das funções biológicas, sociais, intelectuais e funcionais que, dependendo do contexto, em que acorrem podem acarretar importantes alterações na qualidade de vida e independência do idoso. Apesar disso, como discutem Mazo Lopes e Benedetti (2004), o processo de envelhecimento, mesmo que inevitável, não pode ser analisado somente considerando o plano cronológico, pois outras condições podem influenciar diretamente o processo e, a individualidade biológica, é um fator importante.

    As implicações que o envelhecimento humano traz aos indivíduos podem ser sintetizadas considerando os seguintes aspectos: aparecimento de rugas e progressiva perda da elasticidade e viço da pele; diminuição da força muscular, da agilidade e da mobilidade das articulações; aparição de cabelos brancos e, eventualmente, perda definitiva dos cabelos (alopecia) entre os indivíduos do gênero masculino; redução da acuidade sensorial, particularmente no que se refere à capacidade auditiva e visual; declínio da produção de certos hormônios, o que afeta a capacidade auto-regenerativa dos tecidos e conduz à atrofia da atividade formadora de gametas (climatério); distúrbios nos sistemas respiratório, circulatório (arteriosclerose, problemas vasculares e cardíacos), urogenital; e alteração da memória (NETTO, 1999). Apesar disso, este processo conforme destaca Nahas (2003) é natural e não deve ser entendido como sinônimo de doença, e a tendência dos estudos é identificar e propor formas para que esta fase seja vivida com mais qualidade.

    Com o objetivo de contribuir para uma melhor compreensão dos processos biológicos ocorridos na velhice, buscou-se neste artigo realizar uma síntese a respeito das modificações nos órgãos e sistemas durante o envelhecimento, evidenciando alterações morfo-fisiológicas associadas a esse processo.

Alterações no sistema músculo-esquelético

    A perda da massa muscular e conseqüentemente da força muscular, como é apresentado por Matsudo (2001), é um indicativo marcante da perda da mobilidade e da capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo. Para Nóbrega et al. (1999), o sistema neuromuscular no ser humano alcança sua maturação plena entre 20 e 30 anos e na terceira idade, como discute Matsudo e Matsudo (1992), geralmente ocorre uma perda de 10-20% na força muscular; diminuição na habilidade de manter a força estática; maior fadiga muscular; menor capacidade para hipertrofia; diminuição no tamanho e número de fibras musculares; diminuição na atividade da ATPase miofibrilar; diminuição de enzimas glicolíticas e oxidativas; diminuição dos estoques de adenosina tri-fosfato (ATP), creatina fosfato (CP), glicogênio, proteína mitocondrial; diminuição na velocidade de condução; aumento do limiar excitabilidade da membrana e diminuição na capacidade de regeneração.

    A estrutura e a função dos músculos esqueléticos também se alteram com a idade. Estruturalmente, a massa muscular diminui à medida que o número e o tamanho das fibras musculares declinam durante o final da meia-idade e dos anos posteriores da idade adulta (GALLAHUE E OZMUN, 2001). Consequentemente, essas alterações podem levar às perdas no desenvolvimento da força muscular, o que segundo Nóbrega et al. (1999) é essencial para o desempenho de habilidades motoras, sejam elas relacionadas ao desempenho atlético de alto nível, ou à vida funcional diária.

    A fraqueza dos músculos, conforme afirmam Fleck e Kraemer (2002), pode avançar de tal forma que o idoso não consiga realizar atividades comuns do dia-a-dia, como levantar-se de uma cadeira, varrer o chão, jogar o lixo fora e autonomia para a própria higiene pessoal. Matsudo (2002) destaca a importância do real conhecimento das causas e mecanismos envolvidos na perda da força muscular com o avanço da idade, para que se criem estratégias que minimizem este efeito deletério e para que se possa manter uma boa qualidade de vida nesta etapa da vida.

    Importantes também são as alterações dentro da estrutura esquelética que surgem na medida em que a pessoa envelhece. O “encolhimento” apresentado por alguns indivíduos pode ser atribuído a uma ou mais causas. Com o envelhecimento, os discos que separam as vértebras da coluna passam por várias alterações; os adultos mais velhos freqüentemente perdem uma porção do conteúdo de água, que é importante para a absorção de choques tornando-se mais fibrosos. Isto, juntamente com alterações da densidade mineral óssea nas vértebras, resulta em compressão nos discos que reduz o comprimento da coluna vertebral e causa a perda subseqüente da estatura total. Outros fatores que contribuem para perda de estatura relacionada à idade, e que podem resultar na redução da capacidade de absorção de choques dos discos vertebrais, incluem o mau alinhamento da coluna vertebral, a má postura e o enfraquecimento dos músculos que apóiam a coluna e o tórax (GALLAHUE E OZMUN, 2001).

    As alterações no organismo em função do envelhecimento são naturais, no entanto, alguns fatores podem ser associados à possibilidade de redução dessas perdas e manutenção da saúde física. A perda de conteúdo mineral ósseo de acordo com Gallahue e Ozmun (2001) pode ser evitada ou desacelerada por meio de tratamento adequado e exercícios físicos regulares. Com a perda do tecido ósseo há uma tendência de desenvolver osteoporose (redução da densidade mineral óssea), principalmente nas mulheres. Em ossos saudáveis, o processo de produção mineral óssea e de absorção em decurso, mantém o equilíbrio no metabolismo do cálcio regulado pelo sistema endócrino. Com a idade, esse equilíbrio entre a absorção e a produção torna-se menos estável, e o conteúdo mineral ósseo é mais absorvido do que produzido, levando a perda da densidade óssea tornando os ossos crescentemente porosos e frágeis.

    Para Mazo, Lopes e Benedetti (2004) a diminuição da massa óssea pode estar ligada à redução nas concentrações de hormônios (estrogênio, hormônios da paratireóide, calcitonina, cortiesteróides e progesterona); fatores nutricionais (deficiência de vitamina D e de cálcio); imobilidade causada pelo estilo de vida sedentário (doenças fraturas, problemas articulatórios) e status da massa óssea na maturidade (biótipo baixo, magro e caucasiano).

Alterações no sistema respiratório

    As alterações da função respiratória conforme aborda Moriguchi e Jeckel Neto (2003) são importantes e envolvem uma atividade vital para o organismo. De acordo com Gallahue e Ozmun (2001), a função dos pulmões tende a aumentar durante a adolescência, estabilizar-se por volta dos 30 anos e declinar gradualmente depois disso. Este declínio segue um padrão relacionado à idade, porém a redução entre os 40 e 50 anos de idade tende a estar ligada a fatores, como, por exemplo, o aumento no peso corporal, ao invés de estar ligada a alterações reais nos tecidos.

    Existe uma diminuição da elasticidade e complacência dos pulmões pelas modificações nos tecidos colágenos e elásticos; dilatação dos bronquíolos, ductos e sacos alveolares; atrofia dos músculos esqueléticos acessórios na respiração; redução da caixa torácica e diminuição da ventilação pulmonar (MAZO, LOPES E BENEDETTI, 2004). Outras variáveis relacionadas à idade, que influenciam a função pulmonar, incluem níveis reduzidos de força muscular nos grupos musculares que auxiliam na respiração e problemas posturais, freqüentemente experimentados por adultos mais velhos, que podem restringir anatomicamente a capacidade de expansão dos pulmões. Curvaturas da coluna podem comprimir o tórax e pressionar os pulmões contra órgãos internos, prejudicando o trabalho dos pulmões e de outros órgãos comprimidos (GALLAHUE E OZMUN, 2001). O pulmão diminui de tamanho, aumentando em 30% o esforço para respirar e o diafragma torna-se mais achatado. Há perdas de elasticidade nos alvéolos, levando a contrações musculares menos eficientes; os músculos acessórios diminuem de tamanho e força, diminuindo assim a capacidade de reserva inspiratória (DA CRUZ E MORIGUCHI, 2002).

    Em relação ao exercício regular, conforme aborda Leite (1996), não há evidencias que o mesmo consiga neutralizar o envelhecimento no sistema respiratório, porém idosos treinados em endurance apresentam maior capacidade pulmonar funcional que seus pares sedentários. Há atletas com mais de 60 anos de idade que apresentam valores para capacidade vital, capacidade pulmonar total, volume residual e ventilação voluntária máxima superiores que os esperados com base em sua dimensão corporal e maiores que aqueles de seus congêneres sadios, porém sedentários de idade equivalente.

    Gorzoni e Russo (2002) destacam as seguintes alterações no pulmão: aumento do espaço morto – alargamento e calcificação das cartilagens traqueais e brônquicas; redução da área de superfície de volume – aumento do diâmetro dos ductos alveolares, achatamento dos sacos alveolares, redução da superfície alveolar; na parede torácica (aumento da rigidez – calcificação das cartilagens costais e das superfícies articulares das costelas, redução do espaço intervertebral; aumento da sensibilidade à pressão intra-abdominal; redução da mobilidade do gradeado costal) e nos músculos respiratórios (relação da força e massa muscular).

    Ainda segundo Gorzoni e Russo (2002) as alterações anatômicas, em combinação com a reorientação das fibras elásticas, podem ocasionar alterações fisiológicas na senescência, tais como: redução da elasticidade pulmonar, aumento da complacência pulmonar, redução da capacidade de difusão do oxigênio, fechamentos de pequenas vias aéreas e redução dos fluxos expiratórios.

Alterações no sistema cardiovascular

    Para Affiune (2002) o sistema cardiovascular sofre significativa redução de sua capacidade funcional com o envelhecimento. As alterações anatômicas, segundo Leite (1996), incluem o aumento do tecido fibroso nas estruturas do coração, miocárdio e válvulas, aumento de lipofuscina nas fibras miocárdicas e diminuição na elasticidade da aorta e seus ramos principais, acompanhadas por aumento no diâmetro e comprimento.

    As principais alterações, que podem ocorrer no sistema cardiovascular, conforme apresentam Mazo, Lopes e Benedetti (2004) são: aumento do colágeno (no pericárdio e endocárdio); degeneração das fibras musculares no miocárdio, com atrofia e hipertrofia das remanescentes; depósito de gorduras e de substância amilóide; acúmulo de pigmento lipofuscínico; espessamento e calcificação, principalmente nas válvulas mitral e aórtica; limitação do ATP disponível (diminuição da ATPase e da capacidade de oxidação e mobilização do cálcio); aumento da pressão arterial sistólica; maior influência de arteriosclerose (devido a fatores genéticos ambientais e mudanças com a idade) e estreitamento do diâmetro das artérias, com maior rigidez das mesmas.

    Mazo, Lopes e Benedetti (2004) ainda destacam que em conseqüência destas alterações, pode-se observar o aumento da fase de ejeção sanguínea; a diminuição do consumo de oxigeno – VO2máx e a diminuição do débito cardíaco e da freqüência cardíaca máxima.

    Para Affiune (2002) as alterações estruturais no coração do idoso estão no pericárdio (espessamento fibroso: hialinização e aumento da taxa de gordura), endocárdio mural (espessamento fibroelástico, fragmentação, esclerose e acelularidade da camada elástica, infiltração gordurosa e a substituição do tecido muscular por tecido conectivo), miocárdio (acúmulo de gordura, fibrose interstical, depósito de lipofuscina, atrofia fosca, degeneração basofílica, hipertrofia concêntrica, calcificação e amiloidose), valva mitral (calcificação do anel valvar e degeneração mexomatosa – cúspide posterior), valva aórtica (excrescências de Lambi, calcificação e amiloidose), tecido específico (acúmulo de gordura – infiltração gordurosa, redução da musculatura específica e aumento de tecido colágeno, fibrose, atrofia, calcificação propagada e processos esclerodegenerativos), artérias coronárias (alterações na parede – perda de fibras elásticas e aumento do colágeno, depósito de lípedes, calcificação, amiloidose; alterações do trajeto – tortuosidade e alterações do calibre – dilatação).

    Como resultado de mudanças no sistema vascular do coração o sistema cardiovascular declina por volta de 30% entre 30 e 70 anos. Na medida em que o corpo humano envelhece, o coração e as veias sanguíneas tendem a sofrer alterações que afetam suas funções. As artérias servem como passagens básicas, pelas quais o sangue oxigenado é bombeado para os vários tecidos do corpo inteiro e as paredes arteriais contraem-se para manter o sangue em movimento. Durante a fase adulta, as paredes arteriais tornam-se menos elásticas e mais rígidas, aumentando a calcificação e um surgimento de tecido conectivo colágeno nas artérias que podem causar arteriosclerose que ocorre como resultado do envelhecimento, e não em função de processos patológicos (GALLAHUE E OZMUN, 2001).

    A função cardíaca não decai, mas sim ocorre um estreitamento na parede cardíaca, aumentando a incidência de doenças cardiovasculares como arritmias e cardiopatia isquêmica e, além disso, a pressão sistólica tende a aumentar. O débito cardíaco em repouso, de acordo com Leite (1996), cai com a idade aproximadamente na proporção da redução no consumo de oxigênio basal, de maneira a ficar inalterada a diferença média de oxigênio artério-venoso.

    Para Matsudo e Matsudo (1992) com o envelhecimento ocorre diminuição do gasto cardíaco, da freqüência cardíaca, do volume sistólico, da utilização de oxigênio pelos tecidos. Nessa fase, ainda pode ser considerado o aumento da pressão arterial, aumento na diferença artério-venosa de oxigênio, na concentração de ácido lático e no débito cardíaco. Segundo Leite (1996) a pressão arterial sistêmica média aumenta na maioria dos indivíduos, mas não pode estar associada verdadeiramente com a idade e o sistema está continuamente respondendo às variações externas, sejam aquelas relativas à atividade física exercida pelo indivíduo, ou aquelas impostas pelas condições nutricionais.

    Neste sentido, Moriguchi e Jeckel Neto (2003), observam que existe uma estreita relação entre as condições ambientais e o estilo de vida das pessoas, e que as mudanças ocorridas com o processo de envelhecimento não são apenas de ordem fisiológica, mas decorrentes também dos hábitos alimentares, da rotina de atividade física diária e de algumas características individuais como a tendência a obesidade ou a hábitos que aumentam o risco do aparecimento de patologias e disfunções como o consumo de álcool e tabagismo.

Alterações no sistema nervoso

    As alterações estruturais no sistema nervoso central (SNC) relacionadas à idade podem resultar em decréscimos de várias funções e há uma contínua perda de neurônios que não são substituídos. Com o passar dos anos o cérebro diminui de tamanho e passa também a pesar menos, existindo ainda uma maior propensão de doenças, como, por exemplo, demência e doença de Parkinson. Segundo Matsudo e Matsudo (1992) além da diminuição no número e tamanho dos neurônios há também diminuição na velocidade de condução venosa, do fluxo sanguíneo cerebral e do tempo de reação.

    Em suma, conforme destacam Mazo, Lopes e Benedetti (2004), ocorre uma diminuição do cérebro em torno de 20% de seu peso, comparando com indivíduos de 20 e 90 anos de idade; diminuição e/ou alteração das sinapses nervosas; diminuição das substâncias químicas associadas à atividade neurotransmissora; perdas de neurônio após os 25 anos (aproximadamente 1.000,000 por dia); e diminuição dos receptores cutâneos, reduzindo a percepção da temperatura e da sensibilidade tátil.

    A memória de curto prazo e o raciocínio diminui e a memória remota permanece inalterada. A capacidade de aprendizagem verbal diminui e ocorre um declínio cognitivo acentuado, porém natural, com o passar dos anos, contrapondo-se ao mal de Alzheimer que caracteriza uma situação patológica (MORIGUCHI E JECKEL NETO, 2003). Além disso, essas perdas estão fortemente ligadas aos hábitos e estimulação deste sistema, uma vez que, há indícios que a memória pode manter sua qualidade se devidamente estimulada.

Alterações no sistema endócrino

    A importância do sistema endócrino na modulação dos mecanismos homeostáticos e regulatórios durante o envelhecimento é reconhecida. A secreção de muitos hormônios como a insulina, a testosterona e a aldosterona diminui (MORIGUCHI E JECKEL NETO, 2003). Ocorre redução, desequilíbrio e modificações hormonais e consequentemente pode-se observar: redução da capacidade de recuperação de queimaduras, feridas e traumas cirúrgicos; redução da capacidade de respostas aos estresses do calor e frio; redução da capacidade de manter o nível normal de glicose no sangue (aumentando a quantidade de açúcar) (MAZO, LOPES E BENEDETTI, 2004). No caso da insulina, sua diminuição pode levar ao aparecimento do diabetes. Ocorre ainda queda na síntese de vitamina D na pele e absorção da mesma pelos intestinos, favorecendo o aparecimento da osteoporose, já que o sistema endócrino é responsável pela manutenção do equilíbrio no metabolismo do cálcio regulado (DA CRUZ E MORIGUCHI, 2002).

    Moriguchi e Jeckel Neto (2003) ainda destacam as seguintes alterações no sistema endócrino no envelhecimento: redução de liberação de esteróides sexuais pelas gônadas, a elevação do cortisol e de adrenocorticotrófico séricos e a diminuição da liberação do hormônio de crescimento pela hipófise. Além disso, a elevação dos níveis circulantes do hormônio leptina no idoso parece estar relacionada ao aumento da adiposidade do que com o processo de envelhecimento em si.

Alterações no sistema imunológico

    O sistema imunológico humano gradualmente diminui de eficiência aumentando a vulnerabilidade dos adultos mais velhos a doenças e prolonga seus períodos de recuperação. Além disso, o sistema imunológico de um indivíduo com mais idade pode, de fato, começar a estabelecer órgãos saudáveis e células tissulares como alvos para destruição, como se elas fossem células ruins. Essas falhas do sistema podem representar o processo pelo ocorre o envelhecimento (GALLAHUE O OZMUN, 2001).

    A alteração da função imune é em grande parte decorrente da mudança na sua regulação e envolve predominantemente os linfócitos T (DA CRUZ E SCHWANKE, 2001) e também está associado com a disfunção das células B, podendo haver um decréscimo de anticorpos naturais associado à idade ou ainda podendo ocorrer uma superprodução de autoanticorpos e uma diminuição na produção de anticorpos em resposta às vacinações (MORIGUCHI E JECKEL NETO, 2003). Para Mazo, Lopes e Benedetti (2004) as respostas imunológicas se tornam menos eficientes com o processo de envelhecimento, principalmente pela redução do timo, que perde em torno de 95% de sua massa até os 50 anos de idade.

Considerações finais

    A população mundial está envelhecendo, a preocupação em manter condições para que estas pessoas tenham uma qualidade de vida satisfatória bem como conhecer exatamente como esse processo ocorre são crescentes. O organismo humano sofre uma continua redução na capacidade de realizar suas funções, sendo estas perdas naturais e invitáveis. No entanto, condições ambientais como o estilo de vida, parecem estar diretamente ligadas à forma e velocidade que este processo irá acontecer. A pesquisa sobre envelhecimento, neste contexto, é importante para auxiliar a sociedade na formulação de políticas públicas e demais procedimentos que garantam uma velhice digna e saudável para a população.

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