A estimulação da inteligência corporal cinestésica no desenvolvimento psicomotor na prática da Educação Física escolar |
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*Graduada em Educação Física Mestre em Cognição e Linguagem UENF Doutoranda em Ciência da Educação UAA Professor da Universidade Nova Iguaçu, UNIG **Doutor em Comunicação e Mídia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro Professor associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, UENF Professor permanente do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Cognição e Linguagem |
Fernanda Castro Manhães* Carlos Henrique Medeiros de Souza** (Brasil) |
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Resumo Este estudo justifica-se pela importância de investigar como a Inteligência Corporal Cinestésica se apresenta e como pode ser estimulada, afim de, potencializar o desenvolvimento psicomotor do educando na prática da Educação Física Escolar, além de validar a teoria dos jogos proposta por Celso Antunes. Destacamos ainda, a importância de observar o comportamento dos alunos frente a tais jogos. A pesquisa foi desenvolvida em uma instituição da rede pública estadual, localizada na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ. Esta instituição atende aproximadamente 3181 alunos, sendo 262 alunos dos sextos anos no ensino fundamental. A amostra da pesquisa se delimitou a um grupo de 141 alunos, do turno vespertino, sendo sorteadas de forma aleatória, quatro turmas do sexto ano, de ambos os sexos. Como proposta metodológica, utilizamos a pesquisa descritiva, quanto aos seus objetivos e o procedimento etnográfico com a abordagem analítica interpretativa. As técnicas utilizadas para coleta de dados foram a partir da observação participante, seguida da descrição, análise, interpretação dos dados coletados, tendo como referencial os dados bibliográficos. Como conclusão, percebemos que os jogos aplicados e propostos segundo a Teoria de Celso Antunes contribuem para estimulação da Inteligência Corporal Cinestésica, no contexto educacional, na prática da Educação Física escolar. Unitermos: Inteligências Múltiplas. Desenvolvimento psicomotor. Educação Física.
Abstract This study is justified by the importance of investigating how the Intelligence Body Cinestésica is presented and how it can be stimulated in order, to promot the development of psychomotor educated in the practice of physical education school, as well as validate the “game theory” proposed by Celso Antunes. We emphasize again, the importance of observing the behaviour of students in these games. The survey was developed in a public network state institution, located in the city of Campos dos Goytacazes, RJ. This institution serves approximately 3181 students, 262 students and the 6 th year in elementary school. The sample of search is specified the scope of a group of 141 students, part of the evening, being drawn at random, four classes of sixth year, of both gender. As proposed methodology, used to descriptive research about their goals and ethnographic procedure with the analytical approach interpretative. The techniques used to gather data were from the participant observation, followed by the description, analysis, interpretation of the data collected, with the benchmark the bibliographic data. In conclusion, we realize that the games offered and applied according to the theory of Celso Antunes, contribute to stimulating the Intelligence Body Cinestésica in the educational context, the practice of physical education school. Keywords: Multiple Intelligences. Psicomotor development. Physical Education. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 124 - Setiembre de 2008 |
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Introdução
Diante da complexa e instigante tarefa de compreender a inteligência humana, as questões relacionadas ao seu desenvolvimento histórico e biológico assumem importância fundamental para a vida do ser humano. Há muitos, discute-se com ansiedade, a partir das diferentes áreas do conhecimento, o mistério e as tendências sobre a mente humana, o que tem gerado estudos multidisciplinares, o que revela a abrangência dessa concepção marcada pela ciência em diversas esferas. A busca constante de estimular o desenvolvimento da inteligência para construção e novas aquisições de conhecimento vem sendo um fator importante a ser desenvolvido pelos educadores e pesquisadores no contexto mundial.
Esta concepção tem sido alvo de muitas indagações em sala de aula, sobretudo pelo fato de identificarmos alunos bem sucedidos em outras áreas que não se saem bem nas aulas de educação física e vice-versa. É possível perceber que existe falta de diretrizes para incentivar as potencialidades do aluno e conseqüentemente ajudá-lo a desenvolver competências e habilidades que se encontram adormecidas. Na trajetória desta pesquisa, buscaram-se respostas que possam auxiliar o trabalho de estimulação de alunos.
O conceito de inteligência vem sendo rediscutido principalmente nos últimos 20 anos e sua pertinência na área da Educação vem sendo demonstrada, sobretudo, em como auxiliar o trabalho de formação de novos profissionais.
Como as pesquisas sobre essa nova teoria das inteligências são relativamente recentes no mundo acadêmico, dado que o primeiro livro da nova fase de estudos sobre a inteligência foi publicado por Gardner em 1983 e sua tradução no Brasil somente editado em 1994, muitas de suas aplicações e resultados ainda estão por ser investigados e avaliados.
Neste estudo, encontram-se relacionadas questões da aprendizagem vivenciadas na escola com a possibilidade de se proporcionar a estimulação da inteligência, em especial nas aulas de Educação Física, as quais podem favorecer as manifestações da Inteligência corporal cinestésica. Nesse contexto, ressalta-se, a possibilidade de estimular a inteligência corporal cinestésica e sua relação no processo de ensino aprendizagem do aluno, que poderá contribuir para seu desenvolvimento psicomotor.
Tomando-se por base essas considerações, abordamos a inserção desta pesquisa na teoria das Inteligências Múltiplas e como ela pode ser integrada ao processo de ensino - aprendizagem. A capacidade de resolver problemas, tomar decisões e trabalhar em equipe pode ser relacionada à definição de inteligência de Gardner (1983), que ainda acrescenta a criatividade ao conjunto de características da inteligência, utilizando diferentes linguagens para manifestação de seu espectro de habilidades e competências.
Os subsídios teóricos desta pesquisa estão baseados em pressupostos de autores e pesquisadores que se dedicam à teoria das inteligências múltiplas, jogos e sua estimulação no contexto da prática da Educação Física escolar.
A definição das Inteligências Múltiplas (IM)
Gardner tem se dedicado, nos últimos anos, ao estudo de duas vertentes principais: o desenvolvimento das capacidades simbólicas, principalmente artes, em crianças normais e em crianças superinteligentes - pesquisa realizada no Harvard Project Zero - e a perda das capacidades cognitivas em indivíduos sofrendo de mau funcionamento cerebral, desenvolvida no Boston Veterans Administration Medical Center e na Boston University School of Medicine. Gardner desenvolveu em seu livro, Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences, uma teoria que ele chamou de "Inteligências Múltiplas", construída a partir da comparação entre testes de QI e desempenho, em que focaliza o homem e sua relação com os diversos sistemas simbólicos, como a escrita e as imagens.
O autor busca superar a noção comum de inteligência como uma capacidade geral ou potencial em maior ou menor grau, além de questionar a assunção que a inteligência, independentemente de sua definição, pode ser medida por meio de instrumentos verbais padronizados tais como respostas-curtas e testes com lápis e papel. Seu ponto de vista considera que a cognição humana, para ser estudada em sua totalidade, precisa abarcar competências que normalmente são desconsideradas e que os instrumentos para medição dessas competências não podem ser reduzidos a métodos verbais que se baseiam fortemente em habilidades lingüísticas e lógico-matemáticas.
De acordo com Gardner (1995), o conceito sobre as inteligências múltiplas pluraliza a definição tradicional de inteligência, potencializando e explorando a capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são mais importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural. Nesse aspecto, a linguagem, pode manifestar-se em determinada forma de solução de problemas vinculada ao estímulo cultural, como escrita em uma cultura, como oratória em outra, e como linguagem secreta dos anagramas numa terceira. Apesar de não haver hierarquia, as inteligências aqui serão descritas de forma ordenada, sem que essa ordem tenha alguma prioridade específica.
Gardner (1995) aponta a inteligência corporal cinestésica como sendo o ato de controlar o próprio corpo e manusear objetos com habilidade. Isto é, por meio dos movimentos encontrarem soluções nas situações-problema que aparecem o tempo todo, seja nas suas ações cotidianas, seja em atividades específicas vivenciadas nas aulas práticas de Educação Física. Elaborar produtos está relacionado com criar respostas novas para situações imprevistas. Porém, para que se possa estimular esta inteligência, o ambiente deve propiciar situações-problema. Sobre isso, diz-nos Gardner (1994, p. 183):
(...) o corpo é mais do que simplesmente uma outra máquina, indistinguível dos objetos artificiais do mundo. Ele é também o recipiente do senso de eu do indivíduo, seus sentimentos e aspirações mais pessoais, bem como a entidade à qual os outros respondem de uma maneira especial devido às suas qualidades humanas.
Ao estabelecer relação entre a Inteligência Corporal Cinestésica e os conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física, como, por exemplo, controle de movimento, aperfeiçoamento das habilidades motoras e capacidades físicas, não significam somente mostrar alto desempenho em um domínio, mas também resolver problemas, criar e recriar manifestações da cultura a partir do potencial de cada um, o que pode indicar novas abordagens para a prática pedagógica. Neste sentido, o movimento criativo, o repertório motor mais amplo e a solução de problema, também representam a manifestação da inteligência corporal cinestésica e por isso deve ganhar suma importância no desenvolvimento da Educação Física escolar.
Vários são os autores que defendem a Teoria das Inteligências Múltiplas. Acreditando nesta teoria Antunes (2007), apresentou estudos onde foi possível classificar uma série de jogos para a estimulação das Inteligências apresentadas por Gardner. Antunes (2007) classificou os jogos para a Inteligência Corporal-cinestésica, utilizando linhas de estimulação como a motricidade, associada à coordenação motora e a atenção, a coordenação viso-motora e tátil, a percepção de formas e percepção tridimensional, a percepção de peso e tamanho e jogos estimuladores do paladar e da audição.
Os jogos e o desenvolvimento da aprendizagem
A origem dos jogos e seus desdobramentos na evolução humana fizeram parte de sua história, considerando os rituais como festivos e sagrados, responsáveis pelo seu surgimento. Segundo Carneiro (2003), o jogo é uma atividade universal que, em diferentes épocas, divertiu e ensinou adultos e crianças de diferentes povos. Ao longo de sua história, os jogos foram se transformando sucessivamente pelas atuações dos indivíduos, por suas culturas e evolução da tecnologia.
O jogo tem sido pesquisado por estudiosos das representações mentais no decorrer da sua evolução, baseados na psicologia genética em autores como Piaget, Vygotsky, Wallon, Bruner pesquisadores que se dedicam à análise das representações sociais acerca da concepção de jogo dentro de uma perspectiva interdisciplinar, estudos de natureza etnográfica, histórica e pedagógica tem sido desenvolvidos (KISHIMOTO, 1994). Antunes (2007) destaca que o jogo expressa um divertimento, brincadeira, passatempo sujeito a regras que devem ser observadas quando se joga. Além de ser como um estímulo ao crescimento, como uma astúcia em direção ao desenvolvimento.
A natureza do jogo é importante na medida em que proporciona uma junção de atividades variadas, em contextos sócio-culturais igualmente variados, possibilitando que o jogo seja analisado em suas relações com o desenvolvimento psicomotor e suas implicações no âmbito educacional, permitindo-nos inferir, como no caso da afirmação de Kishimoto (1994), sobre as variadas manifestações do jogo, a multiplicidade de papéis que ele assume e o grau de importância que apresenta. O jogo é uma forma particularmente poderosa para estimular a vida social e a atividade construtiva do aluno, favorecendo ainda a construção de estruturas mentais mais elaboradas.
Psicomotricidade
A psicomotricidade inicialmente compreendia o corpo nos seus aspectos neurofisiológicos, anatômicos e locomotores, coordenando-se e sincronizando-se no tempo e espaço. Hoje, a psicomotricidade é o relacionar-se por meio da ação, como um meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser espírito, o ser natureza na sua totalidade. Diversos autores apresentaram conceitos relacionados à Psicomotricidade, destacam-se Jean Le Boulch, André Lapierre, Bernard Aucouturier, Piaget, Ajuriaguerra, Vitor da Fonseca, além de outros. Sua definição é extremamente objetiva, como nos aponta Mello (1996) “uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo”.
Nesse sentido, a psicomotricidade está associada à Educação física e ao seu desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicomotor. A psicomotricidade conquistou, assim, uma expressão significativa, já que se traduz em solidariedade profunda e original entre o pensamento e a atividade motora. Vitor da Fonseca (1988) aborda que a psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um instrumento privilegiado por meio do qual a consciência se forma e se materializa.
Vale ressaltar a importância da psicomotricidade nas aulas de Educação Física, uma vez que, através de atividades afetivas, cognitivas e psicomotoras, constitui-se num fator de equilíbrio para os alunos, expresso na interação entre o espírito e o corpo, a afetividade e a cooperação, o indivíduo e o grupo promovendo a totalidade do ser humano.
Amostra
A amostra foi constituída por 262 alunos matriculados no 6º ano do ensino fundamental, destes foram selecionados para esta pesquisa 141 alunos, que participaram dos jogos propostos por Celso Antunes. Os mesmos foram aplicados em 04 turmas, correspondendo a 53,8 % da população pesquisada.
Procedimentos
Os jogos foram desenvolvidos nos espaços que estão destinados às aulas de Educação Física da escola, ou seja, em um local onde os alunos já conhecem. No início das atividades, foi feita uma preleção, após o encaminhamento das crianças até a quadra central, onde foram explicadas todas as etapas das atividades a serem desenvolvidas.
Foram 10 tipos de jogos desenvolvidos nas 04 aulas, sendo repetidos de acordo com o que preconiza a teoria. Destes, os jogos com bola tiveram a maior freqüência, seguida pelos jogos com cordas, dentre outros que foram realizados. As demais atividades variaram entre a freqüência de uma a três vezes. Nas 04 aulas, foram registrados e observados exercícios sistematizados para estimulação da Inteligência Corporal Cinestésica. Ao término da aula foram realizados jogos livres, como uma forma de atender ao pedido dos alunos, sendo estes o futsal e voleibol.
As observações permitiram constatar que em algumas atividades a estimulação ocorreu e em outras não, conforme preconiza Antunes (2007), pois algumas delas, em determinados alunos, já se apresentaram como desenvolvidas.
No quadro abaixo, observamos a seqüência das atividades relacionadas para esta pesquisa:
Atividades |
Turma 01 |
Turma 02 |
Turma 03 |
Turma 04 |
Total |
1. Saltitando |
2 |
1 |
2 |
1 |
6 |
2. Bolão |
4 |
3 |
4 |
4 |
15 |
3. Passa bola |
1 |
1 |
1 |
1 |
4 |
4. Recorte e cole |
2 |
1 |
2 |
1 |
6 |
5. Travessia do rio |
2 |
1 |
2 |
1 |
6 |
6. Caixa-surpresa |
2 |
2 |
2 |
2 |
8 |
7. Pega-Varetas |
2 |
1 |
2 |
1 |
6 |
8. Desenhar com olhos fechados |
1 |
1 |
2 |
1 |
5 |
9. Jogos Corporais diversos |
2 |
2 |
2 |
2 |
8 |
10. Variação do Saltitando |
2 |
1 |
2 |
1 |
6 |
Total |
20 |
13 |
21 |
15 |
69 |
Quadro 1. Relação das atividades desenvolvidas
Técnica de coleta de dados e instrumentos
Tendo em vista a natureza dos objetivos dessa dissertação e os recursos disponíveis para sua execução, definimos duas técnicas de coleta de dados: a observação participante e bibliográfica.
Pesquisa bibliográfica: inicialmente, foi realizada acerca do tema proposto, para se obter informações e conhecimento, dentre elas, a teoria de Howard Gardner, Teoria e aplicação dos jogos como estimulador para o desenvolvimento psicomotor de Celso Antunes, formando assim a estrutura geral da pesquisa.
A observação participante para esta investigação partiu da necessidade de se observar o relacionamento interpessoal entre os sujeitos da pesquisa e garantir uma compreensão livre de interferências externas ou sentimentos pessoais que possam intervir, negativa ou positivamente, nos resultados.
Análise dos dados
O processo de análise e interpretação dos dados foi interativo, pois, procuramos elaborar pouco a pouco explicações lógicas da situação estudada, examinando as atividades e a teoria descrita sobre a estimulação da Inteligência Corporal Cinestésica.
De acordo com a Teoria das Inteligências Múltiplas, o corpo manifesta uma inteligência cinestésica ao solucionar problemas e criar novas abordagens de movimento, que sejam importantes e valorizadas em determinadas culturas. Para estimular a Inteligência Corporal Cinestésica, o professor deve propiciar situações de ensino/aprendizagem que ativem esta via de acesso, o que, nas aulas de Educação Física é natural, uma vez que essa área de conhecimento se pauta no estudo e aplicação de tarefas motoras.
Os conteúdos da Educação Física escolar, representados pelas atividades propostas, devem ser compostos por um amplo repertório de atividades que propiciem o movimento criativo, através de situações-problema.
Considerações finais
Neste estudo, foi possível observar que a Teoria das Inteligências Múltiplas tem uma grande importância na desmitificação de que só existe uma inteligência única. Há tempos, conforme apontam alguns teóricos, este era o único conceito dominante. Hoje predomina uma noção de inteligência mais dinâmica. Assim, de única e inata, a inteligência passou, a partir da teoria de Gardner, a plural e estimulável, ao longo da vida humana por estimulação/vivência/experiência.
A Inteligência reside na substituição da percepção simplista pela dimensão holística do homem, que tem ampla diversidade de competências e linguagens. Todo ser humano é dotado de um espectro de diferentes capacidades que formam o conjunto das habilidades humanas e, nessa visão de homem, todas as inteligências detêm a mesma importância.
Sua contribuição para estimulação nas variadas capacidades humanas pluraliza os potenciais do ser humano. Assim, possamos reconhecer e estimular todas as variadas inteligências humanas e todas as combinações de habilidades.
Ao destacar tais situações, o jogo neste sentido favorece ao aluno a oportunidade de desenvolver habilidades que favorecem as aprendizagens significativas que, por sua vez, sua formação é responsável por compor o desenvolvimento psicomotor.
Estas atividades relacionadas aos jogos são significativas para o desenvolvimento total do indivíduo e sua estrutura mental, por estimularem o ato de pensar. Em nossa perspectiva educacional, o acerto final ou o êxito em uma ação não são por si só indicadores de aprendizagem e compreensão por parte do aluno. O jogo nessa concepção apresenta elementos que estimulam e alimentam o processo construtivo do pensamento.
O jogo é uma forma particularmente poderosa para estimular além da vida social, suas habilidades, a capacidade construtiva da criança, favorecendo a construção de estruturas mentais cada vez mais elaboradas.
A partir dos dados coletados nas observações das vivências com o grupo participante e diante do que foi proposto como objetivo a ser alcançado no projeto inicial, concluímos que as manifestações foram possíveis de serem observadas, uma vez que a estimulação da Inteligência Corporal Cinestésica ocorre por meio de propostas e vivências oferecidas em um ambiente afetuoso e rico de experiências.
Este estudo permitiu compreender que as manifestações enquanto fenômenos complexos e multifacetados, nada mais são do que representações simbólicas desencadeadas e processadas pela/na inteligência humana, sendo necessário desvelá-las para compreendê-las. A estimulação da Inteligência Corporal Cinestésica, pode ser desenvolvida pelos professores de Educação Física, visando a proporcionar um ambiente enriquecedor e diversificado aos seus alunos.
A capacidade de resolver problemas usando o corpo expressa a Inteligência Corporal Cinestésica, em uma dimensão expressiva nas aulas de Educação Física, principalmente quando existe a oportunidade de estímulos. A escola é o espaço onde se dissemina, constrói, cria e recria o conhecimento. Um processo de aprendizagem que leve o aluno à compreensão deve ser uma das metas a serem estabelecidas nessas práticas, proporcionando, assim, um ambiente favorável para a estimulação das inteligências.
Referências
ANTUNES, Celso. As Inteligências Múltiplas e seus Estímulos. 10 ed. Campinas, Papirus, 2003.
______________. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. 14 ed. Petrópolis, Vozes, 2007.
______________. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. 5 ed. Petrópolis, Vozes, 2006.
______________. Inteligências Múltiplas e seus jogos: inteligência cinestésico-corporal, vol. 2. Petrópolis: Vozes, 2006.
______________. Trabalhando habilidades: construindo idéias. São Paulo: Scipione, 2001.
CARNEIRO, Maria Ângela Barbato. Brinquedos e Brincadeiras: formando ludoeducadores. São Paulo: Articulação Universidade/Escola LTDA., 2003.
FONSECA, Vitor da. Da filogênese à ontogênese da psicomotricidade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
______________. Inteligência: múltiplas perspectivas. Porto Alegre, Artmed, 1998.
_____________. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes médicas, 1995.
_____________. Inteligência: um conceito reformulado. Objetiva: Rio de Janeiro, 2000
KISHIMOTO, Tizuko Murchida. Jogos tradicionais infantis. SP. Vozes, 1993
____________. O jogo e a Educação Infantil. Ed. Pioneira. 1994.
MELLO, Alexandre Moraes de. Psicomotricidade, educação física e jogos infantis. 3 ed. São Paulo: Ibrasa, 1996.
revista
digital · Año 13 · N° 124 | Buenos Aires,
Setiembre de 2008 |