O perfil dos níveis de força e dermatóglifos dos atletas da seleção brasileira de canoagem slalom |
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*Universidad Católica Nuestra Señora de La Asunción, Paraguai Preparador físico da seleção brasileira de canoagem slalom – CBCa **Escola de Educação Física e Esporte – UFRJ – Rio de Janeiro Scientific Director Center of Excellence in Physical Evaluation-R9-RJ (Brasil) |
Ms. Heros Ribeiro Ferreira* PhD. José Fernandes Filho** |
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Resumo
Canoagem Slalom consiste em descida de rios com 250 a 450 metros,
possuindo cabos transversais onde são penduradas em torno de 25 portas
enumeradas em ordem crescente. O objetivo foi de identificar a
correlação entre os níveis de força de preensão manual, tempo
(resultado oficial da competição) e as características dermatoglificas
dos participantes da seletiva olímpica de canoagem slalom para os Jogos
Olímpicos de Pequim 2008, realizado em Foz do Iguaçu – Paraná –
Brasil. Para identificação dos níveis de força foi utilizado um
dinamômetro hidráulico Jamar® de ajuste individual, para as
características dermatoglificas foi utilizado o protocolo de Cummis e
Midlo e os tempos foram os resultados oficiais da seletiva Olímpica. A
amostra foi intencional composta por 28 atletas divididos em quatro
categorias: caiaque individual masculino (K1M) n=7, feminino (K1W) n=6,
canoa individual masculina (C1M) n=7 e canoa dupla masculina (C2M) n=8.
Foi utilizado pacote SPSS 11.5 para análises estatísticas sendo elas:
estatística descritiva, teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov,
correlação linear de Pearson entre variáveis da mesma categoria,
comparação das médias entre categorias pelo teste t para amostras
independentes e teste de normalidade de Curtose para representação
gráfica. Adotando p≤0,05. No presente estudo a média de idade
encontrada para as categorias foram: K1M 23,7±43,45 anos; K1W 19,3±1,96
anos; C1M 23,1±5,24 anos e C2M 21,2±4,77 anos. O teste de preensão
manual nota-se para categoria K1M o resultado foi de 41,8±4,94 kgf e
para as demais foram: K1W 36,3±2,85 Kgf; C1M 55,28±2,28 kgf e C2M
50,37±7,52 kgf. A comparação das médias pelo teste t para amostra
independente observou diferença significativa p<0,05 entre os grupos
K1M e C2M com F=12,165 e t=2,620 com um p<0,05; a comparação da
media de força entre os grupos K1W e C2M também foi estatisticamente
significativa para um F= 9,464 e t=4,664 para um p< 0,01. Os maiores
valores encontrados foram para a categoria C1M. Foi possível encontrar
correlação para categoria C1m entre tempo e SQTL (r=-0,80 com
p<0,03) e entre tempo e IC (r=0,76 com p<0,05). Para as demais
categorias não apresentaram correlações para as nenhuma variável. No
teste t foi encontrada comparação significativa para força entre C1M e
K1M, C2M e K1M, C1M e K1W, C2M e K1W e K1M e K1W. Conclui-se que não foi
possível encontrar correlação entre as variáveis: tempo e força para
todas as categorias. Recomenda que mais estudos sejam realizados a fim
melhorar o conhecimento científico da modalidade.
Unitermos: Canoagem. Força.
Dermatoglifia. Preensão Manual. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008 |
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Introdução
A canoagem slalom, é uma das duas modalidades olímpicas – slalom e velocidade – slalom é praticado em rios com águas rápidas, em um curso que varia entre 250 a 450 metros. Possui cabos transversais ao longo do rio aos quais são suspensas em torno de 25 portas, estas enumeradas em seqüência crescentes. Cada toque do canoísta, barco remo ou qualquer parte do corpo do atleta é adicionado dois segundos ao tempo final. Em caso de não passar por dentro da porta, isso implica na adição de 50 segundos. O vencedor será o individuo que realizar duas descidas consecutivas, somados as penalidades com o tempo em segundos. Essa modalidade tem quatro categorias, são elas: K1M (caiaque individual masculino), C1M (canoa individual masculino), C2M (canoa dupla masculina) e K1W (caiaque individual feminino) (Icf, 2007).
O conhecimento do tipo físico, antropométrico e das respostas fisiológicas do desporto, permite compreender os dois grandes planos: o fenótipo e do genótipo. O fenótipo pode diagnosticar muitas variáveis de interferência direta no desporto de alto nível, no entanto essas variáveis são manipuladas. Já o genótipo é o mais importante, pelo simples fato de não haver manipulação, salvo quando é feito alterações para melhora do desempenho o que é ilegal – doping (Fernandes Filho, 2003). Em outras palavras, poder diagnosticar e compreender o potencial genotípico de cada atleta, isso pode além de melhorar a formação, melhorar também a seleção de novos indivíduos no sistema de alta qualificação. Com esse entendimento de identificar os instrumentos para diagnosticar os níveis do perfil e alcançar grandes massas populacionais, com custo baixo e com grande eficácia/fiabilidade, daí encontramos a dermatoglifia (Ferreira e Fernandes Filho, 2007).
O levantamento das qualidades físicas por meio de protocolos de teste é a forma de avaliar os efeitos que o treinamento tem sobre o indivíduo, sendo representado pelo fenótipo. Nos últimos anos o grande desafio no campo da fisiologia do exercício foi identificar a influência dos componentes genéticos no rendimento de atletas ou mesmo no campo patológico. Os estudos de Abramova, Nikitina et al, (1995) pode ser apontado com um marco no contexto da identificação das características genotípicas tendo como base os desenhos dermatoglificos.
A dermatoglifia - modelo de impressões digitais que permite analisar o potencial do indivíduo, orientando a escolha tanto da modalidade como a posição, obtendo desta forma o rendimento esperando, fornecendo a especialização e otimização do potencial individual (Fernandes Filho, 1997). Através deste procedimento pode obter não só para o máximo de desempenho esportivo, mas também a direção correta de esforços, tempo e dinheiro. Portanto, a intenção de vislumbrar o desempenho, posição adequada dos atletas e verificar o perfil na fase inicial para obtenção do alto rendimento através das respostas fenótipo e do genótipo são necessários para a obtenção do sucesso segundo Fernandes Filho (2003).
Os caracteres quantitativos, entretanto, também podem ser representados por variáveis discretas, isto é, que só admitem valores inferiores, como é o caso do número de filhos de um casal, do número de pêlos em uma determinada do corpo, do número de batimentos cardíacos por minuto, do número de cristas dermopapilares na falange distal dos dedos, etc. (Beiguelman, 1995)
A maioria dos autores prefere dividir em três grupos separados de desenhos: arco (A), presilha (L) e verticilo e S-desenho (W), estes possuem característica qualitativa em sua análise. A composição da classificação das impressões digitais com base nas análises e correlação multifatorial, e autoclassificação multi-dimensional dos índices dermatoglificos de mais de 80 índices de características somato-funcionais identificados através de estudos acadêmicos com 101 remadores de alta qualificação (Abramova, Nikitina e Chafanova, 1995).
Adicionando com a análise do perfil dermatoglificos, as qualidades físicas básicas, levando para a canoagem slalom, pensam-se logo na analise de força. O presente estudo procurou identificar os índices de força de preensão manual, pela grande importância para o esporte no sentido de ter um ponto de apoio para suporte do remo que é fundamental para a transmissão e qualidade da navegação. Esse ponto de apoio para a remada possui uma postura da mão, ela é de preensão de força. Segundo Napier em 1956 definiu duas posturas básicas da mão humana: de preensão de força e força de precisão. A preensão de força quando é realizado o movimento completo e com a máxima força, as atividades que geraram a ação dos dedos que vão ao encontro da palma da mão. A preensão de precisão é quando realizamos o movimento de pinçamento utilizando apenas as pontas dos dedos em sentidos da força em oposição, o que necessita muita acurácia e refinamento (Napier, 1956; Newman, 1984; Sadly e Freedson, 1984; Moreira, 2001; Szanto, 2004)
Objetivos
O presente estudo tem como objetivo estabelecer a correlação entre os níveis de preensão manual, tempo (resultado da prova) e perfil dermatoglífico dos atletas da Seleção Brasileira de Canoagem Slalom participante do Campeonato Pan Americano 2007. O presente estudo atende todas as recomendações e regras de estudos com seres humanos, seguindo rigorosamente as orientações do Conselho Nacional de Saúde, sob a resolução de 10 de outubro de 1996, obtendo a autorização com protocolo número 251/2007 e aprovado no Comitê de Ética da Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Materiais e métodos
Considerou como critérios de inclusão a efetiva participação na Seleção Brasileira de Canoagem Slalom e a participação no Campeonato Pan Americano de Canoagem Slalom realizado em Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil em Março de 2007. Para os critérios de exclusão foram determinado: a recusa voluntária na participação, solicitação de retorno financeiro, a não concordância com os termos livre esclarecido, em caso de impossibilidade de coleta de dados e desistência durante a pesquisa.
A amostra foi determinada de forma intencional de uma população de 130 atletas do continente americano. Para tanto a amostra foi de 28 atletas, distribuídos nas seguintes categorias: caiaque individual masculino (K1W) n=6, caiaque individual feminino (K1M) n=7, canoa individual masculino (C1M) n=7 e canoa dupla masculina (C2M) n=8. Para a avaliação da força de preensão manual foi utilizado um dinamômetro hidráulico com ajuste individual (modelo Jamar®, Lafayette, Instrument Company, Indiana, USA). As medidas foram realizadas na mão dominante na posição ortostática segurando o equipamento com a mão e o braço estendido ao lado do corpo. Foi considerada a mão dominante que o individuo utilizava para a maioria das atividades diárias, isso para os caiaques que remam com pá dupla e para a canoa onde o atleta rema com pá simples utilizando um braço como dominante total. Os valores de preensão manual foram expressos em quilograma- força (kgf) para máxima contração executada. O valor da preensão máxima foi estabelecido através da média das três contrações máximas consecutivas da mão dominante com intervalo de 15 segundos entre as contrações. O teste apresenta um coeficiente de fidedignidade de alta magnitude (r≥0,97) segundo (Mathiowetz, Weber et al., 1984).
Para verificação das características dermatoglificas foi utilizado o método de Cummins e Midlo (1961) para verificação foi utilizado um coletor microporoso, modelo 250 (Impress® - Brasil), e também papel modelo A4 para as coletas das impressões digitais dos dez dedos.
Figura 1. Apresentação dos desenhos dermatoglificos e suas características qualitativas
Arco (A) |
Presilha (L) |
Verticilo (W) |
Verticilo S-desenho (W) |
Os tipos de desenhos nas falanges distais dos dedos das mãos: Arco (A) (desenho sem deltas) – é caracterizado pela ausência de triradios ou deltas e é composto por cristas que atravessam transversalmente a impressão digital; Presilha (L) (desenho de um delta) - possui um delta. É um desenho parcialmente fechado em que às cristas da pele iniciam em um extremo do dedo e encurvam-se distalmente em relação ao outro sem se aproximar daquele onde se originam; Verticilo (W) (desenhos de dois deltas) - contém dois deltas. É uma figura fechada em que às linhas centrais localizam-se em volta do núcleo do desenho. Quantidade de linhas: é contada segundo a linha que liga o delta ao núcleo do desenho sem levar em consideração a primeiro e a última linha das cristas, conforme o método de Vucetich.
Com estes valores podem ser calculados os índices padronizados e fundamentais das impressões digitais:
A quantidade dos desenhos de cada tipo para os dez dedos das mãos;
A quantidade de linhas em cada dedo das mãos;
A complexidade dos desenhos ou índice delta (D10) nos dez dedos das mãos que é obtido realizando a soma de deltas de todos os dedos de modo que a contagem de valor do Arco (A) é 0 (ausência de delta); da Presilha (L) é 1 (um delta); do Verticilo (W) ou do S-desenho são 2 (dois deltas) o que equivale à fórmula final S L + 2 S W = ∆10;
O somatório da quantidade total de linhas (SQTL) que é a soma da quantidade de linhas referente aos dez dedos das mãos;
Os
tipos de fórmulas digitais que indicam a representação dos diferentes
tipos de desenhos nos indivíduos. São cinco tipos de fórmulas digitais:
AL
- a presença de arco e presilha em qualquer combinação;
ALW
10L
LW
WL
Para a análise do tratamento estatístico foi utilizado o pacote computacional SPSS 11.5, utilizando a estatística descritiva: média, máximo, mínimo e desvio padrão para descrever a amostra. Foi utilizado o teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov; seguida pelo teste de correlação linear de Pearson entre as variáveis do mesmo grupo. Para verificar possíveis diferenças entre as categorias da amostra foi aplicado o teste t para amostras independentes. Foi utilizado o teste de normalidade de Curtose para os dados dermatoglificos para representação gráfica. Adotando um nível de significância de p<0,05.
Resultados e discussão
No presente estudo a média de idade encontrada para as categorias foram: C1M 23,1±5,24 anos; C2M 21,2±4,77 anos; K1M 23,7±3,45 anos e K1W 19,3±1,96 anos. Em um estudo de Szanto (2004) apresenta valores médios da idade de todos os participantes e medalhistas das Olimpíadas de Sydney, 2000 sendo respectivamente: C1M 27,4±2,53 e 27,5±3,2 anos; C2M 27,7±2,35 e 27,8±1,26 anos; K1W 26,0±2,4 e 32,6±4.35 anos e K1M 25,5±3,8 e 27,0±1,8 anos. Estas médias tiveram um decrescimento interessante nos últimos sete anos, a categoria C1M uma diminuição de 15,54%; C2M 23,28%, K1M 8,80% K1W e K1M 24,19%. Em outro estudo apresentam as idades de iniciação da prática e o início de resultados expressivos, são respectivamente, para atletas masculino 13,1 anos e 19,6 anos e atletas femininas 12,3 anos e 19,0 anos segundo (Martin, Ogawa et al., 1991).
O teste de preensão manual nota-se que os resultados médios absolutos em todas as categorias são altos valores, o que é interessante para a prática de canoagem slalom no alto rendimento. Na categoria C1M o resultado foi de 55,28±2,28 kgf e para as demais foram: C2M 50,37±7,52 kgf; K1M 41,85±4,94 kgf e K1W 36,33±2,85 kgf. A comparação das médias pelo teste t para amostra independente observou diferença significativa entre os grupos C2M e K1M com F=12,165 e t=2,620 com um p<0,05; a comparação da media de força entre os grupos K1W e C2M também foi estatisticamente significativa para um F= 9,464 e t=4,664 para um p< 0,01. Infelizmente a literatura da modalidade é muito escassa, especialmente em relação a testes de força. Em um estudo realizado por Bertuzzi et al, (2005) com de atletas escalada de alto rendimento, encontrou valores de 52,4±7,5 kgf, ou seja, valores próximos aos encontrados para os atletas de canoagem slalom em canoa individual e dupla masculina (C1M e C2M) analisados no presente estudo, ainda que modalidade diferentes, sendo a escalada muito mais exigido a força de membros superiores. Comparado os resultados do presente estudo com o estudo realizado com atletas de escalada durante a Copa do Mundo de 1991 (Watts, Martin et al., 1993; Ferguson e Brown, 1997) observa-se uma diferença aproximada de ≈2,03% a mais para os escaladores em relação as canoas. Os maiores valores encontrados no presente estudo foram para a categoria C1M, haja vista que a mesma utiliza uma remada unilateral assim como a C2M, porém a esta é distribuída a força por ser uma canoa dupla.
As categorias de caiaque apresentaram valores interessantes nos níveis de força de preensão manual. Um estudo realizado por (J.U. e Scheuermann, 2007) onde estudou 32 indivíduos (16 homens e 16 mulheres), idade 23,1±2,1 anos e 24.0±2,0 anos para mulheres e homens respectivamente, não atletas e fisicamente ativos. Encontrou baixos valores de preensão manual, sendo 17,9±7,6 kgf para mulheres e 24,2±12,8 kgf para homens, o que representa uma diferença de 50,8% para homens e 33,3% para mulheres entre os grupos de estudo. Observa ainda, que estes atletas jovens possuem menções de força muito altas. Isto deve chamar a atenção na preparação física destes atletas em relação ao reforço muscular para evitar lesões. Os resultados encontrados para os canoístas foram maiores que os encontrados para nadadores de 100m livre (Veiga, Pável et al., 2003) e muito próximos dos praticantes de escalada indoor (Bertuzzi, Franchini et al., 2004). Analisando as competições dos últimos dez anos entre campeonatos mundiais e jogos olímpicos, podemos observar uma evolução decrescente dos tempos. Apresentado na tabela 01.
Tabela 1. Tempos Oficiais de Competições de Canoagem Slalom - 1997 a 2007 (em segundos).
K1M |
K1W |
C1M |
C2M |
|
1997, aC.M, Três Coroas/BRA |
254,60 |
288,10 |
267,61 |
289,43 |
1999, aC.M, La Seu D’Urgel/SPA |
198,53 |
226,30 |
205,84 |
224,46 |
2000, bJ.O, Sydney/AUS |
217,25 |
247,04 |
231,87 |
237,74 |
2002, aC.M, Bourg St. Maurice/FRA |
184,89 |
216,09 |
192,92 |
206,21 |
2003, aC.M, Augsburg/GER |
197,88 |
224,02 |
208,14 |
214,52 |
2004, bJ.O, Atenas/GRE |
187,96 |
210,03 |
189,16 |
207,16 |
2005, aC.M, Penrith, AUS |
201,35 |
219,88 |
209,26 |
224,40 |
2006, aC.M, Praga/CZE |
202,02 |
224,67 |
207,69 |
224,67 |
2007, cP.A, Foz do Iguaçu/BRA |
183,73 |
208,17 |
192,57 |
203,22 |
aC.M – Campeonato Mundial; bJ.O – Jogos Olímpicos; cP.A – Pan Americano.
Sabemos que os resultados de uma prova de canoagem slalom a diferença é muito pequena no alto nível. Nota-se na tabela 01 que os valores dos tempos de qualificação esportiva para todas as categorias têm baixado ao longo do tempo. Nota-se ainda que os tempos no Pan americano, Foz do Iguaçu 2007 são próximos aos dos Jogos Olímpicos de Atenas 2000. A canoagem slalom, tem essa particularidade que é a de que cada local de competição o canal de águas bravas – rio artificial onde pratica canoagem slalom – possui características muito distintas entre eles. Não há nenhum canal igual ao outro assim, como não há nenhuma descida igual à outra mesmo que realizada no mesmo local. Sempre é alterado o posicionamento das portas entre as descidas.
Nas tabelas 02 apresenta os valores de idade, força, tempo e características dermatoglificas das categorias C1M, C2M, K1M e K1W dos atletas seleção brasileira de canoagem slalom.
Tabela 2. Valores da idade, força, tempo e características dermatoglificas das categorias C1M, C2M, K1M e K1W da Seleção Brasileira de Canoagem Slalom
C1M |
C2M |
K1M |
K1W |
|
Idade (anos) |
23,14±5,24 |
21,25±4,77 |
23,71±3,45 |
19,33±1,96 |
Força PM (kgf) |
55,28±2,28 |
50,37±7,52 |
41,85±4,97 |
36,83±2,85 |
Tempo (seg.) |
112,57±9,38 |
107,59±6,02 |
98,22±2,65 |
119,23±3,70 |
A |
0,14±0,37 |
0,25±0,46 |
a |
0,16±0,40 |
L |
8,14±1,57 |
8,12±2,10 |
9,28±0,95 |
5,50±0,83 |
W |
1,71±1,70 |
1,62±2,26 |
0,71±0,95 |
4,33±0,81 |
SQTL |
129,14±28,70 |
123,00±44,92 |
106,00±24,39 |
164,16±21,01 |
D10 |
11,57±1,90 |
11,37±2,50 |
10,71±0,95 |
14,16±0,98 |
IC |
0,09±0,02 |
0,09±0,03 |
0,10±0,02 |
0,86±0,01 |
N |
7 |
8 |
6 |
7 |
aA é constante para K1M este foi omitido
Na tabela 02 nota-se que os caiaques individuais masculinos (K1M) são as embarcações mais rápidas, o que vem dar continuidade aos resultados históricos apresentados na tabela 01.
De acordo com os resultados do teste de correlação linear de Pearson, a categoria C1M apresentou correlação somente para tempo e SQTL sendo r=-0,80 com p<0,03 e para tempo e IC com r=0,76 e p<0,05. As demais categorias não apresentaram correlações para as variáveis coletadas.
A comparação das médias pelo teste t para amostras independentes observou uma diferença significativa para força entre as categorias C1M e K1M com F=8,456 e t=6,518 para p<0,01; para força entre as categorias C2M e K1M com F=12,165 e t=2,620 com p<0,03 ainda entre C2M e K1M para tempo com F=11,786 e t=-4,566 com p<0,01. Para C1M e K1W foi encontrada diferença significativa para: força com F=9,593 e t=12,705 com p<0,01; tempo com F=7,095 e t=3,868 com p<0,01; SQTL com F=10,787 e t =-2,533 com p<0,03. Para a comparação entre as categorias C2M e K1W foi encontrada para: tempo com F=10,134 e t=3,919 com p<0,01 e força com F=9,464 e t=4,664 com p<0,01. A comparação entre os caiaques masculinos e femininos (K1M e K1W) foi encontrada uma diferença significativa para força F=9,799 e t=2,279 com p<0,05; para tempo com F=10,996 e t=-4,619 com p<0,01 e SQTL com F=10,720 e t=11,871 com p<0,01.
Gráfico 1. Gráfico radar de Fernandes Filho das características dermatoglificas normalizadas por Curtose da categoria C1M da Seleção Brasileira de Canoagem Slalom
Sob a ótica das características dermatoglificas identifica-se que o grupo de canoas individuais masculinas (C1M) tem a seguinte fórmula digital: AL 14,3% L>W 85,7%. Com predominância da velocidade como qualidade primária e força explosiva confirmados pelo SQTL e D10 baixo e predominância do desenho L. No gráfico 01 nota-se a distribuição das características dermatoglificas normalizadas pelo teste de Curtose. Observa-se neste gráfico que não uma regularidade entre os dedos da mão direita com a mão esquerda, o que seria muito interessante para o alto rendimento, esse fenômeno é chamado de espelho. Ainda apresenta um IC (índice coordenativo) alto, IC=0,10.
Gráfico 2. Gráfico radar de Fernandes Filho das características dermatoglificas normalizadas por Curtose da categoria C2M da Seleção Brasileira de Canoagem Slalom
Com base nas características dermatoglificas da categoria C2M, observa-se no gráfico 02 que MDT4 e MET4 possuem valores iguais na quantidade encontrada de desenhos delta, o que se denomina de espelho. Ainda na C2M encontra-se a seguinte fórmula digital AL=25% 10L=25% L>W=37,5% W>L=12,5%. A categoria C2M apresenta uma predominância primaria de velocidade e secundária de resistência intermediária, confirmados pelo SQTL moderado, D10 baixo e com grande incidência do desenho L. Ainda a categoria C2M apresenta alto índice coordenativo IC=0,10.
Gráfico 3. Gráfico radar de Fernandes Filho das características dermatoglificas normalizadas por Curtose da categoria K1M da Seleção Brasileira de Canoagem Slalom
Os caiaques individuais masculinos (K1M) apresentam a seguinte fórmula digital 10L=57,1% L>W=42,9%. K1M possui como característica predominante a velocidade e secundária a força explosiva confirmados pelo SQTL e D10 baixos e com IC=0,12, considerado alto. De acordo com o gráfico 03 nota-se que MDT3/MET3 e MDT4/MET4 possuem o mesmo valor considerados como espelho, o que caracteriza alto nível de qualificação.
Gráfico 4. Gráfico radar de Fernandes Filho das características dermatoglificas normalizadas por Curtose da categoria K1W da Seleção Brasileira de Canoagem Slalom
Nota-se no gráfico 04 a distribuição das características dermatoglificas dos caiaques individuais femininos (K1W) onde apresenta os valores para MET2/MDT2 e MET4/MDT4 iguais, sendo que o MET2/MDT2 na forma espelho identifica um alto grau de qualificação esportiva. A fórmula digital do K1W é ALW=33,3% L=W=50% L>W=16,7%, com predominância do desenho L, porém com grande índice do desenho W o que identifica como característica primária a velocidade com resistência e secundária a resistência intermediária comprovados pelo SQTL e D10 altos. O índice coordenativo é moderado com IC=0,09.
Observou que os canoístas apresentam resultados superiores na presença do desenho L aos encontrados para jogadores de futsal (Dantas e Fernandes Filho, 2002), jogadores de voleibol (Medina, 2002), ginastas olímpicos (João e Fernandes Filho, 2002), pentatletas militares (Silva, 2003), jogadores de futebol de campo (Castanhede, Dantas et al., 2003), atletas de corrida de orientação (Ferreira e Fernandes Filho, 2003) e semelhantes aos de nadadores de 100m livre (Veiga, Pável et al., 2003).
Conclusão
Com base nos resultados apresentados, conclui que as idades médias das categorias com o passar dos últimos anos apresentou uma redução. Isso pode ser devido à especialização precoce dos centros e clubes de treinamento e até mesmo por questões do desenvolvimento da modalidade.
De acordo com os resultados, nota que os perfis dermatoglífico de todas as categorias estão dentro de uma classificação esperada segundo estudos anteriores para a prática de canoagem slalom, sendo com predominância do desenho L. Sendo as categorias C1M, C2M e K1M mais velozes que a K1W e esta mais resistente em relação às características dermatoglificas.
Com base nos resultados obtidos no estudo, conclui que não foi possível encontrar correlação entre as variáveis: tempo e força para todas as categorias e grupos. Foi encontrado apenas correlação para a categoria C1M entre tempo e SQTL e tempo IC. Para as demais categorias e variáveis não foram encontrados correlações significativas. Foram encontradas comparações significantes quando utilizado o teste t para amostras independentes, para força e tempo nas categorias C2M e K1W, C2M e K1M, C1M e K1W, K1M e K1M. Para as variáveis dermatoglificas foram encontradas comparações significantes para as categorias K1M e K1W, C1M e K1W.
Recomenda que mais estudos sejam realizados e com mais testes, a fim melhorar o conhecimento científico da modalidade. Ainda, recomenda que estudos sejam realizados com as categorias novas, C1W e C2W (canoa individual feminino e canoa dupla feminino respectivamente) que entram em vigor oficial a partir de janeiro de 2009.
Referências bibliográficas
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______. Possibilidades das Impressões dermatoglificas no prognóstico dos potenciais energéticos nos atletas que praticam remo acadêmico / Atualidades na preparação de atletas nos esportes cíclicos. Coletânea de artigos científicos Volvograd, v.2, p.57-61. 1995.
Beiguelman, B. Dinâmica dos genes nas famílias e nas populações. Ribeirão Preto - São Paulo: Editora da Sociedade Brasileira de Genética. 1995
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digital · Año 13 · N° 123 | Buenos Aires,
Agosto de 2008 |