Prevalência de fatores de riscos
cardiovasculares em Prevalence of cardiovascular risk factors in master swimmers from Uberlândia city |
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*Universidade Presidente Antonio Carlos/UNIPAC Campus Araguari – Faculdade Atenas/Paracatu Centro Medicina Esportiva de Uberlândia/ORTHOSPORTS **Centro Universitário do Triângulo/UNITRI ***Universidade Veiga de Almeida/UVA Centro Medicina Esportiva de Uberlândia/ORTHOSPORTS (Brasil) |
Alexandre Gonçalves* Sandro Siebert Siqueira** Sérgio Siebert Siqueira** Daniela Sousa Castelo** Roberto Furlanetto Júnior*** |
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Resumo
As projeções referentes às doenças cardiovasculares (DCV) indicam sua
permanência como primeira causa de morte no mundo ainda por décadas.
Contudo, existe uma escassez de literatura no que tange a incidência e
prevalência de fatores de riscos cardiovasculares em atletas amadores. O
objetivo do presente estudo foi analisar a prevalência de fatores de
risco cardiovasculares em atletas da Natação Master da cidade de
Uberlândia/MG. Para desenvolvimento deste estudo, cada atleta respondeu
um questionário sobre histórico familiar de doença cardiovascular,
hábitos de fumo, etilismo e prática de atividade física.
Posteriormente, foram submetidos à avaliação física para aferição
de peso, estatura, idade, pressão arterial sistólica (PS) e pressão
arterial diastólica (PD) de repouso e circunferência abdominal (CA).
Dos resultados obtidos observou-se que os fatores de risco com maior
prevalência entre os atletas foram a circunferência abdominal (71,42%),
o IMC (45,71%) e o etilismo (40%), sendo que grande parte dos atletas
(45,71%) apresentou uma associação de três ou mais fatores de risco.
Assim, concluiu-se que, devido a alta prevalência de fatores de risco
associados, medidas preventivas devem ser tomadas para se evitar
acometimentos cardiovasculares agudos durante a prática desportiva
destes atletas.
Unitermos: Fatores de risco.
Doenças cardiovasculares. Nadadores.
Abstract
The cardiovascular diseases projections indicate that it will remain as
the main death factor in the world for years to come. However, there’s
lack of literature concerning cardiovascular risk among amateur athletes.
The main goal of this study was to detect cardiovascular risk factors
among the master swimming athletes from Uberlândia-MG. To the outcome of
this work, each athlete answered a questionary about family’s heart
diseases, smoking, alcoholic and physical activities habits. Afterwards,
they went through a physical evaluation such as weight, height, age, rest
systolic arterial pressure (SAP) measurements as well as rest diastolic
arterial pressure (DAP) and the abdominal circumference measurements. The
results for this study showed that the factors with highest rates were
the abdominal circumference (71,42%), body mass index (45,71%) and
alcoholic habits (40%). A great share of the athletes came up with three
or more cardiovascular factors associated to them. Therefore, we have
conclude that, because of high prevalence of associated cardiovascular
risk factors, preventive actions must be taken in order to prevent
cardiovascular attacks during the training and competition sections.
Keywords: Risk factors.
Cardiovascular disease. Swimmers. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008 |
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Introdução
As projeções referentes às doenças cardiovasculares (DCV) indicam sua permanência como primeira causa de morte no mundo ainda por décadas, estimando-se que, em 2025, entre 80 e 90% dos casos ocorrerão nos países de baixa e média renda.1
As estatísticas de mortalidade apontam que, a cada ano, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 45% das mortes na Argentina, 35% no Brasil, 29% no Chile e 20% no México, além de outros países da América Latina e Central. No Brasil, entre pessoas com mais de 45 anos esse número sobe para 40%, sendo que em 90% dos casos, a dislipidemia é um dos fatores de risco.2
Os principais fatores de risco (FR) para a doença arterial coronariana (DAC) são: sexo, idade, antecedentes familiares, hipertensão arterial sistêmica (HAS), hipercolesterolemia, hiperglicemia, tabagismo, obesidade, sedentarismo e nível sócio-econômico.3
Alguns desses fatores tendem a pequeno declínio, enquanto outros tendem à estabilidade ou ascensão, como no caso do tabagismo entre jovens e da obesidade em crianças e adultos.1
Vários outros estudos4,5,6,7,8 também têm demonstrado o impacto de tais fatores de risco sobre os índices de morbidade e mortalidade por doença cardiovascular. Contudo, pode-se observar que os principais fatores de risco são modificáveis por medidas simples de mudanças no estilo de vida, como abandono do sedentarismo através da incorporação de hábitos de atividade física diária e utilização de uma alimentação mais saudável.
Em se tratando da incorporação de hábitos de atividade física diária tem que se considerar que todo e qualquer tipo de programa de exercícios físicos impõem sobre os diversos sistemas orgânicos um determinado nível de estresse agudo, pois, durante a pratica de exercícios físicos ocorre uma ruptura da homeostase do organismo. Tal desequilíbrio das funções orgânicas, em geral, ocorrido durante a prática de exercícios físicos se deve à necessidade do organismo se organizar a fim de suprir a nova demanda metabólica imposta sobre ele.9
Dentre os diversos sistemas orgânicos um dos que mais sofrem o impacto dos exercícios físicos é o sistema cardiovascular, uma vez que se apresenta como o responsável pelo fornecimento de maior suprimento sangüíneo à musculatura ativa.10
Assim, o exercício físico provoca adaptações benéficas ao sistema cardiovascular as quais funcionam como fator de proteção das estruturas que o compõem. Entretanto, para que tais adaptações ocorram de forma eficiente é necessário programas de treinamento planejados e planificados. 9
Campos, Gonçalves11 em um estudo sobre prevalência de fatores de risco em atletas amadores de handebol do sexo masculino e feminino, observaram que tanto a PA sistólica e diastólica de repouso, quanto o IMC se encontram dentro das normalidades em ambos os sexos. Já a circunferência abdominal apresentou-se maior nas mulheres, e bem abaixo do nível limite de risco cardiovascular nos homens. Contudo, neste estudo observou uma alta prevalência do etilismo em ambos os sexos, seguido pelo sedentarismo, histórico familiar e tabagismo.
Em outro estudo sobre prevalência de fatores de riscos, Furlanetto Júnior, Gonçalves12, constataram que os atletas de futebol de campo amador obtiveram o IMC e a circunferência abdominal abaixo da prevalência do fator de risco da obesidade. Por outro lado foi relatado alto índice de etilismo, hipertensão e sedentarismo entre os praticantes. O histórico familiar e tabagismo tiveram baixa representatividade em relação aos demais fatores de rico.
Nas ultimas décadas, houve um aumento de praticantes de atividades físicas acima dos 25 anos de idade, principalmente quando nos referimos aos atletas da modalidade de natação Master. Após um intercâmbio aos EUA, alguns treinadores brasileiros na década de 70 se surpreenderam com os treinamentos dados às pessoas as quais já haviam parado de competir em virtude da idade. Mas foi com Prof. Waldyr M. Ramos que a natação master se tornou realidade no Brasil. Seu intuito junto com a Federação Aquática do Rio de Janeiro era resgatar ex-atletas acima de 25 anos que haviam parado de competir e voltar aos treinamentos, assim como oferecer as pessoas que nunca haviam praticado algum esporte a oportunidade de um treinamento. 13
Assim, surgiram vários campeonatos de incentivos a natação master realizados através das Federações Estaduais e pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, juntamente com Associação Brasileira de Natação Máster (ABNM). Atualmente tais eventos são divididos através das categorias 25+, 30+, 35+, 40+, 45+, 50+, 55+, 60+, 65+, 70+, 75+, uma vez que, os atletas sobem de categoria a cada cinco anos.14
Contudo, essas competições são momentos de alto rendimento esportivo. Tais eventos impõem sobre o corpo um estresse físico, o qual pode levar a manifestação de sintomas de doenças cardiovasculares, as quais não tiverem sido previamente diagnosticadas.
De acordo com as equipes de treinamento de natação master da cidade de Uberlândia, existem atualmente cerca de 70 pessoas praticantes desta modalidade esportiva, cuja faixa etária varia entre 25 e 80 anos.
Com base nisto, o presente estudo teve como objetivo analisar a prevalência de fatores de risco cardiovasculares em praticantes da natação master na cidade de Uberlândia.
Assim, com este estudo esperamos contribuir com os dirigentes, técnicos e atletas, fornecendo mais subsídios para garantia da segurança e saúde daqueles que treinam nas equipes de natação master da cidade de Uberlândia/MG.
Casuística
População e amostra
A população do presente estudo foi composta por 70 atletas, de ambos os sexos, praticantes de treinamentos da natação master dentro da cidade de Uberlândia. A amostra foi selecionada de forma aleatória, sendo constituída por 50% destes atletas, com idade acima de 25 anos.
Método
Primeiramente, após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa/CEP-UNITRI, foi obtida uma autorização por escrito dos Coordenadores do departamento de natação dos seus clubes, para a realização dos procedimentos de coleta de dados, com os atletas de suas respectivas equipes de Natação Master. Para a segurança dos atletas e credibilidade da pesquisa, estes assinaram um termo de consentimento livre esclarecido, através do qual foram informados de todos os procedimentos realizados, assim como os objetivos de tal estudo.
Feito isto, os atletas selecionados foram submetidos aos procedimentos de coleta de dados.
Aplicação de questionário
Cada atleta respondeu um questionário, a fim de detectar seus perfis quanto a histórico familiar de doença cardiovascular, hábitos de fumo, etilismo e prática de atividade física. Tal questionário foi composto pelas seguintes perguntas:
Possui alguém na família com doença cardiovascular?
Você fuma?
Ingere bebida alcoólica?
Realiza preparação física com freqüência?
As respostas foram obtidas de maneira direta. O atleta marcou SIM ou NÃO como únicas alternativas.
Avaliação física
Os atletas foram submetidos à avaliação física para aferição de peso, estatura, idade, pressão arterial sistólica (PS) e pressão arterial diastólica (PD) de repouso e circunferência abdominal (CA). Todos os procedimentos foram realizados antes dos atletas iniciarem o treino do dia.
A aferição da PA de repouso, foi realizada através do método auscultatório, utilizando para tanto, um aparelho esfigmomanômetro da marca SOLIDOR pertencente ao Laboratório de Fisiologia do Exercício do Centro Universitário do Triângulo - UNITRI. Para tal procedimento o atleta foi posicionado sentado em uma cadeira e o manguito acoplado ao seu braço direito. Para amenizar possíveis erros foram realizadas duas aferições por atleta. Para os valores que apresentaram discrepância uma terceira aferição foi realizada. Foram utilizados como valores limítrofes para PA: PS menor que 140mmhg e PD menor que 90 mmhg.
Já para aferição da estatura, foi utilizado um estadiômetro portátil. Este aparelho foi fixado a uma parede, onde o atleta se posicionava com as costas voltadas para a régua de medida. Assim que a régua se encontrava na altura do atleta ela era travada e a leitura feita pelo pesquisador.
Por sua vez, para a medida do peso foi utilizada uma balança digital da marca FILIZOLA, sendo que o atleta foi pesado usando somente maiô, no caso das mulheres, e de calção de banho no caso dos homens. Após a coleta destes dois dados, foi calculado o índice de massa corporal (IMC) através da fórmula: peso dividido pelo quadrado da altura. Para análise do IMC foram considerados sujeitos eutróficos ou normais aqueles que possuíssem valores entre 18,5 e 24,9 kg/m².
Por fim, foi realizada a aferição da CA, utilizando-se uma fita métrica para a coleta desta variável, passando-a ao redor da região abdominal do atleta, ao nível da cicatriz umbilical. Foram utilizados como limites aceitáveis de CA os seguintes parâmetros: mulheres até 88 cm e homens até 102 cm.
Terminado a coleta os dados foram tabulados e encaminhados para análise estatística apropriada. Foi, utilizado para ambos os gêneros e para o total de entrevistados, o seguinte procedimento estatístico para cálculo da prevalência de determinado fator de risco: número de casos com fator risco presente dividido pelo número de voluntários avaliados multiplicado por cem.
Resultados
Foram analisados 35 questionários, equivalentes a 50% da população total de atletas, da natação Master de Uberlândia/MG. Sendo 17 destes, do gênero feminino o que representa 48,59% e 18 do gênero masculino, que representa 51,41% totalizando 100% dos entrevistados.
Tabela 1. Idade média dos voluntários avaliados.
Mulheres |
Homens |
Média da Idade entre os Gêneros |
Variação de Idade Média entre os Gêneros |
52,94 + 11,04 |
46,27 + 18,04 |
51 +15,22 |
6,67 |
De acordo com a tabela 1, foi possível a visualização da média das idades dos entrevistados, em ambos os sexos, assim como o desvio padrão entre as mesmas. Observa-se que as mulheres possuíam idade maior em comparação aos homens chegando a uma variação de 6,67 anos de diferença entre os gêneros. Contudo, o desvio padrão entre os homens foi maior atingindo 18,04 anos contra 11,04 das mulheres.
Durante a análise dos resultados, obtidos através dos questionários, onde buscava saber entre os entrevistados se existia prevalência de fatores de risco, provenientes através do sedentarismo e tabagismo, os mesmos não foram detectados, tendo assim ausência destes fatores, perante todos os entrevistados, visto que estes participam de treinamentos diários visando campeonatos regionais, estaduais e nacionais, fazendo com que tenham uma prática esportiva de no mínimo de três vezes por semana.
Ao observarmos o gráfico de prevalência de fatores de risco cardiovasculares (Figura 1), fazendo um estudo comparativo entre os gêneros, nota-se que entre as mulheres, a prevalência de fatores de risco predominante foi a circunferência abdominal, seguido pelo índice de massa corporal, etilismo, histórico familiar e pressão arterial. Um dado relevante, é que a CA encontra-se em um parâmetro elevado dos fatores de risco, estando presente em 94,11% das entrevistadas. Outro fato que chama a atenção, é que 58,82% destas estão com IMC acima dos padrões recomendados, tendendo à obesidade. Por sua vez, os homens obtiveram como maior prevalência de fatores de risco cardiovascular a CA encontrando-se presente em 50,00%, seguido pelo etilismo com 44,44%, índice de massa corpórea, histórico familiar, e pressão arterial. Verifica-se que a CA esteve presente como fator de risco predominante, tanto nas mulheres quanto nos homens.
A Figura 2 apresenta a prevalência de quantidade de fator de risco presente por atleta. Nela observa-se, que todas as mulheres apresentam pelo menos um dos fatores de risco levantados, ao contrario dos homens onde 11,11% não apresentam fatores de risco. Nota-se também que as mulheres apresentam uma maior associação entre três ou mais fatores de risco 70,58%, enquanto que, por sua vez, os homens obtiveram 22,21% de associação de três ou mais fatores de risco.
Fazendo uma análise de todos os atletas entrevistados sobre prevalência de fatores de rico cardiovasculares, verificamos que, a circunferência abdominal é o mais relevante atingindo a 71,42%, seguida do índice de massa corpora 45,71%, e pelo etilismo 40,00%. Consta-se que 20,00%, dos atletas podem ser considerados hipertensos. Por sua vez o histórico familiar esteve presente em 31,42% dos atletas master. Podemos verificar esses dados de acordo com a Figura 3 abaixo:
Quando nos referindo a prevalência de quantidade de fator de risco presente por atleta, de acordo com a (Figura 4). Foi verificado, que entre os atletas da natação master apenas 5,75% não apresentam presença dos fatores de riscos levantados. Em contra partida, 45,71% desses tiveram três ou mais fatores de risco cardiovasculares associados.
Discussão
O presente estudo teve como objetivo levantar a prevalência de possíveis fatores de risco cardiovascular em atletas da natação master em ambos os gêneros, dentro dos clubes que atuam com esta modalidade na cidade de Uberlândia/MG.
Dentre os principais fatores de risco para doença cardiovascular encontram-se as dislipidemias, o histórico familiar, a hipertensão, o sedentarismo, a obesidade, o tabagismo e o etilismo.15
Contudo, este estudo teve limitação em não coletar dados relacionados ao perfil lipídico e glicemia. A ausência da coleta de tais dados se respaldou, basicamente, em três motivos. Primeiro, não foi autorizado pelos atletas, visto que a aquisição destes dados trata-se de um método invasivo (coleta de sangue). O segundo motivo foi a indisponibilidade de material de coleta e seu posterior armazenamento. Finalizando, ocorreu a limitação de tempo para realizar a entrevista, uma vez que as coletas dos dados foram à beira da piscina, no complexo aquático dos clubes, minutos antes do treino.
Todavia durante a revisão de literatura, foi observado uma escassez de dados específicos, sobre incidência e prevalência de fatores de risco em atletas de uma maneira geral. Existe uma tendência nos diversos estudos levantados em enfocar os fatores de risco na população em geral. Talvez tal fato se apóie em dados que indicam que no atleta a incidência de acometimentos cardiovasculares é duas vezes menor que em sedentário.16
Entretanto, acreditamos que tal dado se refere aos atletas profissionais e não aos chamados atletas amadores que muitas das vezes praticam esportes de alta intensidade sem uma estrutura de preparação física prévia que possa levá-los a usufruir dos benefícios do exercício físico.
No presente estudo houve alta prevalência do fator obesidade em ambos os sexos conforme dados de IMC acima do normal demonstrado na figura 1 tanto para mulheres (58,82%) quanto para homens (33,33%). Também deve ser ressaltado como dado relevante a prevalência da obesidade central entre os atletas demonstrada também na figura 1 através de 94,11% das mulheres e 50% dos homens apresentarem circunferência abdominal acima dos limites aceitáveis pela Organização Mundial de Saúde. Tal fato foi alarmante, uma vez que, se trata de uma população, teoricamente, de atletas. Também se deve destacar a maior prevalência de obesidade abdominal na população feminina estudada em relação à masculina que é contrário a literatura clássica.9
Contudo, acreditamos que tal contradição se deva ao fato de que a população feminina de nosso estudo apresenta-se com uma faixa etária maior que a masculina, conforme demonstrado na tabela 1. Fato semelhante foi observado por Campos, Gonçalves11 ao estudarem atletas amadores de handebol cuja amostragem feminina também se apresentava com idade superior que a masculina.
Os dados ficam mais preocupantes, quando analisamos a figura 2, a qual nos demonstra 70,58% das mulheres com três ou mais fatores de risco para doença cardiovascular, enquanto que entre os homens a associação de três ou mais fatores foi de 22,21%. Este dado encontrado na população masculina foi semelhante aos encontrados por Furlanetto Júnior, Gonçalves12, os quais obtiveram em seu estudo uma prevalência de 22,5% de associação entre fatores de risco na população de atletas do futebol de campo amador da cidade de Uberlândia - MG.
Acreditamos que tal discrepância encontrada entre os resultados dos dois gêneros, é pelo fato da variação entre as idades, visto que, a média da idade das mulheres é de 6,67 anos superior que a dos homens.
Quando analisados ambos os gêneros em conjunto (Figura 3), fica claro que os atletas da natação master apresentaram como principal fator de risco para doenças cardiovasculares a CA (71,42%), seguido do IMC (45,71%), etilismo (40,00%), hereditariedade (31,42%) e hipertensão (20,00%). Tal fato reflete um perfil diferenciado de outros atletas amadores estudados anteriormente por Campos, Gonçalves11 e Furlanetto Júnior, Gonçalves12. Nestes estudos o etilismo apresentou-se com maior prevalência. Entretanto, acreditamos que os 40% de nadadores que relataram fazerem uso de bebida alcoólica devam ser conscientizados da influência que tal hábito tem sobre sua saúde geral e, principalmente, que tal fato pode ser um dos fatores causadores da alta prevalência da CA acima dos padrões de normalidade.
Reforçando o perigo de ataques cardíacos agudos a figura 4 demonstra que 45,71% dos atletas entrevistados apresentam três ou mais fatores de risco cardiovasculares associados e que apenas 5,71% dos mesmos apresentam nenhum fator de risco. Tais dados são superiores aos levantados em equipes de atletas de futebol amador os quais apresentaram 22,5% de seus atletas com fatores de risco associados.12
Assim, o fato supracitado é preocupante, pois, uma vez que, Pollock, Wilmore16 relatam que existe uma relação direta entre circunferência abdominal e o índice de massa corpórea (IMC) com alteração da PA para índices mais elevados. Já estas variáveis, uma vez controladas, diminuem as chances de um ataque cardíaco agudo.
Portanto, estratégias de intervenção devem ser tomadas a fim de se evitar possíveis agravos à saúde destes atletas, tendo em vista que já foi comprovado por diversos estudos anteriores, que quanto maior o número de fatores de risco presentes no indivíduo maior suas chances de sofrer um ataque cardíaco agudo. 4,5,6,7,8
Vemos a necessidade de um melhor acompanhamento dos atletas por parte das equipes para que se possam evitar problemas futuros relacionados à sua saúde e integridade física durante as competições. Entre as possíveis estratégias seria interessante que fosse oferecido aos atletas uma estrutura a qual pudessem realizar avaliações clínicas e físicas periódicas, além de conscientizá-los da importância de mudança de seus hábitos, principalmente que com exceção da hereditariedade, os demais fatores de riscos levantados são classificados como modificáveis segundo Nieman15.
Conclusão
De acordo com a metodologia adotada e os resultados encontrados pudemos concluir que:
Os fatores de risco com maior prevalência entre os atletas da natação master foram CA (71,42%), IMC (45,71%) etilismo (40%), hereditariedade (41,72%) hipertensão (20,00%);
As mulheres apresentaram uma maior prevalência de obesidade central (94,11%) em relação aos homens (50%).
Maior parte dos atletas de natação master (45,71%) apresentou uma associação de três ou mais fatores de risco.
Assim, devido à alta prevalência de fatores de risco associados, medidas preventivas devem ser tomadas para se evitar acometimentos cardiovasculares agudos durante a prática desportiva destes atletas.
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