Efetividade do exercício físico no controle da pressão arterial Eficacia del ejercicio físico en el control de la presión arterial |
|||
*Departamento de Saúde - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Jequié, BA **Departamento de Ciências da Saúde - Universidade Estadual de Santa Cruz. Ilhéus, BA (Brasil) |
Reinaldo Brandi Abreu Bifano* Jair Sindra Virtuoso Júnior** |
|
|
Resumo
O desenvolvimento tecnológico decorrente da industrialização, a
formação e a urbanização das grandes metrópoles trouxeram
conseqüências ligadas diretamente à saúde da população. Uma
comunidade que, outrora, era naturalmente dinâmica e sujeita a poucos
fatores estressantes, passa a conviver com problemas relacionados com a
inatividade física, dentre eles a hipertensão arterial. A prática da
atividade física regular exerce um importante papel terapêutico na
prevenção e controle da HAS. Sabe-se também que a redução do
sobrepeso e obesidade e a melhoria da resistência insulínica associados
às práticas regulares do exercício físico, exercem grande influência
na manutenção e controle da nomortensão. O propósito desta revisão
foi a de analisar a efetividade dos exercícios físicos no controle da
pressão arterial. Para tanto foram analisados 26 publicações contidas
em Anais dos trabalhos apresentados no Simpósio Internacional de
Ciências do Esporte dos anos de 2000, 2001, 2002, 2004 e 2005, sendo
divididos em divididos em sub-áreas: atividade física habitual,
exercícios aeróbicos e anaeróbios e exercícios de força. As
intervenções utilizadas em tais estudos foram constituídas
principalmente por exercícios aeróbios 42,3% (n=11), de treinamento
resistido com peso 34,6% (n=9), de alongamento e relaxamento 11,5% (n=3),
de atividades físicas realizadas no dia-a-dia (sem uma sistematização)
7,6% (n=2) e de atividades aeróbias conjugadas e atividades anaeróbias
3,8% (n=1). Os estudos analisados evidenciam que a prática de atividade
física, independente da faixa etária ou tipo de exercício físico,
contribui para transformações positivas no controle da pressão
arterial, tais como a diminuição dos níveis pressóricos, melhoria da
capacidade cardio-respiratória, e de aspectos psicológicos.
Unitermos: Pessão arterial.
Atividade física. Exercício físico.
Resumen
El desarrollo tecnológico debido a la industrialización, la expansión
y la urbanización de las grandes metrópolis tiene consecuencias
directas sobre la salud de la población. Una comunidad que,
anteriormente, era naturalmente dinámica y expuesta a pocos
estressantes, empieza a convivir con problemas relacionados con la
inactividad física, entre ellos la hipertensión arterial. La práctica
de la actividad física regular ejerce un papel terapéutico importante
en la prevención y control de la presión arterial. También se sabe que
la reducción del sobrepeso y la obesidad y la mejora de la resistencia
insulínica asociados a prácticas regulares del ejercicio físico,
ejercen una gran influencia en el mantenimiento y el control del
nomortensión. El propósito de esta revisión fue el de analizar la
efectividad de los ejercicios físicos en el control de la presión
arterial. Para esto, fueron analizadas 26 publicaciones contenidas en los
Anales de los trabajos presentados en el Simposio Internacional de
Ciencias del Deporte de los años de 2000, 2001, 2002, 2004 y 2005,
siendo dividido en sub-áreas: actividad física habitual, ejercicios
aeróbicos y anaeróbicos y ejercicios de fuerza. Las intervenciones
utilizadas en estos estudios se constituyeron principalmente por
ejercicios aeróbicos 42,3% (n=11), de entrenamiento resistido con el
peso 34,6% (n=9), de elongación y relajación 11,5% (n=3), de
actividades físicas realizadas diariamente 7,6% (n=2) y de actividades
aeróbicas relacionadas y actividades anaeróbicas 3,8% (n=1). Los
estudios analizados evidencian que la práctica de actividad física,
independiente de la edad o del tipo de ejercicio físico, contribuye a
las transformaciones positivas en el control de la presión arterial,
como así también a la disminución del niveles de presión arterial, la
mejora de la capacidad cardiorrespiratoria y de aspectos psicológicos.
Palabras clave: Presión
arterial. Actividad física. Ejercicio físico. |
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008 |
1 / 1
Introdução
O desenvolvimento tecnológico decorrente da industrialização, a formação e a urbanização das grandes metrópoles propiciaram mudanças no estilo de vida das pessoas e conseqüências relacionadas à saúde da população1. Uma comunidade que, outrora, era naturalmente dinâmica e sujeita a poucos fatores estressantes, passa a conviver com problemas relacionados com a inatividade física, sobrepeso e a hipertensão arterial dentre outros fatores de risco à saúde.
Na atualidade a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil atingindo cerca de 15 a 20 % da população adulta segundo a Organização Mundial de Saúde e cerca de 13 % dos jovens2.
A prática da atividade física regular exerce um importante papel terapêutico na prevenção e controle da HAS. Sabe-se também que a redução do sobrepeso e obesidade e melhora da resistência insulínica associados às práticas regulares do exercício físico, exercem influência na manutenção e controle da nomortensão. A terapia medicamentosa é necessária em casos graves, porém os exercícios associados às modificações dietéticas e a perda de peso devidamente orientados, minimizam essa necessidade em pacientes com HAS moderada.
Segundo o III Consenso Brasileiro de Hipertensão arterial (CBHA)2, a elevada incidência da HAS tem sido observada no mundo inteiro apesar da variação entre os países. O maior problema é que a maior parte dos hipertensos, não desconfia que tenham a doença e por isso não se cuida. A estimativa é que exista aproximadamente de 12 a 13 milhões de brasileiros com hipertensão arterial e cerca de apenas 2,7 milhões se tratam e, portanto, aproximadamente 11 milhões estão em risco.
Alguns fatores ambientais: ingestão excessiva de sal, acima de 6 (seis) gramas diárias, aumento de peso, sedentarismo, excesso de bebida alcoólica, estresse, tabagismo e uso de alguns medicamentos, são responsáveis pelo aparecimento da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS).
A hipertensão pode ser tratada efetivamente com modificações no estilo de vida e por medicações que reduzem o volume líquido extracelular ou resistência periférica ao fluxo sangüíneo3. Durante a atividade física, a pressão arterial aumenta com o resultado do aumento do débito cardíaco, mais especificamente, dos aumentos no volume de ejeção e na freqüência cardíaca gerada por influencias nervosas e hormonais.
Além dos benefícios de natureza mais ampla para saúde e a melhoria da qualidade de vida; vários estudos têm demonstrado que a atividade física é um fator importante na prevenção e no controle de alguns problemas de saúde, quando analisada a partir da perspectiva populacional.
A prática regular de atividade física está associada a menores índices de mortalidade em geral2. Há uma diminuição do risco de morte por doenças cardiovasculares e, particularmente, por doenças coronarianas. Do mesmo modo dificulta o aparecimento da hipertensão arterial e facilita a redução dos níveis de pressão arterial nos hipertensos.
A atividade física regular tem sido amplamente recomendada dentre as medidas não farmacológicas do tratamento para a HAS. A indicação do condicionamento físico para a prevenção e controle da hipertensão arterial Sistêmica ganhou reforço com a publicação do “5º Joint National Committe on Detection Evolution and Treatment of High Bload Pressure (JNCV)”, que divulgam os dados que referem o incremento de 20 a 50% no risco de desenvolvimento da hipertensão em normotensos (pessoas com pressão arterial normal) sedentários e redução da pressão arterial de 10 mmHg após a atividade física aeróbia4.
Optar pela atividade física e definir a freqüência apropriada para que tal prática seja praticada dependerá, basicamente, das características do indivíduo para o qual está sendo indicado e das motivações. Apesar dos benefícios já bem documentados na literatura da prática de exercícios físicos no controle da pressão arterial, pouco se tem informações sobre a forma mais apropriada de prescrição do exercício físico em pessoas hipertensas. Considerando o exposto, este estudo teve como propósito o de analisar a efetividade dos Exercícios Físicos no controle da pressão Arterial.
O presente estudo de revisão, por meio de levantamento de estudos controlados que utilizam o exercício físico no controle da hipertensão arterial, serve de parâmetros para fundamentar a elaboração de programas de exercícios físicos mais efetivos no controle e/ou tratamento da hipertensão arterial.
Métodos
De acordo com Kurcgont5, o “planejamento é a função que determina antecipadamente o que se deve fazer e quais os objetivos que devem ser atingidos. É um modelo teórico para a ação futura”.
O presente trabalho consta de uma revisão da literatura sobre os possíveis indicadores das variações Hemodinâmicas e a contribuição de programas de exercício físico no controle dos níveis tensionais.
Foram analisados 26 estudos que continham os seguintes termos descritores no título do trabalho: hipertensão arterial, resposta hemodinâmica, pressão arterial, pressão arterial sistólica. Em seguida foi relatado as informações relativas ao objetivo, amostra, características da intervenção e principais resultados. Tais estudos foram publicados nos Anais dos trabalhos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte dos anos de 2000, 2001, 2002, 2004 e 2005.
Resultados e discussão
Os resultados apresentados a seguir são relativos aos trabalhos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte nos anos de 2000, 2001, 2002, 2004 e 2005, com vistas a determinar a efetividade do exercício físico na resposta hemodinâmica.
Foram analisados 26 estudos relativos a resposta hemodinâmica frente ao exercício físico. A distribuição do número de estudos por ano correspondente estão apresentados nas tabelas 1, 2, 3,4 e 5.
Tabela 1. Estudos envolvendo a resposta hemodinâmica após a realização de exercícios físicos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – 2000.
Autor |
Objetivo |
Amostra |
Intervenção |
Resultado |
Schiavoni6 |
Verificar a resposta aguda da PAS, PAD e FC durante o treinamento de peso |
16 homens 22,94 anos(DP=0,84) |
Medida de PA em repouso/ 3 séries de 8 a 12 repetições-medida de PA e medida de PA 30 min de recuperação |
Resposta Aguda da pressão arterial e da freqüência cardíaca durante o treinamento com peso |
Salve7 |
Analisar a influencia da atividade física sobre as doenças crônico-degenerativas |
40 trabalhadores 30 a 65 anos |
Programa de Atividade Física de 8 meses |
Redução da PA em Hipertensos |
Nascimento8 |
Avaliar O comportamento da PA no início e no final da caminhada |
16 mulheres 6 homens |
Caminhada 3x/semana-4 meses |
Alteração hipotensora. |
Tabela 2. Estudos envolvendo a resposta hemodinâmica após a realização de exercícios físicos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – 2001.
Autor |
Objetivo |
Amostra |
Intervenção |
Resultado |
Santos9 |
Verificar a resposta da PAS, PAD e FC durante exercícios com pesos até a exaustão |
7 homens |
PA e FC 4 séries com 3 execícios a 80% de 1RM-intervalos de 2 min |
Redução da PAS |
Teixeira10 |
Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbio na PA de hipertensos |
5 mulheres 4 homens HAS I e II |
48 sessões de treinamento aeróbio – 3x/semana em cicloergômetro/20 a 50 min |
Redução da PA de Hipertensos, após a 33ª sessão |
Miranda11 |
Estudar o comportamento das variáveis hemodinâmicas em normotensos |
18 mulheres anos (DP=47) |
Alongamento Monitoração da PA antes, durante e após 60 min |
Uma única sessão de alongamento promove uma redução na PAD, durante a sessão aumento da FC |
Souza12 |
Verificar a efetividade da atividade física diária no controle da PA |
30 pessoas acima de 50 anos |
Programa de AF de pelo menos 30 min diários |
Diminuição da PA em repouso tanto sistólico quanto diastólico |
Botelho13 |
Analisar e quantificar os parâmetros metabólicos e hemodinâmicos entre um exercício aeróbio e anaeróbio |
10 homens 17 a 38 anos |
exercício de resistência muscular localizada/ 4x 15 supino-60/1RM/ exercício aeróbio |
FC e PAS mais elevados que exercícios aeróbios |
Tabela 3. Estudos envolvendo a resposta hemodinâmica após a realização de exercícios físicos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – 2002.
Autor |
Objetivo |
Amostra |
Intervenção |
Resultado |
Araújo14 |
Estudar o efeito da realização prévia do exercício e/ou relaxamento na resposta da PA ou estresse menta em hipertensos |
14 hipertensos grau I e II |
4 sessões: exercício, relaxamento, exercício + relaxamento e controle |
Em indivíduos hipertensos, o relaxamento prévio aumenta a resposta pressória ao estímulo estressante |
Silva15 |
Analisar os efeitos de um programa de AF aeróbica em hipertensos |
3 mulheres 5 homens |
Teste ergométricos de esforço e antropometria |
Houve alterações sobre os mecanismos fisiológicos e composição corporal dos indivíduos |
Pinto16 |
Verificar a eficácia de diferentes tipos de programas de AF na PA, variável bioquímicas e aptidão física |
29 praticantes de AF 42 praticantes de programa comunitário |
Caminhada, exercícios de flexibilidade. PA, Peso, Percentual de Gordura, Massa Corporal Magra, IMC, dobras, FC, colesterol total, HDL, triglicerídeos, glicose sanguínea |
Medidas de aperfeiçoamento dos programas são necessárias |
Galvão17 |
Avaliar a evolução do perfil glicêmico e da PA de diabéticos e Hipertensos |
Pacientes do sexo feminino e masculino 57 a 70 anos |
Exercícios 1x/semana durante 1 mês e 2x/semana durante 5 meses Glicemia e PA no início e após 6 meses do programa |
Sem alterações estatisticamente significativas |
Luzzi18 |
Comparar o comportamento da PA e FC e DP nos exercícios |
13 praticantes de musculação 21 a 25 anos |
Avaliação da força máxima dinâmica Teste de 1RM Coleta da PA e FC em repouso e ao final das repetições |
Tanto a PAS quanto a PAD e a DP foram significativamente mais elevados nos exercícios, quando comparado ao repouso |
Tabela 4. Estudos envolvendo a resposta hemodinâmica após a realização de exercícios físicos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – 2004
Autor |
Objetivo |
Amostra |
Intervenção |
Resultado |
Corrêa Neto19 |
Verificar o efeito agudo hipotensivo pós-exercícios |
5 homens 24 a 28 anos |
Exercícios de musculação |
Menores grupos musculares parecem influenciar a hipotensão sistólica, enquanto os maiores a hipotensão diastólica |
Moraes20 |
Investigar as alterações hemodinâmicas e o mecanismo bioquímico envolvidos no efeito hipotensor pós-exercícios em diferentes protocolos |
10 homens sedentários e hipertensos 46 a 55 anos |
Sessão de exercícios aeróbio em cicloergômetro e exercícios resistidos |
Houve efeito hipotensor agudo verificado após o exercício aeróbio e resistido |
Moreno21 |
Avaliar a influencia de diferentes sessões de exercícios resistidos e da suplementação de creatina na resposta da PA pós-exercício |
7 homens praticantes de musculação 23 a 25 anos |
4 sessões de exercícios resistidos 2 sessões de período pré-creatina em dias distintos Hipertrofia – 8 repetições a 70% de 1RM 5 dias de suplementação de creatina |
Inibição da resposta hipotensora da PAS e PAM no período posterior e exercícios de alta intensidade |
Monterio22 |
Verificar o efeito do exercício físico sobre indicadores bioquímicos, da condição física e níveis pressórios |
40 pacientes hipertensos |
Análise de PA, variáveis bioquímicas e condições físicas, antes e após 18 semanas de intervalo |
A combinação do tratamento medicamentoso com o exercício físico regular, contribui para reduzir a pressão arterial a taxas de normalidade |
Lopes23 |
Comparar a resposta da PA do período subseqüente a um exercício realizado em esteira rolante dentro d’agua |
6 indivíduos 40 a 46 anos com HAS leve e moderada |
Avaliação ergoespiramétrica Depois de 7 dias exercício de esteira rolante dentro d’agua durante 45 min Aferição da PA antes e depois dos exercícios |
Não alterou significativamente o valor da PA |
Paravidino24 |
Comparar as respostas de PA de sujeitos hipertensos após 2 sessões de exercício de força |
20 hipertensos 61 a 75 anos |
3 dias (10RM) (1 série) (3 séries) Aferição da PA em repouso, término e após 60 min. |
Até 60 min pós-exercício, 1 sessão reduz o nível de PAS |
Delacio25 |
Avaliar efeito hipotensor agudo (30 min após a aula)da dança |
16 indivíduos com idade de 49 a 60 anos |
Medidas de PAS e PAD, antes, logo após e 30 min após o término da aula |
Efeito hipotensor agudo |
Tabela 5. Estudos envolvendo a resposta hemodinâmica após a realização de exercícios físicos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – 2005.
Autor |
Objetivo |
Amostra |
Intervenção |
Resultado |
Ilha26 |
Comparar comportamento de FC, PAS, PAD, DP |
9 homens 25 a 30 anos |
Teste 3 séries de 12 RM, com intervalo de 3 seg de exercício na posição horizontal e inclinada |
O leg press, torna-se indiferente o tipo de postura a qual o exercício é realizado |
Dias27 |
Comparar duas seqüências de exercícios resistidos com mesmo volume e intensidade de treinamento |
5 homens 23 a 26 anos |
5 etapas: 1. 10 RM 2. Após 48h re-teste Aferição de PAS e PAD |
Os exercícios resistidos exercem efeito hipotensivo somente para PAS |
Bottche28 |
Avaliar a efetividade da aplicação de ciclos de treinamento em um programa da AF na resposta hemodinâmica |
14 sujeitos hipertensos 2 homens 12 mulheres |
Ciclos de treinamento, tenso duração de 60 min 20 min de caminhada 15 alongamento Aquecimento e volta a calma Atividade de força, agilidade, flexibilidade e coordenação, aferição da PA |
Redução nos valores de PAD em indivíduos hipertensos |
Morais29 |
Verificar a influencia do exercício resistido nos níveis pressóricos de idosos hipertensos |
20 mulheres 55 a 65 anos |
Programa de exercícios resistidos em 27 sessões, 3x/semana |
O programa de treinamento melhora os níveis tencionais da PAS e PAD |
Almeida30 |
Observar os efeitos da prática de AF como parte do tratamento não medicamentoso de hipertensos |
18 mulheres 1 homem 55 a 70 anos |
Alongamento Caminhadas leves e moderadas Exercícios resistidos leves Atividades lúdicas |
Contribuem na redução do uso de medicamentos para o controle da HAS |
Nery31 |
Investigar o comportamento da PA em indivíduos hipertensos estágio I durante diferentes intensidades de exercícios resistidos |
6 normotensos 5 hipertensos 36 a 45 anos |
Exercícios resistidos de extensão de joelhos até a exaustão nas intensidades 100%, 80% 40% |
Os exercícios resistidos elevam a PA dos dois grupos |
A partir dos estudos analisados, percebe-se que os trabalhos apresentados nesses cinco anos (2000, 2001, 2002, 2004 e 2005), são na sua maior partes voltadas para a população com idade superior aos 60 anos, tendo em vista o maior acometimento de doenças crônico-degenerativas nesta idade.
As intervenções utilizadas em tais estudos foram constituídas principalmente por exercícios aeróbios 42,3% (n=11), de treinamento resistido com peso 34,6% (n=9), de alongamento e relaxamento 11,5% (n=3), de atividades físicas realizadas no dia-a-dia (sem uma sistematização) 7,6% (n=2) e de atividades aeróbias conjugadas e atividades anaeróbias 3,8% (n=1).
Exercícios aeróbicos
Aproximadamente 42% (n=11) dos estudos analisados tiveram como base o treinamento aeróbio. Tais intervenções têm como propósitos o de verificar o comportamento das variáveis da PA, PAD, PAS e FC, frente ao treinamento aeróbio.
A amostra média utilizada em tais intervenções era de 20 indivíduos com média de idade de 45 anos, tendo como atividades aeróbias a utilização de caminhadas, cicloergômetro e hidroginástica.
Treinamento resistido com peso
Aproximadamente 34,6% (n=9) dos estudos analisados. O propósito dos referidos estudos foram de verificar a resposta aguda da PAS, PAD, PA e FC durante o treinamento com peso.
As amostras delimitadas pelos estudos, em geral, eram pequenas constituídas por no máximo 10 sujeitos já praticantes de musculação com a média de idade de 25 anos.
A avaliação em geral, eram feitas por testes de carga máxima, envolvendo um percentual máximo de força de 80% de 1RM.
Os resultados indicam que menores grupos musculares parecem influenciar a hipotensão sistólica, enquanto que os maiores grupamentos tendem a hipotensão diastólica. O programa de treinamento resistido com peso demonstrou ser efetivo para a melhoria dos níveis tencionais da PAS e PAD.
A variável pressão arterial, usualmente medida em mmHg, é, contudo, uma variável contínua. Nota-se uma elevação com a idade, desde o nascimento32,33. Assim, nos diversos estudos de prevalência, a PAS eleva-se continuamente com a idade, mostrando tendência a se estabilizar nos grupos etários mais velhos, sendo maior para homens do que para mulheres nos grupos mais jovens e inversamente, maiores nas mulheres mais velhas do que para homens da mesma idade. Por sua vez, a PAD também se eleva com a idade até a quinta década, quando tende a atingir um máximo, depois estabilizando-se ou vindo declinar.
Confirmando os objetivos propostos neste trabalho, pode-se afirmar que a exercício físico é um aliado importante para as alterações hipotensoras tanto para normotensos, quanto para indivíduos portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica.
Considerações finais
As maiores partes dos programas de exercícios físicos utilizados nos estudos analisados obtiveram melhoras significativas na resposta hemodinâmica com a redução tanto da PAS como da PAD. Sendo que os exercícios mais utilizados em tais programas foram aeróbios, seguidos do treinamento resistido com pesos.
Os estudos analisados evidenciam que o exercício físico, independente da faixa etária ou do tipo de exercício físico (aeróbio, resistido com peso, alongamento e anaeróbio), contribui para transformações positivas no controle da pressão arterial, tais como a diminuição dos níveis pressórios, melhoria das capacidades cardio-respiratórias, assim como a melhora de aspectos psicológicos. Tal aspecto contribui para a sensação de bem estar das pessoas.
Sugere-se a elaboração de programas de exercícios físicos envolvendo diferentes tipos de treinamento, como forma de controle sistemático da pressão arterial tanto de normotensos, quanto de hipertensos.
Referências
Chobanian AV, Bakris GL, Black HR, Cushman WC, Green LA, Izzo JL Jr, Jones DW, Materson BJ, Oparil S, Wright JT Jr, Roccella EJ. The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure: the JNC 7 report. JAMA. 2003; 289(19):2560-72
Sociedade Brasileira de Cardiologia [site na Internet]. SBC - Sociedade Brasileira de Cardiologia - 1996 - 2002 [citado 16 de janeiro de 2004]. III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, Campos do Jordão, 1998. Disponível em: http://departamentos.cardiol.br/dha/publicacoes/consenso3/consen.asp.
Mcardle WO, Datch FF, Katch VL. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan , 1998.
Joint National Committee on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure. The fifth report of the Joint National Committee on the Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure. Arch Intern Med. 1993;153:154-183.
Kurcgont P. Administração em Enfermagem. São Paulo: EPU, 1991.
Schiavoni D. Resposta aguda da Pressão Arterial e da Frequencia Cardíaca durante o treinamento de Peso. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p. 107, 2000.
Salve MGC. A influencia da Atividade Física sobre as doenças Crônico-degenerativas. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p. 170, 2000.
Nascimento C. Comportamento da Pressão Arterial pré e pós exercícios em hipertensos do programa UFSM em movimento: Caminhada no Shopping Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.172, 2000.
Santos EF. Comportamento da Pressão Arterial e da Frequencia Cardíaca durante o protocolo de exaustão. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.68, 2001.
Teixeira L. Resposta da Pressão Arterial ao longo de 48 sessões de Treinamento Físico Aeróbio em indivíduos Hipertensos. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.70, 2001.
Miranda RC. Comportamento da Pressão Arterial e da Frequencia cardíaca em indivíduos normotensos durante e após sessão única de alongamento. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.91, 2001.
Souza MD. Influencia da Atividade Física na Hipertensão Arterial Sistêmica de pessoas acima de 50 anos de Nova Lima – MG. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.100, 2001.
Botelho P. Parâmetros Metabólicos e Hemodinâmicos entre exercício de sobrecarga com aparelho em relação ao exercício aeróbico, realizados em membros superiores. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.139, 2001.
Araújo EA. Relaxamento Prévio aumenta a reatividade pressória ao estresse mental em hipertensos. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.196, 2002.
Silva C. Efeitos de um programa de Atividade Física aeróbia em indivíduos Hipertensos em Cuiabá – MT. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.196, 2002.
Pinto VLM. Estudo Comparativo de programas extra-muros e comunitários de exercícios para Hipertensos: Aptidão Física, Pressão Arterial e variáveis Bioquímicas. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.196, 2002.
Galvão A. A influencia da Atividade Física em pacientes Diabéticos e Hipertensos. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.197, 2002.
Luzzi A. Comportamento da Pressão Arterial e Freqüência Cardíaca em Exercício a 1RM – Leg Press e Rosca unilateral. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.206, 2002.
Corrêa NVG. Efeito Hipotensivo Agudo de um \Exercício de Força Realizado em grupamentos Musculares diferentes. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.62, 2004.
Moraes MR. Atividade das enzimas do sistemas calicreína-cininas e resposta hipotensora pós-exercício em voluntários hipertensos. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.88, 2002.
Moreno JR. Influencia da Intensidade do exercício e suplementação de Creatina na Pressão arterial Pós-exercícios. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.39, 2004.
Monterio HL. Efeito do Exercício físico sobre variáveis bioquímicas, condição física e níveis pressórios de pacientes hipertensos. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.55, 2004.
Lopes TR. Efeito de exercício em esterira rolante dentro da água sobre a Pressão Arterial de portadores de Hipertensão. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.98, 2004.
Paravidino V. Resposta da Pressão Arterila de sujeitos hipertensos após 2 sessões de exercícios de força. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.100, 2004.
Delacio JR. Efeito hipotensor agudo após um ciclo de dança. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.105, 2005.
Ilha TASH. Comportamento de Frequenica Cardíaca, PAS, PAS e DP em exercício s na posição horizontal e inclinada. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p. 176, 2005.
Dias I. Seqüências de exercícios resistidos com mesmo volume e intensidade de treinamento. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.190, 2005.
Bottche LB. Efetividade da aplicação de ciclos de treinamento em um programa de Atividade Física na redução da Pressão arterial. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.285, 2005
Morais PMS. Influencia do exercício resistido nos níveis pressórios de idosos hipertensos. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.286, 2005.
Almeida RT. Efeitos da prática de atividade Física como parte do tratamento não medicamentoso de hipertensos. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.830, 2005.
Nery SS. Comportamento da Pressão Arterial em indivíduos hipertensos estágio I durante diferentes intensidades de exercícios resistidos. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, p.281, 2005.
Carneiro G, Faria NA, Ribeiro Filho FF. Influência da distribuição da gordura corporal sobre a prevalência de hipertensão arterial e outros fatores de risco cardiovascular em indivíduos obesos. Rev. Assoc. Med. Bras.2003; 49(3):306-311.
Trindade IS, Heineck G, Machado JR. Prevalência da hipertensão arterial sistêmica na população urbana de Passo Fundo (RS). Arq. Bras. Cardiol.1998; 71(2):127-130.
Outros artigos em Portugués
revista
digital · Año 13 · N° 123 | Buenos Aires,
Agosto de 2008 |