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Avaliação da flexibilidade em escolares do
ensino fundamental da cidade de Westfália, RS

 

*Acadêmico do Curso de Educação Física da UNISINOS – RS

**Doutor em Educação Física

Professor do Curso de Educação Física da UNISINOS – RS

(Brasil)

Matias Noll*

matiasnoll@yahoo.com.br

Kleber Brum de Sá**

kleber@unisinos.br

 

 

 

Resumo

          O estudo objetivou avaliar os níveis de flexibilidade em escolares entre 7 e 15 anos de ambos os sexos do município de Westfália – RS. A amostra foi composta por todos os 292 alunos matriculados no Ensino Fundamental, sendo 150 meninos (51,4%) e 142 meninas (48,6%). Para a mensuração da flexibilidade utilizou-se o teste de sentar e alcançar com banco segundo padronização do PROESP – BR. Os dados foram analisados através do programa estatístico SPSS 16.0 para Windows. A análise dos dados foi realizada com a estatística descritiva, o teste de Shapiro-Wilk, Teste de Levene e pela análise de variância. Em caso de diferenças significativas para os fatores idade e gênero e sua interação utilizou-se o teste de Tukey para a comparação entre os subgrupos. Adotou-se o nível de significância de 5%. Os resultados demonstraram não haver uma influência significativa para o fator gênero e sua interação com a idade (p>0,05). Embora o gênero não tenha influenciado significativamente os níveis de flexibilidade, foram sempre maiores no gênero feminino. O desenvolvimento da flexibilidade nos 2 gêneros acontece de forma semelhante, ou seja, níveis maiores entre 7 e 8 anos, decrescendo, com pequenas oscilações, até os 15 anos.

          Unitermos: Flexibilidade. Escolares. Teste de sentar e alcançar.

          Apresentação oral e publicação de Resumo expandido nos Anais do I Congresso Nacional de Educação Física na Escola. Lajeado: UNIVATES, 2008.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008

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Introdução

    O termo flexibilidade, conhecido como mobilidade articular, compreende as propriedades morfofuncionais do aparato locomotor, que determinam a amplitude de distintos movimentos do educando (PLATONOV, 2003). Sua magnitude é de suma importância tanto para a promoção e manutenção da saúde (GHEDIN et. al. 2007). Por outro lado, seus níveis também influenciam o desempenho em algumas modalidades esportivas, tais como o atletismo, natação, ginástica artística, etc.

    A inexistência de estudos na região do Vale do Taquari e principalmente no Município de Westfália, estado do Rio Grande do Sul (Brasil), que descrevem o desenvolvimento dos níveis não só da flexibilidade, mas sim de todas as capacidades motoras, foi o principal motivo para a realização desta pesquisa. Neste sentido, o presente estudo objetivou avaliar os níveis de flexibilidade em escolares entre 7 e 15 anos de ambos os sexos do município de Westfália – RS, procurando identificar as influências do gênero, da idade e sua interação nos níveis de flexibilidade. Além disso, esta investigação analisou os resultados tendo com base as tabelas normativas do PROESP – BR (GAYA & SILVA, 2007).

Metodologia

    Esta pesquisa constitui-se como experimental, com delineamento quase experimental, do tipo Ex Post Facto. A amostra foi composta por todos os 292 alunos matriculados no Ensino Fundamental do Município de Westfália, sendo 150 meninos (51,4%) e 142 meninas (48,6%) (Tabela 1). Para a mensuração da flexibilidade utilizou-se o teste de sentar e alcançar com banco segundo a padronização do PROESP – BR, com um aquecimento padrão de 10 minutos de duração (GAYA & SILVA, 2007). Os dados foram analisados com ajuda do programa estatístico SPSS versão 16.0 para Windows. A análise dos dados foi realizada com a estatística descritiva, o teste de Shapiro-Wilk, Teste de Levene e pela análise de variância. Em caso de diferenças significativas para os fatores “idade” e gênero e sua interação utilizou-se o teste de Tukey para a comparação entre os subgrupos. Neste estudo adotou-se o nível de significância de 5%.

Tabela 1. Descrição da amostra

Idade

Maculino

Feminino

Total

7 anos

9

18

27

8 anos

17

14

31

9 anos

18

19

37

10 anos

14

17

31

11 anos

19

14

33

12 anos

20

16

36

13 anos

17

19

36

14 anos

23

18

41

15 anos

13

7

20

TOTAL

150

142

292

Resultados e discussão

    Os resultados demonstraram não haver uma influência significativa para o fator gênero e sua interação com a idade (p > 0,05). Ao contrário, o fator idade influenciou significativamente os níveis de flexibilidade, sendo a média aos 8 anos (27,4± 5,4 cm) e aos 10 anos (26,8± 5,9 cm) significativamente maiores do que aos 13 anos (21,5± 8,3 cm) (p < 0,05), e somente a média aos 8 anos foi significativamente maior do que aos 15 anos (21,5± 9,0 cm) (p < 0,05).

    Nas TABELAS 2 e 3, a descrição das médias para o sexo masculino e feminino, os valores máximos, mínimos e o desvio padrão para cada idade.

Tabela 2. Sumário de medidas descritivas para o sexo masculino

 Idade

Média

Desvio padrão

Min.

Máx.

07 anos

26,389

5,51

18,5

33,5

08 anos

26,029

5,986

15

34

09 anos

24,889

5,723

13,5

33

10 anos

25,714

6,238

16

39,5

11 anos

22,368

6,98

11

34

12 anos

22,8

5,739

12,5

35,5

13 anos

18,941

7,178

5,5

31

14 anos

25,196

8,157

12,5

40

15 anos

20,692

9,15

6,5

33,5

 

Tabela 3. Sumário de medidas descritivas para o sexo feminino

 Idade

Média

Desvio padrão

Min.

Máx.

07 anos

26,472

5,521

16,5

35,5

08 anos

29,143

3,565

20

34

09 anos

26,132

6,815

8,5

36

10 anos

27,735

5,607

16

35

11 anos

24,214

4,949

14

33

12 anos

23,531

7,053

14,5

40,5

13 anos

23,737

8,73

8

39

14 anos

26,194

7,579

11

38,5

15 anos

23,143

9,245

9,5

37,5

    Embora o gênero não tenha influenciado significativamente os níveis de flexibilidade, seus níveis foram sempre maiores no gênero feminino (GRÁFICO 1). O desenvolvimento da flexibilidade nos 2 gêneros parece acontecer de forma semelhante, ou seja, níveis maiores entre 7 e 8 anos (meninos 26,3 cm, meninas 29,1 cm), decrescendo, com pequenas oscilações, até os 15 anos de idade (meninos 20,7 cm, meninas 23,1cm). Estes resultados contrariam em parte a tendência de aumento da flexibilidade como o aumento da idade expresso nas tabelas normativas do PROESP-BR (GAYA & SILVA, 2007). Neste sentido, constatou-se ainda que 63,4% dos meninos e 56,8% das meninas encontram-se abaixo dos valores considerados como “bom” (percentil 60%) pelo PROESP-BR. Entre 12 e 15 anos de idade em ambos os sexos situam-se o maior número de escolares que encontram-se abaixo do percentil 20% (24,1% meninas, 39,3% meninos), categorizado como muito fraco (risco á saúde) pelas mesmas tabelas.

Gráfico 1

    Na comparação das médias dos valores desta pesquisa com os resultados da pesquisa de GUEDES (1997) (GRÁFICO 2 e 3, respectivamente, sexo masculino e feminino), realizada em Londrina PR, observa-se que ambos os sexos de Westfália apresentam resultados próximos aos de Londrina dos 7 aos 10 anos. Entretanto, dos 11 aos 15 anos, os escolares de Westfália apresentam resultados inferiores, com um aumento da diferença das médias a cada ano, de forma geral.

Gráfico 2

Gráfico 3

Conclusão

    Esses achados sugerem uma maior atenção no desenvolvimento da flexibilidade durante a educação física escolar, pois um nível deficiente de flexibilidade pode comprometer a assimilação de hábitos motores. Essa insuficiência de mobilidade articular limita os níveis de força, velocidade e coordenação, provocando uma redução na economia e pode ser uma causa de ocorrência de lesões (PLATONOV, 2003).

Referências bibliográficas

  • GAYA, Adroaldo e SILVA, Gustavo. Projeto esporte brasil: manual de aplicação de medidas e testes, normas e critérios de avaliação. Porto Alegre. PROESP-BR: 2007.

  • GUEDES, Dartagnan Pinto. Crescimento, composição corporal e desempenho motor de crianças e adolescentes. São Paulo: CLR Balieiro, 1997.

  • GUEDIN, Karoliny Debiase, et. al. Flexibilidade de adolescentes do ensino médio da cidade de Florianópolis – SC. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde v. 12, n.2, 2007.

  • PLATONOV, Vladimir Nicolaievitch. A preparação física. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.

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