Análise da flexão da coluna durante a remada no surf | |||
*Licenciada em Educação Física Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC - Florianópolis **Acadêmico da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – Tubarão ***Prof. Ms. da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – Tubarão (Brasil) |
Amanda Guimarães da Cunha* Rallf Antônio Soares** Hudson Mafra Júnior*** |
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Resumo
Este estudo teve por objetivo analisar a flexão da coluna durante a
remada em atletas de surf profissionais. Participaram deste estudo 05
sujeitos, sendo 03 homens e 02 mulheres. O grupo apresentou média de
idade de 22,66±2,16 anos e tempo de prática de 10,5±1,97 anos. Para a
coleta de dados utilizou-se uma ficha de identificação, uma prancha,
para o registro dos dados uma ficha de scoult técnico individual
e duas filmadoras de 30 hz. A análise dos dados foi feita no programa
SPSS 10, através de estatística descritiva. Ao término deste trabalho
concluiu-se que todos os sujeitos analisados apresentaram uma flexão
excessiva da coluna, mantendo essa postura na maior parte do tempo, o que
pode vir a acarretar dores na região lombar e desencadear processos
lesivos nos discos intervertebrais.
Unitermos: Postura. Remada. Surf. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008 |
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Introdução
A flexão demasiada da coluna durante a remada, comumente adotada para a prática do surf, é um dos principais fatores causadores de dores na região torácica e lombar da coluna de surfistas. Esta flexão demasiada da coluna gera um desequilíbrio do centro de gravidade, gerando sobrecargas em regiões mais sensíveis como as vértebras.
Alguns estudos, como o de Steinman (2003) identificou, através de avaliações radiográficas e de ressonâncias magnéticas, que de 100 atletas analisados, em todos havia sinais evidentes de degeneração dos discos intervertebrais, artrose e eventualmente hérnias de disco. Estes fatores foram atribuído principalmente pela postura da coluna durante a remada.
Um outro estudo de Base et al (2008) identificou através de questionários 112 lesões em apenas 32 atletas profissionais de surf.
Além disso, ainda de acordo com este autor, atualmente o surfe tem um expressivo número de praticantes no Brasil, com aproximadamente 2,7 milhões de surfistas. A Associação Internacional de Surf estima o impressionante número de 17 milhões de praticantes distribuídos por mais de 70 países e sua indústria move cerca de 2,5 milhões de dólares anuais (Base et al, 2008). E mesmo com essa demanda há poucos estudos científicos na literatura que se preocupem em caracterizar este esporte bem como para prevenção de lesões.
Sendo assim, este estudo teve como objetivo geral analisar a flexão da coluna em surfistas profissionais durante a remada no surf. Mais especificamente objetivou-se: a) caracterizar os sujeitos em termos de idade, massa corporal (kg), estatura (m) e tempo de prática; b) verificar o nível de flexão da coluna durante a remada.
Material e método
Este estudo descritivo exploratório foi realizado na Academia Corpo e Arte de Imbituba, SC, Brasil.
Participaram deste estudo 05 indivíduos da cidade de Imbituba/SC, com média de idade de 22,66±2,16 anos e tempo de prática de 10,5±1,97 anos. Os sujeitos praticavam surf em média quatro vezes por semana, com uma duração média de treino de duas horas por sessão. Foram selecionados de forma intencional, sendo que para tal deveriam ter no mínimo três anos de prática.
Na coleta de dados utilizou-se uma ficha para identificação dos sujeitos, uma ficha de scoult técnico individual e duas câmeras de 30Hz para registro das imagens.
Inicialmente foi feito o contato com os sujeitos e assim feito o agendamento da coleta, a qual foi precedida das seguintes ações: preenchimento da ficha de identificação, aquisição das medidas antropométricas de massa e estatura e a explicação e demonstração da tarefa.
A coleta propriamente dita constou de dez minutos de remada para cada surfista individualmente dentro de uma piscina. Foram selecionados a postura inicial, aos dois minutos do teste e ao final dos dez minutos para identificar possíveis alterações temporais.
Para verificar o nível de flexão da coluna, utilizou-se o seguinte método de classificação: flexão pequena, caracterizada como uma discreta flexão da coluna, estando o peito em sua maior parte apoiado na prancha; flexão média, caracterizada como uma maior flexão da coluna, sendo que o peito ficaria em contato com a prancha na altura do processo xifóide; e a flexão alta como a perca de contato do peito com a prancha, estando o surfista apoiado nas últimas costelas ou além disso.
Após as filmagens, foram analisadas as imagens e os dados foram tratados mediante estatística descritiva: média () e desvio padrão, através do programa Excel 2000.
Resultados e discussão
Os resultados serão apresentados de acordo com os objetivos específicos do estudo. Sendo assim, no primeiro tópico será feita a caracterização do grupo em termos de idade, massa, estatura e tempo de prática, através da tabela 01, e no segundo tópico serão apresentadas as classificações de flexão da coluna ao longo do tempo, expostas na tabela 02.
Tabela 01. Caracterização dos grupos (média±desvio padrão)
Homens |
Mulheres |
|
Idade |
24±2 |
21,33±1,52 |
Tempo de Prática |
11,66±2,30 |
9,33±0,57 |
Massa (kg) |
73±2,5 |
59±3,5 |
Estatura (m) |
1,75±0,04 |
1,62±0,03 |
Analisando a tabela 01 acima, pode-se perceber que tanto os homens quanto as mulheres possuem tempos de prática equivalentes, considerando as diferenças de idade.
Em qualquer esporte saber as características antropométricas e morfológicas é fundamental para escolha de equipamentos e implementos. No surf esses indicadores são determinantes, pois é através destes que se dá a escolha da prancha e técnicas corretas, que vai influenciar diretamente a performance no mar.
A seguir serão apresentados os níveis de flexão da coluna, conforme exposto na tabela 02.
Tabela 02. Classificação dos níveis de flexão da coluna ao longo do tempo
Níveis de Flexão da Coluna |
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Início |
aos 2´ |
aos 5´ |
|
Suj. 01 |
Alta |
Alta |
Média |
Suj. 02 |
Alta |
Alta |
Alta |
Suj. 03 |
Alta |
Alta |
Média |
Suj. 04 |
Alta |
Média |
Média |
Suj. 05 |
Alta |
Média |
Média |
Observando a tabela 02 acima se pode perceber que todos os sujeitos iniciaram a remada com uma flexão alta da coluna.
A análise temporal demonstra que a maioria dos sujeitos permaneceu com uma flexão alta até a metade do teste, no entanto praticamente todos reduziram sua flexão no final, demonstrando cansaço e/ou fadiga da musculatura.
Para amenizar e prevenir os efeitos negativos que essa postura do surf pode acarretar, o atleta deve possuir um adequado fortalecimento da cintura pélvica, principalmente da região lombar e abdominal. Para isso é necessário o acompanhamento de uma equipe de profissionais, de áreas como educação física, fisioterapia e medicina para que esta prática não desencadeie processos lesivos nos atletas (STEINMAN, 2003; CUNHA, 2005).
Considerações finais
O surf é um esporte praticado por milhares de pessoas, tendo posturas características como o constante flexão da coluna que devem ser tratadas com atenção por professores, técnicos e até mesmo pelos próprios atletas a fim de amenizar os riscos de lesão e garantir uma melhor performance.
Referências bibliográficas
BASE, LUIZ HENRIQUE et al. Lesões em surfistas profissionais. Rev Bras Med Esporte, Ago 2007, vol.13, nº 4, p. 251-253.
CUNHA, FÁBIO DA SILVA; UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA. A importância do treinamento físico para a prática do surf competitivo. 2005. 55 f. Universidade do Estado de Santa Catarina.
STEINMAN, Joel. Surf & saúde. Florianópolis: Ed. do Autor, 2003. 528 p.
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