A produção de sentidos sobre jovens e juventudes | |||
Professora Pesquisadora da Feevale. Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGSMembro do Grupo de Pesquisa Educação, Cultura e Trabalho – Feevale e do Grupo de Estudos Gestão do Cuidado em Educação – UFRGS. |
Dinora Tereza Zucchetti (Brasil) |
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Resumo
Num recorte da investigação “A questão Social da Juventude de Novo
Hamburgo” este artigo reflete os sentidos atribuídos, por um jornal
local, aos jovens e as juventudes da cidade. Identificando notícias que
envolveram jovens de 15 a 24 anos e a temática da juventude, no final
dos anos noventa e no início do novo milênio, a pesquisa coletou dados
através de uma amostra procedendo, posteriormente, uma abordagem
teórico-metodológica de análise de discurso. De forma geral, os
resultados da pesquisa apontam à dimensão da realidade vivida pelos
jovens mais vulnerabilizados da cidade associando-os a idéia de problema
social. No entanto, sem que se opere a relevância social da
comunicação, o mass media pouco contribui no questionamento da
realidade a que são submetidos estes jovens, o que torna possível
verificar, entre outras coisas, o abandono a que têm sido submetidos por
parte da sociedade e do poder público.
Unitermos: Jovens. Juventudes.
Produção de sentidos. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008 |
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Introduzindo e contextualizando a pesquisa
Há um desassossego no ar! Afirma Santos (2005, p. 41) ao apontar o excesso de ocorrências de rupturas e de descontinuidades nos projetos de vida de sujeitos que acumulam experiências de riscos inseguráveis.
Há uma juventude que precisa ser desvelada no contexto de uma sociedade onde as catástrofes pessoais e ou coletivas tornam-se freqüentes! Sugere a autora deste artigo.
O cotidiano de jovens moradores das cidades tem sido permeado por situações concretas bem conhecidas da maioria da população urbana, mas que parecem incidir de forma ainda mais contundente sobre este grupo social. A falta de emprego, o problema do ingresso no Ensino Médio e Superior, a dificuldade de permanência no Ensino Fundamental, a violência, o consumo como forma de inclusão, o uso abusivo de drogas, a incerteza em relação ao tempo presente e muito especialmente ao futuro, são marcas juvenis na contemporaneidade.
Estas, entre outras questões, têm sido divulgadas pelas pesquisas realizadas, especialmente a partir da década de 90, do século passado, e que focam os jovens como sujeitos de investigação. Portanto, há uma realidade que se produz e reproduz e que é confirmada através de dados, estatísticas e estudos realizados por pesquisadores como: Spósito (2001, 2006), Dayrel (2007), Carrano (2003, 2007), entre outros.
Há, sem dúvida, um movimento aglutinador, mesmo que recente, em torno destas questões; e isto tem sido percebido não só pelas comunidades acadêmicas, através de suas pesquisas e de seus grupos de estudos. Comissões defensoras de direitos humanos, educadores, gestores de políticas públicas e os próprios jovens têm forjado reflexões que, em algumas situações, têm avançado no sentido de um debate mais amplo com o conjunto da sociedade. Não obstante, ainda são os processos de investigação científica que contribuem na tradução da realidade social e se constituem num valioso instrumento de interpretação das inúmeras significações sociais que o conjunto de uma sociedade tem dos grupos sobre os quais reflexiona, no caso, os jovens.
Embora o rigor observado em pesquisas que vem sendo realizadas, em especial no caso dos autores citados que bem dimensionam a complexidade da realidade e, por que não dizer, que traduzem o dilema vivido por grandes contingentes de jovens, temos observado que, muito frequentemente, a categoria juventude é tratada como se homogênea fosse. É emblemática a chamada de uma notícia datada de 04 de junho de 2004 e veiculada pelo Jornal Correio do Povo quando refere, no título, ‘A Periculosidade dos Jovens na Contemporaneidade’, firmando-se a idéia de um grupo que precisa ser contido!
No caso específico da pesquisa “A questão social da Juventude de Novo Hamburgo” que faz refletir dados apreendidos da mídia local, deseja-se verificar as interpretações sociais sobre os jovens e as juventudes, de Novo Hamburgo/RS1, que são produzidas por um jornal de circulação diário.
A escolha deste município como sede da investigação deveu-se a dois motivos: (1) trata-se da cidade onde está localizada a Instituição de Ensino Superior onde a autora deste artigo atua como professora pesquisadora e desenvolve projetos de extensão. Em especial, foram as atividades de extensão que lhe permitiu verificar a dramática situação em que vivem os jovens, especialmente, os menos privilegiados. Esta realidade também é reflexo de uma cidade que, nas últimas décadas, atraiu migrantes em busca de emprego o que produziu um incremento da população da periferia urbana. Este período também foi marcado por sucessivas crises no setor calçadista que motivou demissões em massa e o conseqüente empobrecimento da população, especialmente àquela de baixa qualificação que não tem sido reabsorvida em períodos de crescimento e certa estabilidade econômica proporcionada pelo incremento do setor de serviços, nos últimos anos; (2) como cidade que compõe a grande Porto Alegre foi possível comparar dados estatísticos de diferentes órgãos de pesquisa que analisam indicadores de escolarização, emprego, posição no domicilio, entre outros, o que torna crível afirmar que a realidade dos jovens da cidade é muito semelhante à vivida pelos demais sujeitos de idade semelhante, numa área significativa do Estado, a Região Metropolitana. Uma pesquisa sobre a realidade de jovens de Novo Hamburgo realizada pelo Centro de Pesquisa e Planejamento – CPP, da Feevale, em 2000, aproxima-se dos dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Porto Alegre – PDE-RMPA, para o mesmo período. (Ver Zucchetti, 2002).
A pesquisa, de caráter documental, tem como material empírico os registros jornalísticos do jornal citado. No que tange aos dados quantitativos, foram investigadas 318 edições num universo de 1826 periódicos, perfazendo uma amostra com 95% de confiabilidade e 5% de margem de erro. A coleta de dados foi realizada em 2004, no acervo da Biblioteca Pública Municipal de Nova Hamburgo, focando as notícias que retratam a realidade de jovens moradores da cidade, no período de 1998 a 2002. Foram utilizados como critérios para a seleção das notícias, a referência, em conjunto ou separadamente, (a) aos jovens moradores de Novo Hamburgo; (b) ter no título e/ou no texto as expressões jovens, juventude e/ou adolescência; (c) referir a idade de 15 a 24 anos.
Do ponto de vista metodológico, para a análise dos dados, optou-se por trabalhar a produção de sentidos a partir do enfoque da análise do discurso. Considerando-se que são os sentidos produzidos pelos discursos de um meio de comunicação que nos interessa, utilizamos a noção de discurso em Orlandi (1994, p. 29) para fundamentar a análise dos dados.
(...) a noção de discurso, que devolve à linguagem sua espessura material e ao sujeito sua contradição, coloca-se como historicamente necessária para o deslocamento dessas relações entre disciplinas e aponta para uma nova organização, novos recortes, novos desenhos de formas de conhecimento, se não se pensam mais essas regiões disciplinares (com seus ‘conteúdos’) mas um novo jogo entre as formas do saber.
É importante que se registre que o discurso é sempre o lugar do logos, mas também do phatos, isto é, um discurso produz sentidos enquanto conjunto complexo de elementos diversos em contínua transformação.
Esses sentidos discursivos, se podemos assim dizer, enfatizam a palavra, falam do cotidiano, trazem o imaginário, são múltiplos e têm em si a verdade e o equívoco; mas não são exclusivamente dados a partir do exterior e têm origem biológica, embora sejam materializados historicamente; são ricos em heterogeneidade, que diz da presença do Outro e, ao mesmo tempo em que são significados por essa presença, ressignificam-se, produzindo novas interpretações e novos sentidos.
No fio de um discurso produzido por um único locutor há um certo número de formas lingüísticas que podem ser apreendidas ao nível da frase ou do discurso que inscrevem na linearidade o outro (AUTHIER-REVUZ, 1997, p.1).
Assim, os discursos tecem a sentidos e se constituem num fazer metodológico.
Como pressuposto, as análises privilegiaram uma fenomenologia compreensiva, conforme Maffesoli (1996, p. 125 e 126)
A necessidade da contemplação, permitindo apreender a multiplicidade de sentidos de um mesmo objeto, seus ritmos variados, numa palavra, toda a concretude. Tal fenomenologia compreensiva é, sem dúvida, a melhor maneira de apreender o que eu chamo de respiração social, seu fundo contínuo, seus aspectos irruptivos e suas diversas intermitências. Além disso, a apresentação preocupando-se com a verdade, favorece o conhecimento, isto é aprende a ‘nascer com’ o que é observado (...).
Esta fenomenologia compreensiva que fundamenta a análise do discurso permite – extrapolando a materialidade do texto jornalístico e a lingüística como lugar de regularidades – procurar pela produção de novos sentidos ressignificados pelo próprio real (e sua complexidade) o que faz refletir o fato, o acontecimento e, ao mesmo tempo, estanhá-lo. A pesquisa passa, então, a ser um tempo/espaço de interpretação, entendida como um gesto de abertura e de dialógico. Seus achados ganham caráter de provisoriedade, probabilidade e de produção de ressignificações, uma vez que é próprio da interpretação a possibilidade de interrogar o presente, o concreto, o fenômeno; apresentando, também, a desordem dos acontecimentos.
A produção de sentidos sobre os jovens e as juventudes da cidade
Em primeiro lugar, as notícias identificadas dão a dimensão da importância do tempo presente, quer seja pela suas características de vincular informações a alguém, informações que são registradas imediatamente após o acontecimento, quer pela importância que o presente assume socialmente e muito especificamente, para os jovens, sujeitos e objetos das notícias. Esta prevalência do tempo presente na qual se inscreve a banalidade da vida cotidiana é chamada por Maffesoli de presenteísmo e é assim por ele definido:
Quer seja a televisão, o vídeotexto, a micro informática e outra telecópia, todos encurtam o tempo, aniquilam o futuro e são promotores de um instante eterno (...) de diversos modos, todos os objetos são contaminados por essa lógica comunicacional (idem p. 194).
O presenteismo pós-moderno pode representar, segundo Santos (op.cit.), um tempo pleno de provisoriedade e de pouca ou quase nula expectativa em relação ao futuro. Excessos de determinismos e de indeterminismos resultam no desassossego que paira no ar.
Esta idéia de um presente, sem passado e sem futuro, que firma conceitos e pré-conceitos talvez seja o que as notícias mais evidenciam sobre os jovens que insurgem, de imediato, como uma classe perigosa. Classe aqui apresentada nos dois sentidos da palavra, (a) como grupo sócio-etário delimitado e, (b) pertencentes a uma classe sócio-econômica desprivilegiada. A idéia de jovens como classe perigosa, produtores de desordem e violência é reforçada, também, pela sua ausência no mundo do trabalho, pela fragilidade dos vínculos familiares e pela sua presença nas instituições de assistência social, fatos esses ou ausentes das notícias ou reforçados pelo veículo de informação.
Segundo Marroco (2004, p. 17), os estudos historiográficos realizados por Chalhoub (1986) assinalam, desde há muito tempo, que os brasileiros consideraram os pobres e os delinqüentes como “classes perigosas”. Este autor, através de pesquisa nos Anais da Câmara de Deputados, de 1888, define que o termo “classes perigosas” era utilizado como sinônimo de “classes pobres”, estes sendo os que “sempre foram e serão a mais importante causa de todos os tipos de malfeitores” e, por isso, “motivo de terror” para a sociedade, pelo fato de viverem na pobreza, entregando-se ao vício e a ociosidade.
Passados séculos, os pobres, os negros, as mulheres, ainda são objeto de preconceito e discriminação, mas são os jovens, hoje, os que encarnam o imaginário social da periculosidade e, quando o jovem é pobre e negro sua presença é ainda mais temida.
Há uma regularidade insistente sobre a periculosidade dos jovens nas notícias veiculadas pelo jornal, sejam aquelas da Seção Policial ou, ainda outras, que tratam de temas específicos. Isto pode ser observado no gráfico abaixo que cita as principais Seções que compõe o periódico e identifica que 52% das notícias veiculadas sobre jovens e juventude estão na Policial.
Gráfico 1. Seção (editoria)
Gráfico construído com base em 331 observações.
As categorias com menos de 14 citações foram agrupadas em “Outros”.
A mesma relação é possível de verificação no Gráfico 2. O tema violência é o mais citado de um conjunto de termos que alude a presença do jovem na cidade.
Gráfico 2 . Tema da Matéria
A coleta de dados também considerou a importância dos títulos das notícias e quando essa busca é realizada agrupando-os por Seção, temos a utilização recorrente de expressões que remetem a intensidade e a gravidade com que os acontecimentos são noticiados. Na Seção Policial, os títulos das notícias apresentam expressões como: morte, tiroteio, uso de armas de fogo, assassinatos, roubos, assaltos, execução, espancamento, estupro, atropelamentos, seqüestros, entre outras, dimensionando os atos praticados e ou sofridos por jovens.
Destas notícias também foram extraídas falas que apontam pistas das formas de violência apresentada na referida Seção. Algumas delas são de familiares e/ou de pessoas que testemunharam os acontecimentos envolvendo jovens:
Um borracheiro que presenciou uma briga envolvendo um grupo de jovens na saída de um “bailão” e que resultou na morte de um dos envolvidos (17 anos) desabafou: “eram uns 20 ou 30. Tudo gurizada. Se agarraram a socos e pontapés, invadiram a pista e daí a pouco começaram os tiros. Até que acertaram o piá aqui na frente”. (03/11/1998)
Mistério na morte de pedreiro em Canudos é o título da matéria de 07/12/1998. A confirmação por familiares de que o jovem de 19 anos tinha envolvimento com furtos e roubos, veio com o mistério em torno de sua morte, amarrado em frente a sua casa, com um corte não muito profundo no pescoço. O pai, descartando suicídio, desabafou: “ninguém consegue se matar com as mãos amarradas para trás, não é”.
Outras falas são dos próprios jovens que refletem sobre os acontecimentos nos quais se vêem envolvidos, entre elas:
(a) Jovens de 19 e 21 anos são presos por tráfico de drogas e um deles desabafa “eu sabia do que se tratava, mas não precisava disso. Vivo bem, ganhei um carro do meu pai e agora arrisco puxar uns anos por uma rateada”. (23/06/98)
(b) Jovem de 20 anos foragido da Justiça foi preso no Bairro Canudos e diz “sou foragido, mas tudo o que acontece querem me empurrar”. (05/06/98)
Se, nos gráficos e nas falas pode-se relacionar o jovem a um sujeito que somente pratica a violência e, as chamadas dos títulos, em geral, de alguma forma reforçam esta tese, nos textos das notícias é possível observar que, em muitos dos casos, os jovens também são as vítimas dos acontecimentos. Desta forma, quando é procurada a posição do jovem na notícia para o tema violência, os indicadores mostram outra faceta da questão.
Gráfico 3. Posição do Jovem na Notícia
Gráfico construído com base em 167 observações, definido pelo filtro “Tema: violência”.
Assim, como autores (sujeitos de atos violentos) ou como vítimas (objetos desses atos) são os jovens os temas preferenciais das notícias que neste momento histórico estão sendo nomeados, descritos e até espetacularizados como sujeitos violentos. Aparecem como autores de uma violência que causa medo ao conjunto da sociedade e que é descrita e referendada pela mídia e seus meios de comunicação. É importante destacar ainda que, o conteúdo das notícias, em geral, é mais descritivo quando o jovem é autor do ato violento, como é possível verificar nos excertos acima. Quando ele é vítima, detalhes do fato como: risco a que foi exposto, procedimentos tomados, são pouco exaltados. A exceção é para os casos em que a jovem vítima pertence à elite da cidade. Nestes casos, embora se exponha de forma detalhada a situação, o anonimato é preservado.
Bauman (1999), ao repensar os processos da modernidade e, segundo ele, a centralidade do espaço na organização da sociedade, reflete sobre as suas novas conseqüências dos tempos pós-modernos. Para ele, a questão central está colocada na tentativa de trancafiar, confinar e delimitar os não globais em territórios locais que são nestes tempos/espaços da globalização, territórios de exclusão. O autor sugere que os jovens, em especial os não globais, por serem ruidosos passam a ser objeto de contenção.
No entanto, para além da dimensão geracional relativamente a violência há, também, as questões que envolvem a classe social. Conforme Arpini (2003, p. 37 e 38):
(...) este aspecto das diferenças sócio-econômicas acabou, historicamente, estabelecendo relações entre violência e pobreza, vadiagem e marginalidade, a partir de um processo acusatório e repressivo, por parte dos grupos dominantes, baseado numa relação simplista de causa e efeito que leva a obscurecer o entendimento que realmente se passa. Isto fez com que a violência passasse a ser vista como comportamento que decorre necessária e exclusivamente desse grupo social.
Independente das análises que se faça no sentido de buscar explicações para a situação é fato o crescimento da violência urbana. A Organização das Nações Unidas divulgou, em 2007, através do seu Relatório Global sobre Assentamentos Humanos – UN-habitat – que a criminalidade está aumentando nas cidades de todo o mundo e afeta mais da metade dos moradores das cidades urbanas dos países em desenvolvimento. As taxas de crimes aumentaram cerca de 30% entre 1980 e 2000 e a violência doméstica também em ascensão vitima crianças e mulheres, informa o Relatório (AGÊNCIA BRASIL).
A expressão ‘territórios de exclusão’ assinalada acima, também pode ser lida como territórios de excluídos, no sentido atribuído por Martins (1997, p.14), quando afirma que não existem excluídos por que não há nada fora da sociedade. Os excluídos são, segundo o autor, aqueles que estão incluídos de forma precária, periférica, a margem.
Não existe exclusão: existe contradição, existem vítimas de processos sociais, políticos e econômicos excludentes, existe o conflito pelo qual a vítima dos processos excludentes proclama o seu inconformismo seu mal-estar, sua revolta, sua força reinvindicativa, e sua reinvindicação corrosiva. Essas reações , porque não se trata de exclusão, não se dão fora dos sistemas econômicos e dos sistemas de poder. Elas constituem o imponderável de tais sistemas, fazem parte dele ainda que o negando. As reações não ocorrem de fora para dentro; elas ocorrem no interior da realidade problemática, ‘dentro’ da realidade que a produziu os problemas que as causa.
No entanto, se são os jovens os sujeitos que causam medo, também são eles que, muitas vezes, insurgem provocando reflexão em torno da mesma temática. Há jovens compositores que refletem em suas músicas a realidade das favelas e a vida vivida por crianças e jovens pobres. Também não é raro o engajamento deles e suas bandas, suas poesias, nas discussões que se realizam em espaços públicos: o Movimento Hip Hop, os Rappers, são exemplos. São, então, os mesmos jovens os quais, por vezes, sentem-se imobilizados pela crítica social que, por outras, provocam reflexões sociais importantes, tornado-se sujeitos tensionadores desta realidade.
Nesta perspectiva, em Balandier (1997) há estudos sobre a presença de figuras ordinárias a pronunciar a desordem. Entre elas, segundo o autor, estão as mulheres, os imigrantes, os filhos mais novos. Zucchetti (2002, p. 91), a partir dos seus estudos sobre jovens e aproximando-se do conceito de figuras ordinárias de Balandier, sugere que os jovens, pela sua trajetória histórica e realidade presente, também se constituem em figuras de desordem. “É pela coexistência do movimento e da ambivalência entre ordem e desordem, presente na história dos jovens, que se faz possível afirmar a juventude como figura de desordem”.
Balandier (op.cit. p. 207) também apresenta a violência como uma figura reveladora de desordem:
A violência pode tomar a forma de uma epidemia, de uma desordem contagiosa e dificilmente controlável, de uma doença da sociedade que aprisiona o indivíduo e, por extensão, a coletividade em um estado de insegurança. Nunca foi expulsa do horizonte humano. A violência está no começo...
Uma violência que, segundo Balandier (op.cit.), se traduz em insegurança coletiva e que, para além da manutenção das formas reconhecidas como violentas e suas representações através da figura do delinqüente, do criminoso, do rebelde, se atualiza e toma a coletividade. Nesta perspectiva, o “aprisionamento” dos sujeitos ditos violentos, isolando-os do convívio social pretende também isolar o problema da violência e do medo que geram. Talvez, por isso e em boa medida, se vêem publicadas matérias que tratam de Instituições e de sujeitos institucionalizados. Abrigos, projetos sócio educativos diversos têm destaque nas notícias sobre jovens e juventudes e apresentam-se como uma alternativa de proteção. No entanto, a tênue linha entre “proteger” e “restringir” não se faz clara nos textos.
Assim, a pecha, a pena e a reclusão têm sido apresentados como imperativos na contemporaneidade e a idéia de situação ilegal, isto é, de sujeitos em conflito com a lei, distingue os que são e os que não são transgressores, e isso, na pesquisa, é possível de localização geográfica. A conseqüência é uma determinação geográfica da violência relacionada à pobreza, o que pode ser observado quando as notícias da Seção Policial fazem referência aos bairros de origem dos “sujeitos violentos”. Ver o gráfico abaixo:
Gráfico 4 - Bairro
Gráfico construído com base em 98 observações. As categorias com menos de 10 citações foram agrupadas em “Outros”.
O número de citações (108) é superior ao número de observações devido às respostas múltiplas.
Os Bairros Canudos e Santo Afonso foram os mais citados na Seção Policial quando o tema é violência. Estes são os dois maiores bairros da cidade e os que têm, proporcionalmente, uma periferia mais empobrecida. Têm fama de bairros violentos e os moradores, em geral, são tratados como se violentos fossem. Referem dificuldade de conseguirem emprego e são objetos de preconceito de toda a ordem.
Segundo Bauman (op.cit. p. 134) há fatores que convergem para um efeito comum:
A identificação do crime com os ‘desclassificados’ (sempre locais) ou, o que vem dar praticamente no mesmo, a criminalização da pobreza. Os tipos mais comuns de criminosos na visão do público vêm quase sem exceção da ‘base’ da sociedade. Os guetos urbanos e as zonas proibidas são considerados áreas produtoras de crime e criminosos. E, ao contrário, as fontes de criminalidade (daquela criminalidade que realmente conta, vista como ameaça à segurança social) parecem ser inequivocadamente locais e localizada.
Também é possível identificar que, com relação à idade para o tema violência, os percentuais estão assim distribuídos: 21,4% têm idade de 15 a 17 anos, 31,6% de 18 a 20 anos e 41,9% de 21 a 24 anos. Estes indicadores permitem verificar que o aumento da idade deixa o jovem mais exposto à violência, o que nos permite refletir sobre:
a escola enquanto lugar de cuidado e as conseqüências do seu afastamento,
a falta do emprego e a ausência de políticas de geração de trabalho e renda,
a saída da casa dos pais e uma maior autonomia em relação a eles como questões que podem tornar o jovem ainda mais fragilizado em seu convívio social.
Dados como estes tensionam a publicização em torno da necessidade de políticas públicas para os jovens. No entanto, estas discussões ainda não se tornam ações propositivas com expressão social, uma vez que estão, ainda, posicionadas no âmbito das discussões ou quando se transformaram em ações concretas, têm uma abrangência ainda pouco significativa2. Também é possível aferir que a partir da busca de informações sobre programas sociais para jovens de Novo Hamburgo verificou-se que quanto mais elevada à idade do jovem, mais escassos são os investimentos, e raras as propostas de atenção de políticas públicas, chegando-se a quase inexistência de ações para jovens com mais de 18 anos, à exceção dos presídios.
A investigação em torno da idade dos jovens noticiados traz outros dados interessantes para a análise. Uma aproximação entre a idade dos jovens quando agrupados por temas noticiados demonstra algumas particularidades, entre elas:
O tema violência incide mais sobre jovens com maior faixa etária. São 73,5% as chamadas para jovens entre 18 e 24 anos. O roubo é noticiado em 100% entre os jovens na idade citada e o mesmo acontece para o tema aprisionamento, também com 100% das notícias nesta faixa etária. Para o tema educação, 31,9% dos jovens noticiados têm de 15 a 17 anos. O esporte e o lazer referem jovens de 15 a 17 anos na sua maioria, são 52,6% e 60,0%, respectivamente.
O Estatuto da Criança e Adolescentes, por exemplo, tem o jovem de 15 a 18 anos como o sujeito preferencial. Isto permite confirmar que embora a quase ausência de políticas públicas de proteção para a população jovem, as mesmas, quando existem, tratam de um grupo de jovens com menor faixa etária. E, embora o crescente alargamento do tempo da juventude verificado inclusive pelos sistemas oficiais de pesquisa, as políticas de proteção ainda não alcançam a realidade.
Retomando o editorial, a Seção onde aparece, em segundo lugar, o maior número de matérias catalogadas é a Geral (ver Gráfico 1) com 14,1%. Na seqüência vem Esporte e Especial com 9,1% e 5,4%. A Educação noticia apenas 1,8% das matérias.
Quando agrupamos os títulos das notícias por Seção, na Geral observamos a presença de assuntos sobre Instituições de proteção e festas. Nesta seção, os títulos apontam especialmente a presença de espaços de atendimento assistencial da juventude na cidade. As festas, entre tanto, focam os jovens de classes mais abastadas.
Na Seção Esporte, que noticia a vida de alguns jovens craques, basicamente há informações sobre as premiações alcançadas por jovens e por seus Clubes de Recreação. O que mais chama a atenção é o fato de que os jovens, ao serem noticiados nesta Seção, são identificados como jovens “hamburguenses”. Há uma descrição de origem que quer firmar uma identidade positiva e que por si só atribui sentido a uma juventude dourada, tal qual a historiografia fez com relação à categoria juventude (LEVI; SCHMITT, 1996 a, 1996 b).
Na Seção Especial, os títulos apontam para uma diversidade de assuntos que, no conjunto, tornam-se pouco expressivos.
Quando a Educação é o tema (ver Gráfico 2), ela é encontrada em 10% das notícias. Uma proporção significativamente menor do que o tema preferencial que é a violência, com 50,5%.
É interessante observar que a ênfase das notícias sobre jovens e juventude no tocante ao Tema Educação mantém certa regularidade e simetria de sentidos com as demais notícias veiculadas pelo jornal. Os jovens descritos, embora não nomeados desta forma pelo veículo de comunicação, poderiam ser definidos como em situação de vulnerabilidade social, uma vez que assim também são descritos os sujeitos usuários das políticas públicas. Aliás, a questão da violência e a definição do jovem como seu protagonista fez emergir, nos últimos anos, concepções como risco social, risco pessoal, em vulnerabilidade, entre outros3.
Nesta perspectiva, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é, sem dúvida, a questão mais publicizada pelo jornal, quando o tema trata de Educação. Esta política de escolarização, de caráter compensatório, destina-se aos que não tiveram acesso à educação na idade própria, no entanto, temos visto que a mesma, embora determinada constitucionalmente como direito, se (re)produz como uma atividade de segunda ordem que marca os que dela participam com a pecha da exclusão.
Sem que se desmereça a importância de resgate de cidadania e a proposta inclusiva definida pela EJA, a mesma precisa ser continuamente avaliada. Há um movimento de pouca positividade que tem provocado a migração de jovens de 14, 15, 16 anos, com baixa escolaridade fruto de constantes evasões da escola ou, principalmente, de sucessivas repetências que, apoiados pelos seus professores e demais profissionais da escola, têm feito a opção pela modalidade EJA para a continuidade dos seus estudos. Muito jovens com “problemas de comportamento”, leia-se indisciplina, têm, a convite da escola, feito essa “passagem”. Isso significa, para os jovens, a idéia de uma escolarização facilitada e realizada em menor tempo o que, sem dúvida, cai no gosto da juventude. A alteração do turno da escolar acontece quando o jovem passa para a modalidade EJA e ele passa a freqüentar a escola à noite. Até pouco tempo, o que fazia com que o jovem alterasse o turno escolar, do diurno para o noturno, era a possibilidade de ingresso no mundo do trabalho ou ao menos a expectativa dele. Mesmo naqueles casos em que o jovem tem defasagem idade/escolaridade o acesso à EJA nem sempre promove a escolarização, uma vez que, são poucas as iniciativas existentes na cidade que têm previsão de continuidade o que, segundo a coordenação do Projeto de Educação de Jovens e Adultos, da Feevale, reflete a realidade não só do município de Novo Hamburgo, mas de toda a região do Vale dos Sinos/RS. Para ela, os poderes executivos não têm feito investimentos nesta área e, embora reconheçam a necessidade de intervir, não aportam recursos nem financeiros e tão pouco de pessoal. Assim a experiência da escolarização de jovens e de adultos se reduz a alfabetização.
O jornal, no entanto, ao noticiar de forma tão intensa a necessidade de educar jovens e adultos, valorizando as iniciativas existentes produz sentidos e explicita a sua posição quanto às intervenções. Há um desejo explícito, por parte do jornal, em erradicar o analfabetismo, enfatiza a coordenadora da EJA, no entanto, esta modalidade de educação pouco tem contribuído para a inclusão social dos que dela participam, principalmente por que não se garante a continuidade dos níveis. Em síntese, o jovem pobre, de baixa escolaridade, que não tem acesso à rede regular de ensino para concluir o Ensino Fundamental, ao ingressar na EJA também tem frustrada a sua expectativa de ampliação da escolarização e de inclusão social. Assim, não se concretiza o que segundo Mühl (2004, p. 7) é o propósito desta modalidade de ensino:
(...) a educação de jovens e adultos deve ser um processo contínuo de formação que promova a integração social, a mobilização para a participação política e o envolvimento efetivo de todos os indivíduos na produção e no usufruto dos bens econômicos e culturais da nossa sociedade.
Quanto ao trabalho relacionado à juventude, ele é ainda menos relevante como tema noticiado, apenas 3,9% das notícias referem-se a ele (Ver gráfico nº2). Aparece nas Seções Social e Variedade e seu conteúdo é veiculado ressaltando-se as experiências bem sucedidas de alguns jovens, em especial, sua capacidade de gerir novos negócios. Reafirmam conceitos como iniciativa, protagonismo e empreendedorismo. Podemos pensar que a pouca expressão das notícias que tratam do tema trabalho não deixa de expressar a sua crise enquanto tradicional canal de integração social; no entanto, tal qual a educação, nas matérias referentes ao trabalho, é inexistente qualquer questionamento ou postura mais crítica com relação à situação dos jovens e seu direito de trabalhar. Sabe-se que experiências positivas de trabalho quando associadas à educação constituem-se em importantes recursos da cidadania.
Também é importante que se explicite que assuntos como esporte, lazer, música, participação política, são notícias quase inexistentes demonstrando que a cidade pouco se ocupa com questões que permitem aos jovens viver de forma mais digna a sua juventude, ao mesmo tempo em que, podem sugerir parcos investimentos em políticas públicas que ressaltam a cultura frente às tradicionais formas de inclusão social.
Considerações finais
Os sentidos sobre os jovens e a juventude produzidos pela mídia local referem à existência de uma juventude ruidosa interpretada como problema social. As notícias evidenciam um recorte de classe social que explicita, de forma preconceituosa, que jovens pobres, moradores da periferia urbana, usuários de políticas públicas que pelo simples acesso aos recursos das políticas sociais (leia-se recursos da cidadania) passam a ser objeto de desconfiança. Considerados como estranhos, no sentido atribuído por Bauman (1998) busca-se a sua rejeição na perspectiva de uma pureza pós-moderna.
Todas essas questões nos permitem afirmar que os discursos da imprensa submetem autoritariamente o movimento de um grupo bastante expressivo de jovens da cidade e, ao mesmo tempo, refletem, num tempo cronologicamente datado, concepções sobre jovens e juventudes. Concepções essas que, por sua vez, também sugerem a posição do poder público diante de uma parcela de seus cidadãos. A quase inexistência de políticas públicas na cidade, pensadas e gestadas no âmbito do município, a falta de posição institucional frente aos jovens com mais de 18 anos (idade em que cessa a proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente) não deixa de refletir o resultado da pesquisa ora apresentada.
As ações e os projetos voltados aos jovens e capturados nas notícias do jornal demonstram intervenções pontuais, normalmente realizadas pela sociedade civil organizada e, quase que exclusivamente, orientadas a uma faixa etária que poderia ser nomeada de jovens adolescentes, constituindo-se esta fase como aquela que inaugura o tempo da juventude (MELLUCI, 1997). E, mesmo que a pesquisa analise as notícias dos dois últimos anos da década de 1990 e os dois primeiros do novo milênio, tempo em que de forma geral vimos avançar os estudos sobre a juventude, somente tem sido possível verificar alguma qualificação destas discussões e a conseqüente implantação de políticas públicas, nos últimos quatro anos. É, em especial, a partir de iniciativas do governo federal brasileiro, ainda que num movimento tímido quanto à oferta de projetos e ações voltadas aos jovens, que temos visto repercussões positivas sobre os municípios. Desta forma, e enquanto as políticas sociais permanecerem pouco expressivas em relação aos recursos disponíveis a ao número de sujeitos atendidos conviveremos com a permanência do conceito de juventude associado à idéia de problema social. Os dados e as análises realizadas pela pesquisa apontam para esta dimensão.
Há também associada à idéia do jovem como problema social um movimento em torno da localização geográfica destes jovens. Em tempos de globalização, de extraterritorialidade, os jovens ditos violentos são territoriais.
Da mesma forma, percebe-se um reforço ao conceito de “exclusão”, marcando os que estão “de fora”, em oposição aos que estão “incluídos”. Desta forma, se do ponto de vista teórico Martins (1997) nos ajuda a desfazer os equívocos em torno da impossibilidade do conceito de exclusão; na vida vivida, os jovens têm experimentado formas de inclusão deficitária, periférica, marginal. Os indicadores de acesso ao mercado de trabalho, Ensino Médio e Superior, são marcas de uma inclusão que parece ser mais discursiva do que fato.
Retomando a questão central deste texto, qual seja, a associação realizada pela mídia, entre a juventude pobre do ponto de vista sócio-econômico e a violência urbana, sequer considera-se nas notícias veiculadas, as crescentes condições de incivilidade da vida na cidade produzidas, especialmente, pela crise do capitalismo. No limite disto e como conseqüência da crise social do capital, a periferia, o espaço local, as relações de vizinhança e seus fortes elementos identitários, quando têm reforçados seus aspectos negativos (quer pelo excesso de faltas: trabalho, transporte, espaços culturais, etc., quer pelos seus estigmas: a violência, por exemplo), passam a produzir, para os jovens, sentidos de confinamento, de não desejo e a certeza de escassas oportunidades positivas.
Nesta perspectiva, sem que se opere a relevância social da comunicação, o jornal pouco auxilia no sentido de questionar a realidade a que são submetidos setores da sociedade e, de forma específica, os jovens, o que torna possível verificar o abandono a quem têm sido submetidos por parte da sociedade e do poder público. Ao mesmo tempo, o mass mídia forma opinião sobre os jovens, especialmente os mais vulnerabilizados socialmente e, desta forma, contribui para que sua situação social se mantenha inalterada.
No entanto, mesmo que os jovens sejam visibilizados pela mídia como problema social é através de seus modos de resistir – da sua cultura reforçada pela importância de estar junto afetivo, seus rituais cambiantes, dos questionamentos que produzem em torno das certezas sociais e das instituições e seus saberes – que eles dão visibilidade à crueldade do mundo, às incertezas, às contradições.
Desta forma, os jovens podem oportunizar ao conjunto da população a possibilidade de enxergar uma sociedade onde os “de dentro e os de fora” são inseparáveis e sofrem o tempo todo as ações de uns sobre os outros. Isto porque estamos, todos, imersos em uma mesma realidade. Os jovens, neste cenário, aparecem como uma metáfora do social! Há de se produzir sensibilidades para problematizar os fatos.
Notas
Dados da contagem da população realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE informam que, em 2007, eram 253.067 os habitantes da cidade. Novo Hamburgo compõe a Região Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e constitui-se num importante centro do Vale do Rio do Sinos conhecida internacionalmente como região produtora de couro e de calçados.
O Programa Nacional da Juventude, no ano de 2007, totalizou 467 mil jovens atendidos. Destes, 112 mil estiveram vinculados ao projeto Agente Jovem voltado à faixa etária de 15 a 17 anos. O Pro Jovem que atende os de 18 a 29 anos totalizou, no mesmo ano, 350 mil atendimentos. Considerando-se que a idade em questão (15 a 29 anos) representa em torno de 25% da população brasileira o número de jovens que receberam bolsa auxilio, formação e apoio no contra turno da escola, não ultrapassou o dígito de 1% . Indicador este nos permite refletir sobre a eficácia de tais ações. Outros dados referentes aos programas mencionados podem ser acessados em http://www.projovem.gov.br.
O uso da expressão vulnerabilidade social tem sido utilizada com sentidos muito diversos, mas geralmente define grupos e/ou sujeitos em situação de desvantagem social. No entanto, pouco se tem discutido que a expressão vulnerabilidade é uma categoria que questiona o conjunto da sociedade. Por vivermos em relação, ficamos todos vulneráveis à crescente falta de cuidado a que os jovens têm sido submetidos. Sobre o uso indiscriminado da categoria risco social e pessoal e vulnerabilidade social ver Zucchetti (2002).
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digital · Año 13 · N° 123 | Buenos Aires,
Agosto de 2008 |