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Análise da composição corporal e do
VO2máx. de atletas profissionais de futebol

   
Docente do Instituto de Ensino Superior da Funlec - IESF.
Técnico da Escola de Saúde Pública "Dr. Jorge David Nasser" - ESP/SES/MS.
Campo Grande-MS.
 
 
Joel Saraiva Ferreira
joelsaraiva@bol.com.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
     Com o objetivo de identificar o percentual de gordura corporal e o VO2máx de atletas profissionais de um clube de futebol da cidade de Campo Grande-MS (Brasil), realizou-se esta pesquisa com 30 indivíduos na faixa etária de 20 e 35 anos. Verificou-se o percentual de gordura corporal dos atletas com o uso da técnica antropométrica de medida de dobras cutâneas e a aptidão cardiorrespiratória foi medida pelo VO2 max, obtido no teste de 1,5 milha. Os resultados indicaram que ambas as variáveis mensuradas nos atletas apresentam-se dentro de uma faixa aceitável (Percentual de gordura: 7,7 ± 2,7 e VO2 max: 58 ml/kg/min ± 2,9). Ao final da pesquisa concluiu-se que os indivíduos pesquisados não apresentam a composição corporal e aptidão cardiorrespiratória como fatores deficientes, pois os valores obtidos foram satisfatórios para a referida modalidade.
    Unitermos: Futebol. Composição corporal. Capacidade aeróbica. Atletas.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 122 - Julio de 2008

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Introdução

    O treinamento desportivo em geral atingiu níveis bastante elevados, graças às pesquisas realizadas nessa área, para a qual o melhor desempenho atlético é buscado constantemente, sendo que as pesquisas desenvolvidas especificamente com atletas contribuíram de maneira significativa para tal melhora (SAFRIT, 1981). Em estudos de tal natureza, o pesquisador pode utilizar-se de métodos laboratoriais ou de testes com menor sofisticação tecnológica, dependendo da população a quem se aplica à pesquisa, bem como dos mecanismos disponíveis ao profissional que realiza o estudo.

    Tratando-se de estudos que envolvem atletas da modalidade futebol, sabe-se que nestes indivíduos a capacidade aeróbica é bastante exigida durante o desenvolvimento de um jogo. Desta forma, os sistemas cardiovascular e respiratório são utilizados por um período relativamente longo, com intensidade moderada, o que caracteriza uma síntese energética através do sistema oxidativo (WILMORE e COSTILL, 1994).

    Além disso, cada modalidade exige um tipo físico de seus atletas, que atenda as características morfológicas específicas daquele esporte (ALWAY, 1988). Com o futebol não é diferente, uma vez que indivíduos com um alto percentual de gordura, possivelmente teriam dificuldades em desempenhar as tarefas motoras exigidas num jogo.

    Entretanto, os dados obtidos com essa população ainda são pouco divulgados em comunicações científicas, servindo basicamente para o controle interno da equipe, em relação aos aspectos avaliados. Mais especificamente no Estado de Mato Grosso do Sul, não foram encontradas publicações de pesquisas envolvendo atletas da modalidade futebol. Com isso, observa-se um campo a ser explorado, possibilitando não só a melhora no desempenho desses atletas com o uso dos resultados obtidos para a prescrição adequada dos treinamentos, bem como a formação de novos pesquisadores na área de Educação Física.


Materiais e métodos

    Para a realização do estudo, utilizou-se uma amostra de 30 atletas profissionais de futebol, na faixa etária de 20 a 35 anos, de um clube com sede na cidade de Campo Grande-MS, Brasil. Para a determinação da composição corporal, utilizou-se o método antropométrico de dobras cutâneas, de acordo com o protocolo de Jackson e Pollock (1985) utilizando três dobras, sendo estas: tórax, abdômen e coxa. Já para a determinação do VO2máx, utilizou-se o teste de 1,5 milha (COOPER, 1982), o qual foi realizado em uma pista de atletismo com 400 metros e os atletas divididos em grupos com 6 indivíduos, de acordo com as diretrizes do American College of Sports Medicine - ACSM (ACSM, 1991).

    Posteriormente, utilizou-se o programa estatístico BioEstat 3.0 para determinar a estatística descritiva do grupo estudado, com a apresentação dos dados referentes à média, desvio padrão, coeficiente de variação, valor mínimo e valor máximo de cada variável mensurada.


Apresentação e discussão dos resultados

    Os dados obtidos neste estudo são apresentados na Tabela 1, descrevendo os valores das variáveis analisadas nos atletas profissionais de futebol.

    Nota-se que a média do percentual de gordura encontrada na pesquisa (7,7%) é, isoladamente, um valor adequado para a modalidade e a situação dos indivíduos testados, pois trata-se de atletas. Além disso, o valor é bastante parecido com aqueles obtidos por Monteiro et al. (1996) ao avaliar atletas da seleção brasileira de futebol, utilizando o mesmo protocolo. Na ocasião, os pesquisadores obtiveram valores que variaram de 6,8% a 8,8%, conforme a posição de jogo dos atletas. Contudo, neste estudo realizado com atletas de Campo Grande (MS), a variação foi maior, pois os valores oscilaram entre 4,2% e 16,2%, o que é representado por um desvio padrão elevado no grupo.

    O valor médio do VO2máx (58 ml/kg/min) também está num parâmetro bastante elevado, quando comparado aos valores sugeridos por Cooper (1982), que são de 46,5 ml/kg/min e 45 ml/kg/min, para as faixas etárias de 20 a 29 anos e 30 a 39 anos, respectivamente. Isso demonstra a boa aptidão física dos atletas nesse aspecto, o que é essencial para o desenvolvimento da modalidade praticada por tais indivíduos.

    Além disso, o grupo demonstrou estar mais homogêneo na variável relacionada à aptidão cardiorrespiratória, do que no percentual de gordura, já que o coeficiente de variação foi claramente superior nesta última variável.


Conclusão

    Conclui-se que em relação aos aspectos avaliados neste estudo, os atletas pesquisados apresentam-se com níveis adequados, indicando que, possivelmente, o desempenho desta equipe de futebol de Campo Grande (MS), em competições de nível nacional, não está sendo melhor devido a outros fatores, diferentes da composição corporal e da aptidão cardiorrespiratória dos atletas.

    Cabe a outros pesquisadores tentarem identificar os fatores que possam estar interferindo negativamente no desempenho atlético dessa modalidade no grupo estudado ou, ainda, de forma mais ampla, no Estado de Mato Grosso do Sul.


Referências

  • ALWAY, W. A. Functional and structural adaptations in skeletal muscle of trained athletes. Journal of Applied Physiology. v.64, p.1114-1120, 1988.

  • AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE - ACSM. Guidelines for exercise testing and prescription. 4th ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1991.

  • COOPER, K. O programa aeróbico para o bem estar total. Rio de Janeiro: Nórdica, 1982.

  • JACKSON, N. L. e POLLOCK, M. L. Assessment of body composition. Physical Sportsmedicine. v.13, p.76-90, 1985.

  • MONTEIRO, W.; AMORIM, P.; SOARES, M.; JUNIOR, P.; SILVA, S. Características antropométricas da seleção brasileira de futebol de campo tetra campeã mundial. Anais do XIX Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, São Paulo. p.71, 1996.

  • SAFRIT, M. J. Evaluation in physical education. 2th ed. New Jersey: Pretence-Hall, 1981.

  • WILMORE, J. H. e COSTILL, D. L. Physiology of sports and exercise. Champaign: Human Kinetics, 1994.

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