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Introdução

    Atividade Física é definida, segundo Caspersen (1985) como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso. A atividade física oferece a possibilidade de agregação de varias modalidades de ação: esportivas, recreativas, culturais ou de lazer, desde que favoreça na sua execução, uma movimentação corporal (FREIRE, 1983). Entre as diversas categorias de atividade física, cabe mencionar os esportes formais e não formais, os esportes aquáticos, aéreos e terrestres, as caminhadas, as danças, os jogos, as brincadeiras e os folguedos, entre outros (LAKATUS, 1991). Segundo Bracht (1992), a atividade física, além de ser importante fator de saúde, é fonte de lazer, de equilíbrio, e de motivação para a vida, assim como é fator fundamental para a socialização. O exercício físico presta-se também como poderoso aliado à juventude, sendo considerado como uma importante fonte de prevenção. Atividade física regular, alimentação balanceada, o não uso de fumo e do álcool são os principais "segredos da fonte da juventude".

    A atividade física desempenha um papel importante na tomada de atitudes, pois esta contribui para o principio educativo, de prevenção e reeducação, por princípios que se operacionalizam pelo constante esforço criativo estratégico em relacionar o trabalho corporal com as atividades o cotidiano, ou seja, relação consciente e voluntária daquilo que se aprende nos encontros monitorados com situações reais da vida do cotidiano (MANUAL DO PROGRAMA AGITA SÃO PAULO, 1998).

    Segundo o Programa agita São Paulo, a atividade física ajuda a construir e manter ossos, músculos e articulações saudáveis. Desenvolvendo, seres humanos ativos promovendo ainda o controle de peso; pressão arterial; melhoria do bem estar psicológico; aumento do desempenho escolar; melhoria considerável nos relacionamentos com os pais, relacionamentos sociais e com os amigos. É oportuno salientar que a prática da atividade física é importante ao longo da vida, embora as razões para o envolvimento, variem para os diferentes estágios desta.

    De acordo com o World Fórum on Activity and Sport (1995) pode-se verificar-se que:

    Na infância (5-12 anos) é preciso conscientizar, investir e encorajar crianças e adolescentes a se engajarem em atividades físicas regulares ajudando-os a estabelecer bons hábitos, a evitar o tabagismo e o uso de drogas. A melhoria da auto-imagem e o alivio do tédio, produzidos pela atividade física contribuem para um melhor desempenho escolar.

    Aos adolescentes (13-19 anos) recomenda-se que estes continuem a participar das atividades físicas com maior intensidade que aquela da infância, pois existe uma maior tendência à redução dos riscos de doença à medida que o individuo torna-se adulto. É importante ressaltar que a prática da atividade física nesse estagio pode evitar ganho de peso excessivo.

    Na vida adulta (20-65 anos), os benefícios do exercício físico sobre a saúde se tornam mais evidente e proporcionam um controle em longo prazo para obesidade moderada.

    A atividade física é potencialmente benéfica, mas existem riscos consideráveis para a prática de atividades exageradas e sem orientação, assim como o sedentarismo é sem duvida bastante prejudicial à saúde (BANKOFF & ZAMAI, 1999). De acordo com Marcelino (1985), a saúde não pode der considerada simplesmente como um estado. Ela é um processo de continua mudança e de desenvolvimento. Sendo assim, o individuo deve conservar suas energias da melhor maneira possível e procurar ajustar - se as mudanças e perdas decorrentes e este processo evolutivo.

    Em síntese, a atividade física revela-se como emancipadora oferecendo um sentido para o tempo livre, criando uma opção de autonomia no contexto do lazer, enfim, uma reação individual ou grupal contra o conformismo e a repressão do atual estilo de vida (SNYDERS, 1988). Em face de esta constatação relativa à Atividade Física e a Saúde se estabelecem como objetivo de estudo: Verificar qual o conhecimento do tema atividade física e saúde de professores de Educação Física e qual a importância dada ao tema em sua práxis pedagógica.

Metodologia

    Fizeram parte da amostra sete professores de Educação Física de Escolas Estaduais e Municipais da Cidade de Nova Palma, sendo dois professores do sexo masculino e cinco professores do sexo feminino. A faixa etária dos professores varia de 25 - 47 anos e o tempo de experiência profissional varia entre 2 - 27 anos. Dos sete professores, dois possuem Curso de especialização e cinco possuem apenas a graduação em Educação Física. Como instrumento de coleta dos dados, foi desenvolvido um questionário com perguntas abertas e fechadas sobre o tema atividade física e saúde. O questionário foi respondido individualmente, e entregue no mesmo dia para a pesquisadora. Para a análise dos dados utilizou-se a análise de conteúdo com base em Bauer (2003); Kude (1997); Bardin (1991).

Resultados e discussões

    O objetivo deste estudo foi abordar questões referentes ao tema Atividade Física e Saúde bem como verificar o nível de conhecimento dos professores de Educação Física sobre o tema abordado e a importância dada sobre o tema atividade física e saúde no contexto escolar de profissionais que atuam na área da educação, dando ênfase especial aos professores de Educação Física que atuam em diversas escolas do município de Nova Palma.

O que pensam os professores de Educação Física sobre atividade física

    Quando questionados sobre o conhecimento do tema "atividade física" podemos observar que 3 dos professores responderam que é todo movimento que é exercido pelo corpo humano que resulta num gasto energético acima dos níveis de repouso; 2 responderam que é todo movimento que é exercido pelo corpo com um objetivo de liberdade do homem sobre a inércia e os outros fizeram suas considerações diversificadas um respondeu que é quando o corpo esta em movimento gastando calorias e o outro que é uma atividade que envolve ações de um indivíduo através de movimentos corporais

    Os resultados indicaram que o entendimento de atividade física pelos professores sujeitos da pesquisa está de acordo com os conceitos encontrados na literatura, onde é destacado que a atividade física resulta de um comportamento inerente à natureza humana, onde as formas mais simples de atividade físicas são a dança, locomoção, atividades domésticas, exercícios físicos e atividades de lazer, relacionadas intimamente com a aptidão física, que é um construto multidimensional, que inclui um conjunto de características possuídas ou adquiridas por um indivíduo e que estão relacionadas com a capacidade de realizar atividades físicas (CASPERSEN et al.1985; CARVALHO, 1995). Entende-se que a relação atividade física e saúde não é somente a ausência de doenças, mas uma condição multidimensional, avaliada numa escala continua resultante da complexa interação de fatores hereditários, ambientais e do estilo de vida (BOUCAHD et. al.1993; GRANDE, 1991).

    De acordo com os resultados obtidos, verifica-se o interesse por parte da população pesquisada em disseminar o tema atividade física e saúde no contexto escolar. É o que foi revelado no relato dos professores quando questionados sobre a importância e relevância das discussões do presente tema com os alunos.

Importância que os professores de Educação Física atribuem ao tema atividade física e saúde no contexto escolar

    Os professores participantes da pesquisa foram unânimes em consideram que é importante à discussão no contexto escolar do tema atividade física e saúde, pois o entendimento desses favorece positivamente o bem estar e a adoção de um estilo de vida ativo por parte dos alunos; ajuda na prevenção de doenças; alerta ao aluno sobre algumas patologias como é o caso do sedentarismo o que em conseqüência leva a obesidade. Dos sete professores, sujeitos da pesquisa, seis deles salientaram que a prática de toda e qualquer atividade física seja liberada por um profissional da saúde e que a orientação destas atividades sejam conduzida por um profissional da Educação Física e uma deles concluiu dizendo que a Educação Física de qualidade desenvolvida no contexto escolar é fundamental para o desenvolvimento integral dos alunos, alem de favorecer um mundo de descobertas corporais ao aluno, proporciona beleza e leveza aos movimentos corporais e desperta e motiva o aluno para a aquisição de um modelo ativo de vida ao longo de sua existência, ganhando com isso mais qualidade de vida e em conseqüência saúde.

    Os resultados encontrados corroboram com a literatura especializada onde dizem que a atividade física habitual é um comportamento de grande importância para a promoção de um estilo de vida saudável, tanto na infância e juventude quanto na idade adulta (LEON et al. 1987, MCCLAREN et al. 1995, PATE et al. 1995).

    O estudo demonstrou que crianças com um estilo de vida mais sedentário se tornarão adultos sedentários (BLAIR & CONNELLY, 1996). Os estudos de Niemam (1999) corroboram com os benefícios relatados pelos professores, pois segundo o autor a atividade física regular melhora a saúde das pessoas nos seguintes aspectos: reduz o risco de morte prematura; reduz o risco de morte por doenças cardíacas; reduz o risco de desenvolvimento de diabetes; auxilia a regular a pressão arterial; reduz sentimentos de depressão e angústia; auxilia no controle do peso; auxilia na construção de músculos e ossos entre outros.

Considerações finais

    Com a realização deste estudo infere-se que:

• É relevante a discussão do tema atividade física e saúde com os alunos, professores e a comunidade em geral, mostrando a importância de se adotar e manter um estilo de vida ativo desde cedo e mantê-lo com o avançar da idade;
  
  

• Tanto nas escolas quanto nas universidades, há necessidade de discussões, objetivando a conscientização das crianças, adolescentes, e adultos de como, onde e por que devem praticar atividades físicas regulares diariamente, salientando que é oportuno desenvolver um trabalho de esclarecimento e com a orientação de um profissional qualificado, como é o caso do professor de educação física, quanto aos fatores de risco e as doenças crônico- degenerativas não transmissíveis;
  
  

• Haja intervenções junto aos órgãos competentes para que haja um maior empenho das autoridades educacionais com a inclusão desta temática no conteúdo programático do componente curricular educação física, onde possa discutir e conscientizar os educadores e os educandos, visando obter inclusive uma redução nos gastos com a saúde publica no Brasil, bem como a melhora no estilo de vida.

    Cabe ainda salientar que as escolas podem e devem ser também, instituições promotoras de "educação para a saúde", além do cunho pedagógico que é de fundamental importância no processo de desenvolvimento de nossos alunos. Procurando projetar e cumprir critérios direcionados a construção e ampliação de conhecimentos dos educando, objetivando:

• Promover diariamente a auto-estima, o senso critico, o senso de responsabilidade e a autonomia dos alunos;
  
  

• Promover um bom relacionamento entre os alunos e entre estes e o pessoal docente e funcionários;
  
  

• Proporcionar desafios estimulantes para os alunos, através de um leque diversificado de atividades;
  
  

• Estabelecer um bom relacionamento com a família e estruturas da comunidade constituindo - se como recurso de promoção da saúde em nível local;
  
  

• Promover ativamente a saúde e o bem estar da comunidade escolar;
  
  

• Levar em consideração o papel dos professores, em especial do professor de educação física, enquanto modelo significativo para aos alunos no que se refere aos comportamentos relacionados com a saúde do escolar.

    Diante destas explanações e dos dados apresentados, acredito que este trabalho venha contribuir com os professores da área, bem como alertar outros profissionais que desempenham cargos representativos nas escolas, a fim de que estes se conscientizem da importância destas abordagens e que permita aos profissionais interessados em desenvolver trabalhos mais amplos, discutindo e conscientizando sobre os benefícios da pratica da atividade física regular em todas as instancias, objetivando promover uma melhor qualidade de vida na população, com especial atenção as crianças e adolescentes escolares.

    Para tanto, é preciso que as instituições de conhecimento e de formação refletirem e trabalharem os conteúdos dos projetos pedagógicos apresentados e ministrados nas aulas durante a formação, assim teremos novos professores de Educação Física, cujas características estarão voltadas para o compromisso do educar objetivando formar o profissional critico e responsável com o saber integrado, a fim de mudar cada vez mais a realidade educacional brasileira.

Referências bibliograficas

• BANKOFF & ZAMAI, C. A. Estudo do perfil dos professores do ensino fundamental do estado de São Paulo sobre o conhecimento do tema atividade física e saúde. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde. Londrina, v.4, n.3, 1999.

• BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: edições 70, 1991.

• BAUER, M. W. Análise de Conteúdo Clássica. IN: Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som: um manual prático. Trad. Pedrinho Guareschi. Petrópolis: Vozes, 2003.

• BLAIR, S N.et of. How much physical activity is good for health? Annu, Rev. Public. Health. Dallas 13, 1992.

• BRACHT ,W. Educação física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992

• CARVALHO, T. Atividade física e Saúde: Orientações básicas sobre Atividade Física e Saúde para profissionais da área de educação e saúde. Brasília: Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Ministério da Educação e do Desporto, 1995.

• CASPERSEN, C. J. MATHHEW, M. Z. Physical activity, exercise, and physical fitness: definitions and distinction for health- relates research. Public health Reports. Rockville, v. 100. n.2, p.172-9, 1985.

• FREIRE, P. Educação e Mudança. 7 edição .Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1983.

• GUEDES, D. P, GUEDES, J.E.P.P. Implementação de programas de educação escolares direcionadas a promoção da saúde. Revista Brasileira Saúde Escolar, v. 3, n1-4, Londrinas, 1994.

• LAKATUS, E. M, MARCONT, M. A. Fundamentos de metodologia científica; 3 ed. São Paulo: Atala, 1991.

• LEON, A.S. CONNET, J. JACOBS, J.R. Leisure-time physical activity levels and risk of coronary heart disease and death. The Multiple risk factor intervention trial. JAMA, vol. 258, pag. 2388 - 2395, 1987.

• KUDE, V. M. M. Como se faz análise de dados na pesquisa qualitativa em Psicologia. PSICO. Porto Alegre, v. 28, n,.2, p. 183-202, jul/dez, 1997.

• MANUAL DO PROGRAMA AGITA SÃO PAULO: CELAFISCS, 1998.

• MARCELINO ,W .C. Lazer e Humanização. Campinas: Papiries, 1985.

• NIEMAN ,D. C. Exercício e Saúde. Como se prevenir doenças usando o exercício como seu rendimento. São Paulo: Manole, 1999.

• PATE, R.R. PFEIFFER, K.A. TROST,S.G. ZIEGLER, P. DOWDA,M. Physical activity among children attending preschools. Pediatric, vol. 114, n. 5, pag. 1258 - 1263, 2004.

• SNYDERS G. A alegria na Escola . São Paulo: Manole ,1988.

• WORLD FORUM ON PHYSICAL ACTIVITY AND SPORT. A Atividade Física, Saúde e Bem estar. Quebec, UNESCO, CIO\IOC, OMS\WHO, WFSGI, 1995.

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