A percepção de profissionais e
acadêmicos The perception of health courses professionals and scholars in the multi-disciplinary practice |
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Centro Universitário Feevale (Brasil) |
Elisa Haberland Jacinta Sidegum Renner João Carlos Jaccottet Piccoli |
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Resumo
Tendo em vista o cenário atual, tanto no âmbito da formação
profissional, quanto na atuação dos profissionais da área da saúde,
muito se discute a questão da intervenção multidisciplinar, no
entanto, na maioria dos casos, esta permanece apenas na esfera da
discussão sem aplicação efetiva destes princípios. Para elucidar
algumas questões relacionadas à intervenção multidisciplinar na área
da saúde, esta pesquisa busca fazer uma discussão acerca do tema. A
pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso com análise de dados sob
o paradigma qualitativo, tendo como campo uma Instituição de Ensino
Superior do Vale dos Sinos, RS. Os objetivos foram verificar a
percepção dos profissionais e acadêmicos das áreas de Educação
Física, Fisioterapia e Quiropraxia quanto à atuação multidisciplinar,
identificar os aspectos de integração na abordagem e intervenção dos
profissionais e acadêmicos das três áreas, o momento de ocorrência
das transferências/encaminhamentos de uma área para outra e, a
compreensão em relação a visão dos profissionais e acadêmicos quanto
a interligação e seqüência da abordagem entre as três áreas.
Obteve-se como resultados da pesquisa, a comprovação, sob a ótica dos
colaboradores, quanto à importância da integração entre as áreas na
abordagem do paciente/cliente, a necessidade de definir limites entre as
três áreas na atuação dos profissionais e, de ampliar o conhecimento
dos profissionais e acadêmicos sobre as diversas áreas da saúde para
que o encaminhamento de pacientes/clientes possa ser efetivo e ocorrer no
momento adequado, assim como, a busca pelo bem estar do paciente/cliente
como sendo de senso comum entre as áreas. Identificou-se a necessidade
de maior divulgação dos objetivos, abordagem e resultados da atuação
dos profissionais da área da quiropraxia, já que, esta é uma
especialidade nova em termos de abordagem terapêutica.
Unitermos: Área da saúde.
Integração. Multidisciplinaridade. Abstract
Taking at sight the present scenary, as much in the professional
education sphere as in the health professionals behavior, the
multidisciplinar intervention matter is very discussed, although, in most
of the cases, this remains only at the discussion sphere without efective
aplication of this principles. To elucidate some questions related to the
multidisciplinar intervention in the health area, this research intends
to do a discussion about the subject. This research is a case study with
analysis of data under the paradigm of quality. The area of study was a
university in the Vale dos Sinos, RS. The purpose of the study was to
evaluate the perception of professionals and scholars in the areas of
Physical Education, Physiotherapy, and Chiropractic with respect to
multi-disciplinary practices, identifying integration aspects in the
approach and intervention methods of the professionals and scholars in
these three areas, the moment when transfers/referrals take place between
the different areas, and the understanding of the way the professionals
and scholars view the interconnection and approach sequence between the
three areas. The research results provide confirmation, from the point of
view of the collaborators, of the importance of the integration between
the areas in the approach methods of the patient/client, the need to
define limits between the three areas for the practice of professionals,
the need to expand the knowledge of professionals and scholars about the
different areas of health care so that referral of patients/clients might
be effective and happening at the appropriate time, as well as the quest
for the patient/client’s well being as something of common sense
between the areas. Also identified was the need for further divulgation
of the objectives, approach methods and results of the practice of
chiropractic professionals, since this is a new specialty in terms of
therapeutic approach.
Keywords: Health care.
Integration. Multi-disciplinarity. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 122 - Julio de 2008 |
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Introdução
Ao observar os profissionais da área da saúde atuando, percebe-se uma tendência para a individualização, restringindo a atuação multidisciplinar. A formação do profissional da saúde tem sido orientada por um modelo de atenção biologista fundamentado no paradigma positivista da ciência, cuja racionalidade sustenta-se na fragmentação, no aprofundamento e na descrição de partes para se compreender a unidade humana. Este paradigma epistemológico, orientador do modelo profissional da saúde, repercute diretamente na sua prática laboral, mostrando-se pouco resolutiva, impessoal, desvinculada da realidade das condições de vida da população e reducionista à medida que coloca como foco de atenção a doença e não os sujeitos que adoecem. (1) Assim, entende-se que têm-se a formação de especialistas que possuem suas atenções individualizadas, sem tratar do paciente/cliente como um todo.
Em termos conceituais a multidisciplinaridade é um conjunto de disciplinas que se agrupam em torno de um dado tema, desenvolvendo investigações e análises isoladas por diferentes especialistas, sem que se estabeleçam relações conceituais ou metodológicas entre elas. (3) A atuação em atividades de cunho multidisciplinar é uma experiência de aprendizado, na qual os profissionais têm a oportunidade de conhecer as potencialidades do trabalho das suas diferentes áreas. Esta integração garante uma forma de articulação dos saberes, para aprender e perceber o que interessa mais em cada área, qual a intercessão entre as ações específicas para, então, promover uma interação e construir um trabalho em equipe (2).
Em um contexto de formação profissional, a ênfase generalista é uma estratégia de ampliação das possibilidades de experiência prática durante um curso superior, sendo que, a interação multidisciplinar é avaliada como alternativa para atender a exigência de um perfil multiprofissional. (4) Ao avaliar um curso da área da saúde, verifica-se a relação de integração entre os cursos afins, onde o paciente/cliente é visto como um todo (visão sistêmica) e, não simplesmente como uma parte (visão cartesiana). Neste contexto, Minayo (2000), comenta que o reconhecimento de que o campo da saúde se refere a uma realidade complexa que demanda conhecimentos distintos, que integrados, agilizam e se tornam mais resolutivos na intervenção.
O perfil profissional que, atualmente, resulta da maioria das instituições de ensino, embora os currículos apresentem propostas multidisciplinares, geralmente, estão reduzidos a uma visão fragmentada, sendo que a questão do trabalho em equipe multidisciplinar ou multiprofissional, acaba sendo considerada como habilidade atitudinal e comportamentail. (4)
Com base nestas questões, identifica-se a necessidade da interação dos profissionais de diferentes áreas da saúde para o atendimento de pacientes/clientes. Mais especificamente, percebe-se a necessidade de integração na atuação dos profissionais de Educação Física, Fisioterapia e Quiropraxia, já que, os respectivos cursos integram a grade de cursos da Instituição de ensino que foi campo desta pesquisa.
Com o propósito de conceituar as profissões, o profissional de educação física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações, com o propósito de favorecer o desenvolvimento da educação e da saúde, porém requer muitas vezes a avaliação de outros profissionais. A intervenção dos profissionais de Educação Física é dirigida a indivíduos e/ou grupos-alvo, de diferentes faixas etárias, portadores de diferentes condições corporais e/ou com necessidades de atendimentos especiais e desenvolvendo de forma individualizada e/ou em equipe multiprofissional, podendo, para isso, considerar e/ou solicitar avaliação de outros profissionais, prestarem assessoria e consultoria. (5)
O profissional de Fisioterapia presta assistência ao homem, participando da promoção, tratamento e recuperação de sua saúde. O profissional de Fisioterapia ainda, pode participar de uma equipe multiprofissional e de programas de assistência à comunidade. O fisioterapeuta, conforme a atividade de saúde, regulamentada pelo Decreto-Lei 938/69, Lei 6.316/75, Resoluções do COFFITO, Decreto 9.640/84, Lei 8.856/94, é um profissional de Saúde, com formação acadêmica superior, habilitado à construção do diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcionais (Diagnóstico Cinesiológico Funcional), a prescrição das condutas fisioterapêuticas, a sua ordenação e indução no paciente bem como, o acompanhamento da evolução do quadro clínico funcional e as condições para alta do serviço (6).
Segundo o Instituto Internacional de Quiropraxia, na Câmara Legislativa dos Estados Unidos, está descrito que “os quiropraxistas são profissionais da área da saúde de primeiro contato, que possuem habilidades diagnósticas para tratar condições do sistema neuro-músculo-esquelético e para poder diferenciar aqueles que exigem encaminhamento a tratamento conjunto. Propiciam tratamento conservador baseado em manipulações e ajustamentos articulares, associados a outras modalidades para prevenir doenças e promover a saúde, através de uma educação adequada, exercícios e modificações no estilo de vida, entre outros” (7). A Associação Brasileira de Quiropraxia – ABQ define a quiropraxia como sendo uma profissão na área da saúde que enfatiza o poder inerente do corpo para recuperar-se espontaneamente sem o uso de medicamentos ou cirurgias.
Tendo em vista que na Instituição de Ensino Superior, foco deste estudo, existem três cursos da área da saúde: Educação Física, Fisioterapia e Quiropraxia e, entendendo que estes profissionais tem pontos de convergência e integração, esta pesquisa pretende auxiliar na compreensão destes fatores.
A partir dos resultados desta pesquisa, pretende-se ter subsídios para promover discussões em fóruns acadêmicos com o objetivo de divulgar, discutir e integrar cursos afins dentro da área da saúde. Pretende-se ampla divulgação e publicação dos resultados em congressos e periódicos. Observando que a multidisciplinaridade entre cursos e institutos é uma meta institucional, esta pesquisa vem a contemplar alguns aspectos desta demanda.O objetivo geral está centrado em compreender a integração na atuação multidisciplinar dos profissionais e acadêmicos dos cursos de Educação Física, Fisioterapia e Quiropraxia, assim como, identificar os aspectos comuns na abordagem e intervenção, verificar se e, em que momento ocorre a transferência/encaminhamento de uma área de atuação para outra e, compreender a visão dos profissionais e acadêmicos quanto a interligação e seqüência da abordagem entre as três áreas.
Material e método
O estudo trata de uma abordagem reflexiva sobre a percepção de profissionais e acadêmicos dos cursos da área da saúde, Educação Física, Fisioterapia e Quiropraxia, tendo como focos a integração entre a educação Física, Fisioterapia e Quiropraxia, o encaminhamento de pacientes/clientes e os pontos de convergências e divergências, percebidas pelos profissionais e acadêmicos das três áreas.
O estudo foi realizado com profissionais graduados e acadêmicos dos cursos de Educação Física, Fisioterapia e Quiropraxia de uma Instituição de Ensino Superior do Vale dos Sinos.
A amostra foi composta por três profissionais graduados de cada área e três acadêmicos das três áreas que encontraram-se no último semestre do curso, totalizando 18 colaboradores. Os respondentes foram convidados a participar do estudo através de contato pessoal, quando foi marcado data, hora e local para as entrevistas. A escolha do local para a realização das entrevistas ocorreu conforme escolha do colaborador desde que, ocorresse nas dependências da Instituição.
Para a coleta de dados foi utilizada uma entrevista semi-estruturada com questões abertas. Este instrumento teve como objetivo compreender a percepção de profissionais e acadêmicos dos cursos de Educação Física, Fisioterapia e Quiropraxia, quanto à atuação multidisciplinar, bem como, os pontos de divergência e convergência entre as três áreas.
As entrevistas foram realizadas na forma de diálogo, com o auxílio de gravador para maior fidedignidade da coleta de informações. O entrevistador realizou questionamentos abertos e não indutivos, procurando manter a maior neutralidade possível. A entrevista foi transcrita, de forma literal, para posterior apreciação e correção do colaborador.
Além da entrevista, utilizou-se um diário de campo para a coleta de dados. A utilização do diário de campo teve como objetivo registrar as observações da pesquisadora a fatos e situações não previstas nas entrevistas, mas observados durante o processo de pesquisa.
Com base nos objetivos da pesquisa, foi realizada a categorização. A partir dos resultados das entrevistas e, de acordo com a afinidade entre as respostas, foram estabelecidas três categorias: a integração entre as áreas, os encaminhamentos a outros profissionais e, as convergências e divergências dos profissionais das três áreas. As categorias são empregadas para estabelecer classificações. Trabalhar com elas significa agrupar elementos, idéias ou expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo isso. (10)
Discussão e resultados
Quanto à categoria relacionada à integração entres as áreas, os profissionais e acadêmicos dos três cursos mostraram estar cientes da importância da integração entre as áreas, no entanto, indicaram que o pouco conhecimento que tem quanto à atuação do profissional de Quiropraxia se caracteriza como um fator limitante da procura por um profissional desta área. Tal fato pode ser observado nos depoimentos dos participantes do estudo quando mencionam:
Eu acho que todo o profissional da área da saúde deve atuar em conjunto. Se os profissionais da área da saúde, principalmente, Educação Física, Fisioterapia e Quiropraxia atuarem em conjunto, teremos mais indivíduos fisicamente saudáveis, trazendo benefícios, tanto para nós, profissionais, quanto para eles, alunos, pacientes.
“o trabalho pode ser feito junto, agora eu não vejo muita coisa em comum, a fisioterapia tem muita coisa em comum com a educação física, que eu não vejo na quiropraxia.”
“[...]acho que de quiropraxia, por ser um curso mais novo, agora que a gente está começando a ver profissionais, então eu acho que ainda fica um pouco de dúvida, do que eles fazem e o que eles deixam de fazer [...]”
Para o pessoal da educação física, também, surgiu questionamento quanto ao conhecimento destes profissionais em relação às patologias. O depoimento a seguir caracteriza esta afirmação:
“A educação física, eu tenho algumas dúvidas também, de quanto eles sabem de patologia, o quanto eles aprendem de patologia, pra poder encaminhar um paciente pra educação física.”
Outro ponto identificado no relato dos entrevistados, dentro desta categoria, indicam que ocorrem dificuldades em conhecer os limites e o enfoco de atuação de um e outro profissional. Fato que foi afirmado da seguinte forma:
“o que a fisioterapia trabalha também é a questão do fortalecimento muscular, o que a educação física também faz [...]”
“[...] cada um tem um pouquinho de conhecimento e embora às vezes a gente não possa ultrapassar o que é do outro, esse outro vem pra complementar, [...]”
Foi apontado como um ponto importante, a disputa existente entre os profissionais das áreas de Educação Física, Fisioterapia e Quiropraxia quanto à opinião e discussão de casos em um atendimento multidisciplinar. Esta situação foi mencionada como sendo decorrente da formação profissional, onde a integração deveria ser enfatizada durante o processo de ensino aprendizagem. Esta situação fica evidente no relato que segue;:
“[...] ainda fica um achando que o outro quer saber mais que outro, falta muita compreensão, toda vez que alguém dá uma opinião parece que um está querendo passar por cima do outro e não trabalhar em conjunto, [...] ”
“Percebo que isso tem muito na formação, na verdade eu vejo que depende de como as pessoas são formadas,[...]”
Nos relatos, é dito que um trabalho conjunto entre as profissões é importante, para que se tenham visões diferentes, para que se propiciem discussões quanto ao diagnóstico e possibilidades de tratamento para o paciente/cliente.
Quanto a categoria de encaminhamentos, os colaboradores relatam que os encaminhamentos são realizados na Instituição onde foi realizado este estudo e, dizem ser difícil acontecer fora desta. Porém, relatam que ainda encontram lacunas em termos de encaminhamento e atuação inter e multidisciplinar na condução acadêmica dos cursos. Esta realidade está contextualizada nas seguintes observações:
“ [...] o encaminhamento deve ser feito da mesma forma, no momento que passa para abordagem do outro profissional.”
“Olha, não é muito comum, [...] e essa interação em alguns lugares eu sei que acontece, aqui na instituição é um lugar que acontece muito, [...] eu sei de outros lugares que isso não acontece, e sempre fica um entrando na área do outro [...]”
“ [...] da Quiropraxia não tenho nenhum parecer.”
Neste caso, parecer indica que o paciente teve contato com o outro profissional e obteve a sua opinião a respeito do seu caso, sendo que este deve ser encaminhado aos demais profissionais que o tratam.
A partir dos relatos observa-se que a falta de conhecimento em relação às áreas de Educação Física, Fisioterapia e Quiropraxia também afeta os encaminhamentos de pacientes a outras áreas, demonstrando a necessidade de se buscar maior conhecimento do enfoque de atuação e abordagens de cada área em termos de profiláticos e de tratamento, o que se verifica na fala a seguir:
“Acho que não, eu acho que talvez dentro da faculdade a gente veja mais esse encaminhamento, [...] eu nunca vi e acho que não vou me sentir segura depois que sair da faculdade de encaminhar um paciente pra estes profissionais.”
O encaminhamento de pacientes para outras áreas da saúde, no sentido de dar seqüência à abordagem é relatado como um ponto de importância na atuação dos profissionais e acadêmicos entrevistados nesta pesquisa. No entanto, o momento de se dar o encaminhamento, ainda é um ponto de questionamento e dúvida dos profissionais.
“[...] eu acho que eu encaminharia para uma dessas duas áreas se necessário no fim, quando o paciente já estivesse reabilitado por mim, já estivesse em boas condições físicas por mim realizadas pra encaminhar, pra que qualquer evento que possa acontecer com este paciente não seja responsabilidade da minha conduta e sim da conduta do educador físico ou do quiropraxista.”
Conforme os relatados dos colaboradores deste estudo, a falta de comunicação entre as áreas, é o que, muitas vezes, gera a discordância entre as profissões e, a conseqüentemente falta de encaminhamento dos pacientes/clientes a outros profissionais.
Na categoria referente às convergências, é evidenciada a importância da troca de informações entre as áreas, tendo como princípio que todos trabalham com saúde e buscam um bem comum, a saúde. Esta questão foi mencionada nas seguintes falas:
“ [...] as três trabalham com saúde, com o corpo, [...] tanto na prevenção, quanto na reabilitação [...]”
“ [...] o ponto de convergência é a saúde, seria que todos tem a visão de trazer a saúde e o bem estar pro seu paciente.”
“ [...] acredito que convergência, todos procurando bem estar e melhora do paciente, [...]”
Caracterizando os pontos de divergência entre os profissionais das três áreas, o relato dos colaboradores indica que há necessidade de um trabalho multidisciplinar, mas que um dos fatores limitantes e, de preocupação comum dos entrevistados é a possibilidade de “invasão” de espaço, gerando concorrência e discordâncias entre as áreas. Neste contexto forma feitas as seguintes observações:
“Divergências é fácil de responder: como as bases da educação física, fisioterapia e quiropraxia são praticamente iguais na faculdade, muitas vezes os profissionais acabam entrando na área, tanto de um, quanto de outro, sem ter o conhecimento necessário para solucionar o problema, seja qual for.”
Apenas um colaborador relatou o fato de não poder haver divergências entre as três áreas, e que tudo depende do conhecimento que temos de cada área, de cada atividade, sem ele parece-nos haver divergências. Este colaborador é um profissional que atua na área acadêmica há alguns anos e, que tem larga experiência de atuação profissional. Este profissional expressa sua opinião da seguinte forma:
“Que divergem, olha, eu acho que as três são áreas da saúde, eu acho que não tem nenhuma divergência na verdade, [...]”
Conclusão
Esta pesquisa teve o intuito de compreender a percepção de profissionais e acadêmicos das áreas de Educação Física, Fisioterapia e Quiropraxia, quanto à atuação multidisciplinar.
As principais fontes de coleta de dados foram a entrevista semi-estruturada realizada com profissionais e acadêmicos do último semestre dos três cursos e um diário de campo. Na análise e discussão as informações foram divididas em quatro categorias: integração entre as áreas, encaminhamentos entre profissionais, convergências e divergências entre as áreas.
Quanto à integração entre as áreas, os colaboradores, de forma unânime, consideraram ser de extrema relevância a visão multi e interdisciplinar na abordagem terapêutica dos clientes/pacientes, facilitando a troca de informações, proporcionando enriquecimento na abordagem de forma integrada e sistêmica. Embora tenha sido mencionado que a integração é necessária, identificou-se que, muitas vezes, por desconhecimento da atuação e abordagem dos diversos profissionais, acaba não ocorrendo a multi e intersciplinaridade.
Na categoria relacionada aos encaminhamentos, foi possível identificar que esta ainda é uma situação utópica, sendo um objetivo a ser buscado constantemente. Poucos profissionais encaminham seus pacientes a outros da mesma área, embora com abordagens diferenciadas, sendo que a justificativa para tal está fundamentada na falta de conhecimento das demais áreas. Esta realidade ficou mais evidente em relação aos profissionais de quiropraxia, já que é um curso novo no Brasil, embora, muito conhecido e difundido nos Estados Unidos.
Com relação aos pontos de convergências entre as áreas, ficou evidente que todas saúde e o bem estar do paciente, o conhecimento compartilhado e a possibilidade de troca de informações. Entretanto foi possível observar que a falta de conhecimento dos limites de atuação entre as profissões, possibilita que um profissional invada o espaço do outro. Este fato, decorre do pouco conhecimento que se tem das demais profissões da área da saúde. Quanto ao caso específico da Quiropraxia, tendo em vista que esta modalidade profissional é recente no país, foi possível constatar que a falta de um código de ética deixa dúvidas e algumas incertezas quanto à atuação dos profissionais no Brasil.
Ao contextualizar a integração entre as áreas, constata-se que ainda não é uma realidade, mas, uma construção. À medida que os profissionais e acadêmicos, futuros profissionais, forem se conscientizando que o trabalho integrado e, em equipe, não propõe uma disputa, e sim, um enriquecimento de conhecimentos e, desta forma, melhorando a qualidade e a eficácia da abordagem terapêutica. Para isso é necessário o conhecimento, a busca por informações e apresentação das profissões a outros profissionais, através de fóruns, palestras e demais encontros que possam reunir estes e, outros profissionais da área da saúde.
Referências bibliográficas
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3. PORTO, Marcelo Firpo de S.; ALMEIDA, Gláucia E. S. Significados e limites das estratégias de integração disciplinar: uma reflexão sobre as contribuições na saúde do trabalhador. Ciência e Saúde Coletiva, v.7, n.2, p. 335 – 347, mar. 2002.
4. GONDIM, Sânia Maria Guedes. Perfil profissional e mercado de trabalho: relação com a formação acadêmica pela perspectiva de estudantes universitários. Estudos de psicologia, v.7, n.2, p.299 – 309, jul./dez. 2002.
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8. ABQ – Associação Brasileira de Quiropraxia. http://www.quiropraxia.org.br, acessado em 12/10/2006, às 11:50.
9. AQA - Associação Quiroprática Argentina. http://www.quiropraxia.org.ar, acessado em 07/10/2006, às 13:30.
10. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 7ª edição, São Paulo/Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 2000.
Outros artigos em Portugués
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· N° 122 | Buenos Aires,
Julio 2008 |