Registro das ações finais em uma partida de voleibol de base | |||
Mestre em Ciências Aplicadas á Atividade Física e ao Esporte Técnico Seleção Gaúcha de Voleibol Infanto-juvenil feminino Professor titular disciplina Voleibol – Curso Ed. Física UNIVATES Lajeado/RS |
Rodrigo Rother (Brasil) |
|
|
Resumo
Devido a existirem muitos fatores que
influenciam o resultado de uma partida de voleibol entre equipes
iniciantes, a estatística acaba por não ser um fator decisivo para a
vitória ou a derrota durante uma partida. Mesmo assim, a estatística
tem o seu valor, podendo ser utilizada também como parâmetros de
treinamento posterior. Para isso, é apresentada a Ficha de Registro de
Ações Finais para uma partida de voleibol, onde podem ser registrados
os dados referentes á todos os pontos marcados numa determinada partida.
Esta ficha é útil principalmente para equipes iniciantes.
Unitermos:
Voleibol. Estatística. Iniciação.
|
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 121 - Junio de 2008 |
1 / 1
Apresentação
Sabe-se da importância que dados estatísticos têm para a elaboração e adaptação de padrões táticos em uma equipe de voleibol que busca vitórias em partidas e competições, ainda mais com a tecnologia auxiliando cada vez mais e programas especiais de computador para coleta de informações sendo disponibilizados á quem interessar.
Entretanto, no voleibol de base, onde os atletas estão no meio do seu processo de desenvolvimento, a tática coletiva, na qual a estatística é usada como uma ferramenta básica, não é o ponto mais relevante para definir o resultado de uma partida (LOPEZ, 2001).
Inúmeros são os fatores que interferem no resultado antes mesmo das informações passadas á sua equipe o fazerem. O aspecto psicológico é preponderante quando o jovem atleta enfrenta situações de competição e a pressão o limita a alcançar seu melhor desempenho. Como tem pouca experiência em lidar com a situação, muitas vezes mesmo tendo melhores condições que o adversário para buscar a vitória, não a consegue (WEINBERG e GOULD, 2001). Outro aspecto que é sempre determinante é o físico, visto que as categorias de base são definidas pela idade cronológica e não pela maturacional dos atletas, tornando-se comum em uma mesma equipe encontrarmos meninos ou meninas de estaturas e níveis de maturação imensamente distintos (DANTAS, 1995.) O aspecto técnico é outro que também interfere muito, visto que o atleta está em formação e os padrões motores de gestos técnicos estão sendo aprendidos ou aperfeiçoados, apresentando numa partida uma quantidade de erros significativa e determinando muitas vezes a vitória ou derrota da sua equipe (CORDEIRO, 2001.).
Sabendo de todos estes aspectos que interferem no resultado final de uma partida de voleibol de equipes de categoria de base, onde entraria a tão importante estatística?
A resposta é que a importância dos dados coletados no momento da partida tem também um papel importantíssimo na avaliação da equipe e na definição dos conteúdos dos treinamentos subseqüentes, onde a equipe poderá embasar os treinamentos nas ações as quais todos os atletas apresentaram dificuldades de modo geral ou algum atleta em alguma ação específica (Coleman in SHONDELL; REYNAUD et all, 2005).
Considerando também que a maioria das equipes das categorias menores não possui uma comissão técnica completa, ou seja, o técnico não tem uma outra pessoa no banco durante a partida para coletar as informações para ele, necessita-se para coletar os dados um instrumento simples e que possa ser utilizado por qualquer pessoa que tenha o mínimo de conhecimento sobre voleibol ou até mesmo os próprios atletas suplentes consigam fazer o registro.
Uma sugestão que vem de encontro a esta necessidade é a Ficha de Registro das Ações Finais, que serve para o mapeamento dos pontos a favor e contra de cada atleta em cada partida (TABELA 1). Este registro é realizado ao final de cada rally, anotando-se o atleta que pontuou (a favor ou contra) e a ação que foi realizada (acerto ou erro em qual fundamento), de ambas as equipes.
Tabela 1. Ficha para Registro das Ações Finais em uma partida de voleibol
PONTOS ► |
Pontos PRÒ (acertos) |
Pontos CONTRA (Erros) |
|||||||||||
N° / ATLETA ▼ |
S |
B |
A |
Ca |
Tot. |
S |
R |
L |
A |
Ca |
B |
D |
Tot. |
/ |
|||||||||||||
/ |
|||||||||||||
Total |
Na tabela 1 exemplifica-se uma ficha para o registro das ações finais de uma partida de voleibol. Em cada linha é registrado o nome dos atletas e nas colunas seguintes as iniciais de cada uma das ações possíveis de acerto e erro. Leia-se: S-saque, B-bloqueio, A-ataque, Ca-contra-ataque, R-recepção, L-levantamento e D-defesa (SUVOROV e GRISHIN, 1998.)
Utiliza-se uma tabela destas para cada equipe em cada set e registra-se apenas a ação final, ou seja, a ação que resultou no final do rally. Ao final do set e da partida somam-se os acertos de uma equipe mais os erros da outra e tem-se o placar final.
Na tabela 2 apresenta-se um preenchimento fictício da ficha de registro das ações finais para exemplificar seu uso. Podemos observar a ficha de registro preenchida nos espaços relativos aos seis atletas que participaram deste set fictício, onde foram registrados 18 pontos realizados a favor e 10 erros que marcaram pontos contra. Realizando este registro ao mesmo tempo das duas equipes que estão em quadra, soma-se os pontos de uma com os erros da outra, atingindo assim o placar final da partida.
Ainda lendo a tabela 2, podemos perceber também que a atleta número 5, Camila, realizou no set 1 ponto de saque, 1 de bloqueio, 3 de ataque e 1 de contra-ataque, contribuindo com 6 pontos para sua equipe e nenhum erro, sendo a maior pontuadora. Já a atleta número 1, Juliana, errou 2 saques, 1 ataque e 2 contra-ataques. Mesmo pontuando 3 vezes a favor, constatamos que esta atleta teve atuação negativa na partida (-2 pontos).
Tabela 2. Exemplo de preenchimento da Ficha de Registro das Ações Finais em uma partida de voleibol
PONTOS ► |
Pontos PRÒ |
Pontos CONTRA (Erros) |
|||||||||||
N° / ATLETA ▼ |
S |
B |
A |
Ca |
Tot. |
S |
P |
L |
A |
Ca |
B |
D |
Tot. |
1 / Juliane |
1 |
1 |
1 |
3 |
2 |
1 |
2 |
5 |
|||||
2 / Bárbara |
|||||||||||||
3 / Caroline |
|||||||||||||
4 / Luana |
2 |
1 |
2 |
5 |
1 |
1 |
1 |
3 |
|||||
5 / Camila |
1 |
1 |
3 |
1 |
6 |
||||||||
7 / Laura |
|||||||||||||
9 / Fabiane |
1 |
1 |
2 |
1 |
1 |
2 |
|||||||
10 / Fernanda |
|||||||||||||
12 / Natália |
|||||||||||||
14 / Joice |
1 |
1 |
|||||||||||
15 / Djenifer |
|||||||||||||
16 / Júlia |
1 |
1 |
|||||||||||
Total |
3 |
4 |
6 |
5 |
18 |
3 |
1 |
2 |
3 |
1 |
10 |
Conclusões
Concluindo a exposição da Ficha de Registro das Ações Finais em uma partida de voleibol, podemos fazer algumas constatações:
é um instrumento muito simples e de fácil utilização;
dados com facilidade de coleta e visualização;
os dados coletados podem servir de parâmetros de desempenho para uma equipe durante a temporada tanto em jogos como em treinamentos;
Devemos lembrar que este é um registro simples e para ser utilizado nos níveis mais básicos do aprendizado do voleibol. Nos níveis competitivos mais altos devem ser utilizadas outras técnicas de coletas de dados mais complexas, visto que estes são muito superficiais. Respeitando esta idéia, a Ficha de Registro de Ações Finais pode ser muito útil ás equipes iniciantes que á empregarem.
Bibliografia
LOPEZ, José A. V. Importancia de la preparación táctica para la mejora del rendimiento en voleibol. VIII Congresso Internacional sobre Entrenamiento Deportivo. Real Federación Española de Voleibol, Leon, diciembre 2001.
WEINBERG, Robert S. e GOULD, Daniel. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício - 2 Ed – Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
DANTAS, Estélio. A Prática da Preparação Física. 3° ed. Shape, 1995.
CORDEIRO, Célio. Fundamentos: Técnica e Tática Individual. Apostila do Curso de Treinadores de Voleibol Nível II. Confederação Brasileira de Voleibol, 2001.
Jim Coleman, Analisando adversários e avaliando o desempenho da equipe, in SHONDELL, Donald; REYNAUD, Cecile e colaboradores. A bíblia do treinador de voleibol. Porto Alegre, Artmed Editora, 2005.
SUVOROV, Y. P. e GRISHIN O. N. Voleibol Iniciação. Volume 1 – Rio de Janeiro, Editora Sprint, 3º ed, 1998.
Outros artigos em Portugués
revista
digital · Año 13
· N° 121 | Buenos Aires,
Junio 2008 |