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O Fair-Play no treino com jovens atletas

 

*Instituto Superior de Ciências Educativas

** Phd. Escola Superior de Desporto de Rio Maior

(Portugal)

Valter Fernandes Pinheiro*

Armando Costa*

Pedro Sequeira**

prof_valterpinheiro@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          O propósito deste trabalho é colocar em evidência o estudo do Fair-Play no contexto da Prática Desportiva para os mais Jovens. Desta forma, debate-se o papel do Fair-Play no contexto actual da prática desportiva dos jovens, bem como, os responsáveis pela promoção do mesmo, ou seja, Treinadores, Pais, Dirigentes e os demais intervenientes no fenómeno desportivo.

          No fim, são expostas algumas perspectivas de operacionalização do Fair-Play com os mais Jovens.

          Unitermos: Fair-Play. Prática deportiva. Jovens.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 121 - Junio de 2008

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Introdução

    É notório que a prática do Fair-Play no Desporto Infanto-Juvenil se encontra olvidada, ou até mesmo colocada propositadamente para segundo plano, visto que esta se encontra muitas vezes em conflito com a política do “Ganhar a todo o Custo”. É por isso que, se verifica um vazio muito grande no que concerne aos estudos relacionados com o Fair-Play e os Valores Morais no Desporto. Gonçalves, Cardoso, Freitas, Lourenço & Silva (2005) referem que o estudo das questões éticas no desporto para jovens tem sido esparso e descontínuo ao longo dos últimos anos.

    Não será necessário um grande esforço intelectual, para facilmente se compreender que o treino com jovens se centra em grande medida, no treino das componentes físicas, técnicas e tácticas, na medida em que são estas as que estão implicadas, naquela que é a palavra-chave: GANHAR.

1. Fair-Play, Jogo Limpo ou Espírito Desportivo?

    A literatura não é unânime quanto à utilização dos três conceitos acima referidos sendo que em alguns estudos aparecem como sinónimos. Na opinião de Santos (2006) estes conceitos não estão suficientemente claros na literatura especializada. O conceito de Fair-Play, numa tradição para o português significa jogo limpo, sendo muitas vezes entendido também como Desportivismo e Espírito Desportivo.

    Para Gibbons et al. (1995) a definição de Fair- Play está sempre associada aos seguintes comportamentos: respeito pelas regras, pelo árbitros e suas decisões, respeito pelos outros, promover a igualdade de oportunidades e manter o auto-controlo em todas as situações.

    Hon & O´connor (1994), perspectivam o conceito de uma forma mais global, não sendo apenas uma forma de jogar o jogo, mas uma maneira de estar na vida.

    Vloet (2006) refere que o conceito de Fair- Play é muitas vezes utilizado de forma alargada, abrangendo não só a prática desportiva com honestidade como também valores como a saúde e a integração social. Contudo, o mesmo autor refere que a principal finalidade do Fair-play não é o Desporto como instrumento para a promoção de valores, mas antes” alcançar uma prática desportiva moralmente sã”

2. Situação actual do Fair-Play

    Um simples olhar pelo Desporto Infanto-Juvenil, coloca em evidência que este se encontra vazio de valores formativos e educativos. A crença de que a prática desportiva por si só é veículo de educação, não passa neste momento disso mesmo, de uma crença infundada. É usual comportamentos ecoléricos de atletas para com os árbitros, não aceitando as decisões dos mesmos, treinadores incitando os seus atletas a comportamentos violentos, adeptos entoando cânticos contendo impropérios para com os adversários. Estes factos, colocam-nos perante a questão, muitas vezes levantada pelo professor Teotónio Lima: Qual o alcance educativo do desporto?

    Em estudos recentes, Pinheiro (2005), procurando estudar a percepção que os jogadores de futebol juvenil tinham acerca do comportamento do seu treinador, concluiu que os treinadores dizem “asneiras” e discutem frequentemente com o árbitro. Ora este comportamento, sendo altamente reprovável, radica, sobretudo, na imperiosa necessidade de “Vencer”, como forma de os treinadores verem o seu mérito reconhecido.

    A prática Desportiva de Jovens encontra-se, desta forma, impregnada de “vícios” e “doenças”, oriundas do Desporto Profissional, sendo que este se assumiu como um modelo à realização dos quadros competitivos dos mais Jovens.

    Desta forma, a bandeira de “Vencer sem olhar a meios”, tão defendida no desporto profissional, acabou por “inundar” o Desporto Infanto-Juvenil de comportamentos pouco educativos. A este respeito Spamer (2005) efectuou uma pesquisa com jogadores de elite de rugby denominado “comportamento ético versos ganhar a todo o custo. A amostra foi constituída por dezoito jogadores de elite da selecção nacional da África do Sul com uma média de idades de 20,5 anos. Os resultados demonstraram que o grupo manifestava maior apetência pela Filosofia da vitória a todo o custo, certamente por serem atletas sobre quem existem grandes expectativas. Importa ainda referir que estudos realizados em Portugal (Gonçalves 1990, 1992; Lopes, 1994), sobre o pensamento dos jovens acerca do Fair-Play colocam em evidência algumas curiosidades: 1-os inquiridos aceitarem a ideia de que quem joga com Fair-Play perde quase sempre; 2- defenderem a tese de que tudo o que o árbitro não vê é legal, entre outros. Partindo-se do princípio válido que a Educação tem um papel preponderante nos comportamentos das crianças e que os adultos detêm um papel formador, algumas questões se levantam: Porque razão os jovens não se reveêm nos ideais do Fair-Play? Quem assume a responsabilidade de promover estes valores?

3. A quem cabe o papel de promover o Fair-Play

    “ As hipóteses de os desportistas considerarem o Fair-Play como natural aumentam sempre que esta política é respeitada por todos e promovida pelos treinadores, pais, árbitros...” (Vloet, 2006)

    É certo que quase ninguém duvida que, o Fair-Play é um elemento indispensável à prática Desportiva, tão essencial como a existência de material desportivo e equipas para competirem. Também não é menos verdade, que um Desporto vazio de valores educativos, é seguramente um desporto mais pobre e menos justo.

    Contudo, na hora de se assumirem as responsabilidades quanto à promoção destes valores, assiste-se a uma inegável fuga dos adultos responsáveis pela organização da prática desportiva. É verdade que acções de sensibilização promovendo o Fair-Play, o uso de camisolas e palavras de ordem com mensagens educativas e o içar de bandeiras, são acções que consideramos importantes, mas que, na nossa opinião se tornarão infrutíferas se não forem consubstanciadas em comportamentos. Quer isto dizer que, não basta apregoar que o Fair-Play é importante, se depois os comportamentos são antagónicos àquilo que se defende.

    Neste capítulo, Pais, Dirigentes, Árbitros e Treinadores assumem um papel de especial relevo, na medida em que se assumem como referências comportamentais para os mais jovens. Estes adquirem muitos dos seus comportamentos por observação dos adultos significativos.

3.1. O treinador na promoção do Fair-Play

    “Os treinadores são reconhecidamente o agente de socialização mais influente no que se refere à aquisição de comportamentos e atitudes nas práticas infanto-juvenis”.( Gonçalves,2006)

    A respeito dos treinadores, são inúmeros os estudos referidos na literatura, defendendo que estes se assumem como “exemplos” que as crianças seguem.

    Num estudo levado a cabo por Costa, Pinheiro & Sequeira (2007), estes pretenderam analisar se o treinador promove a Educação e a Saúde no treino procurando analisar a percepção que os atletas têm do comportamento do treinador e comparando com a auto percepção do mesmo. Concluíram que os atletas consideram o seu treinador como um exemplo a seguir, apesar de estes discutirem com o árbitro, dizerem asneiras e afirmarem aos seus atletas que ganhar é o mais importante, revelando-se a verdadeira influência dos treinadores sobre os jovens. A conclusões semelhantes já haviam chegado Cruz, Boixadós,Valiente & Capdevila (1995), ao realizarem um estudo com jovens de 3 escalões etários diferentes. Os investigadores concluíram que a atitude dos jovens para com o Fair-Play depende, sobretudo, da forma como os treinadores e os organizadores das provas orientam os jovens. Também um estudo realizado pelo governo canadiano em 1987 chegou à conclusão que 94% dos jovens praticantes de desporto procuram agir de acordo com aquilo que o treinador pretende.

    Este estudos, revelam, apenas, aquilo que é por demais notório, ou seja, o treinador tem um papel fulcral na forma como os jovens encaram a prática desportiva. Assim, se o atleta visualiza no treinador comportamentos tais como, aceitar as decisões dos árbitros, respeitar os adversários, ser sereno na derrota e humilde na vitória, poderá certamente sentir-se impelido a comportar-se de igual modo. Ao invés, se o atleta está habituado a observar o treinador a discutir com o árbitro e a dizer “asneiras”, como sugere o estudo de Pinheiro, Sequeira & Alves (2005), então, aumentam as probabilidades de os atletas se comportarem de tal forma. Em suma, e como nos refere Adelino (2006), no desporto os atletas reflectem essencialmente os valores que o seu treinador defende.

    Com base nestes estudos, parece-nos importante repensar toda a prática desportiva juvenil, levantando algumas questões, para as quais procuraremos encontrar respostas:

  • Porque razão os jovens manifestam conductas anti Fair-Play?

  • O que leva os treinadores a não promoverem o Fair-Play?

    Em relação à primeira questão, parece-nos que esta já foi sendo escalpelizada ao longo deste artigo. Não se pode pedir aos jovens comportamentos pró-sociais, quando ao seu redor, aquilo que têm como exemplo é diametralmente oposto. Diríamos que, assim como não se pode pedir a uma criança que aprenda a ler, se o seu professor não lhe ensinar as letras, também não se pode pedir a um atleta que se comporte com lisura, se o seu treinador assume uma postura incorrecta.

    A resposta à segunda questão, parece-nos mais difícil, devido ao número de variáveis que a influenciam. Contudo, existem um conjunto de reflexões que importa fazer acerca desta questão.

    A grande maioria dos treinadores de jovens assumem como objectivo da sua carreira, chegarem a treinar equipas de Alta Competição. Assim, o treino com jovens é encarado com uma fase transitória, como uma etapa onde o treinador tem de demonstrar possuir espírito de conquista, ou seja, onde obrigatoriamente tem de ganhar. Esta pressão exterior que é exercida sobre os técnicos, leva-os, muitas vezes, a seguirem um caminho devastador do ponto de vista pedagógico, colocando o enfoque do seu trabalho nos factores relacionados com a vitória. Não nos esqueçamos da célebre frase do treinador americano Vicenti Lombardi ao afirmar que “Ganhar não é tudo- Ganhar é a única coisa que conta”. Ou seja, passa-se a enfatizar apenas a vertente física, técnica e táctica. Contudo, concordamos plenamente com as palavras de Curado (2002), ao afirmar que se recusa a ver um qualquer jogo desportivo colectivo como um mero instrumento de simples expressão de capacidades técnico-táctico-físicas.

3.2. Os pais na promoção do Fair-Play

    “... pais e treinadores constituem para os atletas as pessoas significativas que mais os influenciam em todas as fases de sua carreira...” (Serpa, 2006)

    Falar em promoção do Fair-Play no desporto para jovens, esquecendo-nos do papel dos pais, é certamente um erro. Os pais assumem um papel preponderante na defesa destes ideais, na medida em que são os primeiros e principais responsáveis pela educação das crianças. Contudo, a observação directa do fenómeno desportivo, evidencia-nos que em grande medida, as motivações dos pais, nem sempre estão de acordo com a promoção dos referidos ideais. Não são necessários grandes esforços, para encontrarmos nos recintos desportivos, pais que insultam treinadores que não põe os filhos a jogar; pais que insultam árbitros que tomam decisões, ou até mesmo pais que agridem atletas adversários. Uma questão se levanta: Fará sentido falar em Fair-Play aos atletas, quando os pais são os primeiros a evidenciar comportamentos indignos. Horta (2006), coloca em evidência um dos primeiros problemas que surge quando os pais projectam nos seus filhos aquilo que eles nunca conseguiram, mas algum dia pretenderam alcançar no desporto. Na mesma linha Cid (2002), refere que os pais se esquecem que o desporto é direccionado para o benefício dos filhos e não para o seu.

    O treinador tem também uma função importante, no envolvimento dos pais. Vloet (2006), sugere que os treinadores devem informar os pais de que o clube necessita da sua ajuda na educação para o Fair-Play dos seus filhos. Refere ainda que, os treinadores devem pedir aos pais que se assumam como modelos de comportamento. Cruz (2005), num estudo em que procurou compreender o papel dos pais como promotores de Fair-Play, chegou à conclusão que os pais devem demonstrar uma dedicação adequada, interessando-se pelas experiências desportivas de seus filhos, aceitando seus erros e fracassos e procurando não interferir nas funções do treinador.

3.3. Os dirigentes na promoção de Fair-Play

    O papel desempenhado pelo dirigente desportivo na implementação e defesa dos valores inerentes ao Espírito Desportivo não pode ser menosprezado, atendendo à intervenção determinante que lhe cabe na organização da prática das modalidades ( Adelino, 2006). Quer isto dizer que a intervenção do treinador na defesa do Fair-Play estará sempre condicionada, visto hierarquicamente, o Dirigente se encontrar num patamar superior ao do treinador. São inúmeros os estudos que revelam que em muitas situações, o treinador coloca em demasia a tónica na vitória, pois a pressão vinda das estruturas que dirigem, é elevadíssima. É curioso ouvir alguns treinadores dizerem que não são pagos para promoverem o Fair-Play, mas para ganhar jogos. Estas afirmações só vêm confirmar aquilo que temos vindo a defender, ou seja, a Vitória como único caminho brioso a percorrer na prática Desportiva. Recusamo-nos a ver a prática desportiva de jovens, reduzida a política da Vitório- dependência. Assim, e como nos refere Gonçalves (1997), ao dirigente desportivo compete a responsabilidade do desenvolvimento de programas desportivos específicos para crianças e jovens, como objectivos particulares bem definidos, atendendo às características etárias dos praticantes. Quer isto dizer que importa repensar a forma como os dirigentes desportivos organizam o desporto para jovens, dando espaço aos treinadores para realizarem o seu trabalho, num ambiente propício ao desenvolvimento integral dos seus atletas, longe de pressões que precipitam a formação dos jovens praticantes num “poço” sem fundo.

3.4. A Educação Física na promoção do Fair-Play

    As Educação Física, nomeadamente, através do seu professor, revestem-se de um papel fulcral na promoção do Fair-Play junto dos alunos. Se partirmos do princípio de que nem todas as crianças praticam desporto federado, mas que todas elas passam pelo processo educativo da escola, compreendemos que para muitos jovens a Educação Física se assume como a única via para a implementação de valores na prática desportiva.

A    cerca deste assunto, Blake (1996) afirma que a Educação Física promove o desenvolvimento:

  • Espiritual, pois permite que a pessoa coloque em jogo os seus sentimentos, emoções, sendo, portanto o papel do Professor de Educação Física de especial relevo ao mostrar-se interessado pela afectividade dos seus alunos;

  • Moral, porque nas aulas de Educação Física se praticam os valores o os anti-valores, cabendo aqui um papel importante no desenvolvimento do conceito de Fair-Play;

  • Social, pois a Educação Física tem um contexto social em que acontecem múltiplas interacções, reconhecendo-se o indivíduo como membro de um grupo.

    Vloet (2006), propõe os seguintes conselhos aos professores de Educação Física:

  • Propor aos alunos um jogo em que eles decidirão quais serão as únicas três regras.

  • Dar a cada aluno um conjunto de cartões verdes no início dos jogos. Por cada falta o aluno deve entregar um cartão verde. No final, conte os que sobraram e adicione-os ao resultado.

  • Jogar sem árbitro, ou tendo um aluno a fazer esse papel.

4. Como promover o Fair-Play e os valores no desporto

    “... o desenvolvimento moral, bem como o Espírito Desportivo não são processos que nascem de forma mágica nas pessoas...” ( Santos, 2006)

    Relativamente a este tema muitos autores sugerem diferentes maneiras de promover o Fair-Play no Desporto. Numa perspectiva mais psicológica, Cruz (1997), menciona serem necessários dois tipos de acções. Em primeiro lugar aumentar as medidas de educação a longo prazo, nomeadamente campanhas sobre Fair-Play, com a inclusão dos principais implicados neste processo, ou seja, pais, treinadores, dirigentes, atletas e os demais intervenientes. Em segundo lugar, propõe alterações às regras desportivas de forma a reduzir as vantagens dos transgressores durante as competições.

    Na opinião de Curado (2002), a implementação da maioria dos aspectos educativos do desporto pouco depende das soluções institucionais, mas antes, estes aspectos devem estar intimamente relacionados com todas as vertentes do treino, devendo ser ensinados em simultâneo com tudo o resto. Na mesma linha surge a opinião de Craig Clifford (2004), ao afirmar que aquilo que se pretende é que o desportivismo esteja presente em todos os treinos, durante todo o processo de treino e em todos os exercícios.

    Assim, são diversos os autores que consideram ser redutor abordar o tema Fair-Play, apenas do ponto de vista teórico, sem que eles sejam vivenciados e observados pelos jovens. A ideia de que a simples preocupação em abordar com os jovens as questões dos valores éticos, comportamentos e atitudes, será hipócrita, se professores e treinadores falharem em lidar com as questões éticas e morais nos locais exercem a sua actividade, aulas e treinos. ( Gonçalves , 2006).

    Contudo, gostaríamos de referir uma opinião, defendida por Clifford & Feezell (2001), ao afirmarem que “pregar sem se praticar aquilo que se prega, é melhor que nada, principalmente se formos honestos e admitirmos que não nos comportamos da forma como dizemos que nos devemos comportar”. Todavia os mesmos autores em 1997 citados por Silva (2004), apontam 20 orientações práticas para a implementação do Espírito Desportivo, das quais destacamos:

  1. Seja um bom exemplo, esquecendo a velha máxima “faz o que te digo, não faças o que eu faço”;

  2. Fale sobre a relação Espírito Desportivo e êxito, explicando que êxito não é sinónimo de vitória;

  3. Comunique sobre a importância do Espírito Desportivo aos pais, reunindo-se com eles no início da época, explicando o valor do Espírito Desportivo.

  4. Mostre que se importa, ou seja, demonstre que o Espírito Desportivo é mesmo importante para si.

    Puig (1998), sugere um conjunto de actividades com vista ao desenvolvimento moral, podendo estas ser operacionalizadas por pais, treinadores e dirigentes:

  1. Construção da Identidade Moral, com a realização de propostas de clarificação de valores, como por exemplo, O que é ter Espírito Desportivo?

  2. A aquisição de critérios de juízo moral, que deve ser realizada através de “ dilemas morais” que mais não são do que situações de conflito, onde as pessoas são impelidas a encontrar soluções para as situações;

    5.     Algumas manifestações de Fair-Play

    Não gostaríamos de findar este artigo, sem apresentar alguns bons exemplos do desporto, pois apesar de tudo, ainda se vislumbram alguns.

    Assim, Pereira (1997), refere-nos alguns deles:

  • Paulo Terrinca, 17 anos, jogador de Hóquei Patins, capitão da equipa de juniores da liga de Algés (Portugal), quando jogava uma partida para o apuramento da sua equipa para a fase final, num momento em que o jogo se encontrava 2-2, o Paulo, após um choque acidental com um opositor que resultou na queda de ambos, ao verificar que este não se levantava, manteve-se ao lado dele, impedindo de levar uma bolada. Em simultâneo, fazia sinais aos seus colegas e ao árbitro no sentido de parar o jogo. O jogo prosseguiu e um colega do Paulo, vendo-o em posição privilegiada, passou-lhe a bola. Paulo, em vez de prosseguir coma bola, segurou-a e parou o jogo. Nesse ano Paulo recebeu o “Prémio municipal de Espírito Desportivo”.

  • Michael Chang, tenista, jogava uma partida de um master, quando viu o árbitro desse encontro conceder-lhe um ponto, por uma bola que tinha saído do “court”. O atleta, prontamente confessou ao árbitro que a bola tinha tocado na sua raqueta, sendo o ponto atribuído ao adversário.

  • Também na Liga Inglesa de Futebol no jogo Arsenal-Liverpool, o guarda-redes ao sair ao pés de Fowler, acaba por derrubar este. O árbitro prontamente marcou grande penalidade, sendo que Fowler correu para junto do mesmo pedindo para não expulsar o Guarda-redes, visto não ter sido penalty.

    Estes pequenos exemplos, evidenciam que, na prática desportiva, quer seja de jovens, ou de atletas de Alta Competição, há sempre lugar para manifestar um Espírito mais elevado, no fundo, Espírito Desportivo. Contudo, estes exemplos não são noticiados como deveriam, ao invés das cenas de violência e corrupção que são largamente difundidas.

    É o nosso mais sincero desejo que Desporto e Fair-Play, possam fazer parte integrante um do outro, fundindo-se e tornando-se unos, numa relação clara de simbiose.

Bibliografia

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