Comparativo da habilidade motora em diferentes idades na modalidade futebol |
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Departamento de Educação Física – UFPR Curso de Mestrado em Educação Física Centro de Estudos do Comportamento Motor - CECOM (Brasil) |
Carla Cristina Tagliari | Andressa Chodur Gustavo Rezende | Iverson Ladewig carlatagliari@yahoo.com.br |
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Resumo
Habilidades motoras são necessárias para a realização de atividades
de maneira eficiente. Para isso, o sistema efetor é ativado pelo Sistema
Nervoso Central, e então, organizado e direcionado às demandas da
tarefa. Indivíduos habilidosos têm maior controle e coordenação de
seu sistema efetor. Certas capacidades são necessárias no jogo de
futebol. Uma delas é a coordenação, que se caracteriza por dirigir os
movimentos conforme forem exigidos, somado às percepções motoras e
sensoriais. Movimentos altamente coordenados são exigidos no futebol.
Para avaliar essa habilidade o Wall Volley Test (McABLE e McARDLE,
1978) foi aplicado em duas categorias: Infantil e Junior, com médias de
idade de 14,50 (±0,53) e 18,6 (±0,70) anos, respectivamente, e com
média de experiência de 6,6 (±1,96) e 10,8 (±2,10) anos. Os
resultados não apontaram diferença significativa da habilidade
coordenativa no futebol entre as duas categorias. O desenvolvimento
adequado desta capacidade motora, e a experiência, na concepção de
Gomes e Machado (2001), influenciarão na realização de atividades com
maior segurança, proporcionando maior satisfação em realizá-las e
consequentemente resultando em uma performance positiva. São sugeridos
estudos futuros com crianças que não possuam experiência no esporte,
visto que a experiência faz com que as habilidades sejam gravadas na
memória de longa duração.
Unitermos: Habilidade motora.
Futebol. Capacidade. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 121 - Junio de 2008 |
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1. Introdução
As habilidades motoras e cognitivas são a base da competência motora, a qual pode ser explicada como “a capacidade do indivíduo de resolver problemas, enfrentar situações, organizar, planejar, transformar o meio, sentir-se competente, ter conhecimento dos processos e atitudes adaptando-os a situação presente“ (CAMPOS, LADEWIG, 2004). Segundo Perez e Añuelos (1997) apud Campos e Ladewig (2004) para se executar uma habilidade motora deve haver uma organização e direcionamento do sistema efetor, de forma coordenada e eficiente, às demandas do meio, cumprindo o que foi proposto pelo sistema executivo.
De acordo com Schmidt e Wrisberg (2001), os movimentos de indivíduos habilidosos são caracterizados por um controle mais eficiente e uma coordenação suave das articulações e dos músculos, além da diminuição no gasto de energia. Também são capazes da manter a atenção por mais tempo e de identificar os pontos mais relevantes da tarefa. À medida que os indivíduos melhoram suas habilidades, as demandas de atenção para realização dos movimentos diminuem, e assim, tornam-se mais hábeis em identificar e corrigir erros que ocorrem. Conforme Ladewig, Cidade e Ladewig (2001), a seleção de informações ambientais se divide em captação de informações relevantes e descarte de informações irrelevantes relacionadas ao objetivo. Assim, os executantes podem avaliar as demandas da tarefa, determinar as ações mais apropriadas e analisar eficientemente os resultados de sua performance (SCHMIDT; WRISBERG, 2001).
Em jogos coletivos, como no futebol, as demandas mudam constantemente, e, não são previsíveis. As ações irão depender da movimentação do adversário, dos jogadores da mesma equipe e da bola, exigindo que os praticantes se adaptem durante a partida, em relação às variações ambientais (GARGANTA apud CIDADE e LADEWIG, 2001). Para Leal (2001), este é um esporte de caráter dinâmico e que exige diferentes habilidades e capacidades dos seus praticantes. As capacidades são pré-requisitos para que uma determinada atividade possa ser executada com êxito. Gomes e Machado (2001) citam capacidades que consideram de suma importância: velocidade, força, flexibilidade e resistência. A capacidade de coordenação no futebol foi objeto de estudo desta pesquisa.
Coordenação, para Barbanti (1979) é a função do Sistema Nervoso Central e da musculatura exigida, em uma seqüência cinética dirigida. Pode ser definida como o sentido que representa a capacidade de dirigir movimentos de acordo com as condições a que são submetidas (ZAKHAROV apud GOMES; MACHADO, 2001). Os mesmo autores acrescem que as capacidades de dirigir os movimentos baseiam-se predominantemente, na precisão das percepções motoras, em combinação com as percepções visuais e auditivas. Com pequenas experiências motoras, as percepções e sensações do homem não permitem diferenciar nitidamente os parâmetros de espaço, tempo e de força do movimento. Assim, Gomes e Machado (2001), contemplam que as capacidades de coordenação formam-se, antes de tudo, no processo de treinamento de diversificadas ações técnicas e táticas. Segundo os mesmo autores, a melhora ou o rápido domínio de um gesto motor, diga-se aqui coordenado, depende também da formação de algumas habilidades perceptivo-motoras específicas, que acabam por interferir de forma positiva ou negativa na execução deste. Estas habilidades podem ser a percepção espaço temporal, percepção e conhecimento corporal e domínio multilateral.
Os movimentos com grau elevado de coordenação são amplamente requisitados nas ações do futebol que requerem envolvimento técnico ou simplesmente motor. O desenvolvimento adequado desta capacidade motora, na concepção de Gomes e Machado (2001), influenciará a realização de atividades com maior segurança, proporcionando maior satisfação em realizá-las.
2. Metodologia
Participaram desta pesquisa 20 jovens atletas, sendo 10 da categoria Infantil e 10 da categoria Junior, participantes de um centro de treinamento de futebol da cidade de Curitiba. Foram coletados os dados referentes à idade dos sujeitos, bem como o tempo de experiência na modalidade futebol.
Para verificar a habilidade motora do futebol foi utilizado o teste Wall Volley Test (McABLE e McARDLE, 1978). Teste este que consiste em chutar uma bola em um “gol” de 2,44m de comprimento por 1,22m de altura, demarcado em uma parede, com uma área de 1,83m de distância da parede demarcada no chão, sendo que os atletas devem realizar o maior número de toques no “gol” em 20 segundos, sem invadir a área demarcada no chão. São concedidas 3 tentativas sendo considerado o melhor resultado das 3 tentativas. As dimensões do teste podem ser visualizadas na figura a baixo.
Figura 1. Wall Volley Test
Fonte: Campos (1993).
3. Resultados e discussões
Os dados foram coletados a partir das categorias, Infantil e Junior. Na categoria Infantil os sujeitos apresentam uma média na idade de 14,50 (±0,53) anos, apresentando uma média de experiência de 6,6 (±1,96) anos. No que diz respeito ao melhor escore do Wall Volley Test a média encontrada foi de 21,3 (±2,36) toques na bola em 20 segundos. Já a categoria Junior apresentou uma idade média de 18,6 (±0,70) anos, tendo aproximadamente 10,8 (±2,10) anos de experiência na modalidade. A média do melhor escore obtido para o teste de habilidade motora do futebol foi de 22 (±2,91) toques em 20 segundos. Na tabela 1 pode-se melhor visualizar esses dados.
Tabela 1. Distribuição da amostra e apresentação de média e desvio padrão de acordo com a categoria.
Categorias |
Infantil |
Junior |
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Média |
D.P. |
Média |
D.P. |
|
Idade Experiência |
14,5 6,6 |
0,53 1,96 |
18,6 10,8 |
0,70 2,10 |
Melhor Escore |
21,3 |
2,36 |
22 |
2,91 |
O gráfico 1 apresenta os resultados individuais para o melhor escore do Wall Volley Test. É possível visualizar que a menor pontuação encontrada para a categoria infantil foi de 18 e a máxima de 26. Na categoria Junior a pontuação mínima foi de 18 e a máxima de 29. Esses resultados apontam que não houve grandes diferenças no que diz respeito ao melhor escore obtido para o teste.
Estes resultados podem estar atrelado ao tempo de experiência que ambos os grupos possuem e também à questão da aquisição, aprendizado de habilidades motoras. Gomes e Machado (2001) apontam que a melhora ou o rápido domínio de um gesto motor, diga-se aqui coordenado, depende também da formação de algumas habilidades perceptivo-motoras específicas, que acabam por interferir de forma positiva ou negativa na execução deste. Estas habilidades podem ser a percepção espaço temporal, domínio multilateral, entre outros. Complementando pode-se citar que movimentos com grau elevado de coordenação são amplamente requisitados nas ações do futebol que requerem envolvimento técnico ou simplesmente motor. O desenvolvimento adequado desta capacidade motora, e a experiência, na concepção de Gomes e Machado (2001), influenciarão na realização de atividades com maior segurança, proporcionando maior satisfação em realizá-las e consequentemente resultando em uma performance positiva.
Futuros estudos podem ser realizados com crianças que não possuam experiência no esporte, visto que a experiência faz com que as habilidades sejam gravadas na memória de longa duração, e como citado anteriormente o desenvolvimento e a experiência motora influenciarão na performance, a execução de determinados gestos motores.
Referências
BARBANTI, V. J. Teoria e prática do treinamento desportivo. São Paulo: Edgard Brucher, 1979.
GOMES, A. C.; MACHADO, J. A. Futsal: metodologia e planejamento na infância e adolescência. 1ª ed. Londrina: Midiograf, 2001.
LADEWIG, I; CIDADE, E. R ; LADEWIG, J. M. Dicas de aprendizagem visando aprimorar a atenção seletiva em crianças. In: Avanços em comportamento motor, Luiz A. Teixeira (Editor). Rio Claro: Editora Movimento, 166-197, 2001.
LEAL, Julio César. Futebol: Arte e Ofício. Rio de Janeiro: Sprint, 2001.
McABLE, J. F.; McARDLE, W. D. Team sports skill test . In H.J. Montoye (Ed). An introduction to measurement in physical education. Boston: Allym and Bacon, 1978.
SANTOS, Ângela Maria Medeiros Martins et al. Esportes no Brasil: situação atual e propostas para desenvolvimento. Banco Nacional de Desenvolvimento. 2005.
SCHMIDT, R; WRISBERG, C. Aprendizagem e performance motora: abordagem da aprendizagem baseada no problema. Porto Alegre: Artmed, 2001.
CAMPOS, Wagner de. The effects of age and skill level on motor and cognitive components of soccer performer. University of Pittsburgh: 1993. 159p.
WEINECK, J. Biologia do Esporte. Traduzido por Anita Viviane. São Paulo: Manole, 1991.
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digital · Año 13
· N° 121 | Buenos Aires,
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