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A longevidade na Síndrome de Down

   
Universidade Federal de Viçosa.
(Brasil)
 
 
Felipe Alves Soares  
Matheus Ornelas de Souza
matsouza9@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     A síndrome de down foi descrita pela primeira vez há mais de um século, o que a torna uma descoberta recente, apesar das muitas evoluções que já ocorreram. Tratamentos e terapias, em especial as mais diversas formas de estimulação, têm sido fundamentais para um melhor desenvolvimento e desempenho social do portador da síndrome de down.
     A expectativa de vida no Brasil já ultrapassou a barreira dos 70 anos, sendo que a saúde mundial, bem como brasileira, tem evoluído constantemente. Passa a ser de suma importância estudar e investigar a longevidade dos portadores de síndrome de down, a fim de analisar se a longevidade desse grupo específico também tem evoluído.
    Unitermos: Síndrome de down. Portador. Longevidade. Tratamento.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 121 - Junio de 2008


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Introdução

    A síndrome de down é um distúrbio genético, e a primeira pessoa a descrever sobre a doença foi o médico John Langdon Down, em 1866.

    A forma mais freqüente da síndrome é a ocorrência da trissomia do cromossomo 21 (representa 95% dos casos), sendo que as outras formas são ocorrências de mosaicismo em células normais; e, possivelmente, translocações entre os cromossomos 14 e 21.

    STRAY-GUNDERSEN (2007) mostra que a divisão celular falha pode ocorrer em um dos três lugares: no espermatozóide, no óvulo ou durante a primeira divisão da célula após a fertilização; a última possibilidade é, provavelmente, muito rara. Estima-se que em 20% a 30% dos casos, o cromossomo 21 extra resultou de divisão celular falha no espermatozóide (ou seja, o cromossomo extra é derivado do pai) e que em 70% a 80% dos casos o cromossomo extra vem da mãe.

    Essa estatística auxilia na ilustração do fato que a principal causa para a ocorrência da síndrome de down seja a idade materna mais avançada, visto que com o passar do tempo, a possibilidade de haver erro na divisão meiótica cresce, pois os ovócitos ficam mais expostos a problemas ambientais.

    Notoriamente o sistema imunológico de quem possui síndrome de down é consideravelmente fraco. A alteração do setor fagocítico na SD é diretamente proporcional à idade.

[...] A morbidade por doenças infecciosas é elevada, sendo mais freqüentes as infecções respiratórias. Outras patologias estão associadas à síndrome, principalmente as cardiopatias. Estudos da última década classificam a SD como doença progeróide, sendo o processo de envelhecimento precoce o responsável pelas alterações imunológicas, doenças auto-imunes e neoplasias em faixa etária precoce em relação à população geral. Diversos autores demonstram alterações em todos os setores da resposta imune, independente da expressão clínica destas alterações [...]. (RIBEIRO et al, 2003, p.141).

    O estudo de RIBEIRO (2003) retrata que as infecções respiratórias significavam um grande problema para as crianças com síndrome de down, representando uma das causas mais comuns de morte precoce em crianças portadoras da SD. Entretanto, hoje em dia, com antibióticos modernos e cuidados médicos melhores, em geral, a maioria das infecções respiratórias pode ser tratada com êxito.

    Existem algumas características dos portadores de síndrome de down que são únicas, e criam um contraste quando estão em um grupo com pessoas aparentemente "normais". Essas características são: rosto arredondado, bochechas salientes, mãos pequenas e olhos amendoados. E também apresentam dificuldade no desenvolvimento físico: as articulações são mais frouxas, o que compromete o equilíbrio (problemas ortopédicos são vistos com uma freqüência mais alta em crianças com síndrome de down); e os músculos têm menos tonicidade, o que implica menos força.

    Além disso, nota-se que alguns tipos de leucemia e a reação leucemóide têm incidência aumentada na síndrome de down; as crianças com a síndrome freqüentemente têm mais problemas oculares; entre 80 % e 90% dos "downs" têm algum tipo de perda auditiva; deficiências de hormônios tireoideanos são mais comuns em crianças com síndrome de down do que em crianças normais; e muitos portadores de SD possuem distúrbios nutricionais. Aliado a todos esses fatores, o processo do envelhecimento surge mais cedo.

    Com relação aos distúrbios nutricionais, cerca de 30% das crianças com síndrome de down são classificadas pelos padrões da OMS (Organização Mundial da Saúde) como obesas. Nota-se que uma das causas para esse problema é as alterações cromossômicas, gerando esses distúrbios.

    Entretanto, outra grande causa é o alto nível de sedentarismo por parte dos "downs", pois os problemas ortopédicos, a hipotonia muscular, dentre outras características físicas peculiares a eles, faz com que seja de suma importância o acompanhamento a todo o momento de profissionais capacitados (fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, professores de Educação Física, dentre outros) para auxiliarem no desenvolvimento ótimo dessas crianças especiais. E a grande maioria não tem acesso a esses cuidados.

"O desenvolvimento de uma criança com síndrome de down será afetado pelo seu cromossomo adicional. Sua constituição genética estabelece um plano preliminar para o desenvolvimento; ela não predetermina seu resultado final. Os genes são responsáveis pelas deficiências observadas na síndrome de down; o crescimento e a aprendizagem, em conjunto com fatores psicológicos, culturais e ambientais favoráveis, podem ajudar a reduzir o impacto dessas deficiências". (STRAY-GUNDERSEN, 2007, p.135)

    Como mostra PUESCHEL (2003), é essencial auxiliar a criança com síndrome de down, desde muito cedo, a desenvolver os interesses e habilidades necessárias para a realização de uma variedade de atividades físicas e recreacionais, como jogar bola, nadar e acompanhar ritmos com o movimento. A alegria e satisfação derivadas do uso efetivo do corpo contribuirão no sentido de tornar as experiências futuras de vida da criança mais recompensadoras.

    Alguns estudos hoje, como os realizados pelo CEPEC (Centro de Estudos e Pesquisas Clínicas de São Paulo), demonstram a existência de portadores de síndrome de down que ultrapassaram a barreira dos 50 e 60 anos, acompanhando a melhoria na saúde mundial, bem quanto brasileira. Para que se tenha uma idéia, basta dizer que há três décadas, a expectativa de vida dos portadores da síndrome era de 40 anos, sendo que na década de 20, esse dado reduzia-se para 9 a 10 anos.

    Igualmente importante, a qualidade de vida para essas pessoas melhorou de maneira extraordinária, visto que os tratamentos clínicos melhoraram substancialmente, e a maioria dos bebês que tem síndrome de down cresce sadia e ativa. Essa informação é muito importante, a partir do ponto que existem literaturas a respeito desse tema que a tratam como uma doença. Hoje em dia, é muito melhor o prognóstico para a maioria dos bebês.


Referências bibliográficas

  • AMARAL, L. A. Pensar a diferença: deficiência. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Brasília, 1994. 91 p..

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  • FILHO, E.A. de O. Síndrome de down (Trissomia do Cromossomo 21). Disponível no site: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?393. Acesso em: 01/09/07.

  • GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

  • MARI, J. de. Além dos limites: com novos tratamentos e menos preconceito, portadores da síndrome de down vivem melhor. Disponível no site: http://veja.abril.com.br/290300/p_172.html. Acesso em: 01/09/07.

  • MOREIRA, L.M.A., GUSMAO, F.A.F. Aspectos genéticos e sociais da sexualidade em pessoas com síndrome de down. Revista Brasileira de Psiquiatria, vol.24, no.2. 2002, p.94-99

  • PEREIRA-SILVA, N. L.; DESSEN, M. A.. Síndrome de down: etiologia, caracterização e impacto na família. Inter-ação (Goiânia), Curitiba - Paraná-Brasil, v. 6, n. 2, p. 167-176, 2002.

  • PEREIRA-SILVA, N. L.; DESSEN, M. A. Padrões de interação genitores-crianças com e sem Síndrome de down. Psicologia. Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 19, p. 283-291, 2006.

  • PUESCHEL, M. Siegfried organizador. Síndrome de down: Guia para pais e educadores; tradução: Lúcia Helena Reily. Campinas, SP: Papirus, 2003.

  • RIBEIRO, M. A. et al.. Avaliação dos fatores associados a infecções recorrentes e/ou graves em pacientes com síndrome de down. Jornal de Pediatria, vol. 79 no. 2. Porto Alegre, 2003. 141-148 p.

  • STRAY-GUNDERSEN, Karen. Crianças com síndrome de down: guia para pais e educadores; tradução: Maria Regina Lucena Borges-Osório. Porto Alegre, RS: Artmed, 2007.

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