A educação física e o jogo na educação infantil | |||
Acadêmico de Educação Física. Universidade Luterana do Brasil. (Brasil) |
Rodrigo da Silva relacaohumana@bol.com.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 121 - Junio de 2008 |
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Introdução
Diferentes olhares e um mesmo consenso
Sendo a educação infantil a primeira etapa para a Educação Básica é de extrema importância a reflexão sobre o papel da educação física e do jogo no desenvolvimento da criança. Para o estudioso Suíço Jean Piaget existe uma estreita ligação entre a atividade motora e a atividade cognitiva ao longo de todos os períodos evolutivos. Para Rousseau (1985) o substrato físico da criança é a matéria prima da educação.
Já é sabido que a educação física em qualquer faixa etária ultrapassa os limites do corpo, mas principalmente na infância esta prática contribui para o desenvolvimento de valores sociais e éticos ajudando assim para a formação do caráter da criança. Para Puig Roig, 1994 "Jogar não é estudar nem trabalhar, mas jogando a criança aprende, sobretudo a conhecer o mundo que a cerca". Marin (apud Garófano e Caveda, 2002) o jogo na infância terá um papel psicopedagógico evidente, permitindo um harmonioso crescimento do corpo, da inteligência, da afetividade, da criatividade, da socialização, sendo a fonte mais importante de progresso e atividade. Para Guton (1982) a educação física e o jogo tratam-se de uma forma privilegiada de expressão infantil".
O ato de brincar aqui englobando conceitos da educação física além de ser fundamental para o desenvolvimento da criança também é um direito garantido por lei. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal 8069/1990) cita: "Toda criança tem direito a brincar, praticar esportes e divertir-se".
Diferenciando as áreas de conhecimentoDe acordo com Bassedas, Huguet e Solé os traços gerais da evolução da criança durante a etapa que compreende a educação infantil se divide em três grandes áreas de conhecimento:
Área motora: Inclui tudo aquilo que se relaciona com a capacidade de movimento do corpo humano, tanto em sua globalidade como em segmentos corporais.
Área cognitiva: Aborda as capacidades que permitem compreender o mundo e de atuar nele através do uso da linguagem ou mediante resoluções das situações problemáticas que se apresentam.
Área afetiva: Engloba os aspectos relacionados com as possibilidades de sentir-se. Bem consigo mesmo (equilíbrio pessoas) o que permite confrontar-se com situações e pessoas novas e ir estabelecendo situações cada vez mais alheias bem como atuar no mundo em que o rodeia.
A Educação Física e o jogo no desenvolvimento motorO período que compreende as crianças na fase da educação infantil é primordial para o seu desenvolvimento futuro. O Neurologista Francês Hentri Wallon dividiu este período em quatro estágios são eles:
Estágio impulsivo emocional: (1º ano de vida): Nesta fase predominam nas crianças relações emocionais com o ambiente. Trata-se de uma fase de construção do sujeito em que atividade cognitiva se acha indiferenciada da atividade afetiva. Nesta fase vão sendo desenvolvidas condições sensório-motoras que permitirão ao longo do segundo ano de vida intensificar a exploração sistemática do ambiente.
Estágio sensório motor (um a três anos de idade): Ocorre neste período uma intensa exploração do mundo físico em que predominam as relações cognitivas com o meio. A criança desenvolver a inteligência prática. No final do segundo ano a fala e a conduta representativa confirmam uma nova relação com o real que emancipará a inteligência do quadro perceptivo mais imediato, ou seja, ao falarmos a palavra bola a criança reconhecerá imediatamente do que se trata sem que precisemos mostrar o objeto a ela.
Personalismo (três as seis anos de idade): Nesta fase ocorre a construção da consciência de si através de interações sociais, dirigindo o interesse da criança para as pessoas, predominando assim as relações afetivas. Há uma mistura afetiva e pessoal que refaz, no plano do pensamento, a indiferenciação inicial entre inteligência e afetividade.
Estágio Categorial (seis anos): A criança dirige seu interesse para o conhecimento e a conquista do mundo interior, em função do progresso intelectual que conseguiu conquistar até então. Desta forma ela imprime as suas relações com o meio uma maior visibilidade do aspecto cognitivo.
Se investigarmos estes estágios poderemos notar que o corpo se faz presente em todos os momentos como uma forma de interação da criança com o mundo. Desde o primeiro ano de vida o aparelho motor inicia o seu desenvolvimento através de atividades sensório-motoras, portanto podemos chegar a uma breve conclusão que a educação física e os estímulos físico-motores são de fundamental importância para o bom crescimento da criança.
Garaigordobil (apud Gaveda e Garófano, 2002) destaca as principais contribuições da brincadeira/jogo no desenvolvimento motor da criança:
A brincadeira serve para amadurecer o sistema nervoso;
A brincadeira serve para educar os sentidos;
A brincadeira serve para desenvolver habilidades motoras;
A brincadeira serve para desenvolver as valências físicas;
A brincadeira serve para coordenar e ter consciência do corpo.
A Educação Física e o jogo no desenvolvimento cognitivoComo já foi relatado no item dois deste artigo a área cognitiva abrange as capacidades que permitem a criança compreender o mundo. Mas o que a educação física tem para oferecer nesta área de conhecimento? De acordo com Garaigordobil (apud Gaveda e Garófano, 2002) as principais contribuições do jogo/brincadeira no desenvolvimento intelectual / cognitivo são:
A brincadeira traz novas experiências, favorece a capacidade de indagar de experimentar;
A brincadeira é um processo válido para pesquisar cognitivamente o meio ambiente;
A brincadeira oferece oportunidade de resolver problemas;
A brincadeira estimula o conhecimento das capacidades do pensamento;
Ajuda a elaborar e a desenvolver as estruturas mentais;
A brincadeira é o principal fator de introdução da criança no mundo das idéias (Mujina, 1983);
A brincadeira estimula a memória a atenção e o desenvolvimento;
A brincadeira favorece a distinção entre fantasia e realidade;
A brincadeira ajuda a melhorar a linguagem (Garvey, 1977);
A brincadeira pode desenvolver outros conteúdos curriculares.
A Educação Física e o jogo no desenvolvimento afetivo/socialA brincadeira e o jogo são privilegiados instrumentos para a evolução afetiva/psicologia e social de uma criança. De acordo com Freud (apud Beltrán 1991) O jogo pode assumir um efeito catártico, ou seja, através dele a criança pode resolver conflitos pessoais tornando a brincadeira uma via de escape das tensões que acontecimentos da vida real geram nela.
Garaigordobil (apud Gaveda e Garófano, 2002) lista uma séria de contribuições do jogo/brincadeira para o desenvolvimento afetivo social da criança:
A brincadeira é um instrumento de socialização por excelência;
Através da brincadeira descobre-se a vida social dos adultos e as regras que regem estas relações;
A brincadeira favorece a superação do egocentrismo;
A brincadeira fomenta a cooperação e a interação entre iguais;
Através da brincadeira são educados o autodomínio e a vontade;
A brincadeira educa atitudes e valores;
A brincadeira fomenta o desenvolvimento da consciência pessoal, o que facilita a convivência.
ConclusãoNo Brasil a educação física na educação infantil ainda engatinha, porém pouco a pouco vai se observando a importância desta prática para a formação de futuros cidadãos saudáveis, sociáveis e de boa formação afetiva. Neste artigo foram listadas diversas opiniões de estudiosos do tema e que apesar de serem visões diferentes todos enaltecem a fundamental contribuição da educação física do jogo e da brincadeira no desenvolvimento das crianças.
Referências bibliográficas
BRASIL - Constituição da República Federativa do Brasil Lei Federal 8069/1990 ECA.
GARÓFANO, Virginia Virciana. CAVEDA, José Luis Conde - O Jogo no currículo infantil. / Aprendizagem Através do Jogo. Editora Artmed. 2002.
KAERCHER, Gládis P. da Silva. CRAIDY, Maria - Educação Infantil: Pra que te quero. Editora Artmed. 2001.
KAMMI, Constance. DEVRIES, Rheta - O conhecimento físico na educação pré-escolas. Editora Artmed. 1985.
MALUF, Ângela Cristina Munhoz - Brincar: Prazer e aprendizado. Editora Petrópolis.
MANTOVANI, Orly Zucato - Uma nova metodologia de educação pré-escolar. Editora. EPCS. 1993.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil. Vol. I e II. 2006.
NICOLAU, Marieta Lúcia Machado - A educação pré-escolar. Editora Ática. 1997.
VERDERI, Erica - Encantando a educação física. Editora Sprint. 1999.
revista
digital · Año 13
· N° 121 | Buenos Aires,
Junio 2008 |