Efeito agudo da estimulação cerebral, através de luz e som, no tempo de reação motora de jovens atletas Acute effect of the cerebral stimulation by light and sound on motor reaction time of young athletes |
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*Universidade Castelo Branco-RJ. Programa Stricto Sensu em Motricidade Humana. LABNEU. **Centro Universitário de Caratinga-MG. Programa Stricto Sensu em Ciências da Reabilitação - LABIMO. (Brasil) |
Vernon Furtado da Silva, DSc* | Maximiliano Werneck Oliveira de Poly, Grd* Sileno Martinho Silva Ribeiro Júnior, Esp* | Maurício Rocha Calomeni, Grd* Marcus Vinícius de Mello Pinto, DSc** | André Luís dos Santos Silva, DSc** vernonfurtado2005@yahoo.com.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 120 - Mayo de 2008 |
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IntroduçãoNa prática esportiva, bem como em situações especiais da vida animal, o tempo de reação para os estímulos ambientais que normal e/ou, especialmente venham a demandar respostas pode ser decisivo e definir a qualidade da ação e do comportamento do indivíduo respondente3,4,15. Vários autores têm estudado esse fenômeno com vistas a estabelecer uma relação direta entre ele e certas referências de boa funcionalidade cognitiva, visto que a interpretação de um estímulo e a organização e iniciação mental de uma resposta correspondente dependem de uma série de mecanismos neurais que estão intimamente associados à percepção, memória, processamento, atenção e, foco, entre outros2,12. A mensuração do tempo entre o aparecimento de um estímulo e o momento de iniciação de uma resposta correspondente é, normalmente, denominado tempo de reação (TR) ou resposta (TR) e reflete-se da pendência de orquestração neural entre sensores orgânicos, tradutores e estruturadores centrais, além de um núcleo de comando que deflagra o início da resposta para uma ação. Estes representam, em outros termos, os mecanismos de processamento de estímulo e reposta (E-R), tradicionalmente estudados sob forma de três estágios de processamento mental denominados, percepção, seleção e programação de respostas17.
Devido a já avançada compreensão sobre a importância da velocidade de reação, principalmente para o sucesso da prática de esportes abertos que requerem níveis altos de desempenho, a sua prática tornou-se parte efetiva no treinamento desportivo e, a busca pela melhor forma de o treinar, uma conseqüência lógica.
Analisando-se a partir da perspectiva neurofisiológica associada ao treinamento do tempo de reação, o mesmo se compõe de duas partes neurais distintas, mas inclusivas. Ou seja, uma relativa à condução nervosa ou não-treinável, enquanto que, a outra, ao processamento central do evento. Silva Vernon18 categoriza a referida primeira parte do TR, como uma função de natureza bio-estrutural e, a segunda, como um fator orgânico de correspondência bio-operacional que pode ser melhorado através de treinamento específico, fato que tem sido demonstrado em estudos nessa linha3. Considerando-se que a unidade bio-estrutural não se modifica em função de um treinamento, quais seriam as mudanças, dele decorrentes, em termos da estruturação bio-operacional, implícita em uma resposta para um estímulo complexo? Uma massa de estudos, principalmente em análises desenvolvimentistas, tem revelado como principalmente vinculada ao desenvolvimento de competências para usar estratégias e aperfeiçoamento de funções cerebrais. Devido à natureza lenta das adaptações neurais necessárias a estas mudanças, o treinamento tende a ser longo, repetitivo e intenso, condições, que muitas das vezes, o torna enfadonho e de baixo rendimento. De qualquer forma, os ganhos, mesmo que a um longo prazo são de certa parte, notórios, motivando, quase sempre, à persistência do treino3,9-11. A necessidade de resultados imediatos, em esportes, todavia incita à procura de formas alternativas que possam ter efeito similar ou superior à do treinamento específico, sobre o fator velocidade de resposta, visando-se benefícios em ganhos esportivos ou, pelo menos, uma forma que possa ser integrada para intensificar tais benefícios.
A presente pesquisa centra-se na questão que vislumbra a estimulação cerebral como uma possível opção. Isto em função de uma robusta evidência que mostra ser, neste tipo de ativação neural, uma forma eficiente para aceleração de aprendizagem esportiva9,11,19, bem como para o desenvolvimento de competências cognitivas10. Na verdade, a estimulação cerebral, como prática para a reabilitação orgânica, data da década de 1910, período em que os psiquiatras Adrian Pollacsek e Berthold beer iniciaram, através de instrumentos eletromagnéticos, o tratamento com indivíduos portadores de depressão e neuroses16,20. Daí em diante, observou-se um espetacular aumento no uso deste e outros tipos de estimuladores que passaram a ser, também, usados para estimular os processos e mecanismos de memória visando questões desenvolvimentistas e de aprendizagem. Estimuladores transcranianos e os estimuladores através de luz e som são, atualmente, dois dos mais comuns instrumentos utilizados em tratamentos de problemas motrizes e cognitivos, bem como também, na ampliação de funções cognitivas e motoras.
A estimulação do cérebro através de luz e som tem como objetivo produzir mudanças dos padrões corticais ou ritmos do encéfalo, ensejando uma melhora no seu rendimento, seja esta em tarefas de vínculos laborais, especiais ou do dia-a-dia social humano. Nesse tipo de treinamento é possível se selecionar uma determinada faixa de freqüência para treinar um indivíduo através de fluxos de luz, na retina, com lâmpada do tipo estroboscópica. Os feixes são remetidos ao núcleo olivar e, daí até ao tálamo, o qual, em atendimento ao sistema reticular ativado envia esta freqüência ao córtex, que em poucos minutos passa a acompanhar a freqüência que está sendo imposta14. Através de mecanismos similares, o som adentra ao córtex simultaneamente aos estímulos visuais. O mecanismo que produz a nova freqüência, visto a partir da lei de Hebb, consiste num mecanismo de detecção de coincidências temporais nas descargas neuronais, sendo que quando dois neurônios estão simultaneamente ativos, suas conexões são reforçadas, ao passo que se apenas um esteja ativado em dado momento, suas conexões são enfraquecidas6,19.
A simultaneidade de ativação dos neurônios envolvidos em um determinado processamento faz desenvolver uma nova ordem, considerando-se a possibilidade de que a antiga não estivesse equalizada, rítmica do neo-córtex, o qual, desenvolvendo-se proporcionalmente, nos dois hemisférios, reflete-se em um equilíbrio cerebral mais adequado às funções cognitivas de organização do evento em referência. Prioritário à análise funcional da estimulação cerebral por luz e som é o fato do estímulo alcançar, em primeira instância, estruturas do tronco encefálico, caracterizando assim, uma estimulação de alcance profundo (deep-stimulation) sendo este, talvez, o motivo das mudanças imediatas que este tipo de estimulação produz no encéfalo e que podem ser inferidas a partir das modificações, em padrões corticais, imediatamente após um evento de estimulação. Por serem oriundas, de disparos gerados, por neurônios viventes no tronco encefálico, provavelmente, as funções de tais disparos sejam, as de preparação e adequação articulada dos neurônios a serem envolvidos no planejamento e estruturação da tarefa a ser executada. Ou seja, a estimulação através de luz e som, pode não ter uma função de modificação estrutural, mas sim, de ajuste funcional.
Assim sendo, ao se considerar o tempo de reação, em sua vertente bio-operacional, a facilitação neurofuncional a ser promovida pela estimulação cortical por luz e som deverá promover uma maior agilidade nos circuitos de processamento da tarefa a ser testada e, conseqüentemente, abreviar o tempo do seu processamento. A metodologia, a seguir, foi estruturada de forma a permitir o teste desta hipótese, dentro das margens de probabilidades de acerto e erro para a sua aceitação ou rejeição.
Material e métodosAmostra e procedimentos
A amostra inerente e, de interesse, do estudo em pauta, foi composta por um grupo de indivíduos com idade entre 13 e 25 anos, todos do gênero masculino, sendo 10 deles, esportistas praticantes de taekwon do, moradores da Cidade de São Fidélis, que treinam, regularmente, em uma academia central da Cidade e, 10 jogadores de futebol de um clube da Cidade de Campos dos Goitacazes. Os dois grupos, então, constituíram uma amostra de 20 indivíduos (N=20). Como definição prioritária, os mesmos não poderiam apresentar qualquer distúrbio visual, auditivo, físico ou mental. Deveriam pertencer a uma mesma classe social e que treinassem, regularmente, as táticas e técnicas inerentes à modalidade futebol ou taekwon do. As duas modalidades foram escolhidas em função de praticidade à coleta de dados e, pela natureza aberta em seu desenvolvimento e, ainda, em virtude da maior demanda sucessiva de E-R, da modalidade taekwon do, comparativamente ao futebol de campo, cuja prática não demanda tanta rapidez na sucessão de E-R, para processamento. Estes indivíduos foram selecionados randomicamente, do número total de alunos treinados em cada uma das duas modalidades. Todos os participantes foram voluntários, tendo-se solicitado a concordância respectiva dos pais ou responsáveis por eles, através do Informe Livre e Esclarecido.
A coleta de dados foi, precedida da solicitação de autorização do Comitê de Ética da UCB, de acordo com a lei 196/96 referente à pesquisa com seres humano. Esta foi então, desenvolvida através de quatro momentos de aferições do tempo de reação no mesmo grupo. Em cada aferição foram realizadas 5 execuções (trials) sendo que entre as duas primeiras aplicou-se a estimulação programada, por um período de 15 minutos para cada indivíduo. Como forma de controle, entre as duas últimas aferições, utilizou-se um tempo vazio (placebo), no qual, os fones e os óculos eram utilizados, mas sem o som e o estímulo fótico experimentais. O tempo nesta sessão foi igual ao tempo da intervenção por luz e som (15 minutos). Entre os blocos das aferições, não houve nenhum outro tipo de controle e/ou estimulação, que não os já citados. Para a coleta dos dados, os indivíduos foram relacionados em hora marcada e, ainda, avisados para não se envolverem em atividades físicas além das programadas. Os testes foram realizados em uma sala sem ruído, limpa e confortável. No momento dos testes, os sujeitos sentavam-se confortavelmente em uma cadeira própria, diante do computador de testes e registros. Após uma breve instrução sobre a tarefa a ser desempenhada, cada indivíduo treinou 3 vezes a tarefa. Após o testado afirmar não ter qualquer dúvida sobre a tarefa ser desempenhada o pesquisador iniciou, então, o primeiro bloco de testes, o qual incluía 5 execuções, assim como os outros três. Imediatamente ao término do primeiro bloco de execuções, o mesmo indivíduo era submetido à estimulação programada, via o instrumento previamente definido (estimulador por freqüências de luz e som), do qual, utilizou-se a sessão número 15. Este, objetivando-se um aumento de concentração dos indivíduos (Foco). O período de estimulação foi de 15 minutos, sendo que ao final deste período foi dado 1 minuto de repouso para o reinício da segunda fase de coleta de tempo de reação. Após um período de 05 dias, considerado como suficiente para a dissipação dos efeitos da estimulação prévia, estes mesmos indivíduos tiveram seus tempos de reação novamente aferidos, em dois blocos de execuções, sendo que desta vez, não houve a intervenção do aparelho (estimulador por freqüências de luz e som) entre os dois primeiros blocos, como foi o procedimento inicial. De qualquer forma, para se desconfigurar um possível efeito placebo, também, nesta segunda fase, observou-se um período de 15 minutos, entre os dois primeiros blocos de execuções, período em que os óculos e fones foram utilizados pelos sujeitos, mas, de forma vazia.
InstrumentosOs instrumentos necessários à operacionalização da presente pesquisa foram de duas naturezas, um deles, objetivando a mensuração do tempo de reação dos indivíduos através de um software de dupla escolha simples, específico para esta finalidade, devidamente instalado em um computador portátil marca Amazon com um processador Pentium 1.70 GHz e Windows XP instalado. O segundo, destinado a promover a estimulação cortical programada, foi um aparelho eletrônico computadorizado denominado Orion (brain machine), fabricado pela Mindplace®, composto por óculos escuros com 4 leds na face interna de cada lente, um fone de ouvido estéreo e um microprocessador onde se encontram as sessões pré-programadas, das quais utilizou-se, a sessão apropriada, nº 15, efetiva à estimulação de ondas alfa (concentração) com duração de 15 minutos.
EstatísticaOs dados coletados foram analisados no programa Excel for Windows XP, onde se recorreu às ferramentas descritivas média, desvio padrão, escore mínimo e máximo, Enquanto que a inferencial baseou-se em um instrumento paramétrico, Oneway (ANOVA), para cada sessão da pesquisa na versão entre grupos. A aplicação de sessões separadas de análise, foi devido a preocupação de contaminação dos escores da fase 1, pelos escores da fase 2, visto que estes foram previstos como não sujeitos a diferenciação, em virtude de não haver, nesta fase, um procedimento de estimulação. Também, a consideração da possibilidade de diferencial efeito da estimulação cerebral, sobre as modalidades esportivas estudadas definiu ser necessária a efetivação de uma outra ANOVA, sob um modelo 4 (grupos) x 2 (escores pré e pós tratamento) e, conseqüentemente, o Teste de Tukey (Post-Hoc), para identificar a direção da possível interação. O teste da hipótese principal foi executado dentro da margem probabilística, para a sua aceitação ou rejeição efetiva, de p valor = ou <0.05.
ResultadosOs resultados advindos das análises estatísticas aqui realizadas são apresentados, a seguir, a partir da parte descritiva para a inferencial.
A tabela 1 apresenta a média, dos escores de tempo de reação (TR), o desvio padrão e os escores mínimo e máximo do grupo em fase experimental, com as duas modalidades integradas.
A ANOVA utilizada sobre todos os escores do grupo comparando o desempenho do mesmo entre situações pré e pós-estimulação, revelou-se significativa, devido a interação entre condições (pré e pós-estimulação), sendo F 4,779, (gl 1) 1, (gl 2) 38, p= 0.035 < 0.05. Ou seja, ao receber a estimulação experimental, o grupo significativamente reduziu o seu tempo de reação, em uma tarefa absolutamente igual.
A Figura 1 ilustra a significativa redução, dos escores médios do tempo de reação e respectivos desvios-padrão, do grupo formado pelas sujeitos das duas modalidades desportivas, na situação sob efeito da estimulação cerebral, bem como, na condição placebo, na qual não houve interação entre os blocos 1 e 2 testados comparativamente. Isto é, na condição placebo, o período que foi utilizado para estimulação cerebral na fase 1 da pesquisa foi, na fase 2, utilizado de forma vazia e na qual os membros do grupo colocavam os óculos e fones, embora sem os elementos auditivos e visuais emitidos a durante os 15 minutos de estimulação, na fase 1.
O teste de homogeneidade de variância efetivado com propósito de verificar uma possível simetria, do grupo, entre condições, revelou-se não significativo com índice 000.1, gl 1 (1), gl 2 (38), p > 0.05.
Como se pode observar, o quadro com estimulação é bem diferente daquele sem estimulação e, não deixa dúvida quanto ao efeito da estimulação cerebral no mesmo indivíduo.
Na tabela 2 estão apresentados os escores médios de tempo de reação (TR), o desvio padrão, e os escores mínimo e máximo do grupo controle antes e depois da intervenção placebo que se caracterizou por um período de 15 minutos de inatividade (Placebo).
Considerando-se a proximidade entre as médias antes e depois da atividade placebo, ou seja, na segunda fase do experimento, deixou-se de lado a efetivação da ANOVA prevista para estes dados. Todavia, prosseguiu-se na intenção da verificação da possibilidade de que os efeitos pudessem ser diferenciais entre as duas modalidades esportivas estudadas. Para tanto, procedeu-se uma análise Oneway (ANOVA) dos dois grupos nas condições experimental e placebo, rendendo um modelo 4 (grupos) x 4 (condições). O resultado desta análise indicou não haver interação entre os grupos em condição separada, sendo F 2,210, gl 1 (3), gl 2 (36), p = 0.104 > 0.05. Este resultado em particular indica, portanto, que a influência da estimulação não é diferente em se tratando de futebolistas, comparados a lutadores de Taekwondo.
DiscussãoDe acordo com a literatura pesquisada para este estudo, o tempo de reação é um fator que pode ser decisivo para melhora do desempenho tanto em esportes de combate como o taekwon-do3, como também em esportes coletivos, como o futebol2 e, sem dúvida, outros4,11,17,18,20. Nesse sentido, desenvolver em um atleta a habilidade de perceber, interpretar e agir corretamente para um estímulo qualquer, em um menor tempo possível pode representar um trunfo importante na estratégia de ação, não só destas modalidades esportivas citadas no estudo como de qualquer outra modalidade de expressão competitiva. Não se pode esquecer que, de forma geral, a velocidade de processamento mental é fundamental, inclusive, para a vida comum social do homem.
O que se pode refletir a partir dos resultados mostrados é o fato de que a forma de se treinar esta competência, pode ser mais rentável à medida que aquele processamento receba uma estimulação adicional.
Partindo-se do princípio que esportistas, mormente os que praticam modalidades abertas, tais como as duas aqui estudadas, já, em função da natureza destas modalidades e do treinamento para o desempenho das mesmas, conduzem, para o cérebro, um tipo de estimulação que indivíduos não praticantes de esportes não o fazem. Mas, a estimulação adicional para eles foi, sem dúvida, manipulada através de estímulos auditivos e visuais, protocolares para esta pesquisa. O efeito positivo da estimulação através de luz e som, relacionado à aprendizagem e desempenho esportivo foi mostrado, talvez pela primeira vez no Laboratório de neuromotricidade da Universidade Castelo Branco, no Rio de Janeiro, coordenado pelo Doutor Vernon Furtado, que em pesquisas paralelas com um grupo de seus estudantes, verificaram-no em relação ao aprendizado e desempenho em diferentes modalidades9-11.
Embora o desenvolvimento da rapidez de processamento possa ser uma das variantes inerentes a todos os estudos versando sobre a estimulação por luz e som, acima mencionados, até a presente data, pelo que se tem conhecimento, nenhum deles tratou, especificamente, sobre a relação entre a estimulação cortical e desempenho em termos de velocidade de processamento. Principalmente no que se refere à estimulação analisada sob a perspectiva de um possível efeito agudo. Assim, o fato do tratamento experimental ter rendido efeito positivo e significativo em termos estatísticos, o achado pode ter uma repercussão muito valiosa para aplicação em uma série de situações de competição, além do seu uso em aprendizado hábil-motor.
No que se refere especificamente aos contornos da essência da pesquisa, o que foi interessante é que muito embora, na segunda fase, os efeitos da estimulação já haviam cessado (após cinco dias) e o grupo retornou exibindo um desempenho melhor de entrada do que na fase 1 (ver Tabela 2, comparativamente a Tabela 1).
Este fato pode ser explicado, citando-se o estudo de Andrade, Belmonte e Viana3, os quais relatam que apesar da velocidade de reação de um individuo ser predisposta geneticamente, é possível melhorá-la através do treinamento, e essa melhora pode atingir 15%. Provavelmente, o efeito da seqüência de práticas, tendo-se em conta que neste retorno cada indivíduo do grupo já tinha praticado 13 vezes com o software de mensuração de tempo de reação (03 tentativas nulas, 05 tentativas da sessão experimental sem estimulação e, mais 05 tentativas na com estimulação), montante que pode representar um bom treinamento para esta função.
Uma outra comparação interessante pode ser feita entre as médias do grupo, no segundo bloco, pós-estimulação, da fase experimental, comparativamente à media dele próprio no segundo bloco do teste placebo cujos valores foram 0.35 ms e 0,39 ms, respectivamente. Estas duas médias não foram estatisticamente diferentes e, por conseguinte, própria a questionamento. Isto é, porque a estimulação não revelou efeito interativo aqui? Corroborando em termos de resposta, permeia a similaridade com o que foi dito anteriormente a respeito da melhora do tempo de reação em conseqüência da prática com os elementos da tarefa experimental. Isto porque, ao se realizar as mensurações correspondentes ao segundo bloco de cada fase (experimental e placebo), cada indivíduo do estudo já tinha passado pelo software de avaliação 18 vezes, fato que faz compreender que, a esta altura da pesquisa, os avaliados, por terem tido acesso aos dados das avaliações anteriores desenvolveram sentimentos de motivação que segundo Bertoldi15 pode ser definida como a totalidade daqueles fatores que determinam a atualização de formas de comportamento dirigido a um determinado objetivo. Sendo esta um tipo de motivação, que para Weinberg e Gould16 pesa na aderência de um atleta, mesmo que sem recompensa externa, serviu de estímulo para persistirem em melhora de tempo.
Concluindo-se em termos de todos os resultados apresentados, cabe aqui registrar que a estimulação cerebral por luz e som pode ser um elemento adicional para o treinamento de rapidez em processamento mental e, ao se considerar esta variável como fundamental para a viabilização efetiva dos processos e mecanismos da cognição humana, os dados aqui apresentados precisam ser considerados por profissionais e pesquisadores nas áreas de ciências humana e biológica.
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digital · Año 13
· N° 120 | Buenos Aires,
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