efdeportes.com
Análise da composição corporal integrada a
ginástica laboral de um hospital: foco no índice
de massa corporal e relação cintura-quadril

   
UNISUL.
(Brasil)
 
 
Richard Ferreira Sene
richard.sene@unisul.br  
Marli da Silva Martins
marliedfisica@hotmail.com
 

 

 

 

 
Resumo
     O manuscrito científico, intermediado pelo produto resultante da revolução tecnológica do Vale do Silício - o computador -, centrado na problemática supracitada no caput desta página, tem sua gênese semelhante ao criador do FeedEx quando o mesmo transcendeu os muros da Universidade na busca de aquisição de conhecimentos e alimentação de seu arcabouço de informações. Na utilização de princípios análogos, desejo de construir conhecimentos por meio de inquirições científicas, descreve-se nas páginas à posteriori tendo como referência a empresa Hospital SOCIMED, residente no município de Tubarão - SC e com uma amostra de 8 funcionários da mesma conhecimentos advindos da sociedade trabalhadora, ou seja da prática. O desenvolvimento da pesquisa teve como ínterim a coleta de dados para posterior análise na busca de identificar possíveis futuras patologias relacionadas as variáveis descritas a seguir e promover, por meio da interação durante as avaliações antropométricas tanto a conscientização acerca da qualidade de vida quanto a auto-crítica e consciência corporal dos funcionários. Para a consecução desta coletou-se dados relacionadas com as variáveis que subsidiam as análises (massa corporal, estatura, circunferências de cintura e quadril). Para a avaliação do índice de massa corporal (IMC) utilizou-se de balança e estadiômetro com a fórmula de IMC = P/A² orientada pelas normas da Organização Mundial da Saúde. Para a consecução de dados cintura-quadril utilizou-se fita métrica com a utilização da fórmula: R= C/Q. Ao fim deste manuscrito tecnológico de lapidação de informações brutas em conhecimentos científicos verifica-se a propensão da amostra estudada em associar patologias à obesidade identificada no enfrentamento das relações obtidas de IMC e RCQ com índices da OMS.
    Unitermos: Composição corporal. IMC. RCQ. Funcionários setor administrativo.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 120 - Mayo de 2008

1 / 1


Introdução

    Historicamente, por meio de lutas trabalhistas, os membros das classes operárias buscaram e adquiram benefícios referentes à qualidade de vida em determinado movimentos marcados em tempos cronológicos. Um destes movimentos iniciou-se na Noruega, em finais da década de 70 do século passado, que no Brasil ficou conhecido como "Esporte para Todos", uma página na história da Educação Física no Brasil, aspecto irrelevante na discussão da problemática atual. Também denominado de "TRIM", o movimento iniciado por categorias trabalhista gerou em instâncias federais, por escopos ainda que maniqueísta, a construção de praças públicas, programas de saúde e lazer do trabalhador.

    Ao transcender no tempo, pelas vias do salto de datas e de consciência, olhares minuciosos voltam-se ao microssomo do trabalhador que, nestes tempos, o envolvimento saudável no local de produção engendra o conceito de qualidade de vida no trabalho enunciado aqui segundo Rodrigues (1994) citado por Patricio et. Al (1999, p.218) "(...) segurança, higiene, conforto, descanso, lazer, novas estruturas organizacionais, melhor remuneração, garantia de desenvolvimento e treinamento."


Aspectos conceituais

    Na contemporaneidade, instituiu-se uma nova organização de organização regida por um novo ativo do saber, a Sociedade do Conhecimento. Esta era, manifestada pela aquisição, assimilação e transformação de informações em conhecimentos, o ambiente empresarial gera um desgaste físico, emocional e psíquico.

    A forte pressão da sociedade e de grupos como AKATU e ETHOS, imbuídos de exercer uma cultura de responsabilidade social empresarial, e de empresários conscientes que seu maior ativo é funcionário, entende-se que, como cita Dias (1993, p.5) "o mundo é um só, e os trabalhadores existem neste mundo, transformando e por ele sendo transformados, com um modo de viver determinado historicamente, definido socialmente e diferenciado em classes sociais". Alberto Ogata (2006) presidente da a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV) paralelo a autora acima ressalva que os "colaboradores que possuem hábitos saudáveis são mais produtivos, pois tem uma melhor capacidade de administrar as pressões do dia-a-dia". Assim, a qualidade de vida dos trabalhadores, como cita a ABQV (2006) "neste âmbito, deve-se ter consciência de que sem uma vida saudável fica muito mais difícil manter o agitado ritmo da vida moderna. No ambiente corporativo, a preocupação com a saúde tem se tornado algo freqüente".

    Por meio do ínterim de preservar a saúde do colaborador e assim aumentar o seu desempenho profissional associado a promoção de maior integração dos mesmos, várias empresas, de todos os portes e ramos de atividades, estão utilizando-se de ferramentas a favor da qualidade de vida inseridos em programas orientados de atividades físicas no interior do ambiente de trabalho a qual nomeia-se ginástica laboral. Segundo Carvalho (2004), ginástica laboral "(...) é a prática de atividade física, realizada pelos trabalhadores coletivamente, no próprio local de trabalho, durante a sua jornada diária, visando melhorar a condição física do trabalhador".Portanto a qualidade de vida dos funcionários está relacionadas com suas condições de normalidade tanto psíquicas quanto físicas e sua relação entre medidas corporais, entre esta proporção estabelecida quanto a quantidade de gordura acumulada.

    Na busca de índices com graus de confiabilidade científica acerca das relações existentes em um mesmo indivíduo, despendeu-se tecnologias e estudos com o escopo de entender a composição corporal do ser humano. Segundo o Manual da ACSM ( American College of Sports Medicine) (2006, p.44) a composição corporal "(...) é definida como a proporção relativa de gordura e tecido isento de gordura no corpo." Os americanos Howley & Franks (2000, p. 151) compartilha do conceito acima quando assevera que " composição corporal refere-se às porcentagens relativas de tecido de gordura e sem gordura no corpo.

    A Educação Física, seja esta direcionada tanta a pesquisas científicas laboratoriais, quanto nas pesquisas sociais e escolares na atualidade entende o ser humano em sua forma holística, em seu estudo integral, ou seja um indivíduo sócio histórico que interage na sociedade por meio de sua esfera emocional, social, psicológica e física. Em uma visão biologicista, este ramo do conhecimento, possui em uma de suas ramificações o estudo do ser humano segmentado em centímetros, ângulos peso e outras formas métricas. A antropometria segundo Heyward e Stolarczyk (1996, p.73) cita em seu escrito que:

(...)refere-se à medida do tamanho e da proporção do corpo humano. Peso corporal e estatura (altura em pé) são medidas de tamanho do corpo humano e razões do peso corporal para altura podem ser utilizadas para representar a proporção corporal. Para avaliar o tamanho e as proporções dos segmentos do corpo, podem ser utilizados circunferências, espessuras de dobras cutâneas, largura dos ossos e comprimento dos segmentos. (HEUWARD E STOLARCZY, 1996, p.73)

    A orientação dos programas de atividade física direcionada aos trabalhadores, atualmente, após a regulamentação da profissão da educação física tem sido realizada por profissionais da área, os quais retêm conhecimentos para exercer tal função e utiliza-se da antropometria como método de coleta de dados para mensuração da composição corporal dos indivíduos, neste documento avaliado por meio do índice de massa corporal (IMC) e relação cintura quadril (RCQ)


Metodologia

Nenhum método conhecido pelo homem pode eliminar inteiramente a incerteza. Porém, o método científico, mais do que qualquer outro processo, pode diminuir os elementos de incerteza que resultam da falta de informação. Assim fazendo, reduz-se o perigo de uma escolha errada entre várias alternativas" (BOYD e WESTFALL, 1971, p. 55).

    No caminho proposto a desvelar uma inquirição científica, a qual e sua gênese surge oriunda de uma forte turbulência psíquica ou incomodação mental-cognitiva sobre determinada problemática, a necessidade de adentrar ao cerne da questão a ser conhecida e desbravar todo óbice ganha status de volupia intempestiva. No entanto, na aquisição de um capital cultural acerca de instrumentos científicos para pesquisa, observa-se, no pesquisador, a determinação de linhas gerais para o desenvolvimento da mesmo onde torna os possíveis óbices em soluções, e tanto as desordem do conjunto de indagações mentais em processos psicológicos naturais quanto o importúnio que nos leva a realizar o primeiro passo, numa marcha desistitúida de vendas ou caminhos obscuros. O método oportuniza à ciência a garantia de um caminho e a certeza do caminhar.

    Exposto nas páginas subseqüentes deste documento, encontra-se uma pesquisa realizada em empresa do ramo de saúde do setor administrativo, localizada na cidade de Tubarão - SC, com uma amostra de 8 funcionários. Para a coleta de dados referentes a massa corporal utilizou-se uma balança onde todos os avaliados foram previamente orientados para serem mensurados em pé, trajando roupas leves e sem sapato. As frações foram aproximadas para valores inteiros. No âmbito da medição da estatura, empregou-se como instrumento um estadiômetro anexado à balança com os avaliados também postados de pé, com os calcanhares unidos. Nesta posição os mesmos eram acometidos de mensuração obtida de resultado oriundos da maior distância aferida entre a região plantar dos pés e o vértex da cabeça. A medição da Relação Cintura - Quadril (RCQ) utilizou como recurso instrumental uma fita métrica inelástica. O avaliado postado de pé recebeu a orientação de manter a sua respiração normal, com o abdômen relaxado, braços ao lado do corpo, pés unidos e seu peso igualmente sustentado pelas duas pernas. O ponto médio entre a crista ilíaca e a face externa da última costela serviu de referência para medira a cintura. O ponto localizado no perímetro de maior porção do glúteo referencia a medida do quadril. Os sistemas métricos foram desta forma convencionadas:

  • Peso - em quilogramas, e apresentado até 1 número decimal;

  • Altura - em metros, e apresentada até 2 números decimais;

  • Circunferência abdominal (CA) - em centímetros, definida como a menor medida de uma circunferência no nível da cicatriz umbilical, no final do movimento expiratório.

  • Circunferência ilíaca (CI) - em centímetros, definida como a maior medida de uma circunferência no nível dos quadris e nádegas.

  • Índice de Massa Corpórea (IMC) = Peso / Altura 2

  • Razão Cintura-Quadril (RCQ) = CA/CI.


Análise e discussão dos dados

    Ao findar a coleta de dados os esforços centram na observação das varáveis obtidas e fundamentadas por autores que versam sobre qualidade de vida , composição corporal e técnicas de medição da mesma tenta-se extrair resultados.

    Na observação do Índice de Massa Corporal, sendo a relação entre a massa medida em kg e a altura total com a unidade de m2 o autor Queiroga ( 2005, p. 10) cita que:

O índice de massa corporal (IMC), também conhecido como índice de Quetelet, é obtido dividindo o peso corporal pela estatura em metros elevados ao quadrado (peso/estatura m2). Embora tenha sido discutido que o fracionamento do PC [peso corporal] fornece mais informações a respeito da composição dos vários constituintes corporais, a aplicabilidade do IMC não podes ser ignorada. Como envolve a determinação de duas medidas relativamente fáceis e serem obtidas (peso e estatura), o IMC é um método mais rápido e barato na determinação da obesidade. Queiroga ( 2005, p. 10)

    O baixo custo para aquisição de tais índices facilita a obtenção de indicadores de possíveis problemas de saúde. Portando tal relação com onerosidade mínima serve como diagnóstico da saúde atual corporal do indivíduo e o instrumentaliza para a busca ou manutenção de saúde e qualidade vida futura. A referência científica que baliza a obtenção rudimentar de tal índice e classifica o indivíduo de acordo com as caracterizações abaixo do peso, peso normal, acima do peso e obesos I, II e III oriundo da proporção estabelecida entre peso corporal e estatura total, segue a tabela a seguir da OMS:

    Segundo os dados coletados pela amostra citada de oito funcionários administrativos de um hospital obteve os seguintes valores percentuais demonstrados no gráfico abaixo quando as variáveis coletadas referenciou-se ao IMC.

    Na confluência dos dados obtidos e a tabela de referência dos índices da Organização Mundial da Saúde (OMS) verifica-se que um indivíduo está com IMC menor que 18,5 kg/m2, que o estabelece como abaixo do peso, um indivíduo com índice entre 25,0 e 29,9 kg/m2, o que o caracteriza com sobrepeso. Porém em 74% dos funcionários a proporção estabelecida resultou em índice na faixa de 18,5 a 24,9 kg/m2.

    Além do índice encurtinado acima e proposto como uma forma de referência para a qualidade vida contemporânea e futura, há outra forma de estabelecer classificação referente a proporção peso/estatura. O índice de Relação Cintura-Quadril segundo o Colégio Americano de medicina do Esporte (ACSM) (2006, p.48)

A relação cintura-para-quadril é uma comparação entre a circunferência da cintura para circunferência do quadril. Esta relação representa melhor a distribuição do peso corporal e, talvez, da gordura corporal em um indivíduo. O padrão de distribuição do peso corporal é reconhecido como um prognosticador importante dos riscos da obesidade para saúde. (ACSM 2006, p.48)

    Os dados obtidos por meio da medição da cintura e do quadril dos colaboradores dado hospital referente a amostra apresentada referencia-se conforme a OMS o qual indica a propensão para possíveis manifestação de patologias relacionadas a obesidade:

  • Acima de 0,95 p/ homem; e

  • Acima de 0,80.


    No embate estabelecido entre referências da Organização Mundial da Saúde e os dados obtidos após a coleta e resultantes da proporção estabelecida entre as variáveis verifica-se que 25 % dos colaboradores apresentam anormalidade quanto ao RCQ e 75% apresentam normalidade quanto a mesma referência.


Conclusão

    Ao fim de um processo articulado de produção de saberes sistematizado por meio de uma inquirição científica, o qual transforma os saberes e lapida as informações, chega-se o momento de através dos dados apresentados neste estudo salientar que uma parcela considerável da população avaliada apresentará riscos a obesidade vistos as relações tanto do Índice de Massa Corporal quanto a Elação Cintura-Quadril obtida. Confrontados com os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) verifica-se que a amostra estudada apresenta propensão a possuir no futuro determinadas patologias oriunda da relação entre tecidos corporais dotados de gordura e outros isentos da mesma.

    A pré-identificação da possibilidade de obesidade, propiciará aos membros das populações estudada utilizar-se de estratégias para que tais índices em nenhum momento transformem-se em patologias associadas tais como hipertensão, problemas cardiovasculares, dislipidemia , diabetes Tipo II em adulto, apneia do sono, osteo-artrite , infertilidade feminina entre outro problemas que poderão afetar a vida social dos indivíduos tornando-os menos produtivos às empresas visto a possibilidade em atingir níveis de stress, depressão e dependência medicamentosa em níveis ascendentes ao longo do tempo.

    No ínterim de proporcionar a diminuição gradual dos riscos das patologias acima descritas indica-se a adoção de estratégias referentes ao enfrentamento direto aos principais fatores de risco relacionados a saúde como a prática regular de exercícios físicos orientado por profissionais da área, alimentação saudável, hábitos de vida saudáveis e acompanhamento médico regular.


Referências

  • ACSM. Manual do ACSM para avaliação da aptidão física relacionada a saúde. Rio de Janeiro: 2006.

  • CARVALHO, S.H.F. Ginástica Laboral (Portal da saúde). Disponível em http://www.df.trf1.gov.br/portalsaude, Acesso em: 14 nov. 2006

  • HEYWARD, Vivian H., STOLARCZYK, Lisa M. Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo: Manole, 2000.

  • HOWLEY, Edward, FRANKS, B. Don. Manual do instrutor de condicionamento físico para a saúde. Porto Alegre: Artmed, 2000.

  • LEITE, Neiva. Projeto de Ginástica Laboral Compensatória no Banco do Brasil S/A. Porto Alegre. 1992

  • QUEIROGA, Marcos Roberto. Testes e medidas para avaliação física relacionada a saúde em adultos. Rio de Janeiro: Guanabara, 2005.

  • SOUZA, V.C. Ginástica Laboral ( Estadão). Disponível em http://www.estadao.com.br/saude/artigos/materiais/2006/out/30/209.htm, Acesso em: 14 nov. 2006

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Google
Web EFDeportes.com

revista digital · Año 13 · N° 120 | Buenos Aires, Mayo 2008  
© 1997-2008 Derechos reservados