Visão dos profissionais do Programa do Unileste Cidadã sobre o esporte como fator de inclusão social |
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*Diretoria de Extensão e Ação Comunitária do UnilesteMG. **Professores do Projeto Unileste Esportes. Centro Universitário do Leste de Minas Gerais. UnilesteMG- Ipatinga- Minas Gerais. (Brasil) |
Prof. Ms. Lácio César Gomes da Silva* | Prof. Esp. Alexandre Henriques de Paula* Prof. Esp. Gláucio Duarte* | Prof.André Brêtas de Assis** Prof. Greidson Caetano de Aquino** | Prof. João Dias** Prof. Marlon Sergio Madeira** | Prof. Esp.Valdenir Raimundo Moura** Prof. Francis De Lamanche Duque de Assis** ahptar@unilestemg.br secdeac@unilestemg.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 120 - Mayo de 2008 |
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Introdução
O Brasil é um país de grandes contradições. É extremamente rico: possui terras, riquezas naturais, matéria-prima, alta tecnologia e recursos humanos, fatores que o colocam em décimo primeiro lugar na economia mundial, mas também não esconde sua outra face, de miséria, desemprego, fome e violência. O confronto entre dois mundos tão diferentes em um só país revela a desigualdade e a injustiça social cometidas diariamente a milhares de brasileiros (Neumann, 2006). Esta grave situação social afeta principalmente as crianças.
Uma pesquisa feita pelo UNICEF em 2005 revelou que o Brasil tem a terceira maior taxa de mortalidade da América do Sul, atrás apenas da Bolívia e da Guiana. Observa-se uma grande diferença entre raças, segundo o próprio UNICEF: entre os filhos de mulheres brancas, em 2000, a taxa de mortalidade infantil era 39,7% menor que os filhos de mulheres negras e 75,6% menor que entre os filhos de índias. (Vargas, 2007)
Outro problema que deixa evidente a desigualdade social brasileira é o grande numero de crianças sem registro de nascimento, isto é um empecilho para conhecer a situação real da infância no país e criar ações e programas voltados pára esta parcela da população. (Vargas, 2007)
Por essas diferenças, devemos buscar formas de trazer pessoas até então excluídas e que precisam estar incluídas mediante a adaptação da sociedade às necessidades específicas de cada uma.
Então podemos entender a inclusão social como a ação de proporcionar para populações que são social e economicamente excluídas oportunidades e condições de serem incorporadas à parcela da sociedade que pode usufruir esses bens. (Moreira, 2006)
O esporte visto como um instrumento de inclusão social é capaz de reunir um grande numero de pessoas, de diferentes classes sociais, nível educacional, portadores de deficiência física ou minorias raciais e com um custo relativamente baixo
Nelson Mandela citado por Zornitta cita que o esporte tem o poder para mudar o mundo! Tem o poder para unir as pessoas numa só direção.
Apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA e a ONU perceberem o esporte como um instrumento de cidadania, há autores que fazem ressalva a esse respeito, justificando assim o atual estudo. Para Barreto, os pré-requisitos para os professores de Educação Física não devem ser grandes atletas que sabem jogar, devem ser grandes professores que saibam ensinar. Do contrário, o Esporte deixa de ser um agente de inclusão social para ser um fator de exclusão social, onde "quem joga bem, joga; quem não joga bem, que fique quieto e não atrapalhe. Já para Biar (2007) o esporte tem o objetivo de educar, disciplinar e formar o corpo e não tem a capacidade de educar, disciplinar e formar a mente, a consciência cidadã. Por isso esse discurso que se repete exaustivamente de que o esporte forma o cidadão quando, na verdade, somente a educação através da escrita, da leitura, da sala de aula, da arte, etc. têm essa capacidade. A verdade, é que é muito mais fácil manipular um grupo enorme de pessoas adestradas física e mentalmente, do que manipular uma única pessoa que tenha uma capacidade de reflexão, senso crítico e um alto grau de conhecimento".
De acordo com Zornitta o esporte é pedagógico e uma forma de educação que trabalha corpo e mente; ajuda no processo do crescimento individual, da descoberta, da superação e de conscientização do indivíduo, ajudando também a fortalecer a identidade do praticante.
Por este confronto de idéias o objetivo deste estudo foi analisar e comparar as opiniões dos profissionais de diferentes áreas de atuação, do projeto Unileste Cidadã, sobre o esporte como fator de inclusão social.
Materiais e metodosA amostra do estudo foi constituída pelos profissionais do projeto Unileste Cidadã, sendo estes dos projetos Unileste Esporte, Infosol (informática solidária) e Educar em Ação. Não participaram do estudo os autores do artigo, para não haver influencia nos resultados do mesmo.
Para o estudo foi utilizado um questionário, formulado pelos autores do artigo.
Foi apresentado aos demais profissionais do projeto o objetivo do artigo, depois foi encaminhado aos mesmos um questionário e foi pedido para que trouxessem no próximo encontro.
Para o tratamento estatístico, o resultado foi analisado de maneira quantitativa, comparando as respostas dos profissionais do Unileste Esporte, Infosol e Educar em Ação.
No decorrer deste estudo, foram tomados alguns cuidados com o intuito de preservar a integridade dos participantes da pesquisa, sendo analisado apenas as respostas por áreas de atuação dos profissionais, sem divulgação dos nomes dos integrantes de cada área.
Resultados e discussõesOs resultados da pesquisa estão apresentados em forma de gráficos com uma discussão bem objetiva para um melhor entendimento.
O gráfico 1 apresenta a opinião dos profissionais dos projetos Infosol, Educar em Ação e Unileste Esporte, sobre o esporte como um fator de inclusão social.
Todos os profissionais do Unileste cidadã responderam que, realmente o esporte é um fator importante para promover a inclusão social, sendo que os benefícios do mesmo estão expostos no gráfico abaixo.
Os resultados mostraram que para todos os profissionais do projeto Unileste cidadã, independente da área de atuação, o esporte é um fator de inclusão social. Portanto não houve diferença nas respostas entre os profissionais do Infosol, Educar em Ação e Unileste Esporte.
Os benefícios do esporte citados por estes foram: Respeito, Disciplina, Interação, Lazer, Amizade, Saúde, Auto estima e Superação de Limites.
Para Rocha 2004, percebe-se que o esporte além do fator saúde, ao melhorar a função corpórea e reduzir o stresse (este é o grande mal da sociedade urbana moderna) tem também por objetivo ensinar a viver em sociedade, educar para viver, perceber a importância de aceitar os desiguais, fazer aprender a ganhar e a perder, reconhecer o melhor e o mais apto, e ainda mostrar ser necessário e respeitar o mais fraco e o inábil.
O esporte não pode ser um fator de discriminação, deve incluir o respeito a si mesmo, a seu corpo e ao dos outros. Respeitar as regras, os regulamentos, o esporte e o meio-ambiente.
Quando o poder público, de algum modo, propicia a pratica desportiva, este adquire o "status" inerente a qualquer outro "equipamento urbano" (saúde, educação, saneamento) fundamentais para a qualidade de vida do ser humano. Insere-se, pois, na premissa da organização mundial da saúde, quando esta enfatiza que "saúde não é só ausência de doença, mas o completo bem estar físico e mental de cada individuo". Estas condições só poderão ser plenamente satisfeitas se a todos os cidadãos for proporcionado ou facultado usufruir e ter acesso a totalidade dos "equipamentos urbanos" incluindo, por tanto, o esporte ou facilidades para a pratica desportiva (Rocha, 2004)
Esporte não é apenas competição. É verdadeiramente uma ferramenta transformadora, de inclusão social. Possibilita a superação de limites e ajuda no resgate da auto-estima da pessoa. O esporte vai muito além das disputas acirradas que acontecem dentro dos estádios; abre as portas para a formação do cidadão. A atividade esportiva pode ajudar a corrigir as desigualdades sociais e promover o desenvolvimento da sociedade (Campos, 2007).
Também foi muito lembrado a melhora da auto-estima através do esporte Segundo Clemes, 1995 citado por Botelho. A Educação Física pode estimular a auto- estima e aplica- la para incentivar o aluno a encontrar suas potencialidades, mesmo aquelas já conhecidas pelo professor. A auto-estima é a base para a construção da personalidade global do indivíduo, pois oferece condições a todos os alunos de buscar novas oportunidades para sua satisfação pessoal.
A promoção da auto-estima visa dar auxílio ás pessoas em relação a seus conflitos internos e externos, tirando-lhes da situação de conformismo em que se encontram, e assim, dar-lhes uma nova percepção para que consigam resolve-los.
A principal tarefa do professor de Educação Física é motivar, orientar e auxiliar, através de ações, mostrar-se amigo e colaborador no desenvolvimento desse processo.
É importante saber que a auto-estima e a afetividade, sem sombra de dúvidas, estão conectadas, ramificadas no processo de ensinar e aprender, em todas as nossas atividades (Botelho, 2007).
Na sociedade contemporânea o Lazer está entrelaçado com a indústria do entretenimento, que rebaixa o ser humano a condição de simples consumidor. A idéia de lazer e da inclusão social está, antes de tudo, pela oportunidade, e os projetos esportivos sociais oferecem oportunidades para crianças que possuem carências que vem do fundo econômico, garantindo uma alternativa concreta e significativa de inserção social e lazer (Ribeiro, 2007).
Alem de todos os benefícios citados anteriormente, os esportes, principalmente os coletivos, são atividades que propiciam um ambiente prazeroso, ampliando o ciclo de amizades dos participantes.
Conclusões e recomendaçõesConclui-se que os profissionais do projeto Unileste Cidadã consideram o esporte como uma importante ferramenta para a inclusão de pessoas até então excluídas da sociedade. Essa confirmação vem fortalecer a diretriz já defendida dela ONU e pelo ECA, onde os mesmos defendem que o esporte é um importante meio de inclusão social.
Estes profissionais citaram outros benefícios do esporte, como: a melhoria da saúde, o aumento da auto-estima, o respeito ao próximo entre outros, resultando em uma melhoria da qualidade de vida do praticante. Estes benefícios citados fazem com que os alunos tenham melhor convivência na escola, em casa e na sociedade em geral.
Ficou evidente também que o esporte só alcançará este objetivo caso os professores sejam qualificados e estejam engajados neste principio, caso contrário o esporte pode ser mais um fator de exclusão para estas pessoas. Só pensando no esporte como um fator de inclusão se justifica o projeto como Unileste Esporte estar inserido no projeto Unileste Cidadã.
Referencias bibliograficas
BARRETO, S.M.G. Revista Eletrônica de Ciências - Número 22 - Outubro / Novembro / Dezembro de 2003.
BIAR, R.P. O esporte como fator de inclusão social. 2007, disponível em internet http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/06/386406.shtml Acesso em Outubro de 2007
BOTELHO, A.F. O desenvolvimento da auto-estima através da educação física e do esporte: Tendo como base a realização do programa Segundo Tempo. Out. 2007
CAMPOS. T.C. Inclusão - "Esporte: competição e superação". Disponível em internet. http://www.theresacatharinacampos.com/comp1961.htm. Acesso em setembro de 2007.
MOREIRA, I.C. A inclusão social e a popularização da ciência e tecnologia no Brasil. Brasília, v. 1, n. 2, p. 11-16, abr./set. 2006
NEUMANN, Z.A. Conhecimento e Solidariedade que geram inclusão social - o caso da pastoral da criança. Open Journal Systems.vol 1 2º ed 2006.
RIBEIRO, S.D. et. al. Inclusão no pais dos excluídos: Educação, Lazer e Inclusão na Universidade. Estudos de dois Projetos da UFSC.
Disponível em internet http://www.nepef.ufsc.br/labomidia/arquivos/producao/35.doc. Acesso em Outubro de 2007ROCHA, A.A. O esporte e a Inserção Social dos Excluídos: Contribuição do Panathletismo, 2004, disponível em internet http://ezine.tiosam.com/www/opiniao/o-esporte-para-a-paz.shtml . Revista online eZine. Acesso em Outubro de 2007
VARGAS, Â.L.S. GALVÃO, A.L.O. A construção do humano através do esporte como um direito inalienável. Fitness e Performance. Rio de Janeiro: ABEC; 2007.
ZORNITTA, F. O esporte é para a paz. 2006. Disponível em internet http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/04/350882.shtml. Acesso em outubro de 2007.
revista
digital · Año 13
· N° 120 | Buenos Aires,
Mayo 2008 |