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A história dos programas de atividades físicas para pessoas idosas no Brasil: um diálogo com Pedro Barros Silva

 

Doutor em Educação

Professor da Universidade Federal de Juiz Fora

Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em
História da Educação Física e do Esporte (GEPHEFE)

Carlos Fernando Ferreira da Cunha Junior

carlos.fernando@ufjf.edu.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Este texto investiga a história dos programas de atividades físicas voltadas para as pessoas idosas no Brasil. Valendo-se da perspectiva da História Oral, tratamos do assunto a partir do depoimento de Pedro Barros Silva, ex-professor do Serviço Social do Comércio de São Paulo.

          Unitermos: Educação Física. Idosos. História.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 120 - Mayo de 2008

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Introdução

    Atualmente, podemos observar no cenário brasileiro um grande número de estudos, pesquisas e projetos voltados para as questões específicas do grupo das pessoas idosas. Antes vinculada estritamente ao campo da geriatria, a perspectiva gerontológica tem permitido que a temática seja investigada, analisada e tratada sob a ótica de vários outros campos do conhecimento, incluindo a Educação Física.

    Apesar de constatarmos um grande número de entidades públicas e privadas que organizam e implementam projetos para a população idosa brasileira que incluem a atividade física no rol de suas atividades, ainda são incipientes as informações a respeito de quando e por que motivos a atividade física apareceu no corpo desses projetos.

    Nosso trabalho visa fornecer algumas informações a partir do depoimento do professor Pedro Barros Silva que foi um dos pioneiros na introdução da atividade física no âmbito dos projetos de intervenção direcionados às pessoas idosas no Brasil.

    Esse estudo parte da convicção de que as pessoas idosas são detentoras de parte da memória social e que ao exercerem o seu direito de lembrança podem nos fornecer informações singulares para as investigações na área da História da Educação Física e do Esporte no Brasil. Segundo Ecléa Bosi (1987) "o ancião não sonha quando rememora: desempenha uma função para a qual está maduro" (p. 40).

    Sendo assim, partimos do depoimento do professor Pedro Barros Silva, um dos precursores da implementação das atividades físicas para pessoas idosas no Brasil, para demonstrar a possibilidade significativa que a oralidade fornece para a investigação de temas relativos à História da Educação Física e do Esporte, destacando as atividades desenvolvidas pelo Serviço Social do Comércio (SESC) de São Paulo.

As pessoas idosas e a sociedade brasileira

    As pessoas idosas na sociedade brasileira, assim como em geral nas sociedades industriais e pós-industriais, têm sido vítimas de inúmeras atitudes aviltantes e depreciativas, encontrando-se quase desprezadas tanto no âmbito privado quanto no público. Isto é plenamente identificável na falta de reconhecimento de suas particularidades e necessidades por parte da maioria das instituições sociais.

    As relações e valores advindos do sistema de produção capitalista fazem com que a pessoa idosa seja rotulada definitivamente como encargo social, vivendo numa época onde o valor do indivíduo é mensurado pela sua capacidade de trabalho (ARRUDA, 1986); numa cultura organizada em função da ação (BÜHLER apud FERREIRA, SANTOS, 1979); numa sociedade que valoriza o ser humano pela sua capacidade de produção e que o desvaloriza quando supõe que ele não mais possa produzir aquilo que dele se espera (STEGLICH, 1978); e que desvaloriza a continuidade das experiências construídas no tempo (BOSI, op. cit.).

    A compreensão de que o processo de envelhecimento possui diferentes representações em outras sociedades alerta-nos para a importância do papel que as pessoas idosas podem assumir socialmente. Neste sentido, Jacques Le Goff (1992), ao realizar um estudo histórico da memória social, demonstra a importância dessas pessoas nas sociedades sem escrita ou mesmo naquelas onde ocorreram as fases de transição entre a oralidade e a escrita. Os idosos eram venerados e prestigiados, já que eram considerados verdadeiros homens-memória, responsáveis pela transmissão aos jovens, do saber e das tradições acumuladas, fundamentais para a organização cultural daquelas sociedades.

    Joel Birman (In: VERAS, 1995), caminhando em sentido semelhante, afirma que nas sociedades tradicionais as pessoas idosas possuíam uma aura simbólica que os envolvia, sendo elas as representantes da sabedoria e da experiência vivida, bens preciosos a serem transmitidos para as novas gerações. Assim, a velhice representava o lugar da memória coletiva que se fundamenta na potencialidade de transmissão e evocação dos valores da ancestralidade.

    Segundo Birman (ibid.), a ordenação da vida humana em etapas/idades é uma invenção recente da história ocidental - transição entre o século XVIII e o XIX - que fundadas cientificamente pelos conceitos biológicos e psicológicos passaram a adquirir valores diversos de acordo com suas possibilidades para a produção, reprodução e acumulação da riqueza. Neste sentido, 

    a velhice passou a ocupar um lugar marginalizado na existência humana, na medida em que a individualidade já teria realizado os seus potenciais evolutivos e perderia então o seu valor social. Enfim, não tendo mais a possibilidade de produção de riqueza, a velhice perderia também o seu valor simbólico (p.33).

    Uma das formas de percebermos a importância das pessoas idosas é vê-las sob o prisma das experiências que elas acumularam ao longo de suas vidas. Por isso ressaltamos a importância de resgatar essa experiência que, além de fornecer ricos elementos para a interpretação e intervenção social no presente, constitui o direito inalienável que as pessoas idosas tem de lembrar.

    Bosi (op. cit.) cita o exemplo de uma lenda balinesa que 

    fala de um longínquo lugar, nas montanhas, onde outrora se sacrificavam os velhos. Com o tempo não restou nenhum avô que contasse as tradições para os netos. A lembrança das tradições se perdeu. Um dia quiseram construir um salão de paredes de troncos para a sede do Conselho. Diante dos troncos abatidos e já desgalhados os construtores viam-se perplexos. Quem diria onde estava a base para ser enterrada e o alto que serviria de apoio para o teto? Nenhum deles poderia responder: há muitos anos não se levantavam construções de grande porte, e eles tinham perdido a experiência. Um velho, que havia sido escondido pelo neto, aparece e ensina a comunidade a distinguir a base e o cimo dos troncos. Nunca mais um velho foi sacrificado. (p.77)

    As pessoas idosas e a História da Educação Física e do Esporte no Brasil: Contribuições a partir da História Oral:

    A História Oral é uma das possibilidades metodológicas historiográficas que pioneiramente tem considerado o depoimento como fonte possível para o estudo histórico. Partindo do princípio que a fonte oral não é mais ou menos subjetiva que a fonte escrita e que tais discussões, na verdade, ligam-se a um desgastado debate sobre as possibilidades de construir um conhecimento objetivo e absolutamente verdadeiro, os estudiosos ligados a esta corrente metodológica têm procurado mostrar que tal fonte, se guarda armadilhas, possibilita também abordagens dificilmente possíveis com fontes de outra natureza1.

    Não que somente seja possível realizar trabalhos com a História Oral fazendo uso do depoimento de pessoas idosas, mas sem dúvida, estas são as que prioritariamente têm sido procuradas para conceder sua apreensão acerca de determinados acontecimentos históricos. Aliás, as possibilidades e potencialidades em si da História Oral guardam grande relevância com as discussões que procuramos introdutoriamente proceder neste estudo sobre o papel social da pessoa idosa e a memória. A História Oral devolveria às pessoas entrevistadas a possibilidade de contar suas histórias, de apresentar sua visão a partir da ótica vivenciada no cotidiano, detalhes que somente podem ser conhecidos em uma abordagem micro, e a lembrança de assuntos que foram desconsiderados pelas abordagens macro e/ou oficiais. Enfim, o “ator histórico” volta a ser valorizado no exercício do historiador.

    Na Educação Física brasileira já são identificáveis alguns trabalhos que com sucesso têm utilizado a História Oral e depoimentos de pessoas idosas como fontes. O resultado destes trabalhos tem demonstrado as possibilidades desta utilização para a História da Educação Física e do Esporte, e reforçado a impressão de sua importância para as pessoas idosas que concedem os depoimentos.

    Os primeiros estudos dessa natureza em nossa área parecem ter sido desenvolvidos por Victor Andrade de Melo (1992). Neste estudo, o autor desenvolveu uma biografia do professor Alberto Latorre de Faria, a partir de depoimentos do mesmo, na época com 84 anos. No ano seguinte, podemos destacar os estudos de Marilita Arantes Rodrigues (1993) sobre a História do Minas Tênis Clube e de Vitor Marinho de Oliveira sobre a História da Educação Física Escolar no município do Rio de Janeiro nos anos 10/302. Em 1995, podemos citar o trabalho de Marcelo Torné Berenguer (1995) sobre a Educação Física no Colégio Pedro II durante a década de 1920. Ambos utilizaram depoimentos de pessoas idosas como fontes.

    As possibilidades do uso de depoimentos de pessoas idosas para a História da Educação Física e do Esporte já foram demonstradas até mesmo com relatos não colhidos especificamente visando nossa área. Melo (1994) fez uso de um dos depoimentos constantes no estudo de Bosi (op. cit.), mostrando como o esporte e as atividades físicas tinham relevância na vida de um dos entrevistados, e como a partir de seu depoimento era possível realizar uma série de inferências acerca do esporte brasileiro.

    Parece evidente que a utilização dos depoimentos de idosos/as enquanto fontes para os estudos históricos apresenta grande potencialidade. Também para as pessoas idosas envolvidas neste processo, que recuperam seu direito de lembrança, seu direito de memória.

    Um mundo social que possui uma riqueza e uma diversidade que não conhecemos, pode chegar-nos pela memória dos velhos. Momentos desse mundo perdido podem ser compreendidos por quem não os viveu e até humanizar o presente (BOSI, op. cit., p.40).

    Nessa perspectiva, valendo-se da História Oral, nos aproximamos do professor Pedro Barros Silva que através do seu depoimento nos forneceu ricas e interessantes informações que podem nos aproximar da História dos programas de atividades físicas para pessoas idosas no Brasil.

Os programas de atividades físicas para pessoas idosas no Brasil: a contribuição de Pedro Barros Silva

    O nome do professor Pedro Barros Silva surgiu a partir de inferências que apontavam o Serviço Social do Comércio (SESC) como a instituição pioneira no trabalho social para as pessoas idosas no Brasil. Numa visita ao SESC realizada em 1996, procuramos colher informações no sentido de investigar se tal instituição tinha realmente o pioneirismo na implementação dos programas de atividade física específicos para as pessoas idosas. A leitura de diversos documentos, trabalhos e artigos pertencentes ao banco de dados do ‘Grupo da Terceira Idade’, apontava positivamente para a questão e destacava um nome: Pedro Barros Silva, professor de Educação Física do SESC, autor e tradutor de diversos artigos3 publicados pela Revista da Terceira Idade, organizada pela mesma entidade.

    Num manhã característica da cidade de São Paulo, permeada pelo frio e pela garoa, chegamos ao bairro de Santa Cecília, onde se localiza o apartamento de nosso entrevistado.

    O professor Pedro Silva revelou-se uma figura encantadora e já em nossa conversa inicial demonstrou toda sua vitalidade no ato de relembrar. Sua narrativa surgiu fácil e espontânea, talvez pelo prazer que ele demonstrou ter em exercitar sua memória. Ao recordar, ele parecia ter revivido com extrema intensidade e alegria, o que nos certifica da importância desta tarefa para as pessoas idosas.

    Pedro Barros Silva formou-se na Escola de Educação Física do Exército em 1943, na cidade do Rio de Janeiro. Logo após sua formatura foi convocado para lutar na Segunda Guerra Mundial, passando um ano como combatente na Itália.

    Quando voltou ao Brasil, já em 1945, Pedro Silva trabalhou como professor de Educação Física nas escolas municipais da cidade de Santos, ficando ali cerca de um ano, até ser convocado para a seleção de basquetebol da mesma cidade que disputaria os Jogos Abertos do Interior. A partir daí, Pedro Barros Silva seguiu sua trajetória profissional sendo convidado a trabalhar no Departamento de Esporte e Educação Física de São Paulo, cuja finalidade era difundir o esporte por todo o estado.

    Ainda na década de quarenta (1946/1948), Pedro Barros Silva foi convidado para trabalhar na Escola Brasílio Machado Neto, início da fundação do Serviço Nacional do Comércio (SENAC) no Estado de São Paulo, onde atuou por dezessete anos como professor, chegando a diretor da escola onde ficou por mais sete anos. Mais tarde, ainda foi promovido a Diretor Adjunto do SENAC.

    O convite para trabalhar no SESC surgiu no início da década de setenta, pois como ele próprio explica, “eles achavam que minha função era muito mais inerente ao trabalho do SESC que era lazer. E como existia no SESC um setor de esporte que era dirigido por orientadores sociais sem formação específica, eles me convidaram para dirigir este setor”.

    O interesse do SESC por Pedro partiu do fato de que ele “tinha experiência do trabalho do Departamento que era um órgão oficial do Estado nas funções e tinha criado um certo nome no interior todo. O SESC quis aproveitar desta minha experiência e desse meu contato pessoal com o pessoal de prefeituras do interior”.

    O SESC é apontado pelo professor Pedro Barros Silva como um dos precursores do trabalho social realizado com pessoas idosas no Brasil4. O início deste projeto parece ter sido idealizado por Carlos Malatesta, orientador social do SESC. Segundo Pedro Silva,

    O SESC tinha um restaurante na Rua do Carmo onde existia um grupo de aposentados que após a refeição ficavam lá parados sem fazer nada. E teve um orientador social com grande visão. Disse: “eu vou aproveitar este grupo para exercer outras atividades. Em vez de ficarem olhando na janela, sem fazer nada, conversando”. Ele começou a instituir atividades de lazer, jogos de baralho, dominó, abriu a biblioteca a eles e começou a fazer reuniões. E começou e formou núcleos de idosos que eles chamaram terceira idade E esse orientador o Carlos Malatesta trabalhou neste setor e formou o grupo.

    No que diz respeito ao trabalho da Educação Física junto a esses núcleos, a entrevista reforça a tese de que o SESC foi a entidade pioneira nos programas estruturados de atividade física para as pessoas idosas no Brasil. Segundo nosso entrevistado,

    Praticamente foi. Havia trabalhos não específicos, como a ACM que trabalhava com pessoas mais velhas e menos idade A Escola de Educação Física tinha um núcleo que trabalhava com os catedráticos através do professor Boaventura. Ele tinha este mesmo trabalho com pessoas já maduras no Tênis Clube. Mas eram trabalhos isolados. O SESC trabalhou especificamente com o idoso dentro de suas unidades.

    Segundo Pedro Barros Silva, a organização e estruturação desses grupos foi de responsabilidade do SESC:

    Os grupos trabalhavam então na área de psicólogo, professor de educação física, culturais: cinema, teatro, dança. Então começaram a se integrar filosoficamente dentro dos objetivos que era o ser humano. Dar assistência ao ser humano que era praticamente abandonado que era o idoso. Existiam fora grupos, mas grupos isolados Então o que fez o SESC? O SESC começou a integrar esses grupos que trabalhavam, mesmo que não fossem do SESC, junto com o SESC. Aí surgiu o trabalho do Professor Renato Requixá e futuramente seguido pelo Marcelo Salgado. Quer dizer, começou a turma a ir para a França ver o que existia na França. Deram bolsas de estudos e foi se integrando ao trabalho de idoso que foi crescendo, dos quais até a Universidade da Terceira Idade foi fundada em Campinas. Foi quando surgiu o convite de integrar a parte de atividades físicas junto aos idosos, dos quais eu fiz a primeira palestra numa convenção em que tinha pessoal idoso do SESC e de outros grupos. E começou a haver muito interesse na área de educação física.

    O professor Pedro Silva aparece como o principal responsável pela estruturação deste trabalho no SESC, o que denota sua importância como um dos pioneiros na implementação de atividades físicas para pessoas idosas no Brasil. Modestamente, ele admite:

    Eu e o grupo da época porque dizer que só eu seria muita vaidade. Então eu não trabalhei sozinho porque todos os professores que trabalhavam na sede e nas unidades, os chefes de equipe, integramos e fizemos um programa de trabalho na atividade física. Praticamente nós somos os pioneiros disto, quer dizer, um trabalho específico nesta área, coisa que não existia. Como eu disse a você existiam esse tipos de ginástica de conservação, ginástica de pessoas maduras que eram trabalhos da ACM, trabalhos da Universidade de São Paulo, mas com grupos selecionados. Havia pagamento na ACM de mensalidade, você precisava ser associado da ACM. Na Escola de Educação Física da USP os catedráticos que participavam destas atividades da Escola de Educação Física através de um idealista que era o professor Boaventura. No Tênis o professor Boaventura tinha um grupo que ele selecionava. Agora o SESC não, o SESC ele reuniu a questão dos idosos.

    Na época, o início do programa de atividades físicas para as pessoas idosas no SESC envolvia adaptações de diferentes esportes:

    Nós aproveitamos então principalmente atividades de lazer. Quem entrou foi o esporte. Nós precisamos adaptar o esporte ao idoso porque nós tínhamos terceira idade de quarenta a noventa anos. Então a gente tinha que selecionar grupos específicos de atividades O voleibol era adaptado, o basquete adaptado e outros esportes. O nosso objetivo principal é fazer com que essa turma se sinta em liberdade de movimentação própria, acabar com aquele negócio de dê uma cadeira de balanço ao seu vovô que ele fica feliz. Hoje não. Agite, quanto mais movimenta melhor. Então todo este tipo de atividade nós adaptamos e fazemos com que eles se integrem nessa área.

    Pela entrevista, ainda podemos perceber interessantes questões sobre as relações de gênero presentes no convívio entre os grupos de pessoas idosas que realizavam as atividades físicas orientadas no SESC. Por exemplo, o professor Pedro salienta que os grupos que praticavam as atividades físicas eram compostos por uma grande maioria de mulheres, cabendo aos homens uma reduzida participação: “nesses grupos nós temos quase que oitenta por cento de mulheres”. Ele aponta ainda algumas manifestações de intimidação por parte das mulheres e de como este problema foi sendo tratado 

    aquelas senhoras idosas tinham o pudor de não vestir o calção, então nós não obrigávamos a tirar. Faziam ginástica de roupa, atividades correlatas a elas. Aqueles flexionamentos que interessavam. Elas foram perdendo esse medo e foram se adaptando à atividade. Nós fazíamos reuniões com os grupos em Bertioga então facilitava mais ainda.

    O professor Pedro atuou como um dos estudiosos que ajudaram a difundir os programas de atividade física para pessoas idosas por todo o país, através do SESC:

    minha função dentro do SESC foi uma função de pregação, fazer palestras junto a esses grupo de idosos. E o interesse começou a crescer e extrapolou do Estado de São Paulo para as outras unidades da federação. Paraná, Rio de Janeiro, o Norte. A gente saía e eu saí diversas vezes fiz palestra no Paraná, em Minas Gerais. Começou a haver interesse. Então eu comecei a publicar alguns artigos dentro da Revista da Terceira Idade que o SESC publicou. E assim foi tomando vulto e a atividade física hoje é uma atividade contínua e muito aceita dentro da nossa entidade.

Conclusão

    Nosso estudo demonstra que há fortes indícios de que o SESC e o professor Pedro Barros Silva foram os pioneiros na incorporação da atividade física aos projetos voltados para as pessoas idosas no Brasil.

    Através da entrevista com o professor tivemos a certeza da importância que o depoimento de pessoas idosas tem para a História da Educação Física e do Esporte no Brasil, assim como do sentimento de alegria que toma conta dessas pessoas ao exercitar o ato de lembrar.

    O professor Pedro Barros Silva faleceu em 2006. Fica nossa homenagem a este grande professor brasileiro.

Notas

  1. Não é intenção desse estudo discutir todas as especificidades em torno da História Oral. Assim, sugerimos aos que querem se aprofundar acerca desta possibilidade metodológica os estudos de Verena Alberti (1989), Paul Thompson (1992), Antônio Torres Montenegro (1992), entre outros.

  2. Esta pesquisa esta citada no artigo de Oliveira (1994).

  3. Pedro Barros Silva publicou os artigos: A atividade física como prevenção de saúde para pessoas idosas. Cadernos da Terceira Idade, São Paulo, SESC, n.4, p.19-33, 1979.; A importância do exercício físico para pessoas idosas. Cadernos da Terceira Idade, São Paulo, SESC, n.9, p.7-32, 1982. Ele também traduziu o artigo de John Piscopo - Indicações e contra-indicações de exercícios e atividades para as pessoas idosas. Cadernos da Terceira Idade, São Paulo, SESC n.9, p. 35-41, 1982.

  4. Segundo Osvaldo Gonçalves da Silva (1988), a primeira experiência de trabalho social com idosos não-institucuionalizados no Brasil teve início em 1963 no Centro Social Mário França de Azevedo, uma das unidades do SESC na capital paulista, graças aos primeiros contatos de Carlos Malatesta para a formação do grupo.

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