Lecturas: Educación Física y Deportes
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Lecturas: Educación Física y Deportes. Revista Digital

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O IMPACTO DO EXERCICIO E DO ESPORTE
NA AREA EMOCIONAL

Dr. Benno Becker Jr. (Brasil)
Bennojr@voyager.com.br


O problema da saúde mental tem apresentado um severo agravamento na sociedade atual. Uma investigação realizada pelo Instituto Nacional de Saúde Mental Americano -NIMH- (Regier et al., 1984) com uma amostra de 17.000 pessoas de cinco comunidades, utilizando como fonte de diagnóstico o DSMMD (American Psychiatric Association, 1980) indicou que durante seis meses, 20% da população adulta sofreu de alguma forma de transtorno mental e há uma estimativa que 29% a 38% dos americanos adultos podem esperar algum problema psiquiátrico significativo durante suas vidas (Robins et al., 1984).

Uma grande parte dos transtornos é de sintomas relacionados ao estresse como a ansiedade e a depressão (Regier et al., 1988). Para tratar estes transtornos são tradicionalmente usados a psicoterapia e medicação. A psicoterapia envolve longo tratamento e os psicotrópicos quase sempre apresentam efeitos colaterais. Sem falar no alto custo de um tratamento psicoterápico ou medicamentoso. Dessa forma, para enfrentar os transtornos referidos, tem sido examinados outros meios alternativos. Uma técnica não tradicional é o exercício físico e o esporte.

O valor do exercício para a prevenção e tratamento da ansiedade e da depressão, segundo Burton (1632), era reconhecido pelos médicos desde o tempo de Hipócrates. O interesse dos médicos no uso do exercício para a saúde mental declinou no meio deste século, quando a psicofarmacologia e a neurobiologia desenvolveram drogras eficazes para o combate à depressão e os psicólogos e psiquiatras adotaram a psicoterapia para ajudar o ser humano nos seus transtornos emocionais (Campbell & Davis, 1940). Com a ênfase do papel da conduta na prevenção e no combate da doença, houve um retorno da atenção sobre a influência do exercício na etiologia e no tratamento dos problemas emocionais (USDHHS, 1990).

Atualmente, há uma literatura significativa que registra a eficiência do exercício e do esporte para a melhora de diversos fatores da emocionalidade do ser humano e tem sido usado o termo PSICOTERAPIA ATRAVÉS DO MOVIMENTO (Rümmele, 1990).

Julgo importante apresentar alguns subsídios para que o leitor possa entender as diferentes possibilidades de aplicação do exercício e do esporte para o benefício da área emocional do seu praticante, seja ele um sujeito saudável , um atleta de elite ou de recreação ou ainda um portador de transtornos ou deficiencias diversas.


Definição de exercício e esporte
O Colégio Americano de Medicina do Esporte – ACSM (1990) classifica o exercício ou o esporte em três tipos: a) cardiorespiratório (aeróbico); b) força ou resistência muscular; c) flexibilidade. A maioria dos estudos realizados para verificar a influência do exercício sobre a área emocional do ser humano, utilizaram atividades aeróbicas como a corrida, natação, ou o ciclismo. Alguns utilizaram exercícios anaeróbicos (treinamento de força). Não foram utilizados exercícios de flexibilidade.

O esporte utilizado nas investigações, são atividades esportivas, individuais ou coletivas, que possuem uma regulamentação em nível internacional, praticados desde as escolinhas esportivas, o esporte adulto de lazer, bem como o de alta competição.


Exercício, esporte & ansiedade
O exercício e o esporte promovem uma redução significativa da ansiedade de estado e suas medidas fisiológicas correlacionadas. De acordo com a meta-análise de Petruzzello (1991), examinando ansiedade de estado, ansiedade de traço e correlatos fisiológicos da ansiedade, não importa COMO a ansiedade seja avaliada, não há dúvida que o exercício está associado com a redução daquelas tres medidas, de acordo com a idade, sexo e padrão de saúde mental. Uma sessão de exercícios aeróbicos, por exemplo, é suficiente para a redução da ansiedade de indivíduos ansiosos (Folkins & Sime, 1981; Mihevic, 1982; Morgan, 1985). Para produzir um efeito tranquilizante o exercício deve ser rítmico, como a caminhada, a corrida, o saltar sobre obstáculos, o andar de bicicleta, mantendo uma duração desde 5 a 30 minutos, numa intensidade de 30% a 60% da intensidade máxima permitida para o sujeito (DeVries, 1981).

Alguns programas de exercício não reduzem a ansiedade (Hughes, 1994; Morgan & Goldston, 1987; Sorensen, 1987) pois não respeitam um mínimo de tempo necessário. A reação de ansiedade é algo individual e desejar que o exercício e o esporte alterem este padrão rapidamente é algo irreal. É necessário um tempo de prática entre 4 a 20 semanas. Mesmo assim, para transtornos de pânico e agorafobia os resultados têm sido controvertidos.


Exercício, esporte & Depressão
O exercício e o esporte tem sido apontados, já há algum tempo como uma medida psicoprofilática (Antonelli, 1974; Becker Jr., 1985a; 1986). Numa ótica inversa, alguns investigadores concluiram que a falta de exercício é um fator importante para o aparecimento de sintomas de depressão. A possibilidade de redução dos sintomas de ansiedade e depressão pelo exercício, contribuiu para que vários psicoterapeutas comparassem o exercício com diversos tipos de psicoterapia tradicionais, verificando-se que tanto o exercício aeróbico como o anaeróbico tem apresentado um valor similar a qualquer forma de psicoterapia tradicional. Martinsen e colegas (1994), revisando 2 estudos quasi-experimentais e 10 experimentais de intervenções do exercício sobre pacientes depressivos mostraram que o exercício aeróbico é eficiente para reduzir a depressão unipolar sem melancolia e/ou condutas psicóticas.

O exercício físico pode ser uma alternativa de tratamento ou um auxiliar num tratamento com formas tradicionais de psicoterapia nas formas unipolares de depressão leve ou moderada (ISSP, 1992; Bosscher, 1993). Há dúvidas se diferentes intensidades de exercício & esporte apresentam benefícios emocionais diferentes a seus praticantes. De acordo com Paffenbarger e colegas (1984), o exercício deve ser rigoroso para ser associado com um benefício emocional. De outro lado, Leon e colegas (1987) verificaram que o exercício moderado oferece ao ser humano um benefício emocional igual ao exercício vigoroso. Por outro lado, os exercícios de alta intensidade, não reduziram a depressão e determinaram aumento da tensão, raiva, fadiga e distúrbios de humor.

Um resumo da posição (Statement) confeccionada por nós dirigentes da International Society of Sport Psychology - ISSP (1992), merece ser apresentada ao final deste artigo. A posição refere:

O processo de exercício, seja de curta ou longa duração, causa bem-estar mental e melhora psicológica. A atividade física é causadora de uma melhora na auto-estima que causa benefícios na hipertensão, osteoporose, crises de diabete, e vários transtornos psiquiátricos. É uma forma efetiva como outras formas de psicoterapia para o paciente depressivo. Os benefícios individuais do exercício incluem: a) redução da ansiedade de estado; b) redução de níveis baixos e moderados de depressão; c) redução de níveis de estresse; d) redução de níveis de neuroticismo; e) auxiliar no tratamento da depressão severa; f) beneficia psicológicamente a ambos os sexos e todas as idades.


Bibliografia

Lecturas: Educación Física y Deportes
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Año 3. Nº 12. Buenos Aires, Diciembre 1998.