A influencia da ginástica laboral no grau de flexibilidade de quadril de homens trabalhadores de uma metalúrgica na cidade de Gravataí (RS) |
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*ULBRA **UFRGS (Brasil) |
Cristiane Rodrigues Martins, Joseana da Rocha Ferreira, João Carlos Jaccottet Piccoli, Doralice Orrigo da Cunha Pol* Luciano Fonseca Selistre**
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Resumo
A ginástica laboral segue uma metodologia específica e criteriosa de
acordo com a atividade realizada durante o trabalho. Agindo de forma
preventiva e terapêutica nos casos de LER/DORT. As aulas são em
períodos de curta duração e com exercícios direcionados a
alongamentos e compensação muscular das estruturas envolvidas nas
tarefas operacionais diárias. Frente à carência de estudos mais
recentes sobre a influência da Ginástica Laboral na flexibilidade de
seus adeptos, acredita-se ser relevante rever alguns conceitos existentes
e verificar, experimentalmente, se há benefícios quanto ao nível de
amplitude articular. O objetivo deste estudo foi Verificar se
existe alguma influência da Ginástica Laboral no grau de flexibilidade
dos membros inferiores em 78 homens na faixa etária entre 25 a 45 anos,
funcionários de uma empresa metalúrgica na cidade de Gravataí. Para
verificar o nível de flexibilidade de quadril dos trabalhadores, foi
utilizado um teste linear que expressa os resultados em uma escala de
distância, em centímetros, utilizando-se de uma fita métrica , chamado
de Teste de Sentar e Alcançar - Wells & Dilom (1952), também
conhecido como Teste do Banco de Wells. O presente estudo tratou-se de
uma pesquisa quase experimental, partindo de uma revisão bibliográfica
e de observações colhidas num ambiente fabril onde funcionários foram
submetidos diariamente a aulas de ginástica laboral em um período de 10
minutos durante sete meses. Para análise dos dados foi utilizado
estatística descritiva. Foram comparados os resultados de dois testes
realizados em um intervalo de sete meses. Os resultados demonstraram que
em comparação com o primeiro e segundo teste, 29 homens, cerca de 37.1%
sofreram um declínio em sua flexibilidade; 9 homens o que corresponde a
11.5% mantiveram, e 40 51.2%, obtiveram uma melhora. Conclui-se que houve
resultados significativos na amostra analisada, neste sentido acredita-se
que a Ginástica Laboral pode proporcionar melhora na flexibilidade dos
membros inferiores em homens trabalhadores de metalúrgica.
Unitermos: Ginástica laboral.
Flexibilidade. Homens metalúrgicos. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 119 - Abril de 2008 |
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Introdução
Observa-se no mundo atual que a tecnologia apesar de ter facilitado em muito a vida das pessoas, também as tornou mais sedentárias. Apesar desta mudança em seu padrão de comportamento, o homem é um ser ativo e que necessita do movimento para o seu bem estar.
O corpo humano precisa estar em total equilíbrio. Para isso, é preciso gozar de saúde física, mental, psíquica e emocional. Para promover a saúde e o bem estar, é preciso garantir uma certa quantidade de exercícios físicos em condições adequadas e manter o sono reparador com qualidade para o alívio das tensões e cargas que o indivíduo esta sujeito diariamente, além de uma alimentação saudável e balanceada.
Havendo excesso ou carência em algum destes, o sistema físico e psicoemocional do indivíduo se desequilibram, o que compromete o bem -estar do indivíduo. Neste caso em específico, devemos salientar que a saúde do trabalhador pode ser comprometida por agentes agressivos chamados de fatores de risco como: ruídos, temperatura, mobiliário, iluminação não adequada, deficiência de fatores ambientais, falta de atividade muscular, falta de comunicação com outras pessoas ou integração, falta de diversificação em tarefas de trabalho ou flexibilização da mão de obra e, principalmente ausência de desafios intelectuais, porem já existe projetos firmes para amenizar a agressividade de tais fatores.
A ergonomia tem encaminhado soluções eficazes na concepção e desenvolvimento de produtos, de interfaces e de sistemas de trabalho, atuando com ótimo resultado no diagnóstico e prevenção de acidentes e doenças, na reestruturação produtiva das empresas e em processos de transferência de tecnologia.
Aspectos presentes na sociedade moderna como questões relacionadas as condições de trabalho, o mercado altamente competitivo, a ameaça iminente da perda de emprego e outras dificuldades do dia-a-dia, fazem os trabalhadores vivenciarem cada vez mais situações estressantes no ambiente de trabalho.
Como o estresse tem várias causas e afeta diretamente as pessoas, não é possível estabelecer uma forma única de prevenir e combatê-lo. Existem diversas medidas que podem ser adotadas, tais como: rodízio de postos, redesenho do posto de trabalho, treinamentos e principalmente a prática de ginástica laboral, que consiste em atividades físicas que tem como características comuns, melhorar, sob aspecto fisiológico a condição física do indivíduo, objetivando promover a saúde e a socialização dos trabalhadores, atuando na prevenção terapêutica das possíveis doenças osteomusculares e ligamentares. É uma atividade de curta duração e direcionada a exercícios de alongamento e de compensação muscular das estruturas envolvidas nas tarefas operacionais diárias seguindo uma metodologia específica e criteriosa de acordo com a atividade realizada durante o trabalho. Agindo de forma preventiva e terapêutica nos casos de LER/DORT (o grande campeão dos afastamentos de trabalhadores das empresas, desenvolvidos pela fadiga decorrente da tensão e repetitividade dos movimentos, prejudicando as articulações, músculos e nervos. Os exercícios de alongamentos realizados durante a sessão de ginástica laboral agem como um elo entre a vida sedentária e a vida ativa, além de manter os músculos flexíveis, preparam-nos para o movimento e ajudam-nos a concretizar a transição diária da inatividade para a atividade vigorosa, sem tensões indevidas. Os alongamentos devem ser feitos sob medida, segundo sua estrutura muscular, sua flexibilidade, e segundo os diversos níveis de tensão. O ponto-chave é a regularidade com relaxamento. O objetivo é a redução da tensão muscular, o que em decorrência promove movimentos mais soltos, e não um esforço concentrado para conseguir-se a extrema flexibilidade que freqüentemente conduz a superestiramentos e a lesões.
E desta maneira, reforçando a importância da prática de alongamentos durante a ginástica laboral, que este estudo concentrará seus esforços. Uma vez que testes aplicados a trabalhadores metalúrgicos tentarão comprovar e responder a seguinte questão: Existe alguma influência da ginástica laboral no grau de flexibilidade dos membros inferiores de homens na faixa etária dos 25 a 45 anos, funcionários de uma empresa metalúrgica na cidade de Gravataí?
Ginástica laboral
Para se entender quais os benefícios da ginástica laboral no grau de flexibilidade dos trabalhadores, se faz necessário iniciar a pesquisa com as definições dadas a este programa socioeducativo.
Uma das ferramentas de que dispomos na área da saúde, somada à ergonomia, que preconiza o bem-estar do trabalhador é a Ginástica Laboral; também chamada de Ginástica de Pausa ou Cinesioterapia é um tipo de atividade física executada no próprio local de trabalho, justificada pelo seu próprio nome, pois laboral vem de “labor”, que significa trabalho. Ginástica nas empresas, ginástica matinal, ginástica preparatória, ginástica de pausa, ginástica compensatória, ginástica corretiva, ginástica no trabalho e muitas outras são denominações e ou formas de atuação da ginástica laboral, ou ainda, o termo que acreditamos ser o mais apropriado para a denominação geral é cinesioterapia laboral. Cinesio significa movimento, terapia significa tratamento e laboral vem de labor, que significa trabalho, então, tratamento através do movimento no ambiente de trabalho passa a ser uma ferramenta na prevenção e terapêutica dos possíveis distúrbios osteomusculares, relacionados ao trabalho e também, as doenças ocupacionais diretamente relacionadas ao sistema músculo esquelético, (Canete,1996).
Atualmente, uma maior atenção tem sido dada á qualidade de vida no trabalho, na esperança de promover um envolvimento e motivação no ambiente de trabalho, proporcionando assim um incremento no trabalho.
Um importante componente nesta estratégia é o incentivo ás pessoas para uma nova cultura de hábitos saudáveis, tornando-as capazes de condicionarem-se e permanecerem fisicamente capazes para a realização de suas atividades laborais na sua vida diária e terem ainda reservas suficientes de energia para enfrentarem eventuais necessidade físicas extras (Coffito, 1999).
Tendo em vista os objetivos descritos acima Sesc on line, aconselha a pratica da ginástica laboral, uma vez ele sendo adaptada para as necessidades impostas pelo tipo de trabalho, realizada sem sair do posto de trabalho, em breve períodos de tempo, ao longo do dia de trabalho, pode produzir resultados positivos para os funcionários e para a empresa.
Beneficios / efeitos
Dentro os inúmeros benefícios da ginástica laboral podemos destacar: prevenção de LER/DORT; integração dos funcionários; sociabilizarão do ambiente de trabalho; aumento de produtividade; diminuição e prevenção de fadiga; qualificação da empresa; melhoria de relacionamento inter-pessoal; diminuição de custos com afastamentos e tratamentos; redução do absenteísmo; contribuir com pausas recomendadas pela NR-17apresentação de relatórios de melhoria; e contribuir na Prevenção de Acidentes de Trabalho. (Couto, 1995).
Efeitos fisiológicos da ginástica laboral
Mesmo sendo imperceptível a consciência do funcionário, muitas vezes leigo sobre seu próprio corpo, os efeitos fisiológicos são uma verdade compartilhada com o departamento médico das empresas, uma vez que seus funcionários ganham saúde com o aumento da mobilidade e flexibilidade de músculos e articulações; aumento da circulação sanguínea, contribuindo com a oxigenação de músculos e tendões; propriocepção (Consciência corporal); diminuição de tensão muscular; diminuição de stress psíquico; melhora de postura; alongamento muscular; melhora a adaptação ao posto de trabalho; aumento do retorno venoso, liberação de endorfinas; melhora da respiração. (Mac ardem, 1998).
Aspectos psicológicos
Como já foi citado na introdução, o corpo precisa estar em harmonia e para isso é preciso gozar de saúde física, mental, psíquica e emocional, sendo assim devemos citar em que aspectos a saúde psíquica dos trabalhadores poderá ser influenciado positivamente, uma vez que ele proporciona alteração de hábitos e rotinas;quebra da monotonia;diminuição da distração; aumento de motivação; aumento na velocidade de raciocínio;minimiza o bloqueio ou pausa forçada autônoma; contribui para a auto-estima; diminui a ansiedade; auxilia no combate à depressão; e equilíbrio emocional. (Silva, 1997).
Aspectos sociais
Ainda na perspectiva de promover qualidade de vida aos funcionários, levando até a eles instrumentos que vem a melhorar a sua saúde física e mental, é conseqüência a melhora dos aspectos sociais deste indivíduo. Nas atividades de ginástica laboral é comum atividades que envolvam integração social, estimulam o sentido de grupo; favorecem a cooperação entre funcionários; melhoria de relacionamento; qualidade de vida dentro e fora da empresa; adoção de hábitos saudáveis; melhora de desempenho individual e em grupo; e projeção da empresa.(Canete,1996)
Tipos de ginástica laboral
Tal atividade poderá ser realizada em horários e maneiras diferentes:
1. Preparatória
Preparatória ou de Aquecimento, com duração de dez a doze minutos no início da jornada de trabalho e cujo principal objetivo é o de trabalhar os grupos musculares, aquecendo-os e despertando-os para melhorar a disposição no trabalho (Canete, 1996).
Zilli (2002), define a ginástica preparatória como atividades de alongamento para preparar as estruturas que serão solicitadas durante as tarefas dentro da empresa.
2. Compensatória ou de pausa
Realizada em intervalos da jornada de trabalho e/ou no seu final.Como o próprio nome diz, visa compensar as estruturas que podem ter sidos sobrecarregadas durante as atividades de trabalho, prevenindo e/ou diminuindo possíveis conseqüências prejudiciais. (Zilli, 2002).
Também podemos assim descrever: são atividades realizadas em pequenos intervalos durante o expediente. Elas tem o objetivo de compensar as estruturas que estão sendo realizadas no processo produtivo, diminuindo as tensos do trabalho reprodutivo, posturas erradas, proporcionando ao indivíduo condições de perceber seu corpo, suas condições físicas e psicológicas (Canete, 1996)
3. Ginástica de relaxamento ou final de expediente
Como o próprio nome já sugere, são atividades realizadas ao termino das atividades do funcionário dentro da empresa. Seu objetivo maior é aliviar a sensação de cansaço e tensão muscular e auxiliando também na atividade respiratória. (Anderson, 2003)
Atividades lúdicas de descontração
Visa à integração entre os funcionários, diminuindo também o stress, que é um dos fatores contributivos para o aparecimento de doenças do trabalho. Essas atividades são as maiores responsáveis pelo aumento da integração entre colegas de serviços, descontração e aumento da saúde emocional.
O Alongamento é o exercício mais indicado na Ginástica Laboral, pois é um tipo de exercício que trabalha a manutenção e o desenvolvimento de uma capacidade física específica, a Flexibilidade. (SESC on line,2004 ).
A Flexibilidade ajuda a melhorar a amplitude articular e muscular, proporcionando: melhora da postura, pela amplitude articular que promove, contribuição contra lesões durante o trabalho como contraturas ou distensões, prevenção de câimbras, pois melhora a oxigenação como um todo, o que diminui o acúmulo de ácido láctico no músculo. A realização de atividades físicas sugerem boa qualidade de vida, sendo a força e a flexibilidade os fatores mais desenvolvidos durante a atividade física, assim como para a realização de atividades funcionais, uma vez que melhora a capacidade contrátil dos músculos e a mobilidade articular. (Anderson, 2003)
Flexibilidade
A Flexibilidade é uma qualidade física básica muito importante para as pessoas, tanto para aquelas que praticam esportes quanto para aquelas que não praticam.(Werlang, 1997).
Já para Lapas, (2002), flexibilidade é a capacidade que as articulações detêm de terem uma amplitude de movimento (ADM) para as quais foram projetadas (todas as articulações têm um limite de amplitude, a do ombro é a maior).
Segundo Hollmann & Hettinger (1989), flexibilidade é a capacidade que cada articulação tem de extensão voluntária em uma ou mais articulações.
No livro "Flexibilidade, alongamento e Flexionamento", o autor mostra uma definição sobre flexibilidade que nos parece a mais adequada: "Qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem o risco de provocar lesão".
Utilizaremos no nosso trabalho sempre esta definição pois é a que melhor atribui a flexibilidade aos indivíduos.
Componentes da flexibilidade
Existem dois componentes básicos de flexibilidade que são: Flexibilidade Estática que consiste na amplitude máxima do movimento; e Flexibilidade Dinâmica que pode ser definida como resistência ou rigidez oferecida ao movimento dentro de uma determinada amplitude.
Segundo o livro "Flexibilidade, alongamento e Flexionamento" de Dantas (1999), para que exista um grau de flexibilidade articular observamos alguns fatores: Mobilidade (grau de movimento da articulação), Elasticidade (estiramento drástico dos componentes musculares), Plasticidade (deformidades que sofrem as articulações e a musculatura durante o movimento) e Maleabilidade (modificações das tenções parciais da pele).
Importancia da flexibilidade
Segundo Dantas (1999), a flexibilidade tem papel importantíssimo na capacidade motora do homem e influencia em diversos aspectos da motricidade, como:
Aperfeiçoamento Motor: "Um grau excepcional de sua flexibilidade é imprescindível para a realização, com eficácia, de diversos gestos esportivos". Realmente para atletas que desejam ter um bom desempenho, com máxima eficácia do movimento é essencial ter uma boa flexibilidade. Até para as pessoas que não praticam esportes a flexibilidade é importante e influencia no cotidiano.
Eficiência Mecânica: quando chegamos de 10% a 20% do arco da flexibilidade máxima, próximo do limite, surge uma resistência ao movimento; é preciso realizar um esforço extra. Este esforço implica num recrutamento de maior número de unidades motoras e maior freqüência de estímulos nervosos, fatores que comprometem o estilo e a beleza do gesto, fazendo também com que o atleta tenha maior gasto energético. É possível que estes fatores sejam evitados dispondo de uma margem de segurança de pelo menos 20% a mais do que o arco articular que vai ser utilizado. Isso faz com que o desgaste energético seja reduzido e exista maior elegância no movimento.
Sem dúvida nenhuma a flexibilidade é uma qualidade física básica muito importante para todos nós. Todos temos flexibilidade, alguns são mais flexíveis do que outros, porém a flexibilidade existe.
Segundo o texto retirado da internet "Saúde em movimento", a Flexibilidade nos ajuda na reabilitação pós-cirúrgica; Para os atletas, cada esporte ou modalidade necessita de um certo grau de flexibilidade, interferindo diretamente no seu desempenho desportivo, um exemplo é a ginástica olímpica, onde os atletas devem ter um alto grau de flexibilidade.
Fatores endogenos e exogenos influenciadores da flexibilidade
Os fatores endógenos influenciadores nos graus de flexibilidade segundo Werlang (1997), são: idade, sexo, somatótipo, individualidade biológica, concisão física, respiração e concentração. E os exógenos são: temperatura ambiente e hora do dia.
Dentre os fatores que mais favorecem a redução dos níveis de amplitude articular destacam-se: atrofia devido ao pouco uso articular, aumento da idade e hereditariedade (Werlang, 1997).
Segundo Hollmann & Hettinger (1989), existem fatores limitantes, de natureza mecânica, que são divididos em: influenciáveis, que são a capacidade de distensão da pele, ligamentos, tendões e cápsula articular; e não influenciáveis que são a estrutura articular e a massa muscular existente.
Fox & Mathews (1983), colocam que as estruturas de tecidos moles contribuem para a resistência articular. Sendo por ordem decrescente: cápsula articular - 47%, músculos - 41%, tendões - 10% e pele - 2%.
Para realizar esta pesquisa foram levados em consideração todos estes fatores.
Classificação da flexibilidade
A flexibilidade pode ser classificada em: ativa, passiva e anatômica.
A flexibilidade ativa (FAt) se refere as possibilidades de movimento de uma articulação a qual se encontra limitada pelos músculos antagonistas que limitam o movimento.
A flexibilidade passiva (FP) consiste em a “não participação da pessoa que se movimenta” a qual fica bem relaxada para evitar a participação no maior grau possível dos músculos antes mencionados.
A flexibilidade anatômica (FAn), refere-se as possibilidade de movimentação real da articulação, onde não existe nenhum ligamento, cápsula ou músculos que limite o movimento. Naturalmente esta só é possível aos cadáveres.
Portanto, do ponto de vista quantitativo acontece o seguinte: Fat < FP < Fan. Ou seja, a flexibilidade ativa (numericamente ou goniométricamente) é menor que a flexibilidade passiva; e esta por sua vez é menor que a flexibilidade anatômica.
No indivíduo sadio a amplitude articular é influenciada pêlos ligamentos, comprimento dos músculos e tendões, e tecidos moles. Já em pessoas com problemas patológicos, as limitações podem ser agravadas por processos inflamatórios, redução da quantidade de líquido sinovial, presença de corpos estranhos na articulação e lesões cartilaginosas (Werlang, 1997).
O bom nível de flexibilidade varia de acordo com a necessidade de cada um, logo, a boa flexibilidade é aquela que permite ao indivíduo realizar os movimentos articulares, dentro da amplitude necessária durante a execução de suas atividades diárias, sem grandes dificuldades e lesões (Blanke, 1997).
O sedentário tende a ter menor grau de flexibilidade que o indivíduo ativo e este fato é agravado com o passar dos anos, pois, o nível de flexibilidade tende a diminuir e com isso aumentam os riscos de: lesões, dores, problemas posturais, e a realização de atividades diárias (Werlang, 1997).
A melhora da flexibilidade é atingida com o treinamento regular de exercícios de alongamento, que consistem em favorecer toda a amplitude de movimento de uma articulação, dita normal, atuando sobre a elasticidade muscular, principalmente. Quando a amplitude excede o normal, o estímulo atua não só sobre a elasticidade muscular como a mobilidade articular (Marchand, 1992).
Alongamentos
Dantas (2002) define alongamentos como sendo o conjunto de técnicas utilizadas para se manter ou para se aumentar a amplitude de movimentos.
Outra definição é dada pelo Coffito (1999) onde: Alongamentos são exercícios voltados para o aumento da flexibilidade muscular, que promovem o estiramento das fibras musculares, fazendo com que elas aumentem o seu comprimento. O principal efeito dos alongamentos é o aumento da flexibilidade, que é a maior amplitude de movimento possível de uma determinada articulação. Quanto mais alongado um músculo, maior será a movimentação da articulação comandada por aquele músculo e, portanto, maior sua flexibilidade.
Segundo Anderson (1983), o alongamento é uma prática fundamental para o bom funcionamento do corpo, proporcionando maior agilidade e elasticidade, além de prevenir lesões.
Essencial para o aquecimento e relaxamento dos músculos, deve ser uma atividade incorporada ao exercício físico, mas também pode ser praticado sozinho.
Qualquer pessoa pode aprender a fazer alongamentos, independentemente da idade e da flexibilidade, mesmo quem apresenta algum problema específico, como LER ou hérnia de disco também pode fazer alongamentos, mas com menos intensidade. Não é preciso grande condição física ou habilidades atléticas.
Os alongamentos podem ser feitos sempre que se sentir vontade, uma vez que relaxam o corpo e a mente.
O alongamento é o exercício que utilizamos para fazer a manutenção da flexibilidade das articulações, músculos e tendões. Pessoas que fazem exercícios de alongamentos, geralmente estão melhores condicionadas. O objetivo dos exercícios de alongamento é reduzir a tensão muscular tornando os movimentos mais livres.
Segundo Anderson, (1983), a prática de exercícios de alongamento faz com que:
Reduzam as tensões musculares trazendo a sensação de um corpo mais relaxado;
Haja melhora da coordenação;
Haja aumento do âmbito de movimentação;
Previne lesões;
Ajuda em modalidades esportivas tais como: corrida, natação, tênis, entre outras modalidades de grande desgaste;
Desenvolve a consciência corporal;
Ativa a circulação.
Tipos de alongamentos
Dentre as técnicas que se emprega para aumentar a mobilidade destaca-se:
Alongamento estático ou passivo: é considerada uma das técnicas mais seguras, pois apresenta menor perigo de lesar tecidos. Consiste em permanecer numa determinada postura, e receber uma força externa para que os movimentos sejam efetuados, isso é graças á capacidade de estiramento ou descontração dos antagonistas. A extensão ocorre sem contrair ou fazer força, conservando a posição final durante 5 - 60” (Anderson, 1983 & Blanke, 1997).
Alongamento estático com contração dos antagonistas: movimenta-se o segmento, que se deseja alongar, até o limite de desconforto moderado, onde faz-se uma contração isométrica dos músculos antagonistas e mantém-se por 5- 60” (Blanke, 1997).
Alongamento estático com contração dos agonistas: leva-se a articulação ao máximo de sua amplitude, então realiza-se uma contração isométrica do grupo muscular que será alongado durante 5 - 30’. Esse processo relaxa o músculo que está sendo alongado pela ação dos órgãos tendinosos de golgi (Blanke, 1997).
Alongamento balístico: este método está associado ao maior número de lesões. É realizado através do rápido movimento do segmento no máximo de sua amplitude articular (Blanke, 1997).
Alongamento suave: consiste em extender a musculatura até o limite de uma pequena tensão, chegando relaxe, sustentando o alongamento por no máximo 30” (Anderson, 1983).
Alongamento progressivo: é realizado alongando-se um pouco além do que o suave, assim, virá uma pequena nova tensão que deve ser sustentada por 30” (Anderson, 1983).
Flexionamento
O método passivo é mais eficaz que o método ativo.
Método ativo ou Flexionamento Dinâmico: provocam trabalho nas estruturas limitantes do movimento. Cada músculo é submetido a 3 ou 4 séries de 10 a 20 repetições cada uma, alternadas com movimento de soltura. Este método enfatiza a elasticidade muscular devido a realização de movimentos de amplitude máxima em velocidade que acarreta o reflexo de estiramento, provocando a contração da musculatura estirada.
Método passivo ou Flexionamento Estático: Este método é realizado lentamente, chegando ao limite normal do arco articular da pessoa, forçar suavemente sobre além deste limite, aguardar 6s, e realizar novo forçamento suave procurando alcançar o maior arco de movimento possível. Neste ponto mantém o movimento por 10 a 15 segundos. Repetir a seqüência de três a seis vezes com intervalo de descontração entre elas. O objetivo é aumentar a flexibilidade sobre a mobilidade articular.
Método de facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP): Utiliza a influência recíproca entre o fuso muscular e o órgão tendinoso de Golgi de um músculo entre si e com os músculos antagonistas para obter maior amplitude de movimento.
ALONGAMENTO X FLEXIONAMENTO
São diferentes em conceito, fisiologia e metabolismo. Neste trabalho vamos mostrar a diferença entre eles para que seja esclarecida as formas de treinamentos.
Definições segundo Dantas, (1999):
Alongamento:
Flexionamento:
Comparando estes dois conceitos é possível afirmar que o alongamento permite a realização dos movimentos com maior eficácia e com menor gasto energético, enquanto que o flexionamento exige "força" para conseguir maiores arcos articulares de movimento.
Metodologia
A amostra deste estudo que apresenta característica de uma pesquisa quase experimental, partindo de uma revisão bibliográfica e de observações colhidas num ambiente fabril onde os resultados de dois testes estudo foi composta de 78 homens, entre os 25 a 45 anos, trabalhadores de uma indústria metalúrgica na cidade de Gravataí, selecionados de forma aleatória.
Instrumentos e materiais
Para se verificar o nível de flexibilidade de quadril dos trabalhadores foi utilizado um teste linear que expressa os resultados em uma escala de distancia, em centímetros, utilizando-se de uma fita métrica para a mensuração, chamado de Teste de Sentar e Alcaçar – Wells & Dilom (1952), também conhecido como Teste do Banco de Wells.
A escolha deste instrumento se deu pelo fato de ser reconhecido mundialmente, dispensável de aferição, e principalmente pelo fato de dar uma visão global da flexibilidade do indivíduo e as prováveis interferências das dimensões antopométricas sobre os resultados dos testes.
Controle das variáveis
Para que o estudo obtivesse um resultado preciso, foi envolvido na aplicação dos testes, somente um professor de Educação Física treinado para medir, anotar os resultados e dar as devidas explicações aos analisados, de forma padronizada; bem como a utilização do equipamento para medir o teste e reteste.
Podemos citar como uma variável direta o fato do resultado do teste ser observado pelo analisador de maneira subjetiva.
Tratamento experimental
O estímulo dado ao grupo consistiu em sessões de ginástica laboral diárias com duração de 10 minutos em um período de sete meses. Todas as aulas foram compostas de exercícios de alongamento, relaxamento, dinâmicas de grupo, reforço muscular, coordenação, atenção e resistência aeróbia; divididos em um cronograma especifico da empresa de ginástica, ministradas pelos estudantes de educação física.
Plano de coleta de dados
Para a obtenção dos dados para este estudo, foi necessário, primeiramente o termo de consentimento do médico do trabalho responsável pelo departamento de saúde da empresa, bem como do responsável pela equipe de ginástica e dos trabalhadores metalúrgicos que faziam parte da amostra.
Resultados e discussão
Os resultados obtidos através de dois testes realizados em épocas distintas, demonstram que dentre os 78 homens da amostra, todos com idade entre 25 a 45 anos, 29 homens cerca de 37.1% sofreram um declínio em sua flexibilidade; 9, o que corresponde a 11.5% mantiveram sua marca; já 40 homens, 51.2% da amostra obtiveram uma melhora significativa na flexibilidade de membros inferiores. Em um estudo semelhante, Goulart (2003) compara os níveis de flexibilidade entre indivíduos praticantes e não praticantes de ginástica laboral. A amostra foi composta e organizada da seguinte maneira: dois grupos de pessoas de ambos os sexos com idade entre 30 e 50 anos. Foram divididos em: grupo 1, composto por 11 indivíduos 6 homens e 5 mulheres que praticavam ginástica laboral três vezes por semana, e o grupo 2 composto por 10 indivíduos 6 homens e 4 mulheres que não praticavam ginástica laboral. Ao final da análise, concluiu-se que o grupo 1 apresentou níveis de flexibilidade superiores aos do grupo 2 , independente do sexo, supondo que a Ginástica Laboral pode contribuir para a melhora na mobilidade articular da população em estudo. Sendo assim, a pesquisa de Goulart poderá contribuir positivamente para o presente estudo que também observou uma melhora na flexibilidade das pessoas praticantes de Ginástica Laboral.
Conclusão
No presente estudo, observou-se uma melhora na flexibilidade de membros inferiores em 51.2% de homens da amostra. Conclui-se então que, a Ginástica Laboral, pode colaborar para a melhora na flexibilidade dos trabalhadores metalúrgicos, facilitando a execução de suas tarefas diárias. Recomenda-se realizar outras pesquisas sobre esta temática, afim de que as mesmas possam colaborar na formação do profissional da Educação Física.
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revista
digital · Año 13
· N° 119 | Buenos Aires,
Abril 2008 |