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Proposições e estudos na área do esporte e da responsabilidade social: a aprendizagem nos esportes individuais e coletivos

 

Doutor em Educação Física e Cultura pela UGF

Docente da UNISUAM/ RJ; Bolsista Faperj

(Brasil)

Carlos Henrique de Vasconcellos Ribeiro

c.henriqueribeiro@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Nas próximas páginas apresentamos questões acerca do desenvolvimento da aprendizagem nos esportes individuais e coletivos. Suas particularidades e suas inferências no campo do ensino da educação física com interface na área da Responsabilidade Social. Neste artigo fazemos referências teóricas de autores que escrevem sobre o espaço privilegiado do ambiente escolar para a aprendizagem e refletimos criticamente sobre a possibilidade de outros ambientes não-formais que têm se tornados mais comuns em áreas de risco social.

          Unitermos: Educação Física. Esporte. Ensino. Responsabilidade social.

 

Abstract

          This paper aims to discuss about the development of collective and individual sports. Their specific methodologies and process it is treated in elementary and high schools by the academic experience of this author. The paper also discusses the role of the physical education teacher and his/her importance in the field of the Social Responsibility area, so important in countries of the third world.

          Keywords: Physical Education. Sport. Education. Social responsibility.

 
 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 119 - Abril de 2008

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Introdução

    A aprendizagem esportiva segue, em muitos aspectos da cultura corporal o gosto pela prática de uma ou algumas modalidades. É relevante pensarmos que os esportes individuais e coletivos seguem por vezes uma diretriz coerente e linear de aprendizagem, principalmente no espaço formal do ambiente escolar. Do simples para o mais complexo; do habitual para o particular; do culturalmente normatizado para a exceção. Como a capacidade do conhecimento é seletiva, ou seja, estamos limitados a conhecer mais de um estrito número de informações sobre um determinado assunto, o que normalmente fica da aprendizagem pode ser identificado nas situações prazerosas que alunos vivenciam durante as aulas de educação física, quer sejam os conteúdos que englobem as lutas, as danças ginásticas ou ainda os esportes praticados com bola (COLETIVO DE AUTORES, 1992; LOVISOLO, 1997).

    Pensamos que a cultura corporal experimentada pelos alunos de ensino fundamental deve compor inúmeras situações em que os alunos sejam agentes de suas próprias regras. A regra é neste aspecto uma forma de compreensão crítica e autônoma do que se quer jogar e de que formar aderir ao jogo. É comum encontrarmos nas escolas crianças e adolescentes que gostam mais de participar de jogos tradicionais do que de os jogos esportivos, tais exemplos podem ser vistos no jogo da amarelinha, na bola-de-gude e no queimado, jogos que contém diversas habilidades motoras e complexas formas de raciocínio em um ambiente de jogo adaptado e personalizado pelo grupo que joga (MELLO, 1985; PARLEBAS, 1988).

    Portanto, pensar os jogos tradicionais é também uma forma de pensar a educação física em seu mundo de diferentes possibilidades e desafios, em que o esporte não seja interpretado como única fonte de aprendizagem na educação física, principalmente no primeiro segmento do ensino fundamental, onde o gosto pela atividade física pode ser estimulado de diversas maneiras.

    Além disso, compreendemos que a educação física escolar tem avançado pouco quanto às diversificações nos conteúdos de aula. Pouco tem se feito para incluir outras modalidades, e os esportes de salão (basquetebol, futsal, handebol e voleibol) ainda são os mais praticados. Não é

O esporte como paradigma da educação física

    Em escolas que contém em seu corpo docente um número significativo de profissionais de educação física, é possível notar a experiência pessoal que cada profissional traz para o espaço escolar. Uns trazem suas trajetórias de vida ligadas aos esportes individuais, que via de regra na escola são compostos por atletismo, dança, judô e a natação. Em outra ponta temos os profissionais ligados aos esportes coletivos que no espaço escolar gira em torno do basquetebol, futsal, handebol e voleibol.

    Pensando na especificidade de cada esporte e na lógica interna de suas regras acreditamos que é relevante disponibilizar o maior número de atividades corporais para o corpo discente, em que se experimente das lutas à dança, dos esportes com bola aos esportes aquáticos (PARLEBAS, 1988).

    Como o profissional de educação física vai apresentar esses conteúdos aos seus alunos é que me parece o problema a ser solucionado.

    Ao não privilegiar um esporte em detrimento de outro, o professor pode aproveitar para ensinar conceitos básicos da educação que são apresentados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1994). Temas transversais como a ética e saúde em um país de baixo nível sócio-econômico fazem destas questões tópicos relevantes, em que pesem o acesso aos bens culturais. O esporte, assim como outras atividades corporais no espaço escolar, é estimulado ainda de maneira tímida, principalmente nas questões relacionadas às instalações, ao material esportivo e a falta de adequação da grade escolar às aulas de educação física.

Esporte e desenvolvimento pessoal

    As tomadas de decisão, iniciativa e atitude nos esportes são interpretadas muitas vezes como benéficas e aplicáveis em outros espaços da vida, ou seja, indivíduos que aprendem uma educação voltada para a prática de esportes tendem a utilizar elementos como a concentração e o espírito de equipe em outras atividades de seu cotidiano. Neste sentido, inúmeros atletas e técnicos de diversas modalidades esportivas têm sido requisitados para contar sobre suas trajetórias vitoriosas dentro de meio esportivo para diferentes profissionais liberais em palestras com alto valor de mercado, pois se compreende que as experiências realizadas dentro das áreas dos esportes podem ser transportadas para outras atividades profissionais também competitivas na busca da capacitação de equipes vencedoras.

    Iniciativa, atitude e tomas de decisão estão presentes tanto nos esportes individuais como nos coletivos. Porém, vemos que é a capacidade do indivíduo conviver com o outro numa equipe, treinando e viajando junto que faz com que muitos jovens atletas acabem por se integrar em equipes de esportes coletivos. Tanto no aspecto de pertencimento, quanto no aspecto financeiro é interessante que em um primeiro momento os atletas pertençam a alguma agremiação ou equipe.

    Na medida em que os atletas passam a gerir suas próprias carreiras, vemos que tem sido freqüente a saída de atletas do voleibol de quadra para o voleibol de praia, possibilitando assim que esses negociem diretamente com os patrocinadores, sem que clubes ou federações tenham grande poder de interferência. Ou seja, o atleta torna-se gestor de sua própria careira fazendo com que a sua imagem pessoal se sobreponha a do clube ou de alguma confederação.

    O profissional de educação física conhecedor desse contexto pode mostrar as tendências, identificando as especificidades de cada modalidade esportiva e suas inúmeras formas de adesão para crianças e adolescentes, mas o que vemos é que a maioria dos professores não relaciona desenvolvimento esportivo ao espaço escolar, como se as situações vistas na mídia fossem pouco exemplares.

    O ato de passar a bola, tão comum nos esportes coletivo, tem um significado diferente, por exemplo, do nadar sozinho na piscina. Se para Elias (1990) o autocontrole é elemento básico para a esportivização, ele é adquirido de forma diferente em esportes individuais e coletivos. Não acredito que esportes coletivos tenham a capacidade de socializar mais que esportes individuais. Dependendo da interferência do professor, da situação de cada escola e dos objetivos de cada indivíduo, podemos ter variadas respostas para um mesmo estímulo da aprendizagem.

    Acreditamos no prazer, na ludicidade, no jogo. Na possibilidade de escolha que atualmente tem sido constante nas escolas privadas. O aluno escolhe o que quer fazer bimestre por bimestre. Não apenas a modalidade esportiva, mas também com o professor que mais lhe agrada. Simples e democrático, complexo e sedutor. É claro que outras questões estão envolvidas: os alunos tendem a escolher os esportes que estão acostumados a jogar e podem vir a querer fazer aulas com aqueles professores que tendem a ser mais flexíveis e menos rígidos com relação a presença e participação. Mas ainda assim me parece a melhor opção a ser desenvolvidas nas escolas.

    Senão acreditassemos nisso, seria bastante difícil trabalharmos com qualidade, ensinando educação física para alunos em situações precárias, com poucos recursos físicos e quase nenhum material esportivo adequado, em áreas de risco social do entorno de comunidades pobres da periferia do Rio de Janeiro.

    Porém, infelizmente, a adesão de alunos não se transforma no desenvolvimento desses esportes na cultura esportiva brasileira, no que diz respeito à sua propagação, desenvolvimento e evolução. É comum ver atletas das modalidades do atletismo e do handebol reclamando da falta de condições financeiras e de estrutura física para que esses possam desenvolver seus melhores potenciais.

    Mas existem outros fatores que impedem o desenvolvimento e a massificação dos esportes no Brasil, com exceção, é claro, do futebol.

    Há outras questões a serem discutidas. Componentes físicos tais como altura e massa muscular são impedimentos reais para a exclusão de muitos alunos nas práticas físicas. Talvez por isso o futebol apresente o estigma de ser um esporte democrático, em que as características físicas ficam em segundo plano, fazendo com que o mito do esporte para as massas se concretize em nosso país (RIBEIRO, 2005).

    Durante uma fase de nossa educação física, apenas selecionamos crianças e adolescentes para que fosse viável a criação de equipes de competição. Concentrou-se esforço na seleção de talentos e pensou-se que uma nação forte se desenvolveria com os resultados olímpicos de homens e mulheres brasileiras, esquecendo-se nas implicações políticas para a população brasileira de atividades esportivas descomprometidas da qualidade de vida e do bem-estar social (GHIRALDELLI JR., 1988).

    A seleção de talentos nas escolas às vezes mantém um efeito perverso (BOUDON, 1979) que é pouco visto: quando levados para clubes de competição, os alunos acabam por atuar em funções específicas, em que sua altura ou força precoce os fazem ser destaques em suas categorias de idade. Ou seja, se são altos jogam na função de pivô, como no caso do basquete, e perdem a oportunidade de atuarem como armadores ou alas, fato que constantemente limitam na fase adulta a possibilidade de uma maior flexibilidade de permanência no esporte.

Esporte e responsabilidade social

    Em relação às competições esportivas escolares, inclusive aquelas patrocinadas por empresas e meios de comunicação, identificamos muitos atletas que hoje atuam por escolas da rede privada de ensino são originários das escolas públicas. Tem sido uma boa oportunidade para os jovens de baixa renda familiar no acesso a um ensino de qualidade, mas tenho dúvidas com relação à integração desses em um sistema de ensino que por vezes mostra uma realidade social e financeira (com todo seu consumismo, com toda a sua ostentação de roupas, tênis e mochilas) distantes para o aluno-atleta.

    Mas são os esportes individuais relacionados às lutas que nos chamam a maior atenção. Boxe e judô sobretudo. Esses esportes parecem demonstrar uma grande capacidade de trazer ensinamentos de disciplina e autocontrole, fazendo com que seus praticantes aprendam algo importante para suas vidas fora dos ringues e tatames. Precisamos dentro da educação física de profissionais comprometidos com a ética e a responsabilidade social.

    Esportes coletivos também são bem-vindos em locais que a falta de segurança é constante. O futebol, por exemplo, ao atuar como esporte de grande interesse, faz com que milhares dos que nele ingressam sonhem em se tornar profissionais, ganhando muito dinheiro, fama e sucesso. Denominamos isto de Brazilian Dream (RIBEIRO, 2005), ou seja, é pela via do futebol, que milhares de meninos pretendem se realizar como pessoas.

    Identificamos que em comunidades de baixa renda, onde a criminalidade é um tema constante na vida de milhares de pessoas, esportes individuais podem se tornar grandes aglutinadores de crianças e adolescentes em seu tempo livre. Casos como o boxe, o tênis, o judô e a ginástica olímpica. Com poucos recursos e materiais é viável educar crianças e adolescentes que se encontram em situação de risco social. Já para alunos de classes mais favorecidas economicamente, é necessário também oferecer educação e cultura esportiva.

    Iniciativas sociais também têm sido constantes, principalmente em comunidades da periferia dos grandes centros urbanos brasileiros. Essas iniciativas têm sido promovidas por Fundações, Institutos, ONGs e OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). No Brasil este é o terceiro setor, aquele que se encontra entre a iniciativa pública (primeiro setor) e a iniciativa privada (segundo setor).

    Essas organizações têm procurado ocupar o tempo ocioso de crianças e adolescentes que não dispõem de recursos financeiros para freqüentarem escolhinhas de esporte, além de oferecer aulas de reforço escolar para crianças com dificuldade de aprendizagem no sistema oficial de ensino. Se a criança de classe média ainda pode contar com esses tipos de serviços pagos com os recursos de seus pais, é possível também identificar uma realidade que se apresenta nos dois extremos econômicos das famílias brasileiras: a ausência materna e paterna (principalmente).

Capacitando profissionais de EF para atuar em Projetos Sociais

    Somadas a essas experiências, identificamos que um currículo de formação profissional de educação física coerente, atual e interessante deve privilegiar formas de integrar o que o Coletivo de Autores (1993) denomina de currículo transversal. Neste, os conteúdos das disciplinas são apresentados de forma complementares, integradores e seguem complexidade pedagógica que é relacionado à forma de um espiral. Acrescento que a imagem mental que relaciono se pareceria com a molécula de DNA. Neste sentido, esportes como atletismo (individual) preparam os alunos da graduação para esportes que consideramos tecnicamente mais complexos, tais como basquetebol e voleibol.

    De outra forma, esportes como o voleibol, permitem estratégias de jogadas previamente combinadas entre companheiros de uma mesma equipe, reforçando o “nós” contra “eles”. Como o contato físico neste esporte é quase inexistente, acredito que uma rivalidade maior e uma força exagerada no uso da bola são características reforçadas nesta modalidade. Tal como no tênis, em que a distância entre os jogadores e a divisão dos espaços do jogo atrai um tipo específico de jogador, com uma personalidade distinta daqueles que procuram esporte onde o contato físico é permitido e reforçado (Parlebas, 1988).

    Com uma maior difusão dos esportes, conseguimos mostrar que se o futebol é um esporte importante em nossas vidas, seja na questão econômica, no lazer e no entretenimento, outros esportes também têm seus espaços. Para isso é necessário que uma triangulação entre a mídia, os patrocinadores e os heróis esportivos se encontrem juntos dentro de uma mesma modalidade.

    Helal (1990) que desenvolve a idéia de que sem um herói, um esporte não se desenvolve, e relaciono suas interpretações acerca do herói esportivo ao interesse que modalidades como a ginástica artística, denominada anteriormente de ginástica olímpica, tem despertado na cobertura midiática. Neste aspecto, o surgimento de uma atleta de origem afro-descendente como Dayane dos Santos, pode representar um maior equilíbrio de oportunidades, um retorno social com uma população que por vezes não tem acesso a esportes que necessitem de materiais um pouco mais sofisticados.

    Os esportes individuais e coletivos seguem também duas matrizes teóricas de ensino distintas, mas complementares na questão dos estudos culturais na atualidade: a esportivização e a midiatização.

    O processo de esportivização deixou para trás inúmeras situações, acordos, regras, gestos e movimentos que não se encaixavam no processo do desenvolvimento do que era jogo e brincadeira e se transformou em esporte. Esportes de contato, principalmente o boxe, limitaram muito a capacidade dos praticantes de se machucarem violentamente nos últimos cem anos.

    O processo de midiatização é mais recente. Ele nos leva a compreender um cultura esportiva a partir dos meios de comunicação, sobretudo a televisão. Este processo mostra como esportes foram alterando suas regras, a partir do desenvolvimento da tecnologia, para se adaptar à cultura dos torcedores de sofá, do público que assiste a uma modalidade no conforto de casa, consumindo e comprando produtos vinculados aos seus ídolos esportivos.

    Quando estudados em conjunto, a esportivização e a midiatização facilitam a compreensão das modificações que os as entidades políticas responsáveis pela administração e desenvolvimento das modalidades imprimem ao quadro de regras, ao uso da tecnologia, às punições de seus atletas.

    Regras que antes pareciam fazer parte da estória e identidades de cada esporte aparecem sendo alteradas e adaptadas, trazendo por vezes um desconforto para espectadores menos atentos. Vejo que o ensino de esportes que têm menos visibilidade na mídia, como no caso do basquete, sofre problema para sua assimilação na área da licenciatura dos cursos de educação física. Afinal, muitas regras foram alteradas e os alunos se confundem com inúmeras modificações que vão desde quando eram alunos do ensino fundamental e médio.

    De forma diferente, o futebol é um dos poucos esportes que permanece com grande parte de suas regras pouco modificadas, até porque apenas um grupo minoritário composto de oito pessoas, o International Board, é responsável pelas futuras alterações desse esporte.

    Comparar esportes individuais e coletivos neste contexto representa abordar estudos multidisciplinares que foquem nos pequenos grupos, investigando suas representações discursos nas práticas que envolvem o esporte, a dança e o lazer.

    A compreensão sobre como as pessoas se envolvem nas práticas corporais se apresentam relevantes para que se possa, no nível da pesquisa acadêmica, analisar como circulam os saberes, os gestos e as formas em que a cultura se apropria de inúmeros jogos e brincadeiras dentro das aulas de educação física.

    Ao ter abordado as questões culturais que envolvem a aprendizagem dos esportes individuais e coletivos, identifico os meus estudos pertinentes ao esporte e a cultura, a vivência profissional e universitária, a pesquisa qualitativa centrada no indivíduo e nos pequenos grupos.

    Acredito que estudos relevantes nessa área devem procurar identificar o grau de adesão dos praticantes nos esportes que escolheram como parte integrante de suas vidas. Quer seja na competição, no lazer ou na profissão, o esporte contribui para a formação do caráter do indivíduo e integra, mais do que desagrega, as pessoas que nele se envolvem.

Considerações finais

    A cultura esportiva brasileira parece estar sendo aumentada nos últimos anos, ou seja, mais pessoas têm acesso às informações ligadas ao esporte quer seja como consumidora, praticante ou ainda como voluntária. Dados do Atlas do Esporte no Brasil (2004) mostram a força econômica dessa atividade humana com riqueza de detalhes. Além disso, é necessário aumentar o número de informações disponíveis sobre o esporte em tempos dos grandes acontecimentos esportivos e especificamente a necessidade de se preparar o Brasil e particularmente a Cidade do Rio de Janeiro para os jogos Pan-americanos de 2007, não só em termos de estrutura física, mas principalmente desenvolver uma cultura esportiva ampla e de qualidade junto à população brasileira em que nos permita sentir que fazermos parte desse espetáculo.

    Os cursos de licenciatura e bacharelado em educação física parecem não privilegiar em suas grades curriculares os estudos pertinentes ao ambiente escolar. Normalmente o aluno universitário cursa a disciplina prática obrigatória como o Basquete I, Voleibol I e o Futebol de Campo tal qual estivesse em uma escolinha de esporte: joga, aprende as regras e participa de torneios internos dentro da instituição de ensino. Vivências profissionais posteriores na escola e estudos no nível da pós-graduação contribuem para a formação continuada do profissional de educação física, nos questionamentos entre a teoria e a prática. As práticas de ensino ganham sentido quando acompanhadas de vida acadêmica e prática profissional dentro da escola e, para isso, é necessário um tempo de formação que se estende para uma vida inteira.

    É preciso avançar mais em termos de responsabilidade social. Se há ainda uma defasagem entre os conhecimentos produzidos e a dinâmica do desenvolvimento esportivo entre professores e estudantes de educação física entre sua práticas dentro e fora das escolas é preciso compreender que os projetos esportivos de cunho social têm obtido espaço em diversas áreas da sociedade brasileira a despeito de uma deficiência crônica de manter o interesse dos alunos em freqüentar a escola como espaço privilegiado de educação.

Referências bibliográficas

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  • Ghiraldelli Jr., Paulo. Educação física progressista - A pedagogia crítico-social dos conteúdos e a educação física brasileira. São Paulo: Edições Loyola, 1988.

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  • Lovisolo, Hugo. Estética, esporte e educação física. Rio de Janeiro: Sprint, 1997.

  • Mello, Alexandre. Jogos populares infantis como recurso pedagógico da educação física escolar de 1º grau no Brasil. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação Física. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1985.

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  • Ribeiro, Carlos. O jogo queimado na educação física escolar. Niterói: NITPRESS, 2004.

  • Ribeiro, Carlos. Mais do que pendurar as chuteiras: o futebol que investe no social. Niterói: NITPRESS, 2005.

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revista digital · Año 13 · N° 119 | Buenos Aires, Abril 2008  
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