A opinião discente sobre o estágio curricular supervisionado em Educação Física na UFSM |
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*Licenciado em Educação Física
pelo Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) **Doutor em Educação e em Ciência
do Movimento Humano PPGE/CE/UFSM |
Marcio Salles da Silva* Hugo Norberto Krug** (Brasil) |
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Resumo
Objetivamos analisar a opinião dos acadêmicos de Educação Física da
UFSM em situação de Estágio Curricular Supervisionado sobre o
desenvolvimento do mesmo. Foi uma pesquisa descritiva de opinião e
estudo de caso. A população foi 100 acadêmicos, matriculados em 2004
na disciplina MEN-433. A amostra constituiu-se por 57 acadêmicos. O
instrumento de pesquisa foi um questionário e o tratamento estatístico
a porcentagem. Concluiu-se que as informações obtidas por este estudo
precisam ser discutidas na instituição, sendo isto, indiscutivelmente,
um elemento vital para o redimensionamento curricular.
Unitermos: Educação Física escolar.
Formação de professores. Estágio Curricular Supervisionado. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 119 - Abril de 2008 |
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Este artigo representa algumas idéias desenvolvidas pelo autor no XXIV Simpósio Nacional de Educação Física “Novos Espaços Profissionais em Educação Física”. Pelotas (Brasil) no ano de 2005, pela Esef/UFPel – Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas.
Introdução
O curso de Licenciatura em Educação Física tem como um dos seus objetivos a habilitação para a docência no ensino fundamental e médio, quando a necessidade de uma relação professor-aluno satisfatória requer, por parte do futuro professor um conhecimento multidisciplinar estendendo-se desde a caracterização das fases de crescimento e desenvolvimento do aluno até os procedimentos a serem adotados nas aulas.
Dentre as disciplinas que constam do currículo de Licenciatura em Educação Física destaca-se, pela sua relevância, o Estágio Curricular Supervisionado, que tem por atribuições precípuas colocar o futuro profissional em contato com a realidade educacional, desenvolvendo-se estilos de ensino, possibilitando adequadas seleções de objetivos, conteúdos, estratégias e avaliações, entre outras finalidades. Para tanto, o estágio Curricular supervisionado deve fornecer subsídios para a formação do futuro professor, tanto no aspecto teórico quanto prático, a fim de que possa desenvolver um trabalho docente competente (Ferreira e Krug, 2001).
Segundo pesquisa realizada com alunos em situação de Estágio Curricular Supervisionado efetuada por Neuenfeldt (1998) as experiências pelas quais os acadêmicos de Educação Física passam nesta disciplina, nas suas atuações como professores na escola, são fundamentais para que abracem ou não este campo de trabalho. Portanto, estudar o que acontece durante esta disciplina, é tarefa primeira daqueles que se encontram envolvidos e comprometidos com uma formação de qualidade.
Neste sentido, é importante estudar as facilidades e as dificuldades de desenvolvimento do Estágio Curricular Supervisionado, pois segundo Xavier e Santos (1998) as idéias de melhora, de qualidade educativa, de aperfeiçoamento, surge, na maioria das vezes da confrontação entre a realidade que temos e a que queremos, ou ainda frente à situações problemáticas e à necessidade de resolvê-las.
Baseando-se nestas premissas surgiu o problema que estimulou esta pesquisa: - Qual é a opinião dos acadêmicos de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em situação de Estágio Curricular Supervisionado (ECS) em relação a diversos aspectos do desenvolvimento desta disciplina?
Assim, este estudo objetivou analisar a opinião dos acadêmicos de Educação Física da UFSM em situação de Estágio Curricular Supervisionado em relação à ocorrência de choque com a realidade escolar, ao tipo de experiência anterior ao seu desenvolvimento, à avaliação do segmento escolar de realização do mesmo e da supervisão/orientação da disciplina, aos problemas enfrentados durante a docência, às contribuições da disciplina para a formação profissional, às disciplinas do currículo que mais contribuíram para a sua realização, à ocorrência de satisfação com a disciplina e as sugestões para a sua melhoria.
A argumentação sobre a importância da realização deste estudo vir a acontecer justificou-se pela tentativa de despertar as instituições responsáveis pela formação inicial de professores de Educação Física para a necessidade de permanente avaliação e reformulação de seus currículos.
Metodologia
Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa do tipo descritiva de opinião e também estudo de caso (Cervo & Bervian, 1996). O universo populacional foi de cem (100) acadêmicos/estagiários, matriculados em 2004 (1° e 2° semestres letivos) na disciplina de ECS em Educação Física (MEN-433) do CEFD/UFSM (RS). A amostra constituiu-se, de forma não probabilística, por cinqüenta e sete (57) acadêmicos/estagiários (25 do 1° e 32 do 2° semestre letivo) que responderam o instrumento de pesquisa, perfazendo um total de 57% do universo populacional. O instrumento de pesquisa constituiu-se de um questionário contendo perguntas abertas e fechadas. O tratamento estatístico dos dados foi a freqüência percentual.
Apresentação e discussão dos resultados
Quanto à ocorrência ou não de choque do acadêmico com a realidade da Educação Física escolar e sua justificativa
Para a maioria, ou seja, dois terços (66,7%) dos acadêmicos "não ocorreu choque com a realidade da Educação Física escolar". Este resultado contraria Onofre e Fialho (1995) que dizem que a dimensão que as dificuldades e problemas vividos no Estágio assumem, tem conduzido vários autores a identificar este processo como um momento de choque com a realidade, cuja expressão é utilizada para se referir à situação pela qual passam muitos futuros professores no seu primeiro contato com a docência.
A "principal justificativa" dos acadêmicos para a "não ocorrência de choque com a realidade da Educação Física escolar" foi que "já conheciam a realidade escolar" (63,2%). Este fato possibilita inferir que a participação do acadêmico antes do ECS em diversas atividades de ensino, pesquisa e extensão relacionadas com a escola amenizam ou evitam o choque com a realidade escolar.
Quanto à existência ou não e tipo de experiência anterior do acadêmico com a escola
A maioria (77,2%) dos acadêmicos "possuíam experiência anterior com a escola". Este dado confirma Tavares e Krug (2003) de que o currículo do curso de Educação Física possibilita inúmeras oportunidades para os acadêmicos realizarem sua inserção na escola.
O "principal tipo de experiência anterior" com a escola foi do tipo "ministrar aulas" (84,1%). Já este dado contraria Tavares e Krug (2003) que destacam que os acadêmicos vão mais vezes às escolas para observarem aulas ou fazerem coletas de dados para pesquisas do que se engajarem na docência.
Quanto ao segmento escolar de realização do Estágio e sua avaliação pelo acadêmico
A maioria dos acadêmicos "realizou a sua docência" nas "séries iniciais do ensino fundamental" (84,2%), seguindo-se a "educação infantil" (8,8%) e as "séries finais do ensino fundamental" (7,0%). Este fato é interessante porque as séries iniciais do ensino fundamental historicamente não é valorizada pelos cursos de formação de professores de Educação Física, nem pelos governantes, pois estes não contratam professores desta especialidade para atenderem este segmento escolar. Canfield (2000) em pesquisa realizada em Santa Maria (RS) constatou que somente 9,6% de professores de Educação Física atuam nas séries iniciais.
A "aprovação" dos acadêmicos da realização do Estágio nos respectivos segmentos escolares foi: 100,0% na "educação infantil"; 70,8% nas "séries iniciais do ensino fundamental" e 50,0% nas "séries finais do ensino fundamental". Este dado nos permite a inferência de que o acadêmico vai tendo dificuldades de controle e desenvolvimento de suas aulas com o crescimento da faixa etária dos alunos.
Quanto à qualidade da supervisão/orientação do professor do Estágio na opinião do acadêmico
A maioria (91,2%) dos acadêmicos consideraram "no mínimo de boa qualidade" a "supervisão/orientação do professor responsável pelo mesmo". De acordo com Piéron (1996) estudos revelam que vários elementos interferem no sucesso dos acadêmicos no estágio de ensino, mas entre eles destaca-se a forma como é realizada a supervisão/orientação.
Quanto aos principais problemas enfrentados pelos acadêmicos durante o Estágio
Os acadêmicos enfrentaram diversos problemas em suas práticas, sendo que a maioria (56,1%) destes problemas foram ligados a fatores externos à ação pedagógica dos mesmos, fato este, coincidente com os encontrados por Giesta (1996) em seu estudo intitulado "Tomada de decisões pedagógicas no cotidiano escolar".
Dez (10) foram os principais problemas enfrentados pelos acadêmicos durante o Estágio, entretanto quatro (4) são os mais citados.
Em primeiro lugar como "principal problema" destacou-se a "indisciplina dos alunos" com 37,8%. Lorencetti e Silva (1996) em seu estudo "A natureza didática dos dilemas profissionais dos professores" revelam que a indisciplina dos alunos é uma das dificuldades enfrentadas pelos professores em suas aulas.
Em segundo lugar destacou-se como problema a "falta de domínio da turma pelo acadêmico" com 22,0%. Este fato é compreensível porque, segundo Siedentop (1983), a atividade do professor é o objeto do desenvolvimento da competência pedagógica, portanto ela se desenvolve com o exercício da docência;
Em terceiro lugar destacou-se como problema a "dificuldade no planejamento das aulas" com 11,0%. Segundo Piletti (1995) este fato é normal, pois são inúmeras as dificuldades em se elaborar um planejamento de ensino, podendo estas ser de quatro tipos: naturais, humanas, metodológicas e organizacionais. Destaca que com o exercício da docência elas vão sendo contornadas não facilmente pelo professor.
Em quarto lugar destacou-se como problema a "falta de conhecimento pedagógico do acadêmico" com 9,8%. Malaco e Silva (1996) colocam que os professores possuem dificuldades de relacionarem os conhecimentos adquiridos durante o curso de graduação e as suas práticas pedagógicas nas escolas, fato este, que prejudica seus desempenhos nas aulas.
A seguir destacaram-se outros problemas, tais como:
"Falta de conhecimento do acadêmico para trabalhar com alunos PNEEs"(4,9%);
"Falta de interesse de alguns alunos pelas aulas" (3,6%);
"Choque do acadêmico com a realidade escolar" (2,4%);
"Pouca orientação do professor do estágio" (1,2%);
"Falta de material de Educação Física na escola" (1,2%); e,
"Falta de locais na escola para dias de chuva" (1,2%).
Quanto às contribuições positivas do Estágio para a formação profissional.
Nove (9) foram as "contribuições positivas" do Estágio para a formação profissional dos acadêmicos, entretanto quatro (4) foram as mais citadas.
Em primeiro lugar como "principal contribuição positiva" com 25,0% destacou-se o "conhecimento do funcionamento da escola". Faria Júnior (1982) salienta que o estagiário, por ocasião do Estágio Curricular Supervisionado, deve conhecer a realidade das escolas da rede oficial de ensino.
Em segundo lugar destacou-se como "contribuição positiva" que o Estágio "possibilitou uma maior experiência da atuação como professor" com 22,4%. Segundo Siedentop (1983) a competência pedagógica é desenvolvida à medida que o professor vai exercendo a sua profissão, pois ela é o domínio da atividade do professor no processo pedagógico.
Em terceiro lugar destacou-se como "contribuição positiva" o "enfretamento das dificuldades da docência e a resolução de problemas" com 21,1%. Würdig et al. (1994) destacam que a contribuição do Estágio na formação de professores em Educação Física revela o entendimento de que a universidade ao ser responsável pela formação dos professores deve responder as questões do cotidiano da escola.
Em quarto lugar destacou-se como "contribuição positiva" o "aprendizado de como trabalhar os elementos da prática pedagógica" com 17,1%. De acordo com Machado (1994) o Estágio é um momento rico para o estagiário, pois é uma oportunidade de ser mais estudioso, rever as suas teorias e ser pesquisador.
A seguir destacaram-se outras contribuições positivas, tais como:
"Aprendizado de associar teoria e prática" (5,3%%);
"Aprendizado de refletir sobre a prática" (3,9%);
"Crescimento como pessoa" (2,6%);
"Aprendizado do que não fazer, com os professores mais experientes da escola" (1,3%); e,
"Mudou o conceito sobre Educação Física escolar" (1,3%).
Quanto às contribuições negativas do Estágio para a formação profissional.
Dezeseis (16) foram as "contribuições negativas" do Estágio para a formação profissional dos acadêmicos citadas, entretanto a colocação de que não aconteceu "nenhuma" contribuição negativa foi manifestada pela maioria (68,4%). Segundo Piéron (1996) as pesquisas revelam que o estágio pedagógico no ensino tem sido considerado pelos acadêmicos como a experiência mais útil da preparação profissional.
As dezesseis (16) citações de "contribuição negativa" foram as seguintes:
"O pouco tempo de estágio" (3,5%);
"O susto com a realidade escolar" (3,5%);
"Ver que o currículo pouco ajuda o acadêmico para enfrentar o estágio" (1,8%);
"A falta de integração do acadêmico com o professor da escola" (1,8%);
"Ver que a forma que tratamos umas pessoas não serve para outras" (1,8%);
"A desmotivação que trás para o acadêmico uma turma difícil" (1,8%);
"As frustrações decorrentes das aulas que não deram certo" (1,8%);
"A falta de interesse do professor da escola em observar as aulas do acadêmico" (1,8%);
"Ver a precariedade da escola em relação a recursos materiais" (1,8%);
"A confirmação de que a escola não é o palco de atuação do acadêmico" (1,8%);
"Os poucos encontros para discussões sobre o estágio" (1,8%);
"Ver a precariedade da estrutura física da escola" (1,8%);
"Ter tido dificuldades na avaliação dos alunos" (1,8%);
"A desmotivação do acadêmico provocadas pelas dificuldades enfrentadas" (1,8%);
"O sentimento de medo em dar aula" (1,8%); e,
"Ministrar aulas somente para uma faixa etária e em uma só escola" (1,8%).
Quanto às disciplinas que seus conteúdos contribuíram para dar embasamento para a realização do Estágio.
Os acadêmicos citaram vinte e duas (22) disciplinas as quais seus conteúdos contribuíram para dar embasamento para o desenvolvimento do referido Estágio, entretanto três (3) delas se destacaram.
Em primeiro e segundo lugares como as disciplinas que mais contribuíram destacaram-se a "Didática Geral" (19,1%) e a "Didática Especial" (17,2%). Oliveira (1996) salienta que o papel da Didática é o de possibilitar ao futuro professor, a capacidade de sintetizar em uma prática pedagógica, todos os conhecimentos adquiridos em sua formação acadêmica, no cotidiano de suas experiências na leitura do mundo, na vivência do fazer e do refazer e, com isso ser capaz de explicar os viézes ideológicos, analisar o que revelam e o que ocultam os discursos.
Em terceiro lugar apareceu a disciplina "Ginástica II" com 12,6%.
Após seguem-se diversas disciplinas com percentuais diferentes, tais como:
6,0% - Fundamentos da Educação Física II e Esportes Coletivos;
5,1% - Esportes Individuais e Desenvolvimento Humano;
4,6% - Currículo;
4,2% - Estrutura e Funcionamento da Educação Básica;
3,3% - Organização Escolar e Psicologia da Educação;
2,3% - Aprendizagem Motora e Fisiologia do Exercício;
1,9% - Todas;
1,4% - Ginástica I e Socorros Urgentes;
0,9% - Fundamentos da Educação Física I, Filosofia e Antropologia; e,
0,5% - Dança, Anatomia e Ginástica III.
Constatamos que várias disciplinas do currículo não foram citadas pelos acadêmicos o que nos parece um contra-senso porque é um curso de licenciatura.
Pimenta (1995) salienta que existe uma falta de comprometimento de todos os professores do curso com o estágio, sendo que a responsabilidade pelo estágio é exclusivamente do professor de Didática e, isto, é uma distorção do estágio.
Quanto à ocorrência de satisfação ou insatisfação pelo acadêmico com a realização do Estágio e sua justificativa.
A maioria (89,5%) dos acadêmicos manifestaram "satisfação em realizar o Estágio".
A "principal justificativa" dos acadêmicos para o sentimento de satisfação com o Estágio foi que este "serviu como experiência importante para a formação profissional" (41,2%). Segundo Machado (1994) o papel que o Estágio Curricular Supervisionado deve exercer é o de fomentar no aluno a interação entre o "saber" e o "fazer". Neste caso, é uma disciplina integradora de conhecimentos porque reúne "o que ensinar", "como ensinar", e, "porque ensinar", estabelecendo uma relação quanto à finalidade, conteúdo e formas do ensino envolvendo desta forma uma vinculação às outras ciências que servirão de base, como por exemplo, a Psicologia da Educação, Filosofia da Educação, Sociologia da Educação, História da Educação e as Metodologias Específicas de cada uma das disciplinas que o futuro professor iria atuar. Nesta perspectiva, o Estágio Curricular Supervisionado aparece com a função de unir conhecimento teórico e trabalho prático, complementando a formação do professor, constituindo-se, então, por sua própria natureza, o sinal mais visível da dicotomia existente na universidade, entre teoria e prática.
Seguem-se outras justificativas tais como:
"Conseguiu realizar um bom trabalho" (25,5%);
"Serviu para conhecer a escola" (17,6); e,
"Despertou o gosto de trabalhar em escola" (15,7%).
Quanto às sugestões dos acadêmicos para melhorar o Estágio.
Os acadêmicos apontam várias "sugestões para melhorar a referida disciplina". Xavier e Santos (1998) colocam que as idéias de melhora, de mudança, de qualidade educativa, de aperfeiçoamento, surgem, na maioria das vezes da confrontação entre a realidade que temos e a que queremos, ou ainda, frente a situações problemáticas e a necessidade de resolvê-las.
Foram citadas vinte e cinco (25) sugestões pelos sendo três as principais.
A sugestão mais citada com 15,7% foi "ter mais horas de estágio". Neuenfeldt (1998) diz que o aumento da carga horária do Estágio pode possibilitar aos acadêmicos mais vivências em todos os níveis de ensino, para que possam prepararem-se para exercer o papel de educadores com crianças, adolescentes e adultos.
A segunda sugestão mais citada foi "mais observações das aulas pelos professores das escolas" com 14,3%. Santos (1996) salienta que, na maioria das vezes, os estagiários são abandonados pelos professores regentes das turmas ficando o estagiário sem auxílio nos momentos necessários.
O terceiro indicador mais citado com 12,9% foi à ausência de sugestão, isto é, a colocação dos acadêmicos de que não tinham "nenhuma" sugestão a fazer.
Após seguem-se diversas sugestões com percentuais diferentes, tais como:
"A disciplina de Educação Psicomotora ser obrigatória no currículo"(7,2%);
"Melhorar o currículo para embasar melhor o estágio" (5,7%);
"Mais observações das aulas pelos professores das escolas" (4,3%);
"Os acadêmicos tenham contato com a escola antes do estágio" (4,3%);
"Avisar na matrícula os horários necessários para o estágio" (4,3%);
"Homogeneizar a metodologia entre os professores supervisores/orientadores" (2,9%);
"Ter estágio em vários segmentos escolares" (2,9%);
"Ter reuniões pedagógicas individuais" (2,9%);
"Ter maior número de escolas para estágio" (2,9%);
"Ter mais discussões nas reuniões pedagógicas" (2,9%);
"Trabalho mais conjunto entre supervisor, professor da escola e acadêmicos" (1,4%);
"Escolher escolas que valorizem mais o estágio" (1,4%);
"Melhorar o acompanhamento do supervisor na elaboração dos planos de aula" (1,4%);
"Mais tempo de duração das reuniões pedagógicas" (1,4%);
"Ter mais reuniões pedagógicas" (1,4%);
"Ter interação entre todos os acadêmicos (dos outros supervisores)" (1,4%);
"Atuação do acadêmico em várias séries" (1,4%);
"A disciplina de Aprendizagem Motora ser obrigatória no currículo" (1,4%);
"Cada turma ter dois estagiários (um observa e outro dá aula)" (1,4%);
"Escolher melhor o dia das reuniões pedagógicas" (1,4%); e
"Maior liberdade ao acadêmico para elaborar o plano de curso" (1,4%).
Conclusão
Apreciando-se o objetivo viabilizado para este estudo, pela apresentação e discussão dos resultados concluiu-se que algumas constatações devem ser abordadas:
Ainda ocorre o choque do acadêmico com a realidade escolar, sendo que este fato denuncia duas situações. Primeiramente que o currículo do curso não está a exigir e nem a ofertar vivências aos acadêmicos nas escolas em número suficiente para uma boa preparação do futuro professor. Também, comprova que ainda existem acadêmicos que procuram o curso de licenciatura sem na verdade desejarem ser professores e sim técnicos desportivos;
Ainda ocorre a situação de acadêmicos irem para o ECS sem nenhuma experiência anterior com a escola, fato este muito complicado porque o acadêmico vai enfrentar a realidade escolar sem quase nenhuma preparação prática da docência, o que pode gerar frustração com o seu desempenho e conseqüentemente o abandono da profissão;
É interessante que o segmento mais procurado (séries iniciais do ensino fundamental) seja aquele em que o mercado de trabalho ainda não está totalmente aberto para a nossa profissão. Talvez isto comprove a saturação do mercado de trabalho tradicional da Educação Física na escola (5ª série em diante);
Apesar dos acadêmicos considerarem no mínimo de boa qualidade a orientação/supervisão dos professores responsáveis pela disciplina ainda ocorre um número reduzido de estagiários que não tem esta opinião. Embora concordando de que existem dificuldades históricas de acompanhamento do Estágio, por parte do professor orientador/supervisor, devido à diversos fatores, salientamos que esta ação é determinante no desempenho dos estagiários em sua docência e precisa ser sempre melhorada;
Percebemos que os acadêmicos pouco relacionam os problemas enfrentados durante o Estágio com as suas próprias ações pedagógicas, o que na maioria das vezes provoca uma alienação das suas verdadeiras funções de educadores, procurando buscar razões para seu insucesso em fatores praticamente insolucionáveis;
Confirma-se neste estudo a importância do ECS para a formação profissional, pois são inúmeras as contribuições positivas citadas pelos acadêmicos;
Ainda ocorre fortemente na percepção dos acadêmicos que as disciplinas pedagógicas, principalmente as Didáticas, são aquelas que tem a responsabilidade da preparação profissional para a atuação docente. Isto indica uma revisão do curso como um todo, principalmente das ações pedagógicas dos professores formadores;
Mesmo com todas as questões problemáticas que envolvem o ECS constatamos que é elevado o percentual de satisfação dos acadêmicos com a realização do mesmo, o que significa a valorização desta disciplina para a formação profissional, bem como um adequado desenvolvimento da mesma pelos professores responsáveis. Entretanto, consideramos necessária uma permanente reflexão sobre o seu desenvolvimento para a busca da melhoria da qualidade do ensino, pois existe uma parcela de acadêmicos insatisfeitos; e
Percebemos que as sugestões dos acadêmicos para a melhoria do Estágio Curricular Supervisionado vão em direção de duas situações: a) melhoria do currículo do curso para embasar melhor a docência; e b) melhoria no próprio Estágio, tais como orienação/supervisão, escolas com melhor infra-estrutura, aumento de carga horária, etc.
Para concluir destacamos que todos os aspectos constatados por este estudo vão ao encontro do que recomenda Carminati (1996) de que os Estágios Curriculares Supervisionados precisam ser discutidos nas instituições, sendo isto indiscutivelmente, um elemento vital para que os docentes e coordenadores dos cursos possam redimensionar estas práticas.
Também destacamos Corrêa (1996) que diz que os resultados obtidos em experiências com o Estágio Curricular Supervisionado tem sido efetivos na melhoria da qualidade dos cursos de formação profissional com influência na reestruturação de programas, metodologias, atitudes docentes e, principalmente, numa postura discente e docente críticas, dentro de formações profissionais tradicionalmente acríticas.
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