Compulsão e exercício físico: um problema para o Educador Físico Compulsion and physical exercise: a problem for the Physical Educator |
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*Centro Universitário Nove de Julho **Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo ***Secretaria da Educação - Governo do Estado de São Paulo, Centro Universitário Nove de Julho – Uninove (Brasil) |
Juliana Moreno Sismon* Samia Hallage Figueiredo* Cláudio Miranda da Rocha** Alessandro Barreta Garcia*** |
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Resumo
O objetivo desta investigação foi verificar índices de ocorrência de
Vigorexia entre freqüentadores de academias da grande São Paulo bem como
identificar possíveis nomes que são dados a esse problema. Para proceder
à coleta de dados foi realizada uma pesquisa de campo através de um
questionário estruturado com 11 questões, que foi aplicado para 30
praticantes assíduos dos exercícios físicos. Podemos constatar através
de alguns dados que aproximadamente 50% das pessoas ficariam extremamente
irritadas se tivessem que ficar sem praticar por uma semana seus
exercícios físicos; aproximadamente 57% das pessoas fazem exercícios
físicos para melhorar a aparência; aproximadamente 80% das pessoas se
encaixam em um grupo de risco que pode desenvolver a compulsão, já que
estas praticam exercícios físicos de 5 a 6 vezes por semana ou todos os
dias e aproximadamente 50% das pessoas responderam que estão
esteticamente bonitas e fortes porém precisam malhar mais para melhorar e
25% que acreditam estar esteticamente feias e fracas precisando malhar
mais, ou seja, os dois grupos se somados resultam em um grupo de risco de
75% de pessoas que possam já estar a caminho de um transtorno dismórfico
corporal.
Unitermos: Exercício físico. Estética. Compulsão. Esteróides
anabolizantes. Abstract
The objective of this inquiry was to verify indices of occurrence of
Vigorexia between those one who go frequently to academies of the great
São Paulo as well as identifying possible names that are given to this
problem. To proceed to the collection of data a research of field through
a questionnaire structuralized with 11 questions was carried through, that
were applied for 30 practitioners whit assiduity of the physical
exercises. We can evidence through some data that approximately 50% of the
people would be extremely irritated if they had that to be without
practice per one week its physical exercises; approximately 57% of the
people make physical exercises to improve the appearance; approximately
80% of the people if incase in a group of risk that can develop the
compulsion, since these practice physical exercises of 5 the 6 times per
week or every day and approximately 50% of the people had answered that
they are aesthetically pretty and strong however they need to thresh more
to improve and 25% that they believe to be aesthetically ugly and weak
needing to thresh more, or either, the two added groups if result in a
group of risk of 75% of people who can already be the way of a corporal
dismórfico upheaval. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 119 - Abril de 2008 |
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Introdução
A grande promoção da saúde, de qualidade de vida e a da estética perfeita que vem sendo explorada cada vez mais pelas academias de ginástica em todo Brasil através dos mais diversos exercícios físicos tem se tornado um problema, ou seja, passa a ser algo que afeta de alguma forma a saúde de quem o pratica de forma compulsiva podendo ser classificado como Vigorexia ou Transtorno Dismórfico Corporal. Assunção (2002) afirma que os indivíduos acometidos com esta sensação passam a ter uma importante limitação de atividades diárias, dedicando muitas horas a levantamento de peso e dietas para hipertrofia.
No caso da Vigorexia seria como uma anorexia nervosa reversa como retratam Oliveira & Araújo (2004). Para estes autores esta complicação atingiria na sua maioria homens que tem a distorção específica da auto-imagem corporal. Mulheres também são atingidas, porém com menor freqüência. Tendo em vista este problema, uma maior conscientização poderia ajudar às pessoas que talvez tenham sido ou estão sendo acometidas por tal distúrbio. Sendo assim a conscientização dos profissionais da área de Educação Física que convivem com os alunos nesta situação compulsiva da busca de um corpo esteticamente perfeito e aceitável pela sociedade poderiam atuar como interventores no sentido de agir pedagogicamente informando-lhes os possíveis riscos para com a qualidade de vida (Garcia, 2005a).
Apesar de se constituir um problema para o Educador Físico esta problemática não tem levantado muita atenção por parte das pesquisas científicas no Brasil, sobretudo na Educação Física. Sendo um problema dos tempos modernos que mexe com a qualidade de vida das pessoas, deveria receber mais atenção por parte da comunidade científica. Os professores de Educação Física que trabalham e lidam diariamente com pessoas com Vigorexia precisam estar informados a respeito deste assunto, pois de alguma forma terão que saber lidar com tal problema se é que realmente querem desempenhar sua função que é de educar, orientar a quem procura uma academia (Rabelo & Garcia, 2006 no prelo). Desta forma o objetivo deste trabalho se constituiu em verificar índices de ocorrência de uma possível Vigorexia entre freqüentadores de academias de ginástica da grande São Paulo, bem como identificar os diversos nomes que são dados a esse problema.
O exercício físico e suas possíveis discussões em torno do problema
A preocupação com a estética corporal e o reconhecimento pela população da importância do exercício físico têm levado as pessoas a procurarem as academias de ginástica e musculação tornando estes, um dos locais mais populares e mais procurados para se conseguir tais objetivos (Antunes, 2003). Tahara & Silva (2003) também explicam que a procura dos exercícios físicos tem impulsionado muitas pessoas a usufruírem tanto das instalações desportivas convencionais como também dos espaços naturais, ao ar livre.
Em consonância com esta realidade, grande parte do referencial bibliográfico da prática de exercício físico pela melhora da saúde torna-se um padrão no qual se fundamenta na maioria dos estudos envolvendo a relação positiva entre exercício físico, saúde e qualidade de vida (Fontoura e col, 2002).
Segundo Fiamoncini & Fiamoncini (2003) o termo Saúde/Qualidade de vida está inserido no âmbito do bem-estar físico, psíquico, espiritual, moral, social, econômico, entre outros. Ainda estamos longe do ideal desejado se observarmos a vida que o homem leva comparando com os termos de saúde e qualidade de vida pretendida. Principalmente para pessoas com poucos recursos para realização de exercícios físicos de forma regular (Garcia, 2005a).
Para Shin & Johnson citado por Fontoura e col (2002) a qualidade de vida consiste na aquisição dos recursos necessários para a satisfação das necessidades e desejos individuais, a participação em atividades que permitem o desenvolvimento pessoal, a auto-realização e a possibilidade de uma comparação satisfatória entre si mesmo e os outros. Assim, vemos que a qualidade de vida não é apenas praticar algum exercício físico e sim estar envolvido com a cultura, a diversão, a opinião crítica e satisfação pessoal. Por outro lado à saúde, assim como a qualidade de vida tem seus conceitos banalizados e reduzidos por boa parte da literatura, e até por parte do corpo acadêmico.
Apesar deste modismo Lovisolo (1998) adverte que há vozes significativas que afirmam que o aumento da aptidão física não se correlaciona positivamente com o aumento de saúde. Segundo os autores Palma e Mira que questionam “...se, de fato, o exercício físico seria um gerador de saúde, ou se os diversos fatores determinantes do estado de saúde (por exemplo, nível de renda) é que conduziriam as pessoas à prática do exercício?” (Estevão & Bagrichevsky, 2004, p. 17). Além dessa duvida, há um problema na busca incessante pelo corpo perfeito que gera transtornos que podem ser e geralmente são de caráter psicológico (Garcia, 2005b).
Em termos gerais as alterações de imagem corporal no sexo masculino são quadros relativamente comuns e diferem do padrão de distorção feminino. Em uma pesquisa feita por Tahara & Silva (2003) foi constatado que a maioria dos sujeitos pesquisados tem uma grande preocupação com a estética corporal, talvez pela forte influência da mídia atual, impondo corpos malhados e sarados como únicos na conquista de mais saúde.
Juntamente com o culto ao corpo perfeito, aparecem os esteróides anabolizantes e drogas em geral para se obter melhores resultados da performance física e da estética, o que tem atingido não só os atletas mas também os praticantes de modalidades não olímpicas (Chiesa, 2004).
Bortoli & Bortoli (2003) também citam em seu artigo que a indústria farmacêutica está cada vez mais produzindo substâncias com o objetivo de transformar as pessoas em maquinas perfeitas, porém quase sempre a base de esteróides anabolizantes. Seria na homogeneização dos objetivos estéticos e de saúde que entraria o profissional de Educação Física, tendo como seu grande desafio, promover e conscientizar as pessoas para que fosse possível garantirmos uma sociedade bem mais informada. Talvez, dessa forma, os indícios de problemas que cada dia surgem pelo excesso de exercício, culto exagerado ao corpo e suas implicações não estariam crescendo da forma que vem sendo visto.
A compulsão por exercícios vem sendo estudada desde 1970, daí surgiram os vários termos como positive addiction, negative addiction, compulsive jogging, dependência do exercício (Rosa e col, 2003). Ballone (2004) define a dependência ao exercício também chamado de Vigorexia como sendo um transtorno onde as pessoas realizam práticas desportivas de forma contínua, e uma valorização praticamente religiosa e até fanática.
Já dismorfia muscular (DISMUS) é definida por Oliveira & Araújo (2004) como uma síndrome psiquiátrica que atinge indivíduos de ambos os sexos com maior prevalência entre os homens, onde o indivíduo percebe seu corpo como pequeno e franzino, quando na verdade é forte e musculoso. Além de estar associada a prejuízos sociais, ocupacionais, recreativos e em outras áreas do funcionamento do indivíduo, a dismorfia muscular é também um fator de risco para o abuso de esteróides anabolizantes (Assunção, 2002).
Material e métodos
Esta pesquisa iniciou-se pela revisão de literatura que se trata especificamente ou parcialmente da relação do exercício físico com a Vigorexia entre freqüentadores de academias. Serviu-se dos periódicos encontrados a partir dos bancos de dados da FSP-USP
2, BIREME3 e MEDLINE4.A pesquisa se desenvolveu em academias de ginástica e teve como caracterização da amostra estudada 30 sujeitos (mulheres e homens) com idade entre 18 a 30 anos de idade que eram praticantes assíduos de exercícios físicos no período de setembro a outubro de 2005.
O instrumento
Tratou-se de um questionário estruturado (fechado) e ordenado para a compreensão dos conceitos apresentados durante o trabalho. O roteiro de perguntas baseou-se: a) no objetivo e no objeto de estudo da pesquisa; b) na exploração dos fatos e das relações que compõem o objeto de pesquisa; c) na revisão de literatura seguindo-se os pressupostos oferecidos por (Mucchielli, 1978). Foram elaboradas 11 questões com algumas variáveis onde os sujeitos tiveram que assinalar apenas uma das alternativas propostas, escolhendo a que melhor respondia à questão no seu ponto de vista.
Análise dos resultados
Foram tratadas às respostas a partir das variáveis; durações da prática, freqüência semanal, objetivos a serem atingidos, utilização ou não de esteróides anabolizantes, a importância dos exercícios físicos na vida de cada um, opiniões sobre seu corpo e satisfação com o mesmo. Por meio da observação e da indicação do professor da academia foram selecionados os alunos que poderiam apresentar a compulsão por exercício físico, a fim de proporcionar resultados compatíveis com a temática em questão.
Resultados e discussão
Na questão 1 (que se refere à freqüência com que o aluno segue o exercício proposto) cerca de 54% dos investigados seguem sempre os exercícios físicos, o que pode ser bom ou ruim, dependendo se o exercício é passado de acordo com os objetivos dessas pessoas, mas já é um bom sinal de que uma boa parcela dos alunos está confiando no programa que lha é proposto.
Aproximadamente 23% dos participantes seguem o programa de exercícios físicos na maioria das vezes, sendo esse um fator negativo onde pode mostrar o quanto às academias e seus professores estão de certa forma não atuando adequadamente. Já aproximadamente 10% dos alunos seguem às vezes e a mesma parcela nunca segue, apenas 3% dos alunos responderam que algumas poucas vezes seguem o programa estabelecido.
Na questão 2 (refere-se à opinião dos alunos em relação à satisfação com os resultados do programa de exercício físico) cerca de 77% estão satisfeitos o que é um resultado refletido de parte da primeira questão, sendo que a maioria segue o programa de exercício que lha é passado.
Podemos observar na porcentagem de pessoas que estão muito satisfeitas que são apenas 13%, sendo esse fator uma das características da compulsão por exercícios físicos que é o grau de insatisfação com o corpo que nunca está o suficiente. Aproximadamente 7% está pouco satisfeito e 3% mais ou menos satisfeitos e nenhum está nada satisfeito. Juntando os dois grupos daria 10% que apesar de serem poucos, existem, e devem ser analisados como casos de uma possível compulsão.
Salientamos também que foi possível observar durante a investigação que esses alunos apresentavam corpos musculosos bem definidos e pareciam demonstrar um certo mal humor quando o professor interrompeu o treino para os mesmos respondessem ao questionário, característica de um dependente de exercícios um provável complexo de Adônis no caso masculino, pois estes alunos estão completamente aficionados pela prática física e não querem perder nem mesmo alguns segundos (Garcia, 2005b).
A questão 3 (referente à avaliação pessoal do aluno em relação ao seu corpo) aproximadamente 57% das pessoas faz exercícios físicos para melhorar a aparência. Com base nesse dado vemos a estética sendo evidenciada nos objetivos dos alunos o que para Garcia (2005b) é a mercantilização do corpo, um fetichismo da modernidade, e um problema para o Educador Físico.
Mais um fator indicativo é que apenas 3% dos alunos não se importam com o corpo, fazendo exercício físico apenas para aumentar a qualidade de vida. Estes estão provavelmente livres da compulsão por exercícios, contanto que o objetivo não mude de qualidade de vida para estética fetichista como diria (Garcia, 2005b). Se o objetivo mudar os benefícios que os exercícios físicos proporcionam, começam a ser prejudiciais fazendo com que as pessoas comecem a apresentar preocupações além do normal com a aparência física, ou seja, com sua estética. Por outro lado cerca de 40% dos alunos fazem exercícios físicos para manter o que já conquistaram e estão com o corpo que gostariam, pelo menos por enquanto.
Na questão 4 (referente à freqüência de prática de exercício físico) cerca de 33% praticam 5 vezes por semana algum tipo de exercício físico, 27% estão praticando 6 vezes por semana e 20% estão praticando todos os dias. Somando os resultados relevantes de um possível desenvolvimento de compulsão, ou seja, os três grupos citados acima, dariam um grupo de risco de 80% de pessoas que não param de treinar o suficiente para que haja um descanso muscular adequado.
Além disso, uma das características da dependência do exercício é a prioridade sobre as outras atividades, para que seja mantido o padrão de exercícios, ou seja, grande parte do tempo desse grupo de risco representado por pessoas que praticam exercícios físicos todos os dias, 6 vezes por semana e 5 vezes por semana (80% dos alunos) dispõem de seus horários dando prioridade para o programa de exercícios e conseqüentemente deixando outros compromissos de lado, isto é um problema social.
Apenas 7% praticam 3 vezes por semana e cerca de 13% praticam 4 vezes por semana. Se somado, cerca de apenas 20% das pessoas estão fora do grupo de risco, mas isto não quer dizer que esta freqüência não possa aumentar.
A questão 5 (referente à opinião do corpo diante do espelho) cerca de 50% das pessoas respondeu que estão esteticamente bonitas e fortes, porém precisam malhar mais para melhorar. Essa porcentagem é um forte indicativo de que dificilmente existe a satisfação pelo que já se conseguiu, além da supervalorização da estética que consideramos aqui como forte característica de dismorfia muscular. Podemos observar a presença dessas características também nas pessoas que responderam que estão esteticamente feias e fracas precisando malhar mais (cerca de 25%).
A dismorfia muscular é caracterizada por pessoas que se consideram pequenas e fracas onde na verdade são fortes e musculosas; se somados os grupos acima temos um grupo de risco de 75% de pessoas. Apenas 3% não se importam com a aparência que o espelho mostra e que é indiferente; 20% não responderam nada.
A questão 6 (referente à classificação de medidas corporais feitas por um profissional de Educação Física ou Médicos) cerca de 53% disse ser satisfatória e cerca de 17% dizem ser muito satisfatória. Temos um provável grupo de risco à compulsão se somados os dois grupos de pessoas que responderam às essas alternativas, resultando em 70%. O indicativo de provável compulsão é o fato que essas pessoas por estarem atingindo seus objetivos gradativamente com relação às medidas corporais e estarem sendo satisfatórias ou muito satisfatórias, aproximadamente 75% delas ainda não estão esteticamente satisfeitas ou se acham feias e fracas, afirmando que precisariam malhar mais, como podemos ver na questão 5. O problema é amenizado pelo fato de nenhuma pessoa ter citado nada satisfatória e apenas aproximadamente 7% ter citado pouco satisfatórias.
A questão 7 (referente às chances de não ir a um evento prazeroso por acontecer no horário de treino) apenas 3% das pessoas respondeu que com certeza total isso poderia acontecer. O prazer poderia ser deixado de lado e até mesmo o encontro com amigos e familiares poderiam ficar para segundo plano. Não deixa de ser também para os 27% dos alunos que responderam que teria 50% chance de acontecer e para os 20% dos alunos que acreditam em uma grande chance de não irem ao evento prazeroso.
Somando todos esses resultados de risco, temos aproximadamente 50% dos alunos agregados nesse grupo que pensa como iniciantes na compulsão (tirando os 3% de pessoas que já pensam como compulsivos por exercício) e podem se tornam fortes compulsivos futuramente.
Na questão 8 (referente ao uso de esteróides anabolizantes) cerca de 43% discorda totalmente dessa atitude, o que é muito satisfatório pois atualmente ainda é muito comum casos de pessoas que associam o uso dessas drogas com o exercício para atingir um resultado mais rápido mesmo sabendo de seus males. Segundo Estevão & Bagrichevsky (2004); “Para compor a construção desses corpos hiperbólicos, lança-se mão do uso freqüente de drogas sintéticas, os esteróides anabolizantes e assim como o público masculino, as fisiculturistas preferem para si, corpos com aparência extremamente forte” (p. 26, 2004).
Porém, 13% concordam plenamente o que significa que uma parcela expressiva de pessoas é potencialmente usuária de esteróides anabolizantes . Levando em consideração as pessoas que responderam que concordam plenamente (13%), concordam parcialmente (10%) e que não concordam e nem discordam (23%) e somando esses grupos, temos a porcentagem de 46% de pessoas que ainda não devem ter conhecimento dos males dos esteróides anabolizantes. Levanta-se a hipótese de que algumas dessas pessoas poderiam ser usuários ativos desses andrógenos sintéticos, o que é muito preocupante.
Na questão 9 (referente ao sentimento em relação à situação de ficar uma semana sem praticar exercício físico) observa-se que 50% dos alunos ficariam extremamente irritados por ficarem parados em apenas uma semana. Esse dado é mais uma evidência de compulsão por exercícios, onde podemos observar a presença de mais uma característica de dependência, ou seja, sintomas de abstinência relacionados aos transtornos de humor, como a irritabilidade quando interrompida a prática de exercícios poderiam ocorrer.
Cerca de 27% ficam um pouco irritados e apenas 23% não vêem problemas em ficar uma semana de folga. Somando as porcentagens dos alunos que apresentam irritação temos um grupo de risco de aproximadamente 77% que apresentam esse sintoma muito claramente.
Na questão 10 (referente à importância da prática de exercício físico) aproximadamente 74% dos alunos responderam que é algo muito importante em suas vidas e cerca de 23% responderam que é importante. Somando e formando um grupo que dá muito valor para a prática de exercícios físicos em suas vidas temos 97% de pessoas e apenas 3% de pessoas que consideram a prática de exercícios físicos pouco importante em suas vidas. Esse é um dado extremamente importante e que também está associado com a dependência compulsiva por exercícios físicos.
Atribuir extrema importância ao exercício físico pode levar aos transtornos psicológicos, causando uma certa alienação no aluno por seu próprio corpo. É claro que o exercício físico tem sua importância, porém quando o objetivo se torna estritamente estético, qualidade de vida começa a ser deixada de lado e apenas a estética começa a importar para esses alunos, o que é extremamente negativo.
Na questão 11 (referente à ordem de importância de atividades que mais gosta de fazer) as opções eram: viajar, sair com os amigos, ficar com a família, ir à academia e namorar. O que podemos observar nesses resultados é o fato que ir à academia está em 2º lugar no grau de importância para as pessoas. Algumas pessoas começam a deixar de lado programas como ficar com a família, namorar e sair com amigos. Esse resultado era esperado, sendo que como já vimos nas outras questões, podemos perceber que muitas pessoas que responderam apresentam muitos indícios e características de compulsão por exercícios físicos.
Considerações finais
O objetivo desse trabalho foi verificar índices de ocorrência de uma possível compulsão por exercícios e identificar alguns nomes dados a esse problema. Considerando que os alunos praticantes regulares dos exercícios poderiam ter omitido algumas informações, espera se que outros estudos investiguem outros alunos sem a indicação dos professores.
Como podemos observar através do nosso instrumento muitas pessoas podem apresentam características associadas ao problema da compulsão por exercícios físicos, formando grupos de risco consideravelmente grandes se somados os resultados mais relevantes de cada questão que foi analisada. Porém espere-se que pesquisas futuras possam continuar a esclarecer melhor essa problemática para que se possa colaborar na atuação pedagógica entre Educadores Físicos.
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Anexo
Outros artigos em Portugués
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