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A influência das vivências corporais na ampliação da
percepção corporal em acadêmicos de fisioterapia
The influence of corporal experiences about increasing of corporal perception in physiotherapy students

   
*Fisioterapeuta.
**UCO/Espanha. Feevale/NH. Ulbra/Canoas.
(Brasil)
 
 
Ms. Lisiane Martins de Lima Cecchini*
lisicecchini@yahoo.com.br  
Mariana de Carvalho* | Silva Brun*  
Cristiane Krás Borges | Ms. Marcio Geller Marques**
psiesporte@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     O programa de vivências corporais pretende melhorar o conhecimento corporal dos indivíduos além de propor uma nova abordagem terapêutica em que o ser humano é entendido com um todo. O presente estudo analisou a influência das vivências corporais na ampliação da percepção corporal em acadêmicos de fisioterapia. Levanta-se a questão da importância dos acadêmicos de fisioterapia ter um melhor conhecimento do seu corpo, para que possam trabalhar com o corpo do outro. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados, um trabalho em argila, depoimentos escritos pelas voluntárias e seus relatos, buscou-se entender se houve ampliação da percepção corporal através de um programa de vivências corporais. Os resultados do estudo sugerem que o programa de vivências corporais influência na ampliação da percepção corporal, pois através desse puderam redimensionar a compreensão de corpo observando suas sensações e necessidades. Nesse aspecto as participantes referiram uma melhora na abordagem ao paciente, enriquecendo os seus atendimentos com as técnicas vivenciadas.
    Unitermos: Vivências corporais. Percepção corporal. Abordagem somática.
 
Abstract
     The corporal experiences program intends to get a better knowledge of the body, beyond to propose a new therapeutics approach when the human being it is understood as a whole. The alms of this study are an evaluation of how corporal experiences influence the knowledge of the body in physiotherapy students. It comes from the idea of the body conception is important for students to treat patients bodies. Data was collected based on argil works, written and oral reports. The results evidence that corporal experiences influence the body conception of the students, because of this they could recast the comprehension of the body watching their sensation and needs. In this aspect, the group reported an improvement on the approach with the patient, increasing our attending with technique learned.
    Keywords: Corporal experiences. Body conception. Somatic approach.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 119 - Abril de 2008

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Introdução

    A abordagem corporal tem sido cada vez mais pesquisada nas últimas décadas, contribuindo para uma melhor compreensão da percepção corporal.

    Na década de 70, pesquisadores norte americanos uniram-se ao modelo holístico e desenvolveram a abordagem somática que, detem-se tanto na discussão filosófica quanto na fundamentação de práticas corporais (VIEIRA, 1998).

    Todo nosso aprendizado e experiência de vida se dão através da via corporal. Sendo assim, todo movimento humano é carregado de expressividade, e muitas vezes nos faz entender a forma de sentir e agir de uma pessoa (NEGRINE, 1998) .

    Nesse sentido, devemos considerar a importância de ter um conhecimento do nosso próprio corpo envolvendo tanto o sentido físico quanto emocional. Sendo assim, se faz necessário na formação profissional a construção de uma visão globalizada do ser humano, não o vendo como partes corporais, mas, sim, como um todo em que corpo, sentimento, hábitos culturais e meio ambiente fizessem parte da reabilitação física do paciente (CORREA, 1999).

    Para Bomfim (2000), existe a necessidade que o ensino acadêmico introduza em seu currículo uma discussão sobre corporeidade, propondo uma visão total do ser humano, respeitando as motivações e sentimentos como parte do processo ensino-aprendizagem sendo considerado como dinâmica de sala de aula diversificando as experiências.

    Alexander (1991) afirma que a formação profissional não deve ser obtida através de um ensino individual. As atividades em grupos permitem um contato próximo com os companheiros e aprofundam a compreensão de diferentes personalidades. Isso possibilita que se desenvolva uma das qualidades fundamentais para os futuros profissionais, que é a capacidade de observar a expressão do corpo e seu comportamento. Complementando essa idéia, Denys-Struyf (1995) destaca a importância de ver, ouvir e compreender as mensagens corporais e gestuais do indivíduo, pois assim será possível auxiliar na reconstrução harmoniosa da unidade psicocorporal de cada um.

    Através desta pesquisa, buscou-se ampliar a percepção corporal em acadêmicos de Fisioterapia, pois acredita-se que o futuro profissional deve se conhecer primeiro para assim desenvolver a sensibilidade de ter uma postura de compreensão e escuta para com o seu paciente (NEGRINE, 1998). Dessa maneira, a relação entre o terapeuta e o paciente será facilitada, pois o profissional já terá vivenciado as suas dificuldades e potencialidades, podendo transmitir maior segurança e confiança ao outro.

    Deve-se ressaltar que o conhecimento técnico tradicional não deve ser descartado, sendo ele a base de nossa abordagem. Contudo, as vivências corporais surgem no sentido de complementar e mostrar uma nova visão do ser humano e da abordagem terapêutica (FALKENBACH, 1998).

    Esta pesquisa tem como objetivo analisar a influência das vivências corporais na ampliação da percepção corporal dos acadêmicos de fisioterapia.


Materiais e métodos

    Caracterização da pesquisa: esta pesquisa foi de caráter qualitativo experimental.

    Amostra: sete acadêmicas do nono semestre do curso de Fisioterapia da ULBRA.

    Instrumento de coleta de dados: foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário inicial, que abordou questões sobre a percepção corporal, se já realizou algum trabalho de terapia corporal, e qual o interesse individual de cada participante neste tipo de proposta .

    Aplicamos um questionário diário ao término de cada encontro a fim de constatar a ampliação da percepção corporal, as dificuldades verificadas no encontro anterior e um espaço aberto para comentários sobre as vivências. O objetivo desse questionário foi o de avaliar a evolução de cada participante.

    No último encontro, foi aplicado um questionário final, que abordou questões sobre o alcance das suas expectativas iniciais em relação ao trabalho, verificando se houve uma modificação na percepção corporal e se essa facilitou a sua abordagem ao paciente e o que o participante aprendeu com as vivências corporais.

    Procedimento de coleta de dados: no primeiro e no último encontro, foi proposto que cada participante representasse na argila como percebia o seu corpo. Esta atividade descrita por Stevens (1988) é considerada uma das maneiras mais agradáveis de o indivíduo expressar a sua percepção corporal. Conforme Oaklander (1980), o trabalho com argila oferece uma experiência tanto tátil como cinestésica. Por sua características de flexibilidade e maliabilidade, a argila nos remete a momentos de introspecção e promove a manifestação de processos primitivos e internos do ser.

    Este estudo utilizou como principal referencial teórico para a prática das vivências corporais a bibliografia de Platts (1997).

    Foram realizados nove encontros, uma vez por semana, com uma hora e vinte minutos de duração.


Seqüência das vivências corporais

    As vivências corporais foram resumidas no quadro a seguir para que se possa ter um panorama geral.


Resultados

    Para análise dos dados coletados através dos questionários, utilizamos o Método de Bardin.

    Participaram da amostra da pesquisa sete acadêmicas do nono semestre de Fisioterapia da ULBRA, com idades entre 22 e 26 anos. Cinco das participantes já haviam realizado um trabalho de terapia corporal, três participantes praticavam atividade física. Supõe-se que indivíduos que praticam alguma atividade física têm uma sensação e uma imagem corporal mais desenvolvidas (ALEXANDER, 1991).

    A partir da leitura dos questionários, foram estabelecidas cinco categorias principais que permitiram analisar os dados:


    Categoria 1. Percepção corporal antes e após as vivências corporais

    Constatou-se que até o sexto encontro em relação à percepção corporal antes das vivências, algumas participantes descreveram sentir-se cansadas, outras tensas e uma minoria com dor nas costas.

"Sempre que chego aqui o corpo está tenso". Participante "C".
"Só percebi que meu corpo estava tenso após as vivências". Participante "B".

    A partir do sétimo encontro, a maioria das participantes referiu melhora da percepção corporal antes das vivências.

"Sinto o meu corpo melhor do que das outras vezes" Participante "E".
"Hoje estou percebendo o meu corpo sem problemas" Participante "B".

    Após a aplicação das vivências corporais, todas participantes referiram melhora significativa de suas queixas, conseguindo aliviá-las.

"Ajudou muito a relaxar, saí mais leve e sentindo o corpo mais organizado e forte" Participante "E".
"Estou me sentindo ótima, superorganizada" Participante "G".
"Está muito agradável estar vindo realizar as vivências, pois estou tendo um melhor conhecimento do meu corpo" Participante "C".

    Através do corpo vivenciado, é possível reconhecer as áreas tensas do corpo. Se desenvolvermos a consciência corporal, será mais fácil agir e relaxar com mais eficácia essas regiões corporais e ter maior controle do corpo. Assim, o indivíduo terá uma visão do seu corpo por inteiro, permitindo uma sensação corporal completa (BRIEGHEL e MÜLLER, 1987).

    No decorrer das vivências corporais observou-se que as participantes melhoraram a sua percepção corporal. Segundo Feijò (1987) a auto-percepção e o movimento humano estão diretamente correlacionados. Isto significa que o movimento humano só é realizado quando ocorre uma motivação interior, a qual é adquirida através da auto-percepção que relaciona o ser humano com o mundo.


    Categoria 2. Dificuldade na execução das práticas das vivências corporais

    A maior parte do grupo não demonstrou dificuldade na execução das práticas. Nas atividades que tiveram como objetivo confiar no outro, observou-se que a maioria das participantes encontrou dificuldade.

"Tive dificuldade em caminhar com os olhos vendados sendo guiada pela colega" Participante "E".
"Não me senti bem em ser conduzida em dupla" Participante "F".

    Segundo Platts (1997), as atividades em que as pessoas devem ter confiança na outra revelam como a pessoa se sente em ter que confiar em alguém para quem é obrigada a passar o controle.


    Categoria 3. Viabilidade de aplicar alguma vivência corporal com pacientes

    Todas as participantes referiram que aplicariam em seus pacientes, de forma individual, as atividades de "Percepção corporal com bolinhas de tênis e espaguete", exercícios baseados no método da coordenação motora, "Pompage e massagem facial". Aplicariam em grupo as atividades lúdicas.

"Aplicaria todas de exterocepção, pois os pacientes perdem bastante com a patologia" Participante "D".

    Segundo Negrine (1998), a prática corporal traz uma nova opção de abordagem corporal.


    Categoria 4. Comparação da percepção corporal no início e ao término do programa de vivências corporais

    No início do programa de vivências corporais, verifica-se que cinco das participantes perceberam o seu corpo cansado, com dor e pouca flexibilidade e duas descreveram que percebiam o seu corpo leve, completo e forte, mas procuravam nesse trabalho melhorar a consciência do corpo. No final do programa todas as participantes relataram estarem sentindo um bem-estar físico e tendo um melhor conhecimento do seu corpo.

"Acho que não tenho muito conhecimento do meu corpo. Isso é muito complicado e complexo. Muitas vezes, pensamos que nos conhecemos, mas vejo que não é bem assim". Participante "B", depoimento no início das vivências.
"Estou triste porque vão acabar as vivências, mas feliz por estar me conhecendo melhor". Participante "D", depoimento no término das vivências.


    Categoria 5. Expectativas iniciais e finais quanto a participação das vivências corporais

    Todas as participantes referiram que as suas expectativas iniciais foram superadas.

"Foram ultrapassadas no sentido de que foi melhor do que eu pensava" Participante "D".

    Segundo Negrine (1998), as pessoas que procuram as práticas corporais demonstram a necessidade de preencher lacunas que se formaram em sua vida profissional e pessoal.


Trabalho com argila

    A análise comparativa da 1a e 2a obra realizada pelas participantes foi feita pelas facilitadoras com o auxílio de uma psicóloga.


Participante "A"
1a obra
Descrição da obra: uma face envolvida por uma circunferência.


Figura 1-A.

2a obra
Descrição da obra: uma mão aberta, com um coração apoiado na palma da mão.


Figura 1-B.

Considerações: consideramos que a participante "A" teve um aproveitamento importante com o trabalho proposto, no qual pôde realizar um auto-resgate. Sentimos que, no primeiro trabalho, realizou uma produção protegida, circunscrita, que demonstra medo, insegurança e já na segunda produção muda radicalmente, mostrando-se mais aberta, e representa sentimentos de gratidão podendo harmonizar-se. Percebemos que a participante estava conectada com o trabalho, pois a verbalização descreve com bastante propriedade a produção.


Participante "B"
1a obra
Descrição da obra: uma figura em forma de cilindro com nervuras (circunvoluções), com pontas que se sobressaem em diferentes partes do cilindro.


Figura 2-A.

2a obra
Descrição da obra: esferas ligadas por um ponto central e um círculo fechado em volta das esferas.


Figura 2-B.

Considerações: essa participante esteve ausente em dois encontros, o que prejudicou o andamento de seu processo no trabalho. Contudo, inicia um processo importante de separação e individuação, pois no trabalho inicial com argila, ela forma circunferências e une uma sobre a outra e, no segundo trabalho, ela já pode lateralizar (estar ao lado), mesmo que ainda como figura central. O trabalho corporal coopera para que ocorra uma maior conscientização da maneira como se dão seus laços afetivos.


Participante "C"
1a obra
Descrição da obra: uma circunferência com onze hastes ao seu redor. Sobre a circunferência, existem linhas que sugerem um rosto com dois olhos, um nariz e uma boca.


Figura 3-A.

2º obra
Descrição da obra: um rosto com cabelos curtos, uma face bem descrita com dois olhos, um nariz e uma boca.


Figura 3-B.

Considerações: a participante teve uma apropriação de si; contudo, seria interessante que ela continuasse realizando um trabalho corporal para que possa tomar consciência de todo o seu corpo.


Participante "D"
1a obra
Descrição da obra: cinco triângulos ovalados unidos por um cabo.


Figura 4-A.

2º obra
Descrição da obra: uma circunferência côncava com outras pequenas circunferências côncavas apoiadas e unidas entre si.


Figura 4-B.

Considerações: a participante representou na argila a flor de sua preferência, ou seja, ampliou a sua auto-imagem conseguindo posicionar-se melhor diante de sua obra. Assim consideramos que a participante teve ganho com o trabalho corporal.


Participante "E"
1a obra
Descrição da obra: uma imagem que sugere uma figura humana feminina lúdica, sorrindo, segurando uma faixa em que está escrito "oi!!!".


Figura 5-A.

2a obra
Descrição da obra: uma figura humana, fixada em uma base com braços e pernas abertas com uma saliência atrás da cabeça.


Figura 5-B.

Considerações: o trabalho corporal proporcionou ampliar a consciência de si mesma, obtendo um aproveitamento importante, pois, além disso, conseguiu ter uma adequação de espaço, organizando-se melhor tanto na forma subjetiva e objetiva.


Participante "F"
1a obra
Descrição da obra: uma imagem que sugere uma pessoa do sexo feminino, com os braços erguidos, fixada em uma base arredondada com pequenas peças de linhas sinuosas.


Figura 6-A.

2a obra
Descrição da obra: uma imagem que sugere ser do sexo feminino segurando uma peça de linhas sinuosas.


Figura 6-B.

Considerações: a participante demonstra uma boa percepção corporal nas suas obras. Na segunda consegue apropriar-se de seus sentimentos.


Participante "G"
1a obra
Descrição da obra: um cone de ponta arredondada junto à expressão de um rosto.


Figura 7-A.

2aobra
Descrição da obra: um coração plano com três figuras humanas e uma figura animal expressas.


Figura 7-B.

Considerações: por meio do trabalho corporal, a participante pôde ter um maior contato consigo, se autoconhecendo, podendo falar de sentimentos que antes eram bloqueados. A participante teve a possibilidade de entrar na área dos sentimentos através do processo gradativo desse trabalho.


Conclusão

    Foi possível verificar que houve ampliação da percepção corporal de todas as participantes após o programa de vivências corporais. Isso nos leva a pensar que a vivência corporal é um meio que propicia o conhecimento e a consciência corporal.

    A Fisioterapia é uma profissão que atua diretamente com o corpo do outro. É fundamental que o acadêmico tenha um espaço em sua formação para se autoconhecer, tornando-o mais capacitado para trabalhar com as outras pessoas. O profissional deve ter a sensibilidade de escutar o seu paciente, dando a ele a oportunidade de interagir no tratamento.

    O corpo não é somente um segmento corporal, mas um conjunto em que hábitos culturais, sentimentos e o meio ambiente influenciam em seu desenvolvimento como ser único e completo.

    Desta maneira, acreditamos que se faz necessário um enfoque diferenciado na visão do ser humano, enfatizando a abordagem somática.


Referências bibliográficas

  • ALEXANDER, G. Eutonia: um caminho para a percepção corporal. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

  • BOMFIM, Z. Corporeidade e vivência: existe espaço na educação universitária? Revista de Educação AEC, v.29, n116, p. 71-81, 2000.

  • BRIEGHEL, G.; MÜLLER. M. Eutonia e relaxamento: relaxamento corporal e mental. São Paulo: Manole, 1987.

  • CORRÊA, L. Corporeidade no ensino fundamental de jovens e adultos: como área de conhecimento e como linguagem. Revista Aprendendo com Jovens e Adultos, Porto Alegre, v. 1, n. 0, p. 67-81, jun 1999.

  • DENYS- STRUYF, G. Cadeias musculares e articulares: um método GDS. São Paulo: Summus, 1995.

  • FALKENBACH, A. Uma abordagem corporal na formação do profissional da área da saúde: Movimento, 5 (9): 17-23, 1998.

  • FEIJÓ, O. G. Autopercepção e movimento: Artus, Rio de Janeiro, n.18/19, p.70-71, 1987.

  • NEGRINE, A. Terapias corporais na formação pessoal do adulto, Porto Alegre: Edita, 1998.

  • OAKLANDER, V. Descobrindo crianças. São Paulo: Summus, 10 ed., 1980.

  • PLATTS, D. E. Autodescoberta divertida: uma abordagem da fundação Findhorn para desenvolver a confiança nos grupos, São Paulo: Triom, 1997.

  • STEVENS, J. Tornar-se presente. São Paulo: Summus, 7 ed., v.1, 1988.

  • VIEIRA, A. O método de cadeias musculares e articulares de GDS: Uma abordagem somática: Movimento, 4 (8): 41-49, 1998.

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