Contribuição dos estudos crítico-epistemológicos e a produção do conhecimento na Educação Física brasileira Contribution of critical studies and epistemological and the knowledge production in the brazilian Physical Education |
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*Licenciadas em EF pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. **Licenciado em EF pela Universidade Federal de Uberlândia -UFU, Especialização em Educação Infantil - FCU. (Brasil) |
Ana Clara Gomes* | Juliano Nazari** clara_educa@yahoo.com.br | jntangara@hotmail.com Suélen Fernandes Pereira* | Thaís Cristina de Oliveira* suelensfp@yahoo.com.br | thais_educa@yahoo.com.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 118 - Marzo de 2008 |
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Introdução
As ciências do esporte no Brasil surgiram com algum grau de delimitação no final da década de 1970. Sua demarcação esteve ligada a duas questões fundamentais entre si interligadas: a criação dos primeiros cursos de pós-graduação Stricto-sensu de educação física e a fundamentação do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Até certo ponto, já se criava no Brasil de então a idéia de uma abordagem científica do esporte, questão algo popularizada pela preparação - rigorosa para os padrões da época - do selecionado time de futebol campeão em 1970. Isso configura, até certo ponto, o tipo de espírito científico que se tinha até então - e que, talvez, tenhamos até hoje.
A pesquisa em educação física no Brasil sempre esteve muito vinculada aos programas de pós-graduação, que principalmente em seu início tiveram forte influência de países com tradição acadêmica mais consolidada, como Alemanha e Estados Unidos. Os programas foram potencializados com o surgimento dos primeiros cursos de doutorado, das Universidades de São Paulo e Federal de Santa Maria no início dos anos de 1990, uma vez que até então, as possibilidades de formação estavam limitadas ao exterior ou a outras áreas/disciplinas de conhecimento, notadamente e das ciências da educação.
Esse contexto de inclusão da área/disciplina de educação física no sistema de pós-graduação - que significa demanda e contingência de importantes recursos humanos financeiros e materiais - se materializa na presença da área/disciplina tanto no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão governamental responsável pela política científica e tecnológica do país, quanto na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entidade científica mais importante do Brasil que agrupa as diversas associações representativas das áreas/disciplinas de conhecimento. NO CNPq, a educação física se faz representar na grande área Ciências da Saúde na qual forma um comitê interdisciplinar de saúde, conjuntamente com odontologia, fonoaudiologia, enfermagem e terapia ocupacional. Na SBPC, a área/disciplina é representada pelo Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), e se localiza nas ciências sociais aplicadas. Essa diferenciação demonstra um pouco das tensões acadêmicas - e políticas - vividas pela educação física no Brasil. As revistas cientificas - a maior parte publicada em universidades públicas, algumas com o apoio do CNPq - refletem, pela variedade temática, metodológica e política, um pouco dessas tensões.
É preciso destacar que a maior parte da pesquisa em educação física - como de resto acontece com a pesquisa em geral - se realiza no Brasil em universidades públicas, principalmente as federais e algumas estaduais.
Reconhecendo a importância da pós-graduação estrito-sensu na produção do conhecimento em nível nacional, é que desenvolvemos este estudo que tem como foco teses e dissertações defendidas sobre a produção do conhecimento no campo da Educação Física no Brasil.
O interesse por esta temática está relacionado ao nosso percurso acadêmico. Participamos ativamente das atividades desenvolvidas pelo Núcleo Brasileiro de Dissertações e Teses em Educação Física e Esportes da Universidade Federal de Uberlândia (NUTESES - UFU) que tem como objetivo reunir, sistematizar e divulgar a produção científica desenvolvida sob a forma de teses e dissertações relacionadas à área de Educação Física e Esportes e Educação Especial, no Brasil e exterior. Os trabalhos realizados no NUTESES nos permitem um contato mais direto com a produção científica desenvolvida pelos Programas de Mestrado em Educação Física brasileiros e, até mesmo, com teses e dissertações defendidas por profissionais da área que realizaram estudos no exterior ou em programas de outras áreas. O estudo está delimitado temporalmente entre os anos de 1990 a 2005.
Nosso objetivo é reunir e sistematizar as contribuições trazidas por alguns estudos já realizados sobre a produção do conhecimento em Educação Física no Brasil. Mais especificamente, pretendemos: identificar quais os principais objetivos desses estudos, explicitar os principais resultados e principais propostas apresentadas pelos autores.
Podemos classificar este estudo como bibliográfico, de caráter epistemológico.
De acordo com Kopnin (1978 apud SILVA, 1997: 107), o estudo epistemológico prioriza as análises do conhecimento e de sua natureza, pois: "Surgiu juntamente com a própria natureza, no entanto com o crescente papel da ciência na vida das sociedades, recentemente tal interesse obteve relevância especial" (p.107).
Segundo Silva (1990) tais estudos podem ser entendidos como aqueles que tratam de questões sobre as ciências, os processos de produção do conhecimento e a pesquisa científica.
Os trabalhos de caráter epistemológico vinculados ao campo de conhecimento da Educação Física iniciaram-se nos anos 90, quando surgiram as primeiras pesquisas que buscaram identificar as matrizes teóricas que orientam a produção científica nessa área.
Assim, para compreendermos tais estudos consideramos necessário definirmos epistemologia, que segundo Silva (1990: 11) significa:
... estudo crítico-reflexivo dos processos do conhecimento humano, possui elementos que, aplicados à pesquisa científica, lhe permitem questionamentos e análises constantes, o que é fundamental para o desenvolvimento das ciências e fornece subsídios para que seja aprimorada a pesquisa básica.
Já Lalande (1993: 313, apud Silva 1997: 135) define a epistemologia como:
... estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das diversas ciências destinado a determinar sua origem lógica, seu valor e sua importância objetiva, atingindo prioritariamente a pesquisa científica, alimentando com constantes interrogações o desenvolvimento das ciências.
A partir de uma ampla revisão bibliográfica realizada no NUTESES - Núcleo Brasileiro de Dissertações e Teses em Educação Física e Esportes, da Universidade Federal de Uberlândia - UFU, constatamos a existência de diversos estudos que abordam a temática da produção do conhecimento em Educação Física no Brasil. Porém, desconsideramos para este estudo, aqueles cujas abordagens se relacionaram a temas mais específicos no interior do campo da Educação Física, como: educação física escolar, educação especial, área da saúde, gênero, educação e a modalidades esportivas. Selecionamos, portanto, seis estudos que trataram tal produção de uma maneira mais ampla, quais sejam: Silva (1990), Marchi Júnior (1994), Silva (1997), Sousa (1999), Kroeff (2000) e Chaves (2005).
Nosso estudo está organizado da seguinte forma: na primeira parte sistematizamos informações gerais sobre os estudos, na segunda, apresentamos de forma sistematizada os resultados desses estudos e na terceira parte expomos sob a forma de considerações finais, as principais contribuições dadas pelos estudos selecionados.
Estudos selecionados1. Silva (1990)
Silva (1990) em seu estudo teve como objetivo analisar, a partir das abordagens metodológicas, as implicações epistemológicas das dissertações produzidas nos Mestrados em Educação Física no Brasil. Mais especificamente, aquelas defendidas até o ano de 1987, nos Mestrados da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Procurou analisar a produção científica desses Programas, visualizando-a na inter-relação com os determinantes históricos, econômicos, políticos e sociais.
Nessa linha de raciocínio, buscou, por um lado, explicitar as condições históricas que determinaram à criação dos mestrados em Educação Física no Brasil e verificar como se situaram no processo de expansão em nível nacional dos Cursos de Pós-graduação, desencadeado após 1964. Procurou, ainda, destacar algumas características específicas do processo de estruturação desses Programas (formação do corpo docente, objetivos dos cursos, entre outras). Na análise desses aspectos, destacou que o Modelo de Pós-graduação em nível de Mestrado em Educação Física implantado no Brasil, assim como ocorreu em outras áreas do conhecimento, seguiu o modelo da Pós-graduação americana, regulamentado e expandido no Brasil via Reforma Universitária, segundo os interesses econômico-político-governamentais.
Na análise desses determinantes contextuais, buscou essencialmente ressaltar como o panorama econômico-político-social de um dado período histórico é de fundamental importância para a determinação das tendências apontadas pela produção científica. Desse modo, torna-se indispensável para seu estudo, a explicitação desses condicionantes históricos.
Considerando as características indicadas pelas dissertações analisadas, o unidirecionamento apresentado quanto ao processo de produção de pesquisa e do próprio entendimento de ciência e levando em conta as possibilidades concretas de mudanças na estrutura e nas formas de relações internas dos Programas de Pós-graduação, bem como o próprio compromisso social que os mesmos desempenham no que se refere ao avanço qualitativo do conhecimento produzido na área da Educação Física/Esportes, sugeriu que fossem ampliadas e diversificadas as vias para a formação do pesquisador no tocante aos assuntos relacionados aos fundamentos teóricos, filosóficos e epistemológicos da pesquisa científica. Isso com o intuito de fornecer elementos para que a investigação científica em Educação Física e a própria forma de conceber a ciência nessa área sejam visualizadas de um modo mais amplo, nas suas dimensões e relações históricas, econômico-político-sociais.
2. Marchi Júnior (1994)Marchi Júnior (1994) objetivou rever os autores que construíram o referencial teórico da Educação Física, durante sua história, e produzir um texto de ordem filosófica-educacional e ideológica, capaz de remeter à apreciação da comunidade acadêmica, em primeira instância, uma Classificação de suas tendências. A possibilidade da existência de um referencial teórico para análise do trabalho que está se desenvolvendo nas escolas, clubes ou academias e, a que tipo de formação está servindo tais propostas, foi uma contribuição desejada na elaboração da dissertação. Metodologicamente, utilizou a Dialética Materialista de K. Marx e K. Kosik que definiu dentro da Pesquisa Bibliográfica o método de investigação e o método de exposição dos resultados.
Ao final do trabalho de investigação, chegou à definição das tendências Higienista, Militarista, Sócio-Pedagógica, Estruturalista-Sistêmica, Técnico-Científica e Histórico-Crítica da Educação Física, relacionando-os com as concepções filosóficas educacionais brasileiras de D. Saviani, e com as dimensões ideológicas de A. Gramsci.
3. Silva (1997)Em sua tese de doutoramento Silva (1997) objetivou analisar, a partir das abordagens metodológicas, as implicações epistemológicas das dissertações, desenvolvidas nos cursos de Mestrado em Educação Física e Esportes da USP, UFSM, UFRJ, Unicamp, UFRGS e UFMG, durante o período de 1988 a 1994, levando em consideração suas inter-relações com os determinantes sócio-econômico-políticos. Foram adotadas como categorias metodológicas centrais, a unidade entre o todo e as partes, e, principalmente, entre o lógico e o histórico. Na perspectiva histórica, procurou demonstrar os nexos estabelecidos entre as determinações sócio-econômico-políticas e a produção científica dos mestrados. Concluiu que, a vertente empírico-analítica ainda é dominante na produção científica dos mestrados da área de Educação Física e Esportes, tanto nos mais antigos quanto nos mais recentes. Entretanto, embora ainda tênue, existe uma tendência de reorientação epistemológico-metodológica na produção científica da área.
4. Sousa (1999)Sousa (1999) teve como objetivo analisar em que medida as pesquisas realizadas até 1997, nos cursos de mestrado em Educação Física e Esportes da UCB, UERJ, UFMG, UFRGS, UFRJ, UFSM, UGF, UNESP/Rio Claro, Unicamp e USP se configuram como novas produções de conhecimento. Mais especificamente procurou responder as seguintes questões: a) em que medida se diferenciam as temáticas e os objetivos das dissertações dos mestrados dos anos 80 em relação àquelas defendidas nos anos 90, no interior de cada instituição e entre as instituições? b) quais os principais resultados obtidos nas dissertações defendidas nos Mestrados em Educação Física e Esportes nos anos 80 e quais as inovações apontadas pelos pesquisadores que realizaram estudos sobre temas semelhantes nos anos 90, no interior de cada instituição e entre as instituições? c) em que medida os pesquisadores se utilizam dos conhecimentos sistematizados em dissertações e teses da área de Educação Física e Esportes, para a produção de novas dissertações? d) quais as principais modificações introduzidas nos Mestrados em Educação Física brasileiros e como estas têm influenciado nas mudanças observadas na produção científica desses programas?
No tocante à incorporação de dissertações e teses nos textos das pesquisas, detectou que tanto nos anos 80 quanto nos anos 90, a maior parte dos autores fizeram uso deste material. Contudo, em termos quantitativos, esse é um procedimento mais comumente utilizado pelos pesquisadores dos anos 90. Finalmente, verificou que o conteúdo distintivo e original que deve caracterizar toda pesquisa científica, na criação do novo pela superação do velho, nem sempre se faz presente nas dissertações dos mestrados em Educação Física no Brasil.
5. Kroeff (2000)Kroeff (2000) em seu estudo analisou a produção científica dos professores doutores da área de educação física, no Brasil, a fim de ampliar o conhecimento a respeito dos próprios programas de pós-graduação. Compõe a amostra, 42 professores doutores, graduados em educação física, que atuam ou atuaram nos 8 programas de pós-graduação, com cursos de mestrado e/ou doutorado em educação física, de universidades do Brasil, que receberam na última avaliação da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, conceito igual ou superior a 3, ou seja, a Universidade Federal de Santa Maria, a Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Universidade Federal de Santa Catarina, a Universidade de São Paulo, a Universidade de Campinas, a Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho e a Universidade Gama Filho. Os dados coletados totalizaram 1.664 documentos, oriundos da produção científica dos professores publicada no Brasil ou exterior, bem como 205 dissertações e teses orientadas por esses professores. Os dados da caracterização dos Programas Brasileiros de Pós - Graduação em Educação Física, foram coletados a partir das informações disponibilizados nas "home pages" das Instituições de Ensino Superior, por contatos telefônicos, bem como na síntese dos resultados da última avaliação CAPES. Os dados da produção científica dos professores foram obtidos diretamente com os sujeitos da pesquisa (via Internet, telefone, correio convencional ou visita); bem como, por meio do Banco de Currículos, Base de Currículos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, Base Prossiga do CNPq, Banco de Dados Bibliográficos do Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo - SIBI/USP, catálogos de produção científica das universidades e documentos existentes nos cursos em estudo, em forma de relatórios, projetos, listagens, "homepages", entre outros.
Na análise da produção científica foram considerados os seguintes aspectos: a) tipo de autoria; b) suporte bibliográfico; c) idioma da publicação e temas abordados. Na análise das dissertações e teses orientadas foram considerados: a) formação acadêmica do orientando; e b) temas abordados. Para finalizar a etapa de análise dos dados procedeu-se uma análise exploratória de associação de variáveis, por meio do procedimento estatístico de Análise de Correspondência Múltipla (ACM), que permitiu a classificação dos professores em três grupos, GRUPO A, GRUPO A/B e o GRUPO B, baseado nos itens abordados nos critérios de área de avaliação da CAPES, mais especificamente no documento do Perfil de excelência para a área de educação física (1996/1997), no tópico relativo ao corpo docente.
6. Chaves (2005)Chaves (2005) visou identificar tendências, perspectivas e desafios para a consolidação da produção científica na Educação Física no nordeste que foi orientado pela seguinte questão central: Quais as características das dissertações e teses dos pesquisados que atuam na área da Educação física nos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe no período de 1982 - 2004, identificando as problemáticas abordadas, as formas de tratamento teórico - metodológicas, as tendências epistemológica, as propostas pedagógicas, sociais e políticas desenvolvidas, os compromissos com a problemática regional e as principais contribuições na compreensão da problemática da Educação Física nesses Estados?
Para a elaboração das respostas foram utilizadas informações sobre os pesquisadores (mestres e doutores) que atuam na região; sobre as pesquisas produzidas; sobre as condições da produção no contexto dos cursos de pós-graduação e do desenvolvimento da pesquisa em Educação Física no Brasil. Foram localizadas 145 pesquisas distribuídas nos Estados de Pernambuco (62), Bahia (35), Alagoas (23) e Sergipe (25). Desse total registraram-se informações de 122 pesquisas já defendidas (96 dissertações e 26 teses) e foram obtidas e analisadas 70: 58 dissertações, 11 teses de doutorado e 1 de pós-doutorado, produzidas entre 1982 e 2004 (50% nos quatro últimos anos).
Com base nas informações coletadas nos levantamentos e na leitura das dissertações e teses, as 70 pesquisas foram organizadas em dois tipos de agrupamento: 1º, com relação às áreas temáticas e 2º, em função das abordagens teórico-metodológicas identificadas através do esquema paradigmático. Essas 70 pesquisas se distribuem assim: Pernambuco registra o maior número (26), 24 dissertações e 2 teses. Bahia registra (20) pesquisas, 15 dissertações, 4 teses de doutorado e 1 de pós-doutorado. Alagoas registra (18) pesquisas, 4 tese de doutorado e 14 dissertações, já Sergipe apresenta (6) pesquisas, 1 tese de doutorado e 5 dissertações. As pesquisas abordam as seguintes áreas: memória, cultura e corpo (21%), escola (20%), formação profissional / campo de trabalho (19%), políticas publicas (09%), epistemologia (09%), atividade física e saúde (07%), recreação e lazer (06%), portadores de necessidades especiais (04%), movimentos sociais (04%) e rendimento de alto nível (01%). 50% das pesquisas atrelam-se às áreas da memória, cultura e corpo, da formação profissional e da escola. 43% das pesquisas estão vinculadas aos grupos de pesquisa (LOEDEFE / UFPE e LEPEL/UFBA/UFAL e GEPEL/UFS) e 30% das dissertações e teses foram organizadas em torno de uma orientadora responsável pela criação das primeiras redes de intercambio. Com relação as fontes regionais localizam-se 11 pesquisas (15.7%) sobre estudos gerais e ou bibliográficos. 14 pesquisas (20%) desenvolvem problemáticas localizadas no Estado ou cidade onde o pesquisador realiza seus estudos. As 45 pesquisas (64.2%) restantes demonstram um compromisso com os problemas da região. Dessa forma temos 27 estudos dedicados à problemática da Educação Física do Estado de Pernambuco, 8 de Salvador, 6 de Alagoas e 3 de Sergipe. 46% dos pesquisadores da área se titularam em programas do nordeste em outras áreas como: Educação (UFPE: 20; UFBA: 06; UFPB: 02; e UFS: 02), Serviço Social (UFPE: 02) e Sociologia (UFPE: 02). Como a região não possui programas na área de Educação Física, a maioria dos pesquisadores (51%) se titulou em programas da área de educação, 6% em outras áreas e apenas 43% em Educação Física, em outras regiões do Brasil ou no estrangeiro.
Com relação às técnicas de pesquisas foram priorizadas as qualitativas (79%). As técnicas quantitativas foram utilizadas apenas por 4% das pesquisas e 17% utilizam as duas formas.
A produção que abrange 22 anos possibilita uma distribuição em três períodos: pioneirismo (1982 - 1992), expansão (1993-1999) e consolidação (2000-2004). Tal periodização demarca pela primeira dissertação defendida (1982), pela primeira tese produzida na região (1993) e pela consolidação das redes de intercâmbio e de grupos de pesquisa (2000) permite constatar tendências temáticas e epistemológicas e visualizar perspectivas. Com relação às tendências teórico-metodológicas, a semelhança de outras regiões do país, constatou-se a diminuição das abordagens analíticas e positivistas e o aumento progressivo das tendências fenomenológico-hermenêutica e critico dialéticas.
O levantamento sobre pesquisas recentes ainda não analisadas e sobre projetos em andamento permitiu visualizar algumas perspectivas relacionadas com a consolidação da pesquisa na região e a criação de programas de pós-graduação. Foram identificadas 32 novas teses de doutorado (17 que já foram defendidas e 15 em andamento) que somadas às 11 já analisadas indica o potencial de doutores que atuam na região (18 em Pernambuco, 12 na Bahia, 7 em Alagoas e 6 em Sergipe). Esse indicador somado aos 31 grupos de pesquisas, 21 deles (67.7%) criados à partir do ano de 2000, pode significar tanto a consolidação da pesquisa na região, como a pulverização de esforços na perspectiva de criação de novos grupos vinculados a cada novo pesquisador que se titula. Tal paradoxo pode comprometer a possibilidade de um projeto maior articulado que vise a criação de programas de Mestrado na região. Nesse, sentindo pode significar tanto uma possibilidade como uma dificuldade para superar o desequilíbrio regional, que exige, por um lado, a ousadia e otimização de recursos humanos e por outro lado, a superação de individualismos e vaidades em prol de um projeto coletivo, interinstitucional, motivado por um espírito cooperativo.
ResultadosCom relação aos dados gerais dos estudos analisados sistematizamos o seguinte quadro demonstrativo:
Podemos verificar que os seis estudos selecionados, de orientação epistemológica afetos ao campo acadêmico da educação física, foram realizados em universidades públicas e somente a partir da década de 90.
Segundo Silva (1990) "Apesar de terem sido dados alguns passos no sentido de sistematizar informações dessa natureza, praticamente inexistiam estudos que priorizassem a reflexão crítica, teórico-filosófica e epistemológica, acerca da pesquisa nessa área." (Silva, 1997 p.3)
Quanto aos programas nos quais estes trabalhos foram defendidos 3 são programas de pós-graduação em educação, 2 são programas de pós-graduação em educação física e 1 em ciências da comunicação. Dos quais 3 são dissertações de mestrado, 2 são teses de doutorado e 1 é tese de pós-doutorado.
Os objetivos gerais dos trabalhos selecionados foram dispostos no seguinte quadro:
Dos seis estudos, quatro (66%) tiveram por finalidade a identificação das abordagens metodológicas desenvolvidas nos textos das dissertações e teses analisadas.
Nesse contexto, Silva (1990) verificou nas dissertações produzidas nos Mestrados em Educação Física no Brasil até o ano de 1987, a utilização de um único tipo de abordagem metodológica: a empírico-analítica. Constatou que, apesar de algumas variações, pressupostos epistemológicos comuns são apresentados nos critérios de cientificidade que fundamentam as pesquisas nesses período, nas formas como se relacionam o sujeito e o objeto no processo de investigação, nas noções de causalidade, de ciência, bem como nas concepções de Homem, História, Educação, Educação Física/Esportes e Movimento, que as orientam.
Observou que o entendimento dominante de ciência nas pesquisas analisadas está atrelado aos princípios da quantificação e matematização dos fenômenos; da análise e descrição dos mesmos segundo parâmetros estatísticos; da descontextualização e isolamento dos fenômenos ou fatos para sua "experimentação" ou observação mais "objetiva"; da "imparcialidade" e "neutralidade" do pesquisador, entre outras características que apontam para uma visão de ciência voltada para a vertente positivista. Silva (1990) apontou para a existência nas dissertações desenvolvidas até 1987, ima concepção dominante de Educação Física fundada em bases biologicistas e orientada conseqüentemente, por critérios antropométricos e fisiológicos, reduzindo-se aos efeitos anatomo-fisiológicos que a atividade física provoca no indivíduo, associada ao rendimento e ao desporto, especialmente de alto nível.
A própria concepção de esportes esteve fortemente associada ao alto rendimento, à primazia da técnica, à análise biomecânica do movimento e a manutenção da saúde, pela melhoria da aptidão física. (SILVA, 1990).
Em sua análise realizada no ano de 1994, Marchi Júnior (1994) observa que os textos predominantes tratavam, exaustivamente, dos métodos de aprendizagem desportiva e de correção dos movimentos técnicos, sendo que em poucas obras, encontrou produções que trabalhavam as questões históricas, filosóficas ou educacionais.
Em posterior análise, Silva (1997) explicita uma reorientação metodológica das pesquisas em nível de pós-graduação estrito sensu no Brasil, a saber: 66,22% dos estudos analisados se desenvolveram numa perspectiva empírico-analítica, 21,62% numa perspectiva fenomelógico-hermenêutica e, 12,16% numa perspectiva crítico-dialética:
Na abordagem metodológica empírico-analítica Silva (1997) destaca a predominância de estudos experimentais e de estudos descritivos. Na fenomenológica-hermenêutica prevalecem as pesquisas bibliográficas, os estudos de campo, a pesquisa participante, o estudo de caso e a história de vida, há nesse grupo, de acordo com a autora, uma tendência em definir o estudo apenas como pesquisa qualitativa. As pesquisas crítico-dialéticas também priorizam os estudos bibliográficos e de campo, seguidos dos estudos de caso e documentais.
Quanto aos procedimentos de análise dos dados, Silva (1997) verificou que a totalidade dos estudos de abordagem empírico-analítica, prima pela quantificação dos resultados e, conseqüentemente, pela análise estatística dos dados. Isso não ocorre, segundo a autora, com as pesquisas fenomenológico-hermenêuticas, as quais estabelecem procedimentos denominados qualitativos de análise dos dados, excepcionalmente, realizam tratamentos estatísticos de dados. No caso das pesquisas crítico-dialéticas, a maior predominância também está nas chamadas análises qualitativas, especialmente as análises de conteúdo, são eventualmente adotados medidas de freqüência e cálculos de porcentagem.
A autora supracitada afirma que modo como se estabelece a relação entre sujeito-objeto é distinto nos três grupos de pesquisas. Nos estudos empíricos-analíticos, essa relação se dá de forma mecânica, descontextualizada, o que pretende-se é a garantia da objetividade, a ênfase do processo cognitivo está, no objeto e naquilo que ele manifesta, o papel do pesquisador restringe-se ao registro de dados observados e a descrição dos mesmos segundo parâmetros estatísticos. Os estudos fenomenológico-hermenêuticos salientam o caráter subjetivo da relação cognitiva, pode-se dizer que há um deslocamento do eixo do processo de conhecimento da realidade do objeto nas pesquisas empírico-analíticas, para o sujeito, nas abordagens fenomenológico-hermenêuticas. Já nas pesquisas crítico-dialéticas o esforço geral por parte dos pesquisadores, é de estabelecer a síntese entre esses dois pólos do processo cognitivo, a ênfase, assim, não está nem no objeto, nem no sujeito, e sim na interação dinâmica entre eles.
Nos estudos empíricos-analíticos, Silva (1997) a realidade é vista de forma fragmentada e estática, diferentemente do entendimento contido nas pesquisas fenomenológico-hemenêuticas onde a realidade é vista como algo que precisa ser decifrado, visto que se encontra repleta de signos que necessitam de decodificação. Nos estudos crítico-dialéticos, por sua vez, a principal concepção está, de acordo com Silva (1997), relacionada à idéia de totalidade concreta, ao contexto, complexo e repleto de contradições.
Quanto aos aspectos históricos que envolvem essa atividade social, a pesquisa, a autora entende que as influências do passado estão mais próximas daquilo que se produz no interior do programas, do que as determinações do presente e as perspectivas futuras e, aponta que a tendência da abordagem empírico-analítica, dominante em todos os cursos analisados, demonstra o quanto concepções e princípios conservadores continuam se mantendo e seguem orientando os rumos da pós-graduação nessa área.
Silva (1997) afirma que vistas separadamente, e em números absolutos as pesquisas fenomenológico-hermenêuticas e crítico-dialéticas parecem insignificantes. Entretanto é preciso considerar que somadas elas representam no período analisado (1988 à 1994) 33,78% dos estudos na área.
Sousa (1999) corrobora com a ocorrência da reorientação teórica da área ao verificar inovações comparando as produções científicas dos anos 80 e 90. Observou que apesar dos pesquisadores dos anos 90 também abordarem temas já tratados no período anterior, há entre esses autores interesse em debater temas recentemente incorporados à discussão desenvolvida no âmbito da Educação Física.
Segundo Marchi Júnior (1994) essa reorientação teórica da área se deu por meio do descontentamento com as características da Educação Física apresentadas até os anos de 1980, que deu origem a tentativa de superação do tecnicismo, consubstanciada na organização de uma concepção que sustenta em seus princípios a transformação da sociedade através de sua prática cultural e histórica.
Como conseqüência direta desses fenômeno, as áreas pedagógica, psicológica e sócio-histórico-filosófica, apresentaram maiores inovações quando comparadas com as ocorridas nas áreas biológica e do treinamento físico-esportivo conforme explicita Sousa (1999).
Segundo essa autora a maioria das pesquisas dos anos 80 e 90 expressaram em comum um tipo de procedimento de análise e tratamento dos dados claramente fundamentados por parâmetros quantitativos existe, por assim dizer, um processo de matematização dos resultados nas pesquisas, os quais estão sempre relacionados aos processos de medida, avaliação, comparação e outros congêneres, sempre pautados na quantificação. Apesar disso, especialmente nos anos 90, percebeu a utilização, por parte dos autores, de formas de análise do tipo qualitativa ou quantitativo-qualitativa.
Para a construção de um quadro teórico de classificação das tendências da educação física no Brasil Marchi Júnior (1994) analisou 32 obras. Três tendências foram identificadas. A primeira tendência denominou de higienista, devido à preocupação de determinados autores em aportar na Educação Física toda responsabilidade da saúde pública e de resolver as questões básicas da sociedade através do processo de higienização coletiva sustentada em planos educacionais e no reconhecimento da Medicina. A segunda tendência constatada, a militarista, está relacionada a autores que formaram correntes no decorrer da história da Educação Física, amparados no objetivo da evolução do homem através dos princípios biológicos e militares. A terceira tendência é a sócio-pedagógica, marcada pela apologia da formação moral intelectual e social através da obra educativa, do trabalho social e da atividade física, ou seja, é a proclamada "formação integral do educando". Intimamente ligada à tendência sócio-pedagógica está a quarta tendência, chamada de estruturalista-sistêmica na qual, há a ação do "sujeito objetivamente prático" interferindo na realidade social, num movimento recíproco de sistemas e de "estruturas autônomas". A quinta tendência é a técnico-científica, cujo paradigma está centralizado na busca da cientificidade da Educação Física, para atingir-se o reconhecimento da área e também o melhor nível de rendimento físico. A sexta e última tendência é a histórico-crítica, onde a constatação comum entre os autores analisados é a crítica â Educação Física enquanto atividade predominantemente voltada aos aspectos físicos e biológicos.
Ao analisar a produção científica dos professores doutores da área de educação física no Brasil, Kroeff (2000) aponta que os Programas Brasileiros de Pós-Graduação da área de educação física apresentam as áreas de concentração e as linhas de pesquisa bem interligadas e precisas. Verificou que a produção científica e as orientações de dissertações e teses têm refletido as áreas e linhas dos Programas e que a produção conjunta do professor com os orientandos apresenta-se bem caracterizada, sem que, no entanto, tenha havido prejuízo na quantidade de produção individual do professor. Já com relação à publicação de artigos em periódicos científicos, constatou que a mesma deu-se principalmente em revistas conceituadas no Qualys/Capes, e mais especificamente, naquelas com conceito "B". Pelo menos 17, dos 42 professores doutores analisados pela autora, possuem no mínimo 2 publicações por biênio, a contar da titulação de doutor havendo uma grande concentração de publicações em anais de eventos científicos. Segundo Kroeff (2000) a área prioritária de publicação e orientações é a biológica.
Chaves (2005) afirma que como na região nordeste não existe programas de pós-graduação em educação física a maioria dos seus pesquisadores (51%) se titulam em programas de pós-graduação da área de Educação, 6% em outras áreas e 43% em Educação Física, em outras regiões do país ou no estrangeiro.
Assim, quanto às abordagens metodológicas dos estudos desenvolvidos por pesquisadores da região nordeste, Chaves (2005) destaca a abordagem crítico-dialética que pautou 46% da produção, na seqüência a tendência fenomenológica representando 34% dessa produção e finalmente, a abordagem empírico-analítica com 16%. Os 4% restantes anunciam uma abordagem crítico-dialética, não apresentando as características da mesma:
Chaves (2005), assim como Silva (1997) e Sousa (1999), constatou a diminuição das abordagens analíticas e positivistas e o aumento progressivo de das tendências fenomenológico-hermenêuticas e crítico-dialéticas. Para a autora, isso indica, entre outras hipóteses, o crescimento das abordagens compreensivas e críticas que situam as problemáticas estudadas nos seus contextos sociais e históricos, superando assim, o deslocamento e o isolamento que o recorte analítico impõe nas análises dos fatos ou fenômenos de seus entornos ou variáveis externas.
Principais contribuições dos estudos. Considerações finaisO estudo de Silva (1990) sobre a epistemologia das pesquisas dos Mestrados em Educação Física, é de grande relevância para a educação física brasileira uma vez que, de forma pioneira procurou recuperar a estrutura interna das dissertações explicitando, a partir da abordagem metodológica utilizada, os elementos referentes aos níveis técnico, teórico, metodológico e epistemológico, bem como os pressupostos gnosiológicos e ontológicos contidos nas mesmas, identificando assim suas características e tendências.
Em seu estudo Silva (1990) sugeriu, levando em conta as possibilidades concretas de mudanças na estrutura e nas formas de relações internas dos Programas de Pós-graduação, bem como o próprio compromisso social que os mesmos desempenham no que se refere ao avanço qualitativo do conhecimento produzido na área da Educação Física/Esportes, que sejam ampliadas e diversificadas as vias para a formação do pesquisador no tocante aos assuntos relacionados aos fundamentos teóricos, filosóficos e epistemológicos da pesquisa científica. Isso com o intuito de fornecer elementos para que a investigação científica em Educação Física e a própria forma de conceber a ciência nessa área, sejam visualizadas de um modo mais amplo, nas suas dimensões e relações históricas, econômico-político-sociais.
A contribuição de Marchi Júnior (1994) situa-se no âmbito da reflexão sobre a ação educacional desenvolvida nas escolas, para tanto, elaborou informações que viabilizem esta análise e também enfatizem o processo de transformação no interior das escolas e na sociedade. Além de cooperar com as discussões que se fazem necessárias em relação aos objetivos pretendidos pela Educação Física e, principalmente, quanto ao nível de formação intelectual e política de seus profissionais.
Ao defender a importância da pesquisa desenvolvida no espaço da pós-graduação brasileira para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, Silva (1997) dá continuidade a suas investigações de caráter crítico-epistemológico, em seu doutoramento e aponta a necessidade de explicitação de limites e potencialidades dessas pesquisas para que possam ser definidos com maior clareza a unidade entre sua relevância científica e contribuição social.
Segundo Silva (1997) constitui fator favorável verificar que, numa área do conhecimento construída historicamente por influências militaristas, marcada de forma contundente pelo positivismo e atrelada a mecanismos e modelos autoritários, ganham espaço perspectivas mais críticas de desenvolvimento da produção científica. Entretanto, essas modificações se dão a passos muito lentos.
O estudo de Sousa (1999) por meio da crítica, questionamento e debate sobre a produção científica em educação física, indicou novos direcionamentos e possibilidades para a pesquisa nesse setor, discutindo a função social que vem sendo desempenhada pelos pesquisadores da área.
Sousa (1999) sugere a realização de esforços no sentido de se ter acesso à produção científica existente, uma vez que a consulta a bases de dados possibilita uma visão mais ampla do estado da arte contribuindo assim, com a superação do velho pelo novo. Além disso, propõe que sejam discutidos e questionados no interior dos cursos de pós-graduação em educação física, as lacunas existentes nas pesquisas produzidas na área.
A partir dos resultados e conclusões obtidas em seu estudo, Kroeff (2000) faz recomendações aos programas brasileiros de pós-graduação estrito sensu da área de educação física, apresentando sugestões quanto a realização de novos estudos relacionados à produção científica voltados para a educação física brasileira.
Como vimos, a produção do conhecimento na área da educação física em nível nacional já foi objeto de estudo de alguns pesquisadores. Entretanto, só em 2005 foi realizada uma pesquisa que considerasse as produções regionais. Essa contribuição foi trazida por Chaves (2005) que sistematizou informações que possibilitaram a compreensão da problemática da educação física na região nordeste, permitindo a identificação de áreas desenvolvidas, problemáticas abordadas, tendências teórico-metodológicas, perspectivas científicas e compromissos regionais.
Para a criação de programas de mestrado na região nordeste, como forma de minimizar o desequilíbrio regional quanto à concentração dos mesmos, Chaves (2005) afirma ser necessário ousadia e otimização de recursos humanos, e, por outro lado, a superação de individualismos e de vaidades em prol de um projeto coletivo, interinstitucional e motivado por um espírito cooperativo.
A mesma autora propõe ainda, a periodização da produção científica na região nordeste em três grandes momentos denominados de pioneirismo (1982-1992), expansão (1993-1999) e consolidação (2000-2004), devido, principalmente, ao crescimento significativo dessa produção.
O estudo de Chaves (2005) foi responsável pelo levantamento, organização e discussão de dados referentes à produção do conhecimento na área da educação física no nordeste brasileiro, contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento da epistemologia da educação física como área do conhecimento.
Os estudos sobre a produção científica de determinada área do conhecimento, vinculado aos processos de transformação social, no sentido de que todo esforço por conhecer a realidade e a ação humana sobre essa realidade não se esgota na interpretação de diferentes maneiras, mas na sua transformação oferecendo critérios para essa ação.
Acreditamos por fim, serem de extrema importância o desenvolvimento de estudos críticos epistemológicos para qualquer área do conhecimento, desta maneira, seria fundamental um salto quantitativo na realização de estudos com esse caráter.
Referências bibliográficas
BRACHT, Valter; CRISORIO, Ricardo. A Educação Física no Brasil e na Argentina: Identidade, Desafios e Perspectivas. Campinas, SP: Autores Associados; Rio de Janeiro: PROSUL, 2003.
CHAVES, Márcia Ferreira. A produção do conhecimento em Educação Física nos Estados do nordeste (Alagoas, Bahia, Pernambuco, Sergipe) 1982 - 2004: balanço e perspectiva. 2005. 145f. Programa de Pós Graduação em Educação (pós-doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Bahia, 2005.
KROEFF, M. S. Pós-graduação em Educação Física no Brasil: estudo das características e tendências da produção científica dos professores doutores. 2000. 274f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.
MARCHI JÚNIOR, Wanderley. Classificação das tendências da Educação Física: uma abordagem filosófica-educacional e ideológica. 1994. 158f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1994.
SILVA, R.V. de S. e. Mestrados em educação física no Brasil: pesquisando suas pesquisas. Santa Maria, 1990. 251f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria,1990.
____________. Pesquisa em educação física: determinações históricas e implicações epistemológicas. 1997. 279f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.
SOUSA E. R. de. O que há de "Novo" nas pesquisas em Educação Física. 1999. 206f Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 1999.
revista
digital · Año 12
· N° 118 | Buenos Aires,
Marzo 2008 |