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Uma análise comparativa do golpe de direita no tênis de campo

   
Universidade do Sul de Santa Catarina.
Núcleo de Estudos e Pesquisa em Ciencias da Saúde e Esporte.
Técnica de Tênis de Campo.
 
 
Maria Letícia Pinto da Luz
mlele85@hotmail.com
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
     A biomecânica investiga o movimento humano de maneira multi e interdisciplinar fundamentando-se em conceitos e metodologias próprias para interpretação do movimento. Existem poucos estudos referentes à Biomecânica do Tênis e em função disto, o objetivo principal deste estudo foi buscar uma análise comparativa da técnica do golpe de direita no tênis de campo entre diferentes atletas, através do recurso de filmagem, considerando a fase inicial, intermediária e final do gesto técnico. Com base na literatura, identificaram-se pontos fortes e pontos fracos na técnica de cada atleta analisado. Assim, tornou-se possível propor ações corretivas aos erros e potencializar as virtudes, objetivando o aperfeiçoamento da técnica e por conseqüência disto, a melhoria do desempenho. Foi possível constatar que existem diferenças técnicas qualitativas entre os atletas da amostra. Isto indica que a qualidade técnica dos atletas é diretamente proporcional ao tempo de prática da modalidade, que evoluem de acordo com o conhecimento e objetivo de um planejamento de trabalho.
    Unitermos: Biomecânica. Tênis. Gesto técnico de direita. Melhoria do desempenho.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 118 - Marzo de 2008

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Introdução

    De acordo com AMADIO (1989), a Biomecânica é uma ciência que investiga o movimento de uma maneira multi ou interdisciplinar fundamentando-se em conceitos e metodologias próprias para interpretação do movimento humano. Esta definição pode ser aplicada ao esporte com os objetivos de melhora do desempenho, buscando a melhora da técnica diante de observações quantitativas e qualitativas. Além disso, procura a melhora de equipamentos, melhora no treinamento e a prevenção de lesões.

    Já na antiguidade eram desenvolvidas pesquisas por Da Vinci, Newton, Marey, Muybridge e entre outros que foram bastante importantes e aproveitadas para a evolução da Biomecânica como um todo. Muitos conceitos são utilizados até os dias atuais e podem ser considerados peças fundamentais para o progresso dos objetivos da área em questão.

    De acordo com KNUDSON e MORRISON (2001), através da análise do gestual motor de uma modalidade desportiva podem-se obter índices funcionais que sirvam para elaboração dos programas de treinamento. Neste sentido, o recurso de filmagem aliado ao uso da estatística tem sido um dos meios mais utilizados para captação da informação presente no ambiente de jogo, quer seja durante o processo de ensino-aprendizagem ou no treino de alto rendimento.

    Atualmente, a partir do desenvolvimento do tênis mundial, a modalidade se tornou mais presente no dia a dia das pessoas, seja na mídia ou na prática. Naturalmente, isto motiva o interesse em estudar este assunto. Ao observar a técnica na modalidade de Tênis de Campo, pode-se afirmar que a execução correta do golpe de direita é fundamental para o rendimento e performance do atleta. Segundo SKORODUMOVA, (1998), a análise dos jogos no tênis de campo por parte dos treinadores tem sido uma estratégia muito utilizada e precisa para se fundamentar em índices quantitativos e qualitativos onde se atribuem dados técnicos e táticos dos atletas. Existem poucos estudos relacionados à Biomecânica do Tênis e a partir disto, a presente pesquisa tem como objetivo principal buscar uma análise comparativa da técnica do movimento de direita entre diferentes atletas, considerando a fase da preparação, do contato raquete-bola e da terminação do gesto técnico.


Fundamento de direita ou forehand

    A partir da evolução do tênis, o jogo se tornou cada vez mais rápido, exigindo uma melhor preparação física, técnica, tática e psicológica para que haja a otimização do desempenho. Sabe-se que o ensino tradicional da modalidade privilegia desde os primeiros momentos o ensino dos gestos técnicos de maneira extremamente analítica.

    A execução correta dos fundamentos de qualquer desporto, é essencial para que seja possível atingir um bom rendimento. Esta afirmação pode ser aplicada ao tênis de campo, onde deve-se ressaltar os golpes de direita e esquerda, voleios, saque, smash e slice como os principais fundamentos do esporte.

    Segundo MAGAN (2002), o golpe de direita é o movimento mais natural a ser realizado e também o que apresenta maiores diferenças de execução entre atletas. Além disso, afirma que 80% dos tenistas vêem o gesto de direita como favorito e o utilizam para gerar velocidade e decisão ao jogo. Atualmente, os atletas não acentuam apenas a carga de efeito, mas a utilizam aliada à força para golpear o movimento com maior potência.

    De acordo com a GRANDE ENCICLOPÉDIA DO DESPORTO (2001), no movimento de direita a superfície da raquete que realiza a batida deve estar na vertical em relação ao chão e junto ao braço formará um ângulo obtuso visto lateralmente e de cima. Isto implica em uma angulação entre o cotovelo e o quadril, importante durante o movimento para aplicação de força e velocidade. A posição da mão na parte mais próxima da terminação do cabo, permite que a força do braço e o corpo passem com mais eficiência para a raquete. O braço deve estar esticado, onde o ponto adequado para realizar o contato com a bola é a frente do corpo do jogador.

    O golpe de direita é composto por três partes fundamentais para execução do movimento. Entre estas fases, presentes na atual análise se encontram a preparação ou fase inicial; o contato da raquete com a bola ou fase intermediária; e por último, a terminação do golpe ou fase final. Cada momento citado tem sua importância e particularidades que serão relatadas detalhadamente.


Preparação ou fase inicial

    Segundo MAGAN (2001), a preparação do golpe é o ponto onde há maior diferença ou distância de nível existente ente a mão e o centro da cabeça da raquete. Nesta fase do movimento, o punho deve estar estendido e controlado. A posição de espera deve ocorrer junto a uma boa separação de pernas, para gerar um maior equilíbrio e proporcionar uma maior amplitude de rotação do tronco. De acordo com BROWN (1999), deve-se levar a raquete para trás na altura da cintura, girando os ombros e dando um passo a frente.

    Já MAGAN (2001), classifica três maneiras de iniciar a preparação, considerando a forma de levar a raquete para trás. Com cada uma delas pode-se chegar a um movimento efetivo. Os tipos de preparação são denominados pelo autor como por baixo; por cima; e reta. Todas estas têm em comum o giro dos ombros, a raquete levada para trás e são a parte mais lenta do gesto. Vale salientar que a antecipação do movimento é um dos pontos mais importantes na execução de um golpe de tênis. Para que isto aconteça, é necessário iniciar o golpe no momento em que a bola sai da raquete do adversário ou é lançada. Com a antecipação, será possível atingir a bola mais à frente do corpo, podendo gerar uma maior velocidade, aumentando a profundidade do golpe.

    É importante ressaltar que um dos pontos mais essenciais da preparação é a utilização da musculatura abdominal, glúteos e pernas. Ao realizar a rotação do tronco na fase inicial do movimento, a musculatura abdominal é posicionada de maneira que quando o golpe é executado, a frente do corpo rotaciona em direção à rede através do impacto com a bola. Esta força gerada pelo giro do tronco pode ser denominada força angular.


Contato raquete-bola ou fase intermediária

    A fase intermediária do movimento corresponde ao momento do contato da raquete com a bola. Segundo BROWN (1999), deve-se transferir o peso do corpo para frente, realizando o contato quando o quique da bola estiver em elevação ou em seu ponto máximo de subida. O movimento deve ser efetuado paralelamente à quadra, sem mover o punho para que não haja uma mudança ou virada de empunhadura.

    A GRANDE ENCICLOPÉDIA DO DESPORTO (2001), afirma que no momento do contato raquete-bola, deve ser gerada uma trajetória parabólica à circunferência. Este efeito é conhecido como "topspin" e é capaz de dar rotação para frente à bola. Consiste em efetuar o contato levando a raquete de trás - baixo para frente - cima. No momento em que se define a fase intermediária do movimento, deve-se acelerar a cabeça da raquete para cima e para frente. Esta mesma referência diz que durante a fase de contato, as pernas são esticadas com força, o punho retorna à posição normal e o cotovelo desce. MAGAN (2001), afirma que para que haja um maior controle de boa, é aconselhável que o centro da cabeça da raquete esteja na mesma altura da mão. Diz também que é nesta fase do golpe que se imprime a velocidade da bola.

    De acordo com LAVER (1983), muitos jogadores deixam a bola cair demais após o quique, antes do contato. A movimentação e antecipação fazem com que seja maior a possibilidade de manter o adversário na defensiva, diminuindo seu tempo de reação. Este mesmo autor sugere o efeito "topspin", citado anteriormente, para colocar uma maior energia no golpe, imprimindo mais compasso e ao mesmo tempo firmeza à batida. O jogador deve estar certo de que sua raquete está se movimentado para frente, quase paralela ao chão. Ao efetuar o contato com a bola, é importante passar a cabeça da raquete para cima, completando o movimento.


Terminação ou fase final

    A fase final do gesto de direita ou terminação do golpe é a continuação do movimento, que se dá a partir do contato com a bola. Esta parte é importante e essencial, pois aumenta o tempo de contato raquete-bola, o que faz com que seja possível dar profundidade ao golpe. Segundo MAGAN (2001), após a fase intermediária do movimento, segue-se levantando a mão para frente e para cima. Ainda afirma que não se deve terminar o golpe abaixo do nível da rede, pois aumenta a freqüência de erros. A GRANDE ENCICLOPÉDIA DO DESPORTO (2001) confirma este fato ao dizer que ao finalizar o movimento, a raquete deve estar sobre o ombro ou sobre a cabeça. BROWN (1999) define a terminação como uma continuação do golpe, fazendo o movimento para fora, para frente e para cima, apontando a raquete para o alvo. LAVER (1983), diz que a tendência de executar o movimento apoiando no pé traseiro, dificulta ao jogador colocar seu peso no golpe. Desta maneira, o atleta necessita muito mais energia do braço para manter a profundidade do gesto de direita.


Materiais e métodos

Local - Quadra de Tênis - Unisul - Campus Pedra Branca - Palhoça - SC.
A coleta foi realizada no dia 24 de maio de 2006, no período matutino.
Materias utilizados: 2 Canos de 2m de comprimento; Meias circunferências de isopor para marcação dos sete pontos anatômicos; 1 câmera digital Sony 5.2 Megapixels; 1 Câmera filmadora; Fita adesiva; Raquetes e bolas de tênis.
Sujeitos - 3 atletas voluntários - 2 do sexo feminino e 1 do sexo masculino
Procedimento utilizado - Foram selecionados 3 atletas da modalidade de tênis;

    Logo, foram colocadas as circunferências de isopor nos pontos anatômicos - tornozelo, joelho, quadril, ombro, cotovelo, punho e orelha - de cada atleta.

    Na quadra, foi colocado um cano de 2m próximo ao centro da linha de base, há 4 metros das câmeras digitais e de filmagem. Isto foi efetuado para demarcar a movimentação e deslocamento do indivíduo em análise;

    As câmeras digitais e filmadora foram postadas há 4 metros da demarcação de 2m colocada no chão. Isto significa que o atleta tinha um espaço de 4 metros para deslocar-se lateralmente e 2 metros para deslocar-se para frente e para trás.

    A partir disto, foram lançadas 40 bolas para cada atleta realizar o golpe de direita. No momento em que cada atleta realizava o gesto técnico, foram coletadas seqüências de imagens do movimento completo.


Resultados e discussão

  • Fase inicial do golpe de direita - preparação do movimento

    Atleta 1

    Atleta 2

    Atleta 3

    Análise comparativa entre os 3 atletas durante a preparação

        Após análise da imagem anterior, composta pela união dos pontos anatômicos dos três atletas da amostra, no momento da preparação do golpe de direita, é possível perceber que a atleta 1 executa esta fase do movimento atrasada. Esta afirmação pode ser atribuída pelo fato de que é notável a diferença de altura de bola e posição da raquete entre a atleta 1 e os atletas 2 e 3. Em função da bola estar mais próxima do chão, a primeira analisada realiza uma grande curvatura do tronco e ombro antes mesmo de fazer o contato raquete-bola. Já os outros dois atletas efetuam e coordenam a preparação com uma boa altura de bola, que significa uma combinação importante para que no momento da fase inicial do movimento a trajetória do quique da bola esteja ainda em elevação ou subida. Considerando a observação das fotos e filmagens, pode-se afirmar que existe uma boa separação das pernas e flexão dos joelhos dos três atletas analisados, proporcionando um maior equilíbrio para execução do golpe de direita.

  • Fase intermediária do golpe de direita - Contato raquete-bola

    Atleta 1

    Atleta 2

    Atleta 3

    Análise comparativa entre os 2 atletas durante o contato

        Ao comparar os atletas durante a fase intermediária do movimento / gesto técnico de direita, pode-se ressaltar algumas considerações importantes que compõem a execução do golpe. É extremamente notável a diferença existente entre as alturas de bola ( h1, h2 e h3 - assinaladas na imagem acima) no momento do contato com a raquete. Ao observar a atleta 1, é possível afirmar que a bola está muito próxima ao chão nesta fase do movimento. Isto faz com que a distância entre o cotovelo e o quadril seja muito pequena, diminuindo a potência, visto que a amplitude de rotação da alavanca é reduzida. Esta deficiência desfavorece a técnica, gerando dificuldade para a atleta dar trajetória parabólica à bola (efeito spin). Com isso, há um aumento significativo da possibilidade de erros na rede e fora da quadra. Esta última ocorre em função de uma eventual virada de empunhadura involuntariamente na tentativa de levantar a bola. Todo este quadro gera uma complexidade maior para rotação do tronco e ombro, exige exagerada flexão dos joelhos e aumenta o risco de lesões. Ao analisar a execução do contato raquete-bola nos atletas 2 e 3, é percebível uma maior distância (distância assinalada acima - d1, d2 e d3) entre os pontos anatômicos cotovelo e quadril que implica na possibilidade de uma maior geração de potência no gesto. Isto ocorre porque se torna mais fácil utilizar a velocidade do golpe unida à força aplicada pelo braço e projeção do corpo para frente, buscando a bola. No momento do contato, h2 e h3 significam uma altura relativamente correta da bola, que se encontra em seu ponto máximo de elevação. Isto facilita o acerto, proporcionando uma maior margem de segurança, visto que a altura da circunferência esta mais próxima da altura da rede. Outro fator observável principalmente na execução da atleta 2, foi que no momento que realiza o contato, as pernas são extremamente estendidas e esticadas com força. Devido ao fato do tênis se tratar de um desporto individual, este momento é essencial para otimização do desempenho. Além da execução correta do gesto aumentar a margem de acerto, diminui o tempo de reação do adversário, facilitando a continuidade das jogadas.

  • Fase final do golpe de direita - Terminação do movimento

    Atleta 1

    Atleta 2

    Atleta 3

    Análise comparativa entre os 3 atletas durante a terminação

        A fase final do movimento conhecida como terminação do golpe, parece não ter muita importância, mas é essencial para a eficiência do gesto. Isto ocorre porque esta fase aumenta o contato da raquete com a bola, fazendo com que haja uma maior eficácia do movimento. Ao observar as figuras acima, é possível constatar que a atleta 1, em função de que a altura da bola em relação ao chão no momento do contato com a raquete é muito baixa, não projeta seu corpo para frente. Devido a isto, durante a terminação a atleta mantém quase que em linha reta os pontos anatômicos do joelho, quadril e ombro. Assim, necessita muito mais da energia e força do braço, visto que não há projeção do corpo para frente, que auxilia na profundidade e eficiência do golpe. Outro fator que influencia na execução correta do gesto é o apoio do peso do corpo na perna oposta ou esquerda e flexão do joelho direito. O ângulo formado entre a parte posterior da coxa e a panturrilha é que determina a flexão. A atleta 1 formou um ângulo menor que os atletas 2 e 3. Isto implica que a primeira executante utiliza menos o pé esquerdo como apoio, pois ao sustentar o corpo no pé oposto, o pé direito sai do chão, ocorrendo a flexão do joelho. Na análise acima, é notável a existência de uma curvatura acentuada do tronco nos atletas 2 e 3. Como foi citado anteriormente, isto acontece para que haja uma projeção do corpo para frente.


Conclusões

    A realização deste estudo permite confirmar um dos grandes objetivos da Biomecânica aplicada ao esporte. A partir disto, foi possível identificar pontos fortes e pontos fracos na técnica de cada atleta analisado. Com isso, podem-se propor ações corretivas aos erros e potencializar as virtudes, objetivando o aperfeiçoamento da técnica e por conseqüência disto, a melhoria do desempenho.

    Ao findar esta análise, é possível constatar que existem diferenças técnicas qualitativas entre os atletas da amostra. Diferenças estas que durante a prática de tênis tornam-se imprescindíveis para a obtenção de um melhor desempenho. Com toda certeza, a qualidade técnica dos atletas é diretamente proporcional ao tempo de prática da modalidade, que evoluem de acordo com o conhecimento e objetivo de um planejamento de trabalho.

    Posteriormente em novos estudos sugere-se um número maior de sujeitos analisados, visto que quanto maior a amostra, mais qualificada torna-se a análise. Além disto, propõem-se outras pesquisas que quantifiquem o número de erros e acertos realizados pelos atletas para que a partir disto, seja possível verificar e analisar as causas dos mesmos.


Referências bibliográficas

  • AMADIO, A.C. e BARBANTI V.J. A Biodinâmica do movimento humano e suas relações interdisciplinares. Estação Liberdade. São Paulo: 2000.

  • BRONWN, J. Tênis: Etapas para o sucesso. Ed.2. Manole. São Paulo: 1999.

  • GRANDE ENCICLOPÉDIA DO DEPORTO. Tênis. Vol. 5. Cultural S.A. Madrid: 2001.

  • KNUDSON, D.V. & MORRISON, C.S. Análise qualitativa do movimento humano. Manole. São Paulo: 2001

  • LAVER, R. Tênis: 228 dicas. Rio de Janeiro: 1983

  • MAGAN, A. Derecha liftada. In: http://webs.demasiado.com/magantenis/derlift.html. Acesso em: 05 de junho de 2006.

  • SKORODUMOVA, A.P. Tênis de campo: treinamento de alto nível. Phorte, São Paulo: 1998.

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