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Introdução

    Nos dias de hoje fazer com que crianças e adolescentes se integrem a programas esportivos ou educativos é uma difícil missão tanto para os pais, quanto para as escolas. Pois, a preferência pelos jogos eletrônicos e o mundo virtual acabam se tornando o principal lazer dessa população.

    Fatores motivacionais devem estar presentes a todo o momento durante as atividades propostas dentro do cronograma destes programas esportivos e educativos. Mudando assim a concepção da criança sobre seus valores.

    Para Piletti (1986) a motivação é um fator fundamental para a aprendizagem, se não houver motivação não há aprendizagem.

    Segundo Samulski (2002), “motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos)”. De acordo com essa definição, podemos observar que pelos fatores ambientais as grandes áreas de lazer estão ficando escassas, principalmente em locais de maior poder aquisitivo. Hoje, a criança pensa muito mais em jogos eletrônicos, e isso faz com que mude seus hábitos físicos, afastando-as de atividades que poderiam estar contribuindo para uma melhoria tanto do seu bem estar físico e cognitivo, quanto social (fatores pessoais).

    A personalidade da criança muitas vezes se espelha no ambiente familiar, pelo encorajamento, aquisição de valores, além de carinho e suporte. Para Hellstedt (1995) citado por Vilani e Samulski (2002), a família representa o ambiente social primário onde a criança pode desenvolver sua identidade, auto-estima e motivação para o sucesso. Alem de fatores positivos, a família também pode apresentar valores negativos no desenvolvimento da criança. Para Vilani e Samulski (2002) a alta exigência e cobrança dos pais podem promover uma atmosfera de regras rígidas e expectativas irreais.

    A motivação é bastante influenciada por uma variedade de comportamentos, pensamentos e sentimentos que incluem a escolha da atividade, o esforço da tarefa, a intensidade do esforço e a persistência frente ao fracasso (WEINBERG GOULD, 1999, citado por SILVA, 1999).

    Os programas sociais vêm se multiplicando a cada dia, com o intuito de resgatar os valores morais de cada indivíduo, trazendo, além disso, uma bagagem de novos conhecimentos sócio-culturais e educativos. Para Souza Junior (2000) o esporte é hoje um fenômeno de grande expressividade social, o que leva muitos jovens a buscar alternativas em programas que oferecerem atividades diversificadas. O Programa Unileste Cidadã, surgiu como uma alternativa para atender pessoas com alguma vulnerabilidade social, oferecendo gratuitamente para esta população atividades esportivas, psicopedagógicas e informatizada, que juntas contribuem para a melhoria da qualidade de vida.

Objetivo

    Analisar os possíveis fatores motivacionais que levam os participantes do Programa Unileste Cidadã a permanecer nos projetos (Unileste Esportes, Educar em Ação e Infosol).

Justificativa

    Os programas de caráter social têm, a cada dia que passa maior incidência na vida das pessoas que sofrem algum tipo de risco social.    Saber lidar com pessoas de todas as faixas-etárias e diferentes camadas sociais envolve não apenas conhecimentos científicos, e sim vivenciar o presente contexto de cada indivíduo tendo um contato mais próximo com os mesmos. Acreditar que através de programas sociais é possível motivar crianças e adolescentes há ocupar seu tempo ocioso fora da escola, através de atividades sócio-educativas e sócio-esportivas, é o fundamento de maior relevância neste estudo. O Programa Unileste Cidadã propõe atividades nas diversas áreas de desenvolvimento do ser humano, visando maior acesso aos bens culturais e a busca da qualidade de vida. Neste sentido, as ações filantrópicas no Programa Unileste Cidadã, são ações preventivas e transformadoras, com intuito de possibilitar redução nos problemas sócio-culturais, oportunizando a esta parcela da população condições de uma vida mais digna, potencializando a busca de melhores condições sociais.

Metodologia

    O presente estudo tem como amostra 60 crianças e adolescentes de 09 a 17 anos, sendo 30 crianças de 09 a 12 anos e 30 adolescentes de 13 a 17 anos de ambos os gêneros, escolhidos aleatoriamente. Todos os participantes envolvidos estão inscritos em pelo menos dois projetos do Programa Unileste Cidadã (Educar em Ação, Infosol ou Unileste Esportes), fazendo parte do Programa a mais de 3 meses, com freqüência de 70% desde o início das atividades.

    O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário adaptado sobre fatores motivacionais para a permanência de pessoas em programas sociais, utilizado pelo Laboratório de estudos em Práticas Esportivas e Lazer (LAPEL) da ESEF/UPE, citado por Freitas et al (2007). Onde as respostas foram enumeradas de 1 a 4, de acordo com o grau de sua importância: Muito importante, Importante, Pouco importante e Sem importância, assim respectivamente.

    O questionário foi aplicado por um dos professores envolvidos no estudo, no período das aulas em dois momentos distintos, sendo um para cada bloco de 30 participantes selecionados.

    Para analisar os dados utilizou-se a estatística descritiva e comparações dos percentuais entre as variáveis e gráficos.

    Os participantes do Programa Unileste Cidadã foram informados sobre os procedimentos e do caráter anônimo da pesquisa, ficando a sua escolha a participação ou não.

Resultados e discussão

    Os motivos de adesão, motivação e contribuição social em que levam a permanência dos participantes no Programa Unileste Cidadã foram analisados sob a perspectiva dos que responderam “1” (muito importante).

Gráfico 1. Freqüência dos alunos segundo os motivos de adesão ao programa.

    De acordo com os resultados do gráfico 1, pode-se observar que o maior motivo de adesão do participante ao Programa Unileste Cidadã com (65%) é a busca pelo bem estar que este promove ao seu participante, conforme esse resultado merece ser realçado o conceito de bem-estar, que passa pelo significado de qualidade de vida. Esses conceitos andam juntos. Como afirma Saba (2001) citado por Freitas et al (2007), a qualidade de vida proporciona o bem-estar por meio de sensação de conforto físico e mental, alívio, leveza, dever cumprido, originado pelo prazer, pela satisfação pessoal. Outro valor como estar com o colega (28,33%), demonstra que nesta faixa etária, crianças e jovens precisam de uma motivação externa advinda de outros (um colega, amigo), sair de casa (3,33%) e obrigação em participar do programa (3,33%) indicam que com níveis menores de percentuais, nos remete cada vez mais associar a busca pelo bem estar, hoje em dia é o preferencial das pessoas. Estes resultados vêm nos mostrar a importância do programa em agregar aos participantes valores não apenas físicos, mas principalmente sociais e educativos.

    Observando os resultados do gráfico 2, pode-se perceber que as atividades oferecidas pelo Programa Unileste Cidadã (51,67%) representam os fatores de maior importância sobre os aspectos que motivam os participantes a permanecerem no programa. Além das atividades oferecidas, o professor como educador e amigo transfere grande motivação para a permanência dos participantes no programa (26,67%). Para Magill (1984) citado por Machado (1997), o professor tem um importante papel a respeito da motivação, pois se o professor não conseguir prender a atenção dos alunos e ao mesmo tempo motivá-los durante as atividades, não exercerão essas ou então farão mal o que for proposto. Os amigos (11,57%) e o local da prática (10%), ainda contribuem para essa parcela de motivação.

Gráfico 2. Freqüência dos alunos segundo os fatores que motivam sua permanência no programa.

    De acordo com o gráfico 3, observamos que além de oferecer atividades esportivas, psicopedagógicas e informatizadas, um dos objetivos do Programa Unileste Cidadã realmente esta sendo compreendido pelos participantes, mostrando com (53,33%) das respostas apuradas o programa poderá oferecer a estes um futuro melhor, transformando o aprendido em conhecimento maduro para um futuro com disciplina e caráter. A melhoria na qualidade de vida (23,33%) também influência para a contribuição social que o programa promove em seus participantes. Para Lorda (2001) citado por Freitas et al (2007), a qualidade de vida é um fator multidimensional, pois envolve bem-estar, felicidade, sonhos, dignidade e cidadania. O mesmo autor trata a qualidade de vida como um sentimento positivo geral e o entusiasmo pela vida sem fadiga das atividades rotineiras. Pelo fato do programa integrar dentro de seus domínios crianças e adolescentes com algum risco social, nota-se que o fator construir amizades (15%), revela a carência de amizades em parte destes participantes do programa. O crescimento pessoal (8,33%) tem também sua importância dentro da contribuição social que o programa oferece aos participantes.

Gráfico 3. Freqüência dos alunos segundo a contribuição social do programa para eles.

Conclusão

    As crianças e os adolescentes do presente estudo foram analisadas sobre os aspectos motivacionais no qual os levaria a permanência no Programa Unileste Cidadã. A questão do bem estar que para alguns autores também pode ser entendido como qualidade de vida está não só evidenciada apenas pelos adultos, mas nota-se com clareza que as crianças e os adolescentes já se preocupam com melhores expectativas de vida. As atividades oferecidas pelo programa também tem grande importância nos aspectos motivacionais de permanência dos participantes, estas estão diretamente ligadas aos professores, pois são estes que planejam tais atividades.

    Percebe-se também a importância do programa na contribuição social na vida dessas crianças e adolescentes, colocando em prática no seu cotidiano o aprendido no programa, minimizando maus hábitos que na maioria das vezes são adquiridos em seu meio.

    Sendo assim os resultados aqui apresentados divulgam os benefícios de um programa social para a vida de crianças e adolescentes despertando o interesse para novos estudos auxiliando na formação de parâmetros para futuras comparações.

Referências bibliográficas

• FREITAS, C.M.S.M. et. al. Aspectos motivacionais que influenciam a adesão e manutenção de idosos a programas de exercícios físicos. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. São Paulo, v.9, n.1, p. 92-100, 2007.

• MACHADO, A.A. Psicologia do Esporte: temas emergentes. 1. ed. Jundiaí: Editora ÁPICE, 1997.

• PILETTI, N. Psicologia da Educação. 3. ed. São Paulo: Editora Ática, 1986.

• SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte. São Paulo: Editora Manole Ltda, 2002.

• SILVA, P.C. Análise dos fatores motivacionais para a prática de atividade física em alunos do ensino fundamental de escolas particulares na região do vale do aço. 1999. Monografia – Faculdade de Educação Física, Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, Ipatinga-MG.

• SOUZA JÚNIOR, M. A educação física no currículo escolar e o esporte: (im)possibilidade de remediar o recente fracasso esportivo brasileiro. Pensar a Prática. 4: 19-30, Jul./Jun. 2000-2001.

• VILANI, L.H.P. e SAMULSKI, D. Família e Esporte: uma revisão sobre a influência dos pais na carreira esportiva de crianças e adolescentes. In: SILAMI, E. G e LEMOS, K. L. M. Temas Atuais VII: Educação Física e Esportes. Belo Horizonte: Editora Health, 2002.

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revista digital · Año 12 · N° 118 | Buenos Aires, Marzo 2008   © 1997-2008 Derechos reservados