efdeportes.com
As influências da prática de atividade física
nas funções cognitivas em idosos

 

Graduando do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual de Santa cruz 

UESC, Ilhéus – Bahia

(Brasil)

Roque Crispim Coutinho Filho

roquejr@hotmail.com

 

 

 

 Resumo

          A atividade física vem despontando como uma ferramenta diferenciada na prevenção e no tratamento de inúmeros distúrbios das funções do organismo. Promovendo significativas alterações que desenvolvem aumento na capacidade funcional e, uma conseqüente melhoria na qualidade de vida. Diante disso vários estudos estão sendo realizados, no intuito de descobrir o alcance dessas alterações. Esse artigo faz uma revisão de estudos direcionados para as influências da prática de atividade física nas funções cognitivas em idosos, demonstrando a importância dessa prática, para um prolongamento da vida de forma digna e independente dessa parcela da população. 

          Unitermos: Atividade física. Envelhecimento. Função cognitiva.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 118 - Marzo de 2008

1 / 1


Introdução

    A disfuncionalidade cognitiva constitui uma das maiores reclamações por parte dos idosos. Ela promove diminuição da adaptabilidade social, dependência, e perda da autonomia; sendo por isso um fator determinante no comportamento dessa população, por ser um agente causador de um desempenho menos eficiente.

    A função cognitiva envolve os processos de uma das áreas mais estudadas pela ciência: o cérebro. Essa função permite aos indivíduos desenvolver todas as atividades cotidianas, levando em consideração informações adquiridas anteriormente, através de intensas relações com as assimilações, habilidades, planificações, vivências etc. Vários estudos vêm sendo realizados no intuito de desenvolver mecanismos eficazes no combate as perdas cognitivas. Nessa perspectiva exercício físico atrai muita atenção, por melhorar a condição cardiorespiratória, diminuir o risco de doenças crônico-degenerativas, além de promover uma série de alterações nos sistemas orgânicos. Essas alterações possuem um potencial efeito protetor, no sentido de reduzir o ritmo desse processo involutivo de perdas cognitivas.

    Este artigo tem como objetivo demonstrar as influências da prática de atividade física nas funções cognitivas em idosos. Relacionando fatores preponderantes para uma melhor atuação dessas funções, evitando ou diminuindo intervenções medicamentosas.

O envelhecimento e a função cognitiva.

    A função cognitiva é definida como o processo intelectual pelo qual uma pessoa toma conhecimento das idéias, percebe-as e compreende-as. Envolve todos os aspectos da percepção, pensamento, raciocínio e memória. Distúrbios nessa função são muito constantes na idade avançada, porém esse fato não é normal durante o envelhecimento.

    Um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Medicina e do Centro Médico Davis da Universidade da Califórnia, demonstrou que o declínio nas funções cognitivas não faz parte do envelhecimento da maioria dos idosos. Conforme esse estudo, apenas indivíduos com altos níveis de aterosclerose ou diabetes, como também aquelas com o gene para apolipoproteína E4, associada à doença de Alzheimer, correm risco de desenvolver declínio nas habilidades cognitivas (JOURNAL OF THE AMERICAN MEDICAL ASSOCIATION, 1999).

    Os fatores de risco intimamente relacionados com a perda cognitiva são: idade, baixo nível educacional e sócio-econômico e a ausência de ocupação. (LYKETSOS, 1999). No entanto, é importante levar em consideração a existência de sintomas depressivos e ansiosos, pois eles também contribuem de forma significativa para a disfuncionalidade cognitiva.

    É relevante destacar que o envelhecimento é um processo muito complexo que envolve múltiplas variáveis que concorrem para uma lentificação global das funções. Portanto essa lentificação já interfere em todas as atividades que envolvem os processos cognitivos.

Exercício físico e função cognitiva nos idosos

    A atividade física se constitui como uma característica humana de ordem biológica e cultural, igualmente significativas nas escolhas e nos benefícios derivados desse comportamento (NAHAS, 2000). A atividade física pode ser definida como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulte em gasto energético (CASPERSEN, POWEL, CHRISTENSON, 1985). Estas atividades auxiliam na manutenção da capacidade funcional do indivíduo, relacionando-se positivamente com aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais.

    Evidências apontam benefícios da atividade física na prevenção e tratamento de diversas doenças, especialmente as crônicas não-transmissíveis (WHO, 2007). Seguindo essa perspectiva, de melhoria integral das funções, (ELSAYED, 1980) sugere que pessoas moderadamente ativas têm menor risco de ser acometidas por desordens mentais do que as sedentárias, mostrando que a participação em programas de exercícios físicos exerce benefícios na esfera física e psicológica.

    Além dos fatores mencionados anteriormente, outras explicações estão sendo aceitas para a redução da função cognitiva. A diminuição da função cardiovascular decorrente do envelhecimento levaria a um estado progressivo de redução da oxigenação, que em longo prazo, levaria á ocorrência de declínio cognitivo (MAZZEO, 1998).

    Portanto, é de grande importância a prática de atividade física habitual, isto é, exercício físico, para indivíduos de todas as idades e principalmente os idosos. Pois, essa prática leva ao aumento da oxigenação cerebral o que contribui para melhoria das funções cognitivas, como também, diminui e/ou retarda o ritmo dos distúrbios que ocorrem nos processos cognitivos.

Considerações finais

    A prática de atividade física promove aumento do transporte de oxigênio para o cérebro, atuando dessa forma na síntese e degradação de neurotransmissores e inibindo a agregação plaquetária. Sendo assim uma ferramenta importante na busca da ampliação da funcionalidade cognitiva e para um estilo de vida saudável.

    Porém, a maioria dos estudos feitos demonnstram as influências de forma generalizada. A área de funções cognitivas ainda carece de pesquisas específicas para os idosos. Não se sabe qual o tipo de exercício tem efeitos mais significativos, qual a intensidade, a duração etc.

    Então muitas perguntas ainda estão sem respostas. Mas os trabalhos realizados sobre as alterações causadas pela prática de atividade física nas funções cerebrais (memória, atenção, etc.) apontam em direção positiva, comprovando sua eficácia.

Referências

  • CASPERSEN CJ, Powell KE, Christenson GM. Physical activity, exercise, and physical fitness: definitions and distinctions for health-related research. Public health rep, 1985; 100(2):126-31.

  • ELSAYED M, Ismail AH, Young RJ. Intellectual differences of adult men related to age and physical fitness before and after an exercise program. J Gerontol 1980; 35:383-7

  • LYKETSOS CG, Chen LS, Antony JC. Cognitive decline in adulthood: an 11, 5 year follow-up of the Baltimore Epidemiologic Catchment Area study. Am J psychiatry, 1999; 156: 58-65.

  • MARY N, Haan, Lynn Shemanski, William J. Jagust, Teri A. Manolio, Lewis Kuller. The Role of APOE in Modulating Effects of Other Risk Factors for Cognitive Decline in Elderly Persons. Journal of the American Medical Association, 07 Jul 1999.

  • MAZZEO RS et al. Exercise and physical activity for older adults. Med Sci Sports Exerc, 1998; 29(6):992-1008.

  • NAHAS, M. V. et al. O Pentáculo do Bem-Estar- Base conceitual para avaliação do estilo de vida de indivíduos ou grupos. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, vol. 05, n.2, pp.48-59, 2000.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Google
Web EFDeportes.com

revista digital · Año 12 · N° 118 | Buenos Aires, Marzo 2008  
© 1997-2008 Derechos reservados