Análise do sedentarismo à prática regular de atividade física, um projeto chamado Viva Vida |
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*Diretoria
de Extensão e Ação Comunitária do Unileste/MG
**Programa Unileste Cidadã –
Unileste/MG ***Professor e Pesquisador do
Mestrado (Brasil) |
Prof. Ms. Lácio César Gomes da Silva*
Prof. Esp. Alexandre Henriques de Paula* | Prof. Esp. Gláucio Duarte*
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Resumo O sedentarismo é definido como a falta ou a grande diminuição da atividade física. O presente estudo teve como objetivo verificar a contribuição do Projeto Viva a vida na redução do sedentarismo da comunidade assistida por ele. Para a realização deste estudo foram avaliados todos os alunos de musculação e ginástica para adultos do projeto Viva a Vida do Programa Unileste Cidadã em Coronel Fabriciano/MG, totalizando em 574 alunos com idade acima de 25 anos, de ambos os gêneros, sendo considerados sedentários aqueles indivíduos que responderam que faziam alguma atividade apenas uma vez por semana e aqueles que não praticavam nenhum tipo de atividade. Os dados foram tratados através da estatística descritiva. Dos 574 alunos avaliados, 371 informaram que nunca praticaram atividade física sob acompanhamento de um profissional de Educação Física, o que representa 65% do total de alunos. 34% responderam já terem praticado anteriormente e apenas 1% dos alunos não interromperam a prática de atividade física até serem atendidos pelo Projeto Viva a Vida, o que mostra ser um parcela pequena de pessoas que tem acesso à atividade física de forma orientada. Diante dos resultados obtidos no presente estudo pode-se concluir que o Projeto Viva a Vida contribui para a redução do sedentarismo na comunidade por ele assistida, pois oportuniza a prática de atividade física para quem nunca teve acesso a mesma, bem como de possibilita o retorno de quem não a praticava. Unitermos: Sedentarismo. Atividade física. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 118 - Marzo de 2008 |
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Introdução
Na contra-corrente do sedentarismo que assola as populações urbanas durante todas as etapas do ciclo de vida, constatam-se fortes apelos à incorporação de hábitos e atitudes positivas visando a promoção de estilos saudáveis e ativos, perspectivando patamares elevados da qualidade de vida. A expressão qualidade de vida entrou em alta desde os anos 80, quando questões concernentes à desigualdade e exclusão sociais, ao consumo e à pobreza foram focalizadas nas pesquisas desencadeadas pela premência de políticas públicas nesta abrangência (GUIMARÃES e MARTINS, 2004 apud CAMPAGNA, 2005). A prática regular de atividade física está associada à qualidade de vida que, após uma década, transformou-se em polissêmica, incorporando serviços oferecidos à população, acesso a bens materiais e imateriais, turismo, lazer, dentre outros.
Segundo Matsudo (1999) citado por Macedo et al (2003) 70% da população brasileira é sedentária. Esse fato pode ser justificado pela ausência de cultura da prática da atividade física como prevenção contra problemas de saúde e como promotora do bem – estar psicológico e físico de quem a pratica. Entretanto, Nahas (2000) afirma que as mudanças de hábitos quanto à prática de atividade física foram impulsionadas a partir de 1992 pelas evidências científicas de sua contribuição a saúde.
O ato de exercitar-se precisa estar incorporado não somente ao cotidiano das pessoas, mas também a cultura popular, aos tratamentos médicos, ao planejamento da família e a educação infantil. ARAÚJO e ARAÚJO (2000), afirmam que essa necessidade se dá por vários fatores: do fator social, quando se proporciona ao homem o direito de estar fisicamente ativo em grupo, ao fator econômico, quando se constata que os custos com saúde individual e coletiva caem em populações fisicamente ativas. E colocam que programas de incentivo à prática regular de atividade física precisam ser estimulados.
Nesse aspecto, a filantropia é uma das principais fontes de financiamento para as causas humanitárias, culturais e religiosas e que ela assume um papel relevante no apoio à investigação científica e no financiamento das universidades e instituições acadêmicas (WIKIPÉDIA, 2007). Sob essa ótica, a Diretoria de Extensão e Ação Comunitária do Unileste/MG vem desenvolvendo um trabalho social, cujo objetivo é atender pessoas de baixa renda e em situações de vulnerabilidade social, de comunidades carentes da região do Vale do Aço. São desenvolvidas ações relacionadas à atividade física, saúde, lazer e educação, contribuindo para a inclusão social dessas pessoas. Dentre as ações citadas, encontra-se a ginástica para adultos, idosos e musculação, sendo denominado Projeto Viva a Vida. Esse projeto recebe alunos com idade superior a 25 anos e renda per capta inferior ou igual a dois salários mínimos. Para a seleção desses alunos os mesmos preenchem uma ficha de inscrição contendo dados pessoais e familiares, comprovando as informações através de cópia de documentos. Esse procedimento visa atender as exigências legais que norteiam a conduta filantrópica da instituição. O aluno opta pela atividade de sua preferência ou aquela que melhor condiz com seu objetivo.
O sedentarismo é definido como a falta ou a grande diminuição da atividade física. Na realidade, o conceito não é associado necessariamente à falta de uma atividade esportiva, pois do ponto de vista da Medicina Moderna, o sedentário é o indivíduo que gasta poucas calorias por semana com atividades ocupacionais. Partindo desse principio, esse artigo pretendeu verificar a contribuição do programa Unileste Cidadã/ Projeto Viva a vida na redução do sedentarismo da comunidade assistida por ele.
Metodologia
Para a realização deste estudo foram avaliados todos os alunos de musculação e ginástica para adultos do projeto Viva a Vida do Programa Unileste Cidadã em Coronel Fabriciano/MG, totalizando em 574 alunos com idade acima de 25 anos, de ambos os gêneros.
Antes de iniciar a atividade escolhida, os alunos foram submetidos a uma avaliação antropométrica e anamnese, onde informações quanto seu histórico de saúde e hábitos precedentes de prática de atividade física foram registrados. A partir desta avaliação, registrada em formulário próprio, retirou-se a seguinte questão: “Você já praticou atividade física antes? Qual? Durante quanto tempo? Há quanto tempo parou?” para realização da pesquisa, considerando apenas aquelas praticadas sob orientação de um profissional de Educação Física, sendo assim, considerados sedentários aqueles indivíduos que responderam que faziam alguma atividade apenas uma vez por semana e aqueles que não praticavam nenhum tipo de atividade. Para aqueles que responderam já terem praticado alguma atividade física no passado, fragmentou-se o período em que interrompeu a prática em quatro períodos, menos de 1 ano, entre 1 e 2 anos, entre 2 e 3 anos, mais de 3 anos. Após essa coleta de dados, eles foram tratados através da estatística descritiva. O nome dos alunos que participaram da amostra foram mantidos em sigilo.
Resultados e discussão
Considerando que o sedentarismo é visto como fator de risco primário para as doenças cardiovasculares, torna-se fundamental a identificação dos determinantes da atividade física, bem como estratégias para incentivar a adoção e manutenção de um estilo de vida fisicamente ativo.
A adoção da atividade física como promotora da inclusão social visa não somente a proporcionar a integração do indivíduo à sociedade, mas promover a saúde, conforme preconizam o American College of Sports Medicine e o Centers for Disease Control and Prevention (Nahas, 2001).
Tabela 1. Extraída do questionário: “Você já praticou atividade física antes? Qual? Durante quanto tempo? Há quanto tempo parou?”
Já praticou atividade física antes? |
Freqüência |
Percentual (%) |
não |
371 |
65 |
Sim |
195 |
34 |
Não parou |
8 |
1 |
Total |
574 |
100 |
Tabela 2. Apresentação da quantificação de alunos que responderam “SIM” à questão “Você já praticou atividade física antes? Há quanto tempo parou?”
Quanto tempo parou? |
Freqüência |
Percentual (%) |
a menos de 1 ano |
86 |
44 |
de 1 a 2 anos |
31 |
16 |
de 2 a 3 anos |
24 |
12 |
a mais de 3 anos |
54 |
28 |
Total |
195 |
100 |
A tabela 1 apresenta a característica dos alunos entrevistados quanto à prática de atividade física pregressa e aponta que, dos 574 alunos submetidos à anamnese, 371 informaram nunca terem praticado atividade física sob acompanhamento de um profissional de Educação Física, o que representa 65% do total de alunos. 34% responderam já terem praticado anteriormente e apenas 1% dos alunos não interromperam a prática de atividade física até serem atendidos pelo Projeto Viva a Vida, o que mostra ser um parcela pequena de pessoas que tem acesso à atividade física de forma orientada.
Masson et all (2005) verificaram que mulheres com menor escolaridade apontavam maior prevalência de sedentarismo, ou seja, mulheres com até 4 anos de estudo apresentavam probabilidade 60% maior de sedentarismo quando comparadas com aquelas de maior escolaridade. Pitanga e Lessa (2005) realizaram um estudo na Universidade Federal da Bahia para verificar a prevalência e os determinantes do sedentarismo no lazer em 2.292 adultos da cidade, e verificaram que os grupos mais sujeitos ao sedentarismo são o das mulheres, idosos e o de pessoas de baixa escolaridade. O presente estudo não separou gêneros, mas o público assistido pelo projeto Viva a vida é de baixa renda e com característica de baixo nível de escolaridade, acredita-se que a falta de informação quanto os benefícios da prática da atividade física pode ter contribuído para um grande número de alunos que nunca a praticaram.
Neto (2003) apud Mattos et all (2006) pontua que a vida sedentária causa o desuso dos sistemas funcionais. Dessa forma, o aparelho locomotor e os demais órgãos e sistemas solicitados durante as diferentes formas de atividade física entram em um processo de regressão funcional, caracterizando um fenômeno associado à atrofia dos músculos, à perda da flexibilidade articular, além de haver um comprometimento das funções de vários órgãos. Pitanga e Lessa (2005) apontam que o sedentarismo é cada vez maior na população e está associado a agravos cardiovasculares, câncer, diabetes, hipertensão arterial e
saúde mental.Diante de todas as limitações existentes na atual sociedade, tornar-se ativo pode ser uma tarefa difícil, porém não é impossível. As alternativas disponíveis muitas vezes estão ao alcance do cidadão, mas podem passar despercebidas. O projeto Viva a Vida vem proporcionar uma oportunidade de minimizar os efeitos negativos do sedentarismo e contribuir para uma melhor qualidade de vida de seus alunos, já que 65% das pessoas atendidas por ele têm nesse projeto a primeira oportunidade de praticar atividade física regular e 28% já não praticavam nenhuma atividade física há mais de 3 anos, descrito na tabela 2.
Os dados apresentados na tabela 2 mostram o período de interrupção da prática de atividade física. Dos 195 alunos que afirmaram já ter praticado alguma atividade, 44% pararam de praticá-las a menos de um ano, sendo 34% deste total, ex-alunos do extinto Projeto Ativaidade, oferecido a baixo custo pela própria instituição. 16% pararam entre 1 e 2 anos, 12% entre 2 e 3 anos e 28% não praticavam atividade física há mais de 3 anos.
Pode-se suspeitar que esses 34% de ex-alunos não continuaram a prática de uma atividade física regular por não terem condição financeira para tal. Os projetos sociais têm como principal objetivo a mudança social que, segundo Levy (2001), não acontece simplesmente através da passagem de um estado a outro, mas substitui um processo complexo e dinâmico de desconstrução, deslocamento e reconstrução da realidade. Dessa forma, um aspecto importante no paradigma da inclusão social consiste no papel das pessoas dentro desse processo de mudança, permitindo a mudança no estilo de vida, adotando a consciência de que a prática sistemática de atividade física permite alcançar melhoria na saúde, prevenindo o acometimento de possíveis patologias decorrentes do sedentarismo, como doenças crônico degenerativas, problemas posturais, dentre outros. Com isso, o projeto Viva a Vida não só concedeu a primeira oportunidade como também proporcionou o retorno das pessoas a prática regular de atividade física.
Conclusão
Diante dos resultados obtidos no presente estudo pode-se concluir que o Projeto Viva a Vida contribui para a redução do sedentarismo na comunidade por ele assistida, pois oportuniza a prática de atividade física para quem nunca teve acesso à mesma, bem como possibilita o retorno de quem não a praticava. Recomendam-se novos estudos ramdomizados e com um N. maior para assim verificar a adesão dessas pessoas à atividade física.
Referências bibliográficas
ARAÚJO, Denise S. M Soares & ARAÚJO, Cláudio Gil Soares. Aptidão Física, saúde e qualidade de vida relacionada à saúde em adultos. In: Revista Brasileira de Medicina do Esporte. V – 6 n. 5, p – 104-203 set/out. 2000
MACEDO, CSG et all. Benefícios do exercício físico para saúde e qualidade de vida. In: Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. V–8, n.2, p. 19-27 Londrina-PR 2003
MASSON, et all. Prevalência de sedentarismo nas mulheres adultas da cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. In: Caderno de Saúde Pública. V – 21 (6): 1685-1694, nov-dez, 2005.
MATTOS, Andréa D. Atividade fisica na sociedade tecnológica. In: Revista Digital EFDeportes.com, Buenos Aires, ano 10, n.94, março – 2006.
NAHAS, M.V. Saúde Pública, atividade física e o papel social da Educação Física. In: Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. V–6, n.3, 2001.
PITANGA, Francisco & LESSA, Inês. In: Agência Notisa. Publicado em 11/06/05.
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